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1.1.Princípio da Legalidade
Ao particular é lícito fazer tudo, desde que a lei não proíba (é a
chamada “autonomia da vontade”). Porém, a Administração Pública
só pode fazer o que a lei determina ou autoriza, vez que a vontade
da Administração será aquela decorrente da lei.
Toda e qualquer atividade administrativa deve ser determinada
ou autorizada por lei. Não o sendo, a atividade é ilícita.
Referido princípio tem por origem mais próxima a instituição do
“Estado de Direito” (onde o Estado cria as regras e todos devem
obedecê-las, incluindo o próprio Estado). É uma proteção contra
atos abusivos, arbitrários, da Administração uma vez que ela não
faz o que quer, mas o que manda ou autoriza a lei.
Conforme leciona Maria Sylvia Zanella di Pietro,“...a
Administração Pública não pode, por simples ato administrativo,
conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor
vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei”.
Assim, quando vemos a Administração Pública impondo obrigações
ao particular através de um ato administrativo é porque ela está
embasada em alguma lei (elaborada no Poder Legislativo)
preexistente ao ato administrativo obrigacional.
Algumas provas citam certas “restrições” ao princípio da
legalidade, quais sejam:
1.2.Princípio da Impessoalidade
Impessoal é “o que não pertence a uma pessoa em especial”.
A finalidade de todo ato administrativo é o interesse público e não o
interesse pessoal ou de terceiros.
Como se aplica o princípio em relação aos administrados?
Deverá haver uma igualdade de tratamento pela Administração
em relação aos administrados que se encontrem em idêntica
situação jurídica (equidade). A Administração deverá tratar
igualmente os que se encontrem em uma mesma situação jurídica
e desigualmente os que se encontrem em situações jurídicas
desiguais. Vejamos um exemplo: numa prova de conhecimentos
teóricos para a Polícia Rodoviária Federal, homens e mulheres farão
o mesmo teste contendo idênticas questões (devem ser tratados
igualmente, pois estão em uma mesma situação jurídica). Porém,
no teste de aptidão física (TAF), os homens terão que correr mais
do que as mulheres, pois entre ambos existe uma desigualdade
física considerável.
Como se aplica o princípio em relação à própria Administração
Pública? A responsabilidade dos atos não deve ser imputada ao
agente público, e sim, à pessoa jurídica na qual ele exerce suas
atividades. Por esta razão, o §1º do art. 37 da CF proíbe que conste
o nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridade ou servidores públicos em publicidade de atos,
programas, obras, serviços e campanhas. Assim, os atos
administrativos são imputáveis não aos agentes que os praticam,
mas às entidades administrativas em nome dos quais agem os
mesmos. Desta forma, se afirmamos que a presidenta Dilma
construiu a ponte e alguém perguntar “quem construiu a ponte?”
devemos responder sem medo de ser feliz: “foi a União (pessoa
jurídica)!” e não a pessoa física, o agente público, Dilma.
Para que haja impessoalidade, deve a Administração voltar-se
exclusivamente para o interesse público, ficando refletida a
aplicação do princípio da finalidade, segundo o qual o alvo da
Administração é somente o bem comum. Se assim não for,
cometer-se-á uma ilicitude denominada de desvio de finalidade.
As regras descritas no Código de Processo Civil e na Lei
9.784/99 relativas a situações de impedimentos e suspeições são
aplicadas aos agentes públicos como corolário do princípio da
impessoalidade.
Assim, podemos concluir que, pelo princípio da
impessoalidade, deverá o agente administrativo agir sempre em
conformidade com o interesse público e seus atos devem ser
imputados à pessoa jurídica na qual ela atua.
1.3.Princípio da Moralidade
Trata-se de uma moral jurídica, onde o agente deve distinguir
o Bem do Mal, o honesto do desonesto, o conveniente do
inconveniente, o justo do injusto, não desprezando o elemento
ético de sua conduta.
A moralidade administrativa constitui pressuposto de validade
de todo ato administrativo e atinge as relações entre a
Administração e o administrado e entre a Administração e seus
agentes públicos.
O ato administrativo obedecerá à lei jurídica e à lei ética da
instituição.
Acórdão do TJSP, RDA 89/134: “O controle jurisdicional se
restringe ao exame da legalidade do ato administrativo; mas por
legalidade ou legitimidade se entende não só a conformação do ato
com a lei, como também com a moral administrativa e com o
interesse coletivo”.
Em relação à conduta do agente para com a própria
instituição, a moral administrativa é imposta ao agente para sua
conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e
segundo a finalidade de sua ação.
São meios constitucionais de controle da moralidade:
a) Ação Popular (utilizada para desconstituir atos lesivos à
moralidade, sendo subscrita por cidadão, independentemente de ter
havido ou não lesão patrimonial, em consonância com o art. 5º,
LXXIII, da CF/88);
b) Ação Civil Pública (art. 129, III, CF/88) e
c) Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92).
Segundo HLM, “tanto infringe a moralidade administrativa o
administrador que, para atuar, foi determinado por fins imorais ou
desonestos como aquele que desprezou a ordem institucional e,
embora movido por zelo profissional, invade a esfera reservada a
outras funções, ou procura obter mera vantagem para o patrimônio
confiado à sua guarda. Em ambos os casos, os seus atos são infiéis,
pois violam o equilíbrio que deve existir entre todas as funções, ou,
embora mantendo ou aumentando o patrimônio gerido, desviam-no
do fim institucional, que é o de concorrer para a criação do bem
comum.”
1.4.Princípio da Publicidade
Regra: os atos praticados pela Administração são públicos.
Exceções: quando referidos atos digam respeito à: a) segurança
da sociedade ou do Estado (segurança nacional), b) intimidade, c)
investigações policiais ou d) em casos de interesse superior da
Administração (em procedimento previamente declarado sigiloso).
Conforme assevera Maria Sylvia Z. di Pietro, “...pode ocorrer
que, em certas circunstâncias o interesse público esteja em conflito
com o direito à intimidade, hipótese em que aquele deve prevalecer
em detrimento deste, pela aplicação do princípio da supremacia do
interesse público sobre o individual.” Porém, é de se observar que,
dependendo do caso concreto, poderá o direito à intimidade
prevalecer sobre o princípio da publicidade.
Publicidade é a divulgação oficial de ato administrativo para
informação, conhecimento e controle da sociedade. Com a
publicidade iniciam-se os efeitos externos do ato. O princípio
abrange não só as divulgações oficiais dos atos administrativos,
mas também a possibilidade de conhecimento por qualquer pessoa
dos atos internos da Administração, como pareceres, despachos,
providências, processos, procedimentos administrativos, atas de
julgamentos das licitações etc.
É permitida a publicidade de atos, programas e obras somente
com objetivo educativo, informativo ou de orientação.
São importantes remédios (ações) Constitucionais que visam
assegurar o respeito ao princípio da publicidade: a) Habeas Data
(art. 5º, LXXII, CF/88) e b) Mandado de Segurança, art. 5º,
LXIX, CF/88.
A publicidade não é elemento formativo do ato, mas requisito
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de eficácia e moralidade do mesmo.
O princípio abrange os atos concluídos e os em formação. Ex:
algumas fases de certos procedimentos exigem publicidade, tais
como os editais de concursos públicos.
O princípio da publicidade pode ser reclamado
administrativamente através:
a) do Direito de Petição – art.5º, XXXIV, “a”, CF/88 (para
formular qualquer postulação aos Órgãos Públicos) e
b) Certidões – art. 5º, XXXIV, “b”, CF (podem ser requeridas por
qualquer pessoa; visam registrar a verdade dos fatos
administrativos e se prestam para a defesa de direitos ou
esclarecimento de situações).
Conforme assevera Hely Lopes Meirelles, “a publicação que
produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não
a divulgação pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio,
ainda que em horário oficial. Por órgão oficial entendem-se não só
o Diário Oficial das entidades públicas como, também, os jornais
contratados para essas publicações oficiais. Vale ainda como
publicação oficial a afixação dos atos e leis municipais na sede da
Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em
conformidade com o disposto na Lei Orgânica do Município”.
A publicidade assegura a transparência da conduta
administrativa.
1.5.Princípio da Eficiência
Inserido pela Emenda Constitucional nº. 19/98, denominada
de “Reforma Administrativa do Estado”.
Significa que não basta agir apenas dentro do aspecto da
legalidade, mas também com presteza, perfeição e rendimento
funcional.
Mesmo sendo estável, o agente administrativo é
constantemente avaliado, podendo vir a perder o cargo se não for
aprovado.
Os contratos de gestão (mais adiante estudados), por
exemplo, se prestam a tornar a Administração mais eficiente.
Visa aperfeiçoar os serviços e as atividades prestados,
buscando otimizar os resultados e atender o interesse público com
maiores índices de adequação, eficácia e satisfação.
O princípio alcança os serviços prestados à coletividade
(externos) e os serviços prestados no âmbito da própria
Administração (internos), visando obter a qualidade total da
execução das atividades.
A EC 45/2004, ao dispor que no âmbito administrativo é
resguardado a todos o direito à razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação, já demonstra
a preocupação do legislador em garantir a observância do princípio
da eficiência.
2.5.Princípio da Razoabilidade
É difícil distinguir o princípio da razoabilidade com o da
proporcionalidade. Por esta razão, parte da doutrina emprega os
dois termos indistintamente, como sinônimos.
É princípio implícito na CF/88 e expresso na Lei 9.784/99.
O princípio tem como objetivo aferir a compatibilidade entre os
meios adotados pela Administração e os fins alcançados por ela,
visando evitar restrições desnecessárias ou abusivas do Poder
Público.
Segundo Lúcia Valle, a razoabilidade deverá ser aferida
segundo os valores do homem médio.
O princípio assume grande importância quando a
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Administração Pública atua no exercício do seu Poder de Polícia
(que será estudado no próximo capítulo) e diante dos atos
discricionários.
Ato que atende ao princípio da razoabilidade é ato:
a) adequado, b) necessário e c) proporcional
A conduta da Administração deverá se adequar aos padrões
normais de aceitabilidade.
Ato ofensivo ao princípio da Razoabilidade será,
indiscutivelmente, ilegal.
2.6.Princípio da Proporcionalidade
É princípio implícito na CF/88 e expresso na Lei 9.784/99.
O princípio tem como objetivo aferir a compatibilidade entre os
meios e os fins, visando evitar restrições desnecessárias ou
abusivas do Poder Público.
Assume grande importância quando a Administração Pública
atua no exercício do seu Poder de Polícia e diante dos atos
discricionários.
Para parte dos doutrinadores, prevalece a noção de que o
princípio da proporcionalidade está inserido no princípio da
razoabilidade.
Este princípio surge de idéias como:
a) Limitação de direitos (“todo direito pressupõe a noção de limite”)
e
b) Proibição do excesso de poder.
O poder público deve intervir com equilíbrio, sem excessos e
proporcionalmente ao fim a ser atingido.
Para Celso Antonio Bandeira de Mello “este princípio enuncia a
ideia de que as competências administrativas só podem ser
validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes
ao que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade
de interesse público a que estão atreladas”.
2.9.Princípio da Auto-Executoriedade
Prerrogativa da Administração Pública de converter em atos
materiais suas pretensões jurídicas, sem precisar se socorrer do
Poder Judiciário ou Legislativo. Este princípio será mais bem
estudado no capítulo dos atos administrativos, no item “dos
atributos dos atos administrativos”.
2.10.Princípio da Hierarquia
A hierarquia ocorre entre órgãos de uma mesma pessoa
jurídica.
Não há hierarquia entre pessoas jurídicas diferentes.
Este princípio será melhor estudado no capítulo “poderes da
administração pública”.