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Pierre Bourdieu, (1 agosto 1930 - 23 janeiro 2002)

Marca a sociologia francesa do pós-guerra.


Sua obra La Distinction : critique sociale du jugement (1979) é considerada um dos mais
importantes trabalhos em Sociologia.
Se trata de uma análise dos mecanismos de reprodução das hierarquias sociais. Bourdieu afirma
a importância dos fatores culturais e simbólicos nesse e desse processo.
Sublinha que a capacidade dos agentes em condição de dominação de impor suas produções
culturais e simbólicas que cumpre um papel essencial na reprodução das relações sociais de
dominação > Violência simbólica (capacidade a fazer desconhecer o arbitrário dessas produções
simbólicas e assim a lhes acreditar como legítimas).
Para Bourdieu o mundo social das sociedades modernas está dividido em ‘campos’. A
diferenciação das atividades sociais (divisão social do trabalho) leva à constituição de sub-espaços
sociais (campo artístico, intelectual, do político..), especializados na realização de uma atividade
dada.
Esses ‘campos’ são dotados de uma ‘autonomia relativa’ na sociedade como um todo. São
hierarquizados e sua dinâmica vem das lutas de competição entre os agentes sociais para ocupar
posições dominantes.
Pierre Bourdieu também desenvolveu uma ‘teoria da ação’ (Esquisse d’une théorie de la
pratique (1972) e Le Sens pratique (1980) através do conceito de ‘Habitus’
Parte de uma reflexão antropológica sobre a sociedade Kabyila tradicional; como as relações de
gênero em La Domination masculine (1998)
Essa teoria busca mostrar que os agentes sociais desenvolvem estratégias fundamentadas em um
número de disposições adquiridas na socialização que embora inconscientes são adaptadas às
necessidades do mundo social.
Conceitos:
habitus - como princípio de ação dos agentes
Campo - como ‘espaço’ de competição social
Violencia simbólica - como mecanismo primeiro de imposição das relações de dominação.

De Max Weber, ele toma a dimensão simbólica da legitimidade de toda forma de dominação na
vida social; e a ideia de ordens sociais que na teoria bourdieusiana se tornam os ‘campos’
De Karl Marx, retoma o conceito de capital, generalizado à todas as atividades sociais, e a teoria
das classes social.
De Émile Durkheim, herda um estilo ‘determinista’ (princípio de causalidade), juntamente com
Marcel Mauss e Claude Lévi-Strauss.
Influência filosófica : Maurice Merleau-Ponty e por ele a fenomenologia de Husserl – ‘corpo
próprio’, as disposições à ação, sens pratique, a atividade teórica para a definição do conceito
central de habitus.
E ainda Pascal : « J’avais pris l’habitude, depuis longtemps, lorsqu’on me posait la question,
généralement mal intentionnée, de mes rapports avec Marx, de répondre qu’à tout prendre, et s’il
fallait à tout prix s’affilier, je me dirais plutôt pascalien […] ».
Contra o construtivismo e o estruturalismo considera que o estruturalismo submete o indivíduo
às regras estruturais; o construtivismo ao contrário faz com que o mundo social seja produto da
ação livre dos agentes sociais.

Centralidade do conceito de habitus como princípio de ação dos agentes no mundo social;

Um mundo social dividido em campos que constituem lugares de competição estruturados em


relações específicas;

Um mundo onde a violência simbólica, ou seja, a capacidade de perpetuar as relações de


dominação lhes fazendo desconhecer como tais por queles que a sofrem.

A obra de Bourdieu é uma teoria da sociedade e dos grupos sociais que a compõem demonstrando:

Como se constituem as hierarquias entre os grupos sociais.

Como as práticas culturais ocupam um lugar fundamental na luta entre esses grupos.

Como o sistema escolar é decisivo para reproduzir e legitimar as hierarquias sociais

Habitus – origem na escolástica (Thomas d’Aquin) traduzindo o conceito aristotélico de hexis.


Por esse conceito pensa a ligação entre a socialização e a ação dos indivíduos
O habitus é constituído por um conjunto de disposições, esquemas de ação ou de percepção que
o indivíduo adquire na sua experiência social.
Pela socialização e pela sua trajetória social o indivíduo incorpora um conjunto de maneiras de
pensar, sentir, agir.
habitus, « estrutura estruturada que é predisposta a funcionar como estrutura estruturante » está
na origem de infinitas práticas possíveis.

Campos:
A sociedade é uma imbricação de campos (econômico, político, cultural, religioso...) Cada Campo
está organizado segundo uma lógica própria determinada pela especificidade das relações em
jogo.
As interações se estruturam em função de recursos que cada agente mobiliza de seu capital
cultural, social ou simbólico.

capital econômico - conjunto de recursos econômicos de um indivíduo – patrimônio

capital cultural - recursos culturais – incorporados, (saberes) objetivadas (possessão de objetos


culturais) institucionalizados (diplomas).
capital social - recursos ligados à possessão de uma rede durável e interconhecimento e inter-
reconhecimento.
capital simbólico - toda forma de capital (cultural, social ou econômico) na sociedade.

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