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Amade Nayumo

Elizeu Patrício Luís


Nema Hélio Mateus
Tecla Geraldo Linda
Joana Nhoca

Parasitas e parasitoses de peixes

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Amade Nayumo

Elizeu Patrício Luís

Nema Hélio Mateus

Tecla Geraldo Linda

Joana Nhoca

Parasitas e parasitoses de peixes

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Trabalho da cadeira de parasitologia e doenças

parasitárias, a ser entregue ao Departamento de

Ciências alimentares e agrárias, sob orientação da

Mestre: Sónia Agostinho Nido, para fins avaliativos.

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice

1 Introdução ............................................................................................................................. 5
1.1 Objectivos ..................................................................................................................... 5
1.1.1 Objectivo geral ...................................................................................................... 5
1.2 Objectivos específicos ................................................................................................... 5
1.3 Metodologias ................................................................................................................. 5
1.4 Ectoparasitas e parasitoses de peixes ............................................................................ 6
1.5 Piscinoodinium pillulare (Doença do veludo) .............................................................. 6
1.6 Características morfológicas ......................................................................................... 7
1.7 Ciclo de vida ................................................................................................................. 7
1.8 Principais sinais clínicos e histopatológicos ................................................................. 8
1.9 Diagnóstico ......................................................................................................................... 8
2 Ichthyophthirius .................................................................................................................... 9
2.1 Características Morfológicas ......................................................................................... 9
2.2 Ciclo de vida ................................................................................................................. 9
2.3 Hospedeiros ................................................................................................................. 11
2.4 Ocorrência ................................................................................................................... 11
2.5 Diagnóstico ................................................................................................................. 11
3 Tricodinídeos-tricodiníase ................................................................................................... 12
3.1 Ciclo de vida ............................................................................................................... 12
3.2 Ocorrência ................................................................................................................... 13
3.3 Sinais clínicos e histopatologia ................................................................................... 13
3.4 Diagnóstico ................................................................................................................. 13
4 Epistylis sp.- epistíliase ....................................................................................................... 14
4.1 Características morfológicas ....................................................................................... 14
4.2 Ciclo de vida ............................................................................................................... 15
4.3 Principais sinais clínicos e histopatologia ................................................................... 15
4.4 Diagnóstico ................................................................................................................. 15
5 Ichthyobodo spp. ................................................................................................................. 16
5.1 Características morfológicas ....................................................................................... 16
5.2 Ciclo de vida ............................................................................................................... 16
5.3 Ocorrência ................................................................................................................... 16
5.4 Principais sinais clínicos e histopatologia ................................................................... 17
6 Chilodonella-chilodonelose ................................................................................................ 17
6.1 Principais sinais clínicos e histopatologia ................................................................... 17
7 Tricodinose .......................................................................................................................... 18
7.1 Principais sinais clínicos e histopatologia ................................................................... 18
8 Mixosporidiose .................................................................................................................... 19
8.1 Sinais da doença .......................................................................................................... 19
9 Centrocestus formosanus..................................................................................................... 20
10 Endoparasitas em peixes ..................................................................................................... 23
10.1 Digenea ....................................................................................................................... 23
10.2 Nematóda .................................................................................................................... 23
10.3 Acantocéfala ................................................................................................................ 25
11 Diagnóstico .......................................................................................................................... 25
12 Conclusão ............................................................................................................................ 27
13 Referências bibliográficas ................................................................................................... 28
1. Introdução

A piscicultura constitui-se de um tipo de exploração animal que vem se tornando


cada vez mais importante como fonte de proteínas para o consumo humano. A
tecnologia de piscicultura em tanques-rede vem sendo amplamente difundida em
Moçambique, uma vez que possibilita o aproveitamento de recursos aquáticos já
existentes e exige menores investimentos quando comparado à piscicultura tradicional.

Desta forma, a relevância dos estudos relacionados com parasitas e outros patógenos de
organismos aquáticos têm aumentado consideravelmente, principalmente daqueles
hospedeiros com potencial para o cultivo e comercialização. Diversas doenças e
parasitoses acometem o cultivo de peixes, porém destacam-se aquelas causadas por
protozoários ciliados, como Trichodina spp. e Ichthyophthirius, bem como por
monogenóides.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral


 Descrever as principais parasitoses e parasitas de peixes.

1.2 Objectivos específicos


 Falar das principais doenças no campo piscícola;
 Falar sobre os principais sinais clínicos e histopatológicos de parasitoses de
peixes;
 Descrever o ciclo de vida de alguns parasitas de peixes e suas características;
 Explicar os métodos de diagnóstico e possível tratamento de parasitoses de
peixes.

1.3 Metodologias

Para a realização deste trabalho, o grupo recorreu a pesquisas em diversos sites da


internet para a obtenção de informações relacionadas ao assunto em destaque no
trabalho, obtidas as informações colhidas de diversas instituições de pesquisa
veterinaria de peixes marinhos, fez-se a sistematização das informações que abaixo se
seguem.
A piscicultura em Moçambique

A piscicultura constitui-se de um tipo de exploração animal que vem se tornando cada


vez mais importante como fonte de proteínas para o consumo humano em Moçambique.
A tecnologia de piscicultura em tanques-rede vem sendo amplamente difundida o que
possibilita o aproveitamento de recursos aquáticos já existentes e exige menores
investimentos quando comparado à piscicultura tradicional, praticada em tanques
escavados ou revestidos (Ono & Kubtiza 1999).

O sistema de cultivo de peixes em tanques-rede é caracterizado pela utilização de altas


densidades de estocagem, sendo comuns neste tipo de exploração problemas de maneio,
má qualidade da água, questões nutricionais, entre outros (Thatcher & Brites-Neto
1994; Kubtiza, 2000). Estes factores de estresse ambiental podem afectar a homeostasia
dos peixes, predispondo-os ao ataque de organismos patogénicos (Pavanelli et al. 2008).
Esses agentes, em tais condições de estresse, podem desencadear surtos epizooóticos
graves e dizimar criações inteiras em poucos dias (Onaka 2009). Desta forma, a
relevância dos estudos relacionados com parasitas e outros patógenos de organismos
aquáticos têm aumentado consideravelmente, principalmente daqueles hospedeiros com
potencial para o cultivo e comercialização (Thatcher & Brites-Neto 1994).

1.4 Ectoparasitas e parasitoses de peixes

1.5 Piscinoodinium pillulare (Doença do veludo)

Os protozoários dinoflagelados causadores da doença do veludo foram observados


apenas nos peixes híbridos (tambacu e patinga), sugerindo maior sensibilidade destes
em relação aos pacus. Entretanto, não se pode descartar a possibilidade de infestação em
pacu, pois sua ocorrência já é realidade nas pisciculturas.

Sua prevalência (2,13%) e intensidade média de infestação revelaram-se em baixos


níveis; entretanto, sua presença é alarmante pois é um perigoso ectoparasita que se fixa
nas brânquias e na superfície corporal através de prolongamentos em forma de raiz,
podendo causar grandes lesões

1.6 Características morfológicas

Esse protista flagelado e considerado um dinoflagelado, e essa terminologia e


relacionada ao seu aspecto de locomoção, já que dino Advém de "rodopiante". Mesmo
assim, vale lembrar que, quando esse Patógeno e visualizado na microscopia de luz em
lâmina de esfregaço do muco da brânquia e da superfície corpórea, apresenta-se imóvel,
o que torna seu diagnostico um pouco mais árduo. P. pillulare possui a forma piriforme.
Geralmente, sua coloração e castanho- -amarelada.

1.7 Ciclo de vida

P. pillulare apresenta ciclo de vida monoxéno (ciclo directo, no qual o peixe e o único
hospedeiro), que dependendo da temperatura da água, pode se completarem torno de
cinco dias, ja que e ela que determina o intervalo do ciclo (quanto maior a temperatura,
mais curto e o ciclo). Recentemente, Lieke et al. (2020) descreveram, de forma mais
detalhada, o ciclo do Piscinoodinum, dividindo-o em três estágios: primeiro, os
dinosporos (ou gimnosporos), que apresentam natação livre, infectam o hospedeiro,
penetrando no epitélio (normalmente brânquia ou pele) através dos rizóides. Depois de
penetrar o hospedeiro, os dinosporos se transformam em trofontes, que se alimentam
das células do hospedeiro. Finalmente, os parasitas se soltam do hospedeiro e se
transformam em tomontes. Nessa fase, um único tomonte (forma reprodutiva) pode
produzir até 256 novos dinosporos, prontos para infectar um novo hospedeiro.
Figura 1: Ilustração do ciclo de vida de uma Piscinoodinium pillulare até chegar ao
peixe

1.8 Principais sinais clínicos e histopatológicos

Em infecções graves, é possível macroscopicamente visualizar pontos difusos de cor


bronze (variando de amarelo-esverdeado a marrom) no tecido afectado, característico do
parasito. As brânquias correspondem ao órgão mais afectado e podem se encontrar, com
acumulo de matéria orgânica, pálidas, (congestas, com hemorragias do tipo petequias,
equimoses e sufusões. Como a infecção e mais frequente na brânquia, o principal sinal
clinico de peixes infectados e a dispneia (dificuldade respiratória).

1.9 Diagnóstico

Para visualização destes parasitos é necessário realizar raspados da superfície corporal


(muco) e das brânquias (guelras) (com auxílio de lâminas e lamínulas, e observar em
microscópio ou estereomicroscópio (lupa).
Figura 2: Observação de P. pillulare em microscópio (100x) após raspagem da
superfície corporal

Figura 3: Observação de P. pillulare em microscópio(40x) após raspagem das


brânquias.

2 Ichthyophthirius

A ictiofitiriase (“doença dos pontos brancos”) e reconhecida como uma das doenças
mais patogénicas de peixes e é causada pelo Ichthyophthirius multifiliis, um protozoário
ciliado pertencente a ordem Hymenostomatida.

2.1 Características Morfológicas

As características morfológicas do I. multifiliis se diferem conforme o seu estágio no


ciclo de vida, porem todos os estágios são móveis e ciliados (Dickerson, 2012). A forma
adulta, denominada trofonte (fixa-se em um hospedeiro), apresenta coloração escura,
formato arredondado ou ovóide e tamanho variado, de 100 a 1.000 μm de diâmetro
Nesse estagio o protozoário ainda e coberto de cílios, porem possui uma grande
cavidade bucal. A boca com cílios pouco desenvolvidos e fileiras longitudinais de cílios
converge na extremidade anterior (McCartney et al., 1985). Essa fase geralmente e
identificada pela presença de um grande núcleo em forma de ferradura (Verner-Jeffreys
e Taylor, 2015). Também possui de um a quatro micronúcleos diplóides pequenos, que
podem ser vistos ao microscópio óptico em aumentos a partir de 40x (Woo, 2006). Ao
sair do hospedeiro, o parasito torna-se tomonte (forma reprodutiva) (Dickerson, 2012).
Nesse estágio, ainda ciliado, nada até localizar um substrato em que se fixar, onde
começa a encistar, produzindo uma camada gelatinosa através de seus mucocistos
corticais. Na fase de cisto ou tomocisto, permanece ciliado e gira dentro do cisto, onde
ira dividir-se até o rompimento da camada gelatinosa do cisto e a liberação dos terontes
(Verner- Jeffreys e Taylor, 2015).

2.2 Ciclo de vida

I. multifiliis possui um ciclo de vida relativamente rápido e complexo, quando


comparado a outros protozoários. Seu ciclo directo (monoxéno) e dividido em quatro
estágios: terontes, trofontes, tomontes e cistos ou tomocistos (Buchmann, 2019) O
estágio teronte e o infeccioso, em que o parasita apresenta natação livre, movendo-se
rapidamente através dos seus cílios, podendo sobreviver entre 10 e 96 horas fora de um
hospedeiro, dependendo da temperatura da água após entrar a superfície do hospedeiro,
modifica-se para o estágio de trofonte

O trofonte invade e se encista entre as finas camadas externas da pele e das brânquias,
onde se alimenta do tecido do hospedeiro. O trofonte cresce rapidamente, e o período de
permanência nesse estágio depende de factores como temperatura da água e condição
imunológica do animal, podendo ficar se alimentando por cinco a sete dias (Dickerson,
2012).
Nesse estágio, seu crescimento pode chegar a 1,5 mm, quando e possível ser visto a
olho nu, em forma de manchas brancas, dando a impressão de estar na superfície do
animal, porem este protegido dentro da epiderme do peixe. Os tecidos danificados
também se tornam porta de entrada para patógeno oportunistas. O trofonte maduro, ao
sair do hospedeiro, do início ao próximo estágio chamado de tomonte.

Tomonte é o estágio de natação livre na água. Seu movimento e realizado por acção
ciliar, e ele pode nadar por minutos a horas, até se fixar em um substrato (Buchmann,
2019). Esse estagio tem curta duração. Após a fixação em um substrato, o tomonte
forma uma camada e encista. Tal processo pode levar aproximadamente cinco hora. No
estagio de cisto ou tomocisto, ocorre a proliferação do parasito (reprodução assexuada
por fissão binária).
Figura 4: Ilustração do ciclo de vida de uma I. multifiliis antes e até enquistar-se no
hospedeiro principal.

2.3 Hospedeiros
Há baixa especificidade e seu ciclo de vida é directo, com distribuição mundial.

2.4 Ocorrência

I. multifiliis e um dos parasitos mais comuns e patogénicos para peixes (Kayis et


al.,2013) de consumo e ornamentais. Há relatos de infecções pelo protozoário em
diversas espécies

2.5 Diagnóstico

Pode ser realizado por meio de exames macroscópicos, com a observação de pontos
brancos na superfície. No entanto é importante a observação em microscópio com
prensados de muco e brânquias entre lâmina e lamínula. Vale ressaltar que ao exame
macroscópico o parasito pode ser facilmente confundido com larvas de moluscos
encistadas na superfície, sendo recomendado o diagnóstico em microscópio onde é
possível observar o núcleo em forma de ferradura, característico desse parasito, além de
apresentarem movimentação por serem cobertos por cílios.

3 Tricodinídeos-tricodiníase

Os tricodinídeos compreendem um grupo formado por mais de um gênero (Trichodina,


Tripartiella, Paratrichodina). Trata-se dos parasitos mais comuns nos peixes de água
doce, que, em condições inadequadas de cultivo podem provocar mortalidade. Este
parasito possui formato peculiar sendo circular e no centro do corpo possui um disco
adesivo circundado por uma coroa de dentículos.Nos peixes redondos, avaliados neste
trabalho, foram encontrados tricodinídeos, tanto em híbridos como nos pacus,
revelando-se com baixa carga parasitária, com prevalências entre 10 e 52%, e os peixes
não apresentaram sinais clínicos evidentes de parasitose, ou seja, não manifestavam
doença.

Estes parasitos se fixam nas nadadeiras, no tegumento e nas brânquias e se alimentam


filtrando a matéria orgânica, bactérias, algas e restos de células epiteliais dos peixes.
Esses debris celulares são adquiridos por meio de sua movimentação vigorosa em
círculo, na qual, muitas vezes é potencializada com a proliferação de bactérias
oportunistas residentes nestes animais (PÁDUA et al., 2011).

As brânquias geralmente são as mais afectadas pelo parasitismo intenso dos


tricodinídeos e pode ocasionar déficits respiratórios quando ocorre proliferação do
parasito. Quando em altas infestações, os peixes podem apresentar aumento do
batimento opercular, escurecimento da pele (principalmente em peixes de formas
jovens), corrosão das nadadeiras, perda de escamas, ulcerações na pele e alteração da
coloração das brânquias.

3.1 Ciclo de vida

O ciclo de vida dos tricodinideos e directo (monógeno), simples e rápido. Caracteriza-se


por reprodução assexuada (fissão binária), que ocorre no hospedeiro e, ocasionalmente,
sexuada por conjugação (troca ou transferência de material genético entre duas células)
(Basson e Van As, 2006; Martins et al., 2015). A divisão binária ocorre pela formação
de dois semicírculos, que aso divididos e formarão dois tricodinideos filhos, menores e
com 50%.

3.2 Ocorrência

Os tricodinideos têm distribuição mundial e ha relatos da sua ocorrência em vários


países (De Jager et al., 2019). E conhecido que esses protozoários afectam peixes de
água doce. A transmissão dessa parasitose ocorre pelo contacto directo entre um peixe
saudável com um Peixe infestado pelo parasita (transmissão horizontal) ou pela
presença desses protozoários na água, em busca de hospedeiros. Utensílios como redes e
poucas podem servir de fomite, transmitindo, de forma indirecta, os tricodinideos
(Tavares-Dias et al., 2013; Martins et al., 2015). Por essa razão, o manejo dentro da
piscicultura dever ser feito de forma adequada, criando barreiras sanitárias que
dificultem a introdução e a disseminação dos parasitas.

3.3 Sinais clínicos e histopatologia

Sinais clínicos como letargia, natação errática, natação na superfície da água, lesões
esbranquiçadas e irregulares na superfície do corpo e na cabeça (Valladao et al., 2014;
Martins et al., 2015) podem ser observados. Durante o parasitismo, ha aumento na
produção do muco e podem ser notadas áreas esbranquiçadas e palidez nas brânquias,
sugestivas de necrose. Quando a infecção e elevada na pele e/ou nas brânquias, os
peixes se tornam anoréxicos, perdem peso e morrem numa taxa de aproximadamente
1% por semana (Noga, 2010), devido aos danos que o parasita causa nos tecidos, ao
aderir e se movimentar por eles. Quanto mais jovens e debilitados os peixes estiverem,
maior será a taxa de mortalidade observada.

3.4 Diagnóstico

Para visualização destes parasitos é necessário realizar raspados da superfície corporal


(muco) e prensado das brânquias (guelras) entre lâmina e lamínula, e observar em
microscópio.
Figura 3. Observação de alta infestação por tricodinídeos na superfície corporal, em
prensado de lâmina e lamínula em microscópio óptico (Aumento 400x). Foto: Santiago
Benites de Pádua

4 Epistylis sp.- epistíliase

São protozoários ciliados de forma colonial e são extremamente comuns em Peixes com
escamas albergam colônias formando pequenos tufos no local de fixação. O peritríquio
Epistylis sp. utiliza seus hospedeiros como substrato de fixação e transporte, podendo
agravar lesões preexistentes em tegumento e brânquias e causar alterações nas trocas
gasosas (EIRAS et al., 2010).

Uma vez utilizando peixes para sua fixação, estes ciliados se alimentam de materiais em
suspensão na água, principalmente bactérias. É importante salientar que Epistylis sp.
não se alimenta das células dos peixes, nem causa lesões, tampouco perfuram a pele
durante o processo de fixação. Entretanto, sua principal implicação é a acção secundária
de bactérias presentes na água que se instalam no local de fixação desse protozoário.

4.1 Características morfológicas

Epistylis spp. é um protozoário séssil, ciliado colonial ectocomensal. As características


morfológicas desse género consistem em corpo em forma de sino, longo pedúnculo
ramificado não contráctil, colonizado por bactérias, presença de vacúolo contráctil,
células zoóide e cílios na porcão apical (superior). O interior da célula e composto por
um macronúcleo transversal em forma de C e por citoplasma com vacúolos alimentares
contrácteis (Martins et al., 2015; Padua et al., 2016).

4.2 Ciclo de vida

Esses protozoários são coloniais e utilizam a superfície dos peixes como substrato para
se fixar e se alimentar de partículas suspensas na água (Martins et al., 2015). A
reprodução pode ocorrer de forma assexuada (por fissão binária dos zoóides) ou
sexuada (por conjugação dos teletroquios, a forma de natação livre do protozoário)
(Martins et al.2015). Durante a reprodução assexuada, que e a mais comum, o zoóide se
separa do pedúnculo e ganha forma circular, com cílios equatoriais para locomoção.
Depois de se dividir, o zoóide procura por novo substrato, onde formara nova colónia

4.3 Principais sinais clínicos e histopatologia

As colónias de Epistylis spp. Podem ser vistas nos órgãos e nas superfícies afectadas.
Geralmente estas apresentam coloração esbranquiçada ou amarelada. Como o Epistylis
se prolifera em ambientes ricos em matéria orgânica e bactérias, geralmente a infestação
parasitária e acompanhada por infecção bacteriana (principalmente por bactérias Gram-
negativas). Peixes altamente infestados pelo Epistylis spp. Apresentam lesões no
tegumento, como ulcerações e hemorragias nas áreas de fixação, além de erosões e
perda de escamas (Valladao et al., 2015; Martins et al., 2015; Padua et al., 2016).
Hazen et al.(1978) associaram a infestação por esse protozoário com infecções
secundarias por bactérias, como a Aeromonas hydrophila, podendo causar lesões
Hemorrágicas, cujas feridas no tegumento podem evoluir para uma septicemia, levando
o animal à morte (Martins et al., 2015). Nas análises histopatológicas, e possível
observar a presença de colónias dos Epistylis spp. Associados com hiperplasia do
epitélio lesionado, degeneração hidrópica com necrose multifocal, proliferação de
células mucolíticas, infiltrado de mastocitos e granulocitico, com presença de células
gigantes (Valladao et al., 2015; Padua et al., 2016).

4.4 Diagnóstico
Para visualização destes parasitos é necessário realizar raspados da superfície corporal
(muco) e prensados das brânquias com auxílio de lâmina e lamínula, e observar em
microscópio.

5 Ichthyobodo spp.

A doença causada por esse protozoário é conhecida como ictiobodose (ou costiose,
segundo antiga denominação).

5.1 Características morfológicas

Esse protozoário possui corpo achatado e ovóide, com núcleo central (Hoffman, 2019).
Contem um par de flagelos, de comprimentos não uniformes (Woo, 2006), originários
da cavidade infusorial, no lado ventral do corpo (Hoffman, 2019). Quando observado a
fresco, mostra-se extremamente activo, com capacidade de rodar sobre seus flagelos
dispostos lateralmente (Duarte et al.,2000). Contudo, por ser unicelular, a baixa
infestação pode passar despercebida, como a grande maioria dos parasitos protozoários
de peixes.

5.2 Ciclo de vida

E um ectoparasito de ciclo de vida monoxeno, com potencial para reproduzir-se por


divisão binária (Duarte et al.,2000). Possui dois estágios: de vida livre e parasitária
(Woo, 2006). De acordo com Yardimci et al. (2016), a fase de natação livre e dispersiva
e se alterna com a fase na qual o parasito permanece anexado ao peixe, alimentando-se.
Quando se alimenta, ele se anexa fortemente ao epitélio do hospedeiro definitivo (peixe)
através do canal citostomatico protuberante, ingerindo-o por sucção (Hoffmann,
2019). Por ser um protozoário, seu ciclo de vida se completa de forma rápida,
facilitando o parasitismo.

5.3 Ocorrência

Esse parasita flagelado e cosmopolita Pode ser encontrado fixado nas brânquias tanto de
peixes de água doce quanto marinhos (Todal et al., 2004).
5.4 Principais sinais clínicos e histopatologia

Os sinais clínicos da ictiobodose não são específicos. Quando houver alta infestação, os
peixes do lote podem apresentar-se letárgicos e com perda de apetite. A infestação
branquial induz quadros de dispneia, como agrupamento nas regiões onde a
concentração de oxigénio e maior, enquanto a infestação tegumentar induz sinais
clínicos condizentes a prurido, como natação errática (flash) e comportamento de
fricção do corpo nas bordas, no fundo dos viveiros/tanques e nos objectos. Nesses
casos, o piscicultor pode notar agitação da água, ocasionada pela alteração de
comportamento do lote. Além disso, a superfície do corpo pode apresentar alteração na
coloração (escurecimento ou palidez), excessiva quantidade de muco, focos
hemorrágicos, perda de escamas e lesões ulcerativas, que abrem porta para outras
infecções oportunistas. Na histopatologia da brânquia afectada, pode ser verificado que
o parasito induz múltiplas deformidades, como hiperplasia, hipertrofia, edema,
descolamento epitelial e necrose (Yandi et al., 2017).

6 Chilodonella-chilodonelose

Doença causada pelo protozoário ciliado Chilodonella spp, Este parasita possui
corpo achatado, oval ou cordiforme, medindo cerca de 50 a 80 m comprimento por 30 a
40 mm de largura. Na superfície ventral possui oito a 15 fileiras de cílios compondo
duas séries, uma rectilínea e outra arqueada, enquanto na superfície dorsal existe apenas
uma fileira transversal de cerdas. Geralmente são patogénicos à temperatura de 5o C a
15o C, podendo também ocorrer em temperaturas mais elevadas. Alimenta-se de células
epiteliais e pode ser encontrado parasitando pele, brânquias e nadadeiras.

6.1 Principais sinais clínicos e histopatologia

Os parasitos produzem irritação na pele e brânquias, excessiva produção de muco,


eriçamento das escamas, dificuldade respiratória, anorexia e apatia. Em alevinos, a
mortalidade ocorre mais rapidamente. Também é observado comportamento anormal
dos peixes em direcção à superfície, com movimentos rotatórios, chocando-se contra as
paredes ou fundo do tanque. No epitélio branquial de salmonídeos infestados por C.
piscícola observa-se hiperplasia extensa e preenchimento dos espaços interlamelares nas
lamelas secundárias. Ocorre também extensa degeneração e necrose do epitélio
branquial, proliferação de células mucosas em algumas áreas dos filamentos branquiais,
onde havia intensa hiperplasia e infiltração de macrófagos e linfócitos.

7 Tricodinose

É causada pelo protozoário ciliado Trichodina spp, que possui forma circular e
no centro do corpo possui um disco adesivo, circundado por uma coroa de dentículos.
Podem medir até 86 mm de diâmetro. Em microscopia de luz pode-se visualizar
facilmente os dentículos e seu movimento rotatório. São organismos que normalmente
estão presentes no tanque de cultivo e que se proliferam rapidamente em águas com
excesso de material em decomposição, atacando então, os peixes. Quando encontram
ambientes favoráveis, podem parasitar a superfície do corpo, nadadeiras e brânquias dos
animais. Algumas espécies podem ser endoparasitas.

7.1 Principais sinais clínicos e histopatologia

Os peixes parasitados apresentam-se debilitados, nadando na superfície da água e


podem apresentar hemorragias nos casos mais graves. Excessiva produção de muco
também ocorre, tendendo a formar um delgado filme azul-esbranquiçado sobre o corpo
do peixe. Áreas lesionadas como boca, extremidades das nadadeiras e opérculos ficam
com coloração branca. As lesões provocadas são algumas petequeias (pontos
hemorrágicos) e desintegração do epitélio, frequentemente abrindo caminho para
infecções secundárias por fungos e bactérias. Segundo LOM (1973) as lesões não
poderiam ser provocadas pelos dentículos, pois estes não se sobressaem ao nível do
disco adesivo. Mas uma grande quantidade destes parasitos causa irritação do epitélio,
resultando em injúria celular. Movimentos rotatórios e de sucção no tecido do
hospedeiro em direcção ao interior do corpo do parasito produzem lesões superficiais.
ROGERS & GAINES (1975) observaram hiperplasia e necrose da epiderme, bem como
nadadeiras erodidas ou desgastadas e perda de apetite. Geralmente as infecções por
parasitos do género Trichodina estão associadas a outras parasitoses agravando
sobremaneira a enfermidade.

8 Mixosporidiose

A mixosporidiose geralmente pode ser originada por um ou mais dos metazoários do


Filo Myxozoa (mixosporídeos da família Myxobolidae). Os mais frequentes são
Myxobolus sp e Henneguya sp. Imóveis, formadores de cistos em diferentes órgãos do
corpo do hospedeiro, medindo aproximadamente de 20 a 70 mm de comprimento.
Possuem corpo oval ou alongado com ou sem cauda, providos de cápsulas polares
alongadas ou ovais que contêm um filamento polar. O ciclo de vida destes parasitos é
complexo e pouco esclarecido. No caso do género Myxobolus, sabe-se actualmente que
para seu desenvolvimento é necessário um hospedeiro intermediário, um anelídeo
oligoqueta (Tubifex tubifex) presente no ambiente aquático (MARKIW & WOLF,
1983). Tempos atrás se supunha que seu ciclo seria de peixes infectados mortos
liberando os esporos para infectar novo hospedeiro. Sabe-se pouco sobre o ciclo de
Henneguya.
Este género é encontrado comummente parasitando peixes brasileiros como o pacu,
formando cistos de aproximadamente um milímetro de diâmetro e de coloração clara
nos filamentos branquiais, olhos, fígado, rins, coração, baço, vesícula biliar e gônadas.
M. cerebralis ocorre principalmente na cartilagem cerebral de salmonídeos. Outras
espécies deste género podem ocorrer nas brânquias, musculatura, olho, rins, fígado,
coração, baço, vesícula biliar e gónadas também.

8.1 Sinais da doença

Peixes parasitados por Myxobolus cerebralis apresentam natação em círculos,


lordose e escoliose, escurecimento da pele ou de um só lado do corpo. Henneguya spp
provoca em primeira instância anorexia, sinais de asfixia com aglomeração de peixes na
entrada da água ou nado lento na superfície. Ao exame macroscópico as brânquias
apresentam-se hemorrágicas, edemaciadas com presença de cistos nas lamelas de
coloração acastanhada na extremidade dos filamentos branquiais. Hemorragias renais
também são encontradas (MARTINS et al. 1995 a,b; 1997). Salmonídeos parasitados
por M. cerebralis que apresentam estes sinais evoluem para a morte. Quando ocorre este
tipo de doença em criações de salmões e trutas a melhor maneira de erradicação é a
desinfecção geral da propriedade, pois não existe tratamento eficaz (POST, 1987).
Parasitos do género Henneguya podem ser responsáveis por grande mortalidade em
pacus de criação, associados ou não a outros parasitos branquiais, onde comprometem
totalmente a função respiratória do órgão. A presença de cistos nos filamentos
secundários desloca os filamentos vizinhos aumentando o contacto célula a célula com
redução da área de troca das brânquias. Além disso, ocorre hiperplasia de células
caliciformes com aumento da produção de muco que também irá comprometer as
funções branquiais (MARTINS et al., 1995a,b, 1997). Quando presentes nos rins
alteram o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. Este parasitismo em geral está
associado a infecções secundárias.

Em surto diagnosticado por este laboratório em piauçus Leporinus macrocephalus


cultivados, havia sinais de asfixia e mortalidade diária de 27 peixes. As brânquias
apresentavam-se hiperplásicas, com preenchimento dos espaços interlamelares por
células epiteliais, congestão e telangiectasia. Havia também hiperplasia de células
caliciformes com aumento da produção de muco e a presença de cistos do parasito,
localizados entre as lamelas secundárias, recobertas ou não pelo epitélio hiperplásico.
Tais alterações são responsáveis pela asfixia do peixe e também acarreta sérios
prejuízos às trocas iónicas, sendo o H. leporinicola o responsável (MARTINS et al.,
1999).

9 Centrocestus formosanus

C. formosanus (Nishigori, 1924) (Heterophyidae) parasita as brânquias de peixes na


fase larval de metacercária e habita o intestino de aves e mamíferos na fase adulta (Pinto
et al., 2014; Ximenes et al., 2017). O hospedeiro intermediário de C. formosanus e o
gastrópode M. tuberculata, pertencente a família Thiaridae, que apresenta uma ampla
distribuição geográfica, uma vez que foi introduzido em diversas regiões do mundo. O
molusco habita uma ampla variedade de ambientes aquáticos, de oligotróficos a
eutróficos, podendo tolerar baixos níveis de oxigénio e moderados níveis de salinidade,
e apresenta uma baixa taxa de mortalidade (Bolaji et al., 2011).

Estudos relatam infecções por C. formosanus em peixes de vida livre e em fazendas de


produção de diversas espécies de peixes em diferentes países (Gjurčević et al., 2007;
Mitchell e Goodwin, 2004; Phan et al., 2010; Pinto e Melo, 2012; Pinto et al., 2014). O
digenético apresenta uma baixa especificidade de hospedeiros, estando presente em
muitas famílias de peixes com diferentes comportamentos e biologia.

O potencial zoonótico do parasita foi relatado em regiões onde se tem o consumo de


pratos típicos preparados com peixes crus (com a cabeça intacta) ou malcozidos
contendo metacercarias, causando infecções intestinais em humanos, principalmente no
sudeste asiático (Chai et al., 2013).

Figura 4: Surubim apresentando tecido branquial edemaciado (A), contendo cistos de


metacercárias (B) de C. formosanus parasitando filamentos branquiais, visualizado por
microscopia óptica (10x).

Austrodiplostomum compactum

Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928) (Diplostomidae) é um trematódeo relatado


em diversas espécies de peixes de água doce e amplamente distribuído em regiões
neotropicais. Metacercarias do parasita são comumente detectadas nos olhos dos peixes
(Figura 2) e causam uma doença conhecida como “doença de trematódeos nos olhos”
(Eye-fluke Disease) (Thatcher, 1981), ou “catarata verminosa”, também chamada
“diplostomiase” (Martins et al., 1999). Podem provocar exoftalmia, deslocamento da
retina, opacidade do cristalino, cegueira e catarata em peixes (Seppala et al., 2005;
Silva-Souza, 1998) e, em alguns casos, podem até levar a morte (Valtonen e Gibson,
1997). Entretanto, o parasita pode também infectar outros órgãos, como brânquias,
cérebro, bexiga-natatória e musculatura (Ramos et al., 2013). Na fase adulta, os
parasitas são encontrados no intestino das aves piscívoras, como os biguas
(Phalacrocorax olivaceus) (Machado et al., 2005).

Trematódeos digenéticos são raramente encontrados em criatórios ou fazendas de


peixes, principalmente devido ao seu ciclo de vida complexo. Entretanto, baixas
prevalências de Diplostomum sp. Foram detectadas em tilápias (Oreochromis niloticus)
cultivadas em tanques-rede, nas regiões do Sul de Moçambique (Pantoja et al., 2012).

De acordo com Seppala et al. (2005), altas taxas de metacercarias do parasita nos olhos
dos peixes podem causar patologias oculares (cataratas e cegueira) que podem torna-los
mais susceptíveis a predação como também facilitar a transmissão do parasita aos
hospedeiros definitivos (Seppala, Karvonen e Tellervo Valtonen, 2004). A formação de
catara- Trematódeos digenéticos são raramente encontrados
em criatorios ou fazendas de peixes, principalmente devido ao seu ciclo de vida
complexo. Entretanto, baixas prevalências de Diplostomum sp. Foram detectadas em
tilápia (Oreochromis niloticus) cultivadas em tanques rede, no estado do Amapá.

Em peixes infectados por metacercarias de diplostomídeos e bem mais intensa após os


parasitas completarem o seu ciclo e estarem prontos para infectar o hospedeiro
definitivo, aumentando, assim, a susceptibilidade do peixe hospedeiro a predação.
Segundo Mouritsen e Poulin (2003), essa estratégia seria altamente eficaz para a
transmissão desses parasitas.
Figura 5: Metacercárias de diplostomastídeos observadas nos olhos de pintado
Pseudoplatystoma corruscans (A) e tambaqui Colossoma macropomum (B).

10 Endoparasitas em peixes

10.1 Digenea

São endoparasitos que se caracterizam por um complexo ciclo evolutivo, necessitando


sempre de um molusco como hospedeiro intermediário, sendo assim recomendada a
retirada destes organismos dos ambientes de cultivo como medida profilática. Os
parasitos digenéticos foram observados encistados em apenas 10% dos pacus analisados
e identificados como Clinostomum sp. Não foram observados sinais de comportamento
anormal dos peixes, bem como sinais clínicos e patogenia relacionados a esta parasitose.

Podem ser encontrados na forma adulta ou larvas encistadas (metacercárias) no intestino


ou cavidade visceral, interior de órgão como vesícula biliar, olhos e gônadas, sistema
circulatório e tecido subcutâneo dos peixes (NOGA, 2010), sendo as infecções por
metacercárias as mais prejudiciais aos hospedeiros, podendo eventualmente levá-los à
morte.

10.2 Nematóda
Os nematóides são endoparasitos facilmente identificados em virtude da sua morfologia
e pela nomenclatura popular de “vermes” ou “lombrigas”. Possuem simetria bilateral,
corpo alongado, forma tubular cilíndrica com extremidades geralmente afiladas. Peixes
podem atuar como hospedeiros intermediários, paratênicos ou definitivos em seus ciclos
biológicos, e por isso, podem ocorrer formas larvais ou adultas nestes hospedeiros.
Neste estudo, os nematoides foram observados apenas nos peixes híbridos, com valores
de até 32% dos peixes analisados, e sua intensidade parasitária variou entre 32 a 64
parasitos.

Os parasitos nematoides chamam atenção pelo fato de contemplar algumas espécies


com potencial zoonótico, sendo necessários estudos mais detalhados quando os peixes
forem diagnosticados com estes parasitos

Figura 5: Goezia sp.parasita causador da doenca nematoda em peixes.

De modo geral, podem não causar grandes prejuízos aos peixes hospedeiros,
dependendo da espécie do parasito e sua intensidade. Porém, algumas espécies podem
ser altamente patogénicas, causando obstrução do lúmen intestinal, compressão dos
órgãos, deformação do corpo e atrofia dos órgãos internos, além de poderem actuar
como agentes etiológicos de zoonoses. Em geral, são transmitidos aos peixes por
microcrustáceos que atuam como transmissores desses endoparasitas, bem como a
presença de aves que podem actuar como intermediários (LIMA et al., 2013).
A medida profilática mais eficaz para evitar a presença de nematóides em ambientes de
cultivos é não favorecer a presença de hospedeiros intermediários, principalmente aves,
com a adopção de telas protectoras.

10.3 Acantocéfala

Os parasitos acantocéfalos podem medir desde milímetros até alguns centímetros, na


região anterior possuem uma probóscide retráctil com ganchos (Figura 22) com a qual
se fixam no trato digestivo de seu hospedeiro, que pode causar hemorragias e lesões na
mucosa intestinal dos hospedeiros.

Até o presente momento desconhece-se relatos de mortalidade de peixes redondos de


cultivos associados a acantocéfalos na região da grande Dourados. No entanto, nos
trabalhos que compõem este documento, este parasito foi observado com prevalência
moderada de até 53% e alta intensidade chegando a 110 parasitos. Em pacus
identificou-se Echinorhyncus gomesi, e nos híbridos tambacu e patinga, Echinorhyncus
jucundus

A ocorrência destes parasitos no intestino dos peixes redondos da região da grande


Dourados é relevante e deve ser considerada como possíveis parasitos que prejudicam a
saúde e o desempenho dos peixes, mesmo não causando doença clínica e mortalidade.
Ressalta-se que em outras regiões do Brasil, como por exemplo, na região norte,
parasitos desse filo já foram observados causando doença, com comprometimento de
crescimento e mortalidade nos peixes produzidos.

11 Diagnóstico

Só é possível após necropsia do peixe e abertura do intestino, no qual se observa os


parasitos macroscopicamente
Figura 6: Parasitos acantocéfalos visualizados macroscopicamente, sem auxílio de
microscópio.

Recomenda-se desinfecções com óxido de cálcio e secagem dos viveiros


(OSTRENSKY; BOEGER, 1998) para promover a eliminação de ovos e larvas destes
parasitos, os quais se desenvolvem em hospedeiros intermediários como ostracodes e
outros copépodes (MALTA et al., 2001), e manter boas condições ambientais nos
cultivos.
12 Conclusão

Concluimos o presente trabalho dizendo que a piscicultura e um ramo da pecuaria de


alto valor, que igualmente como outras areas tem sofrido de incidenca de parasitas, que
culminam com o desenvolvendo de quadros parasitologicos de doencas de peixes.

No presente estudo, foi realizada uma série de pesquisas, concluindo-se que diversos
factores predispõem os peixes a infecções bacterianas, tais como: má nutrição, acúmulo
de resíduos orgânicos nos tanques ou viveiros, estresse causado pelo maneio ou
transporte, qualidade inadequada da água e mudança abrupta da temperatura.
Queremos concluir dizendo que os peixes assim como outros animais, tem sido
acometidos por diversos ectoparasitas e endoparasitas de relação comensal, que reduz
de forma significativa o desempenho produtivo de peixes em tanques. Esta redução,
prejudica a sustentabilidade distributiva de peixes, reduzindo a capacidade deste sector,
na elaboração de respostas estratégicas de segurança alimentar em Moçambique.

O grupo gostaria de concluir, afirmando que este trabalho foi de extrema importância,
visto que ajudou-nos a aprofundar os conhecimentos relacionados a produção aquícola,
tendo ajudado a colher conhecimentos técnicos da área.
13 Referências bibliográficas

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