Você está na página 1de 1

Objeções de Nozick a Rawls

Convém começar por salientar o contributo de Rawls à teoria do contrato social e dizer ainda que ele
consegue conciliar os conceitos de liberdade e de igualdade que nos são tão caros através da
compatibilização entre o princípio da liberdade e o princípio da diferença. Estes princípios constituem
uma boa tentativa para encontrar critérios que permitam a construção de uma sociedade justa.

As críticas negativas a Rawls vêm sobretudo daqueles que apenas valorizam a liberdade em
sentido negativo. Robert Nozick, em particular, considera que a teoria da justiça como equidade,
ao justificar a redistribuição da riqueza produzida, é incompatível com a liberdade porque implica
tirar a uns para dar a outros. Como diz, se os ricos quiserem dispor de parte da sua fortuna para
ajudarem os mais desfavorecidos isso será caridade ou filantropia, mas nada terá a ver com
justiça. O que é justo é cada um ter em função do valor do que produz.

Para os críticos de Rawls, a função do Estado deverá ser mínima: garantir a segurança dos
cidadãos e da propriedade, impedindo apenas as situações de fraude ou de coação; se ninguém
for defraudado nem coagi do então é livre e só isso importa. Acrescentam ainda que com esta
organização política se evitam os efeitos perversos de um estado fortemente intervencionista que não
estimula a iniciativa, o espírito empreendedor e a autonomia dos cidadãos e que assim acabará por
prejudicar os interesses da sociedade como um todo.

Apesar de toda esta argumentação, cumpre, todavia, dizer que a tese de Nozick não encontra
fundamento nem na ética kantiana nem na ética utilitarista, sendo apenas compatível com o
egoísmo ético.

Por outro lado, o conceito de "posição original" a partir da qual os princípios de justiça deveriam ser
escolhidos, mesmo enquanto mera "experiência mental", é considerado irrealista, porque não parece
possível ignorar-se totalmente aquilo que se é e o lugar que já se ocupa na sociedade. É até pouco
verosímil que pessoas integradas em culturas de forte dominância religiosa - que enfatizam valores
de obediência e implicam estruturas sociais muito hierarquizadas - escolham, mesmo numa situação
hipotética, os princípios que um sujeito racional deveria supostamente escolher.

Você também pode gostar