Você está na página 1de 4

Caso do banco BES:

 
Ricardo Salgado, antigo presidente do Banco Espírito Santo:
"Entre 2001 e 2015, por Ricardo Salgado ter conseguido condicionar a gestão da PT aos seus
interesses, o grupo BES recebeu da PT, a título de pagamentos de serviços prestados,
recebimento de dividendos e disponibilidade financeira por via da concentração no BES das
aplicações de tesouraria, um valor superior a 8,4 mil milhões de euros."
 
Quando, em 2006, Paulo de Azevedo surgiu acompanhado por António Horta Osório, então
presidente do Santander, lançando uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) à PT, Ricardo
Salgado assustou-se: 
 Caso se verificasse o sucesso da operação, Ricardo Salgado visualizava o fim da
parceria estratégica entre os dois grupo- assim o BES poderia perder, a partir de
2007, 3,7 mil milhões de euros (valor recebido pelo GES a partir daquela data).
 
Os procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal situaram as
manobras de Ricardo Salgado em dois planos: político, com a alegada corrupção de José
Sócrates, e financeiro, através do financiamento à Ongoing e Fundação Berardo, de forma a
assegurar votos suficientes na Assembleia -Geral da PT contra a OPA da Sonae. 
 
"Entre 1 de Março e 18 de Abril de 2006, Ricardo Salgado, temendo o sucesso da oferta do
grupo Sonae, propôs a José Sócrates que, no exercício das suas funções governativas e em
contrapartida pelo pagamento de uma quantia avultada, condicionasse a actuação do
Governo aos interesses do GES."
 
Ricardo Salgado não quis correr riscos e, entre 2006 e 2007, financiou dois empresários para
assegurar um alinhamento completo na Assembleia -Geral: Joe Berardo e Nuno Vasconcellos. E
assim foi, com o BES a emprestar até 200 milhões para a Fundação Berardo comprar acções da
PT, sendo que apenas tinha que se comprometer "a exercer os direitos de voto inerentes às
acções a adquirir de forma a rejeitar a OPA da Sonae"
 
Separação da PT da PT Multimédia: com esta solução, houve uma distribuição gratuita de
acções da nova empresa de quatro acções da PT Multimédia por cada 25 acções da PT. Como o
BES era um dos maiores accionistas da PT, tornou-se, automaticamente, um dos maiores da
Multimédia.
 

Como, em Dezembro de 2007, a Anacom questionou a semelhança entre a estrutura accionista


da PT e da PT Multimédia, o BES decidiu vender 5% do capital desta última. E quem comprou?
A Espírito Santo Irmãos, SGPS, sociedade do universo Espírito Santo.
 
Após isso, colocou-se em cima da mesa da PT a venda da participação na empresa brasileira de
telecomunicações Vivo.

O Ministério Público garante que Sócrates, que numa primeira fase vetou o negócio através da
golden share do Estado, impôs como condição para o viabilizar um novo investimento no
Brasil.
Uma das opções era a Telemar, dona da operadora Oi, uma empresa que atravessava algumas
dificuldades e tinha uma grande exposição a fundos públicos, logo era do interesse do governo
de Lula da Silva captar investimento.
A PT investiu à volta de 3,4 ou 3,5 biliões de euros na Oi. Passado pouco tempo, ela valia
centenas de milhões de euros. Foi um investimento absolutamente ruinoso.
Onde poderia estar um prejuízo para a PT, Salgado veria uma oportunidade para o BES: a
relação da operadora portuguesa com a Oi, sobretudo na "possibilidade de oferta de serviços à
Oi por parte de empresas do grupo Ongoing com a participação do próprio BES"

Apesar de tudo, a PT instalou-se na Oi e, a partir de Outubro de 2010, Ricardo Salgado deu "início ao
pagamento das contrapartidas a que se havia comprometido com Zeinal Bava e Henrique Granadeiro".
Para isso, terá mobilizado fundos para a ES Enterprises, uma sociedade criada na Suíça, cujo objectivo
era "a concretização de pagamentos não documentados e não registados nas contas do GES"

 
 
 
OS DIAS MAUS DO FIM DO BES
 

29 de Dezembro de 2015
Mais de um ano depois da queda, o Banco de Portugal reabre o processo de resolução, com uma nova medida para o BES, retirando do Novo
Banco 1985 milhões de euros em obrigações sénior, emitidas pelo BES, que regressam ao BES “mau”.

13 de Janeiro de 2015
A ex-directora do departamento financeiro do BES, Isabel Almeida, afirma na comissão de inquérito que a troika tinha conhecimento da
exposição do BES ao Grupo Espírito Santo.
 

7 de Novembro de 2014
O PÚBLICO revela GES terá usado veículo financeiro para pagar despesas extras sem registo dos destinatários.
 

3 de Agosto de 2014
É o dia da implosão do BES e do GES. É domingo à noite quando o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Há uma frase que
Carlos Costa vai carregar até ao fim do mandato: “Esta operação não implica custos para o erário público”. Carlos Costa estava a referir-se
ao facto de o capital social do banco bom “ser integralmente subscrito pelo Fundo de Resolução”.
 

1 de Agosto de 2014
É sexta-feira. Com a avolumar das dúvidas sobre o BES, as acções têm uma queda a pique. Os títulos chegam a recuar mais de 50% neste dia
— e baixam para um novo mínimo histórico de 10 cêntimos —, obrigando a CMVM a intervir. Os títulos são suspensos.
 

30 de Julho de 2014
O BES anuncia um prejuízo semestral histórico: de O banco informa que “o custo com imparidades e contingências atingiu 4253 milhões de
euros influenciado pelos factores de natureza excepcional”. O mercado aguarda o plano de recapitalização.
 

21 de Julho de 2014
A equipa de gestão do BES, liderada por Vítor Bento, delibera fazer aproximar as operações de recompra dos valores de mercado. O relatório
da comissão de inquérito do BES nota que “em momentos de proximidade temporal face a esta operação, vários “membros do Conselho
Superior do GES, administradores e altos dirigentes do BES” venderam acções que detinham no banco, “nalguns casos alegadamente por
necessidades pessoais de liquidez ou por posições friamente assumidas de índole estritamente económica, face aos valores de cotação em
bolsa das referidas acções”.
 

5 de Julho de 2014
Vítor Bento assume funções como líder do BES
 
23 de Junho de 2014
José Maria Ricciardi vem a público revelar que foi convidado pela maioria do núcleo duro da família Espírito Santo para liderar o BES, mas
que não avançou por não haver unanimidade. Com isso, fazia valer que Morais Pires fora uma segunda escolha e que não era por imposição
do Banco de Portugal que não sucedia a Ricardo Salgado.
 

20 de Junho de 2014
É noticiado que a família Espírito Santo escolhera Amílcar Morais Pires para o suceder a Ricardo Salgado
 

Maio de 2014
José Maria Ricciardi entrega documentação ao Banco de Portugal que inclui o depoimento prestado pelo contabilista do GES, Francisco
Machado da Cruz, a advogados do Luxemburgo sobre as contas da Espírito Santo International (ESI).
 

Abril de 2014
Inicia-se a operação de aumento de capital social do BES, de cerca de mil milhões de euros, que durará até Junho.
 

16 de Abril de 2014
Salgado demite-se do cargo de presidente do conselho de administração do BESI, ESAF, BEST e ES Tech Ventures.
 

18 de Março de 2014
Salgado deixa de ser administrador da Espírito Santo International, ES Resources e ES Services.
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 

 
 
 
 

 
 

Você também pode gostar