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SPAA6 – Sistemas de Partida do Motor

TMA – Tecnólogo em Manutenção de Aeronaves

AULA 1

Fernando Luis Schiavon


Versão 1 : Fevereiro de 2021
São Carlos

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Este material foi feito baseado em maior parte na apostila da
Anac – 5 Sistema de Partida dos Motores

O manual do fabricante deve ser sempre observado quando da operação de manutenção

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INTRODUÇÃO
Dificuldades na partida de motores convencionais

Motores convencionais, devido a terem seu sistema de ignição principal dependente de magnetos, os quais
necessitam de rotação para gerarem alta tensão, apresentam uma certa dificuldade para entrar em
operação durante a partida, essa dificuldade é causada pelos seguintes fatores:

• baixa rotação do motor durante a partida, o que faz com que a alta tensão produzida no magneto tenha
um valor menor que aquele encontrado para as demais rotações do motor;
• ponto inicial de ignição adiantado (20 à 30°), o que, a baixas rotações dificulta a partida, podendo causar
contra-golpes e retorno de chama para o sistema de indução;

Adicionalmente durante a partida o óleo está mais viscoso, dificultando o giro do motor pelo sistema de
partida e o sistema de indução e a câmara de combustão estão frios, dificultando a vaporização do
combustível e consequente combustão.

Vídeo sugerido 1: https://www.youtube.com/watch?v=STYg0lOasSY


Como Funciona o Ponto de Ignição? Adiantado e Atrasado? | Star Preparações
3:16

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Desse modo, para tentar contornar o problema da baixa tensão gerada durante a partida e do avanço da
ignição foram desenvolvidos sistemas auxiliares de partida, os principais são:

• acoplamento de impulso;
• vibrador de indução;
• vibrador de indução com retardo Nos estágios anteriores de desenvolvimento de aeronaves, os motores
de baixa potência eram acionados pela rotação da hélice através de rotação manual.

Algumas dificuldades foram frequentemente experimentadas na partida, quando as temperaturas do óleo


estavam próximas ao ponto de congelamento. Em adição, os sistemas de magnetos forneciam uma centelha
fraca na partida, e em velocidades muito baixas de acionamento. Isto foi muitas vezes compensado
providenciando-se uma centelha quente, usando dispositivos de ignição como bobina de reforço, vibrador
de indução ou acoplamento de impulso. Motores convencionais são capazes de dar partidas normais em
baixas temperaturas sem o uso do aquecimento do motor, ou diluição do óleo, dependendo do grau do
óleo usado.

A maioria dos motores de aeronaves é acionada por um dispositivo chamado motor de partida (starter). Em
termos cinéticos, é um dispositivo que transfere energia para o motor através de torque gerando uma
velocidade de rotação inicial no motor.
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PRECAUÇÕES PARA PARTIDAS EM AVIÕES DE MOTORES CONVENCIONAIS

Sempre que possível fontes externas de energia elétrica devem ser usadas na partida do motor sempre que
eles forem equipados com arranques elétricos. Esse procedimento elimina um excessivo gasto na bateria do
avião.

Todos os equipamentos elétricos desnecessários devem ser desligados até que o gerador comece a
fornecer energia elétrica para os barramentos elétricos do avião.

Antes da partida num motor radial, que tenha sido cortado por mais de 30 minutos, verificamos se a chave
de ignição está desligada, giramos a hélice três ou quatro voltas completas para detectar se existe um calço
hidráulico.

Calço hidráulico
Qualquer líquido existente no interior do cilindro é indicado pelo esforço anormal para a rotação da hélice.
Nunca se usa força para girar a hélice quando for detectado um calço hidráulico. Caso se verifique uma
restrição anormal ao giro, é boa prática retirar as velas dos cilindros e dar uma partida rápida no motor com
os magnetos aterrados e o fornecimento de combustível cortado. Demasiado torque exercido no eixo de
manivela poderá emperrar ou travar uma biela caso exista um calço hidráulico.
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Para eliminar um calço hidráulico, remove-se as velas dos cilindros e gira-se o motor manualmente ou com
auxílio de ferramentas. Nunca devemos tentar tirar o calço hidráulico girando a hélice em sentido oposto à
rotação normal, pois isso tende a injetar o óleo do cilindro para o interior do tubo de admissão através da
válvula de admissão. O líquido será aspirado de volta ao cilindro no tempo de admissão, com possibilidade
de ocorrer outro calço hidráulico completo ou parcial na próxima partida.

Vídeo sugerido 1:
https://www.youtube.com/watch?v=mjyoZzmP-Ps
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM CALÇO HIDRÁULICO?
5:07

Biela danificada devido


à calço hidráulico Calço hidráulico
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EXEMPLO DE PROCEDIMENTOS DE PARTIDA DE MOTORES CONVENCIONAIS

Sempre consultar o manual do fabricante antes de partir o motor.

Verificar principalmente:

• Quantidade de combustível em cada asa;


• Estado da fuselagem e movimentação livre das superfícies de controle;
• Trem de pouso e freios;
• Instrumentos do motor e de navegação;
• Hélice e spinner;
• Entradas de ar de refrigeração do motor;
• Nível do óleo do motor;
• Qualidade da gasolina e presença de água.

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EXEMPLO DE PROCEDIMENTOS DE PARTIDA DE MOTORES CONVENCIONAIS

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SISTEMAS DE PARTIDA DE MOTORES CONVENCIONAIS

Os diversos mecanismos para auxiliar na partida de motores convencionais que estão em uso ou já em
desuso são:

1 - Partida manual pela hélice (em desuso);

2 - Manual de Inércia (em desuso);

3 - Elétrico de Inércia (em desuso);

4 - Inércia Combinado (manual e elétrico) (em desuso);

5 - Elétrico de Engrazamento Manual (em desuso);

6 - Elétrico de Engrazamento Direto (empregado principalmente em aeronaves de pequeno porte que


utilizam motores convencionais ou turbinas a gás de aeronaves de pequeno e médio porte);

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7 - Starter generator (motor de partida e gerador integrados);

8 - Pneumático (empregado principalmente em aeronaves de grande porte que utilizam turbinas a gás);

9 – Por motor a combustão (em desuso);

10 - Cartucho (em desuso).

Atualmente, a maioria dos sistemas de arranques de motores convencionais (a pistão) é do tipo elétrico de
engrazamento direto.

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1 - PARTIDA MANUAL VIA HÉLICE (em desuso):
Se a aeronave não tiver um sistema próprio de partida, o motor pode ser acionado girando-se a hélice
manualmente.

Quando acionamos a hélice manualmente, por segurança, sempre devemos supor que o(s) magneto(s)
esteja(m) operante(s) (desaterrado(s)), pois a chave seletora “SWITCH” poderá estar defeituosa e não estar
aterrando o circuito primário do(s) magneto(s). Só então a hélice é girada.

É ideal que se verifique se o local de quem vai girar a hélice é seguro, e se dará um apoio bem firme. Evite
solos escorregadios, gramados, lama, presença de lubrificantes ou cascalhos. Nunca devemos permitir que
qualquer parte do corpo fique no percurso da hélice. Isso se aplica também a um motor que não esteja
sendo acionado. Nos mantemos perto da hélice apenas o suficiente para girá-la, e nos afastamos assim que
ela é acionada pelo motor, prevendo uma falha de freio. Evita-se ficar em uma posição que requeira uma
inclinação na direção da hélice para alcançá-la. Isso ocasionará o balanço do corpo e poderá causar a sua
queda sobre as pás, quando o motor girar.

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Ao impulsionarmos a hélice, movemos a pá sempre para baixo, empurrando com a palma da mão. Não
devemos segurar a pá com os dedos curvados sobre a borda desta, uma vez que o retrocesso (contra golpe
provocado pelo ponto de centelha avançado) poderá quebrá-los. Dando-se partida no motor usando o
afogador, selecionamos a posição "Full rich", se não estiver previamente posicionada até que o motor inicie
seu funcionamento. Se o motor não iniciar imediatamente retornamos o controle para "idle cut off". Se isso
não for feito, acarretará um acúmulo de combustível nos cilindros e dutos de admissão, constituindo risco
de incêndio nas próximas partidas.

O excesso de bombeamento de combustível através do sistema de injeção rápida (bomba de aceleração -


primmer) não é recomendado durante as primeiras partidas, isso pode resultar em incêndios, cilindros e
pistões riscados ou desgastados, e falhas no motor devido a travamento hidráulico. Se o motor for
inadvertidamente banhado ou superafogado, desligamos a chave de ignição e selecionamos a posição "full
open". Para livrar o motor do excesso de combustível, ele é virado, com a mão ou pelo motor de partida. Se
for necessária força excessiva para virá-lo paramos imediatamente. Não se força a rotação do motor. Na
dúvida, as velas de ignição dos cilindros, principalmente os inferiores, no caso de motores radiais, deverão
ser removidas. Se ocorrer grande sobrecarga, poderá ser necessário remover os tubos de admissão.
Vídeo sugerido 1:
https://www.youtube.com/watch?v=5_7xVAnpDrk
Crazy Cold Start BIG old AIRPLANE ENGINES and LOUD Sound
5:26
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PARTIDA MANUAL
PARTIDA POR MOLA (usados em motores diesel geradores de energia - não aeronáutico)

Vídeo sugerido 1: Vídeo sugerido 2:


https://www.youtube.com/watch?v=tcWj02xB3pU https://www.youtube.com/watch?v=K0I-EHsmkME
Cummins 6BT inertia starter5 How to Use a Kineteco Spring Starter
0:55 1:11

ATENÇÃO !!! O título usado pelo autor do vídeo 1 acima está errado pois não se trata de um motor de
partida por inércia, uma vez que o sistema não acumula energia em um volante em movimento. É um
motor de partida por mola, onde a energia é acumulada enrolando uma mola que tem sua energia liberada
para dar o giro inicial no motor.
Vídeo sugerido 3: Vídeo sugerido 4:
https://www.youtube.com/watch?v=e2-gAvfzzTM https://www.youtube.com/watch?v=An0PnUawiHY
FUNCTIONAL CROSS SECTION OF A MECHANICAL SPRING STARTER Spring Starter Breakdown
3:58 3:14
Vídeo de final de aula sugerido 5:
MOTOR TÉRMICO NUCLEAR ESTÁ CHEGANDO E VAI REVOLUCIONAR O ESPAÇO
https://www.youtube.com/watch?v=l-_-_2VEPCw
27:55
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Muito obrigado!!!

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