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Filosofia cristã Pr.

Josias Moura de Menezes


Pag. 1 Questão: Qual o impacto da filosofia materialista no cristianismo?

Texto 01

Karl Marx nasceu a 5 de maio de 1818 em Tréveros, cidade que remonta


ao tempo dos romanos, e exercia importante papel na cultura da região,
no século XIX, como ponto de encontro do liberalismo revolucionário
vindo da França e do conservadorismo do antigo regime liderado pela
Prússia. Na Prússia a filosofia de Hegel convertera-se numa espécie de
ideologia oficial. O Estado prussiano tomara como apoio direto a idéia
hegeliana de que o Estado moderno encarna os ideais da moral mais
objetivos e manifesta a razão no domínio da vida social.

Em julho de 1836, Marx matriculou-se na universidade de Berlim, capital


da Prússia. Nesta época, as idéias liberais conquistavam a Prússia, pois o
governo de Frederico Guilherme IV (1795-1861) anunciara a abertura
política. O liberalismo alemão, influenciado pelas idéias da revolução
francesa, abriu fogo contra o aliado mais fraco do Estado, que era a Igreja
e a religião.

O jovem Marx, depois de estudar direito durante um ano em Bonn (1835),


foi a Berlim e aí se integrou no clube dos doutores da esquerda hegeliana.

Em 1845 deixou Paris e passou a residir em Bruxelas. Aí escreveu a


Sagrada Família e depois A ideologia alemã (1845), A miséria da filosofia
(1847) e o Manifesto Comunista (1848) com Engels.

Expulso da Bélgica, voltou, por breve tempo, à Alemanha, donde, após a


revolução de 1848, foi expulso, indo a Londres. Aí fixou residência para o
resto da vida. Em Londres escreveu suas obras principais, como O capital,
cujo primeiro volume publicou em 1867. Também aí viveu com o auxílio
de amigos, de modo especial de Engels.
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Texto 02

Nascido judeu, Educado na religião cristã (protestante), tornou-se ateu,


pois os membros do clube dos doutores professavam o ateísmo. Marx
defendeu sua tese de doutorado em 1841, em Jena, sobre o materialismo
de Epicuro e Demócrito. Note-se que seu ateísmo também é anterior à
elaboração de sua própria teoria.

Com 24 anos de idade assumiu a chefia da redação do jornal Rheinische


Zeitung, em Colônia. Pela primeira vez entrou em contato mais direto
com a questão social. Mas o jornal foi fechado pela censura, embora nesse
jornal ainda tivesse atacado o comunismo e o socialismo.

Marx casou-se na Igreja luterana e sua mulher, além de cuidar da casa e


dos filhos, ajudava-o na datilografia e correção dos manuscritos.

Em 1843 transferiu-se para Paris. Aí levou vida burguesa, recebendo


auxílios da Alemanha. Em Paris fez algumas amizades importantes. Entrou
em contato com as idéias revolucionárias do socialismo de Fourier,
Owen, Saint-Simon e, através do anarquista Bakunin, com Proudhon. Em
Paris despertou ainda para a miséria do proletariado industrial, embora
ele mesmo nunca tenha sido operário; iniciou longa amizade com
Friedrich Engels e começou a ocupar-se com economia política. Tomou
conhecimento da aliança comunista de Londres e participou de alguns
encontros secretos, sem filiar-se.

Enfim, em Paris, tornou-se socialista e comunista. Reconheceu a


possibilidade gigantesca do movimento organizado de trabalhadores e
tornou-se o teórico do proletariado.
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Texto 03

Em 1845 deixou Paris e passou a residir em Bruxelas. Aí escreveu a


Sagrada Família e depois A ideologia alemã (1845), A miséria da filosofia
(1847) e o Manifesto Comunista (1848) com Engels.

Expulso da Bélgica, voltou, por breve tempo, à Alemanha, donde, após a


revolução de 1848, foi expulso, indo a Londres. Aí fixou residência para o
resto da vida. Em Londres escreveu suas obras principais, como O capital,
cujo primeiro volume publicou em 1867. Também aí viveu com o auxílio
de amigos, de modo especial de Engels.

Marx era ateu muito antes de ser comunista. Sua atitude anticapitalista
não foi pressuposto, mas confirmação. Aceitara o ateísmo da esquerda
hegeliana de Berlim e de Feuerbach. Em breve, o ateísmo materialista
tornou-se simples evidência. Tal ateísmo determinou não só o cientista
analítico, mas também o lutador político e o profeta Marx. A inteligência
de Marx conseguiu que o ateísmo se tornasse o fundamento e a ideologia
para o socialismo até nossos dias. Antes de ser cientista, Marx já apostara
no ateísmo.

O novo humanismo de Marx é ateísmo e comunismo: "O ateísmo é o


humanismo pela superação da religião, e o comunismo é o humanismo
pela superação da propriedade privada", escreveu nos manuscritos
econômico-filosóficos de Paris.
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Texto 04

Segundo Marx, a sociedade capitalista gerou a burguesia e o proletariado.

Assim o próprio regime capitalista gerou sua negação, ou seja, o


proletariado.

Marx, Pretende criar, pela revolução comunista, a sociedade perfeita, ou


seja, a sociedade sem classes. Nesta sociedade homogênea, para Marx,
não mais haverá exploração e serão satisfeitas todas as necessidades
materiais de todos.

Com isso automaticamente cessará a alienação, não havendo mais ne-


cessidade da idéia de Deus. Termina, então, o processo dialético da
história. Marx, todavia, não esclarece porque desaparecem as classes na
sociedade marxista, ou seja, porque a tese marxista não geraria sua
antítese.

Enquanto, para Feuerbach, a religião permaneceu tema polêmico durante


toda a vida, para Marx o ateísmo é um postulado evidente, tão evidente
que dispensa qualquer investigação mais séria de sua parte. Deus não
passa de uma projeção do homem.

Marx sequer examina seriamente qualquer outra hipótese. Por isso,


religião não passa de produção e alienação do homem. O homem cria a
religião. Marx quer detectar as causas que geram o conflito originante da
religião e superá-las, destruindo-as.
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Texto 05

Para Marx, a religião aliena o homem. A alienação religiosa deve ser


esclarecida a partir da situação histórico-social concreta. Mas a religião é a
expressão da alienação do homem e não seu fundamento. Antes, é o
resultado.

A essência da alienação do homem encontra-se no contexto econômico,


no tipo de relações de produção geradas no mundo capitalista. Aí há
duas classes sociais: os proprietários dos meios de produção e os não-
proprietários. Destruindo essa estrutura econômica também se destrói a
religião que é seu produto.

São as estruturas econômicas que, segundo Marx, geram a falsa


consciência, que é a religião. Assim a idéia de Deus é o resultado de uma
economia alienante.

A religião é o aroma de uma sociedade alienada. É um momento


necessário do mundo alienado porque o justifica. Seu protesto contra este
mundo permanece sem conseqüências porque propõe uma solução para
além da história. A religião apenas oferece a libertação espiritual do
homem, a libertação imaginária e ilusória. Somente a práxis revolucionária
será capaz de emancipar radicalmente o proletariado industrial,
dispensando o protesto e o consolo da religião.

Para Marx, a religião é uma consciência errônea do mundo. Enquanto


protesto contra as situações humanas é protesto ineficiente porque
desvia a atenção deste mundo e de sua transformação para outro, para
o além. Desta maneira a religião age como calmante: "E ópio do povo". A
religião hipnotiza os homens com falsa superação da miséria e assim
destrói sua força de revolta.
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Texto 06

Na alienação religiosa, o homem projeta, segundo Marx, para fora de si,


de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um
mundo transcendente. Aceita, pois, o conceito feüerbachiano de
alienação. A religião nada mais é que a projeção do ser do homem num
mundo ilusório. Com ela aliena-se a si mesmo. Marx admite que a religião
é uma ilusão, não, porém, ilusão puramente intelectual.

A religião nasce, segundo Marx, da convivência social e política


perturbada dos homens. O crente suspira por uma felicidade ilusória para
esquecer sua desgraça presente. Por isso a religião é o ópio do povo. Para
libertar o proletariado e a humanidade da miséria, é preciso destruir o
mundo que gera a religião.

Não se pode dizer que, para Marx, a religião é simples invenção de


sacerdotes falsários ou de dominadores. E a manifestação da
humanidade sofredora em busca de consolo.

O slogan de que "a religião é o ópio de povo" era comum entre críticos
da época de Marx. É ópio para o povo, um calmante para as massas que
sofrem a miséria produzida pela exploração econômica.

Mas os exploradores burgueses também precisam da religião. Para os ex-


ploradores é consolo inútil, narcótico e, para os outros, justificação,
calmante para sua consciência.
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Texto 07

Como, então, poder-se-á superar a alienação religiosa?

A superação realiza-se partindo da práxis. De nada serviria privar o povo


do ópio e não mudar nada. A crítica da religião consiste em libertar o povo
da ilusão. Por isso a crítica religiosa deve ser seguida da crítica política e da
revolução prática a fim de estabelecer a verdade neste mundo.

Para eliminar a alienação religiosa é preciso eliminar todas as condições


de miséria que a originam. Mudando a infra-estrutura econômina, a
superestrutura mudará automaticamente. A contradição fundamental,
segundo Marx, não está pois na religião, e sim no nível do modo de
produção dos bens materiais.

Do ponto de vista econômico, a alienação religiosa tem sua origem na


divisão do trabalho porque, na sociedade capitalista, os meios de
produção tornaram-se propriedade privada; no processo tecnicizado da
produção industrial, os operários só têm o trabalho para vender. Por ele
recebem um preço. Mas este é menor que o produto, pois o dono dos
meios de produção retém a plus-valia, de modo que seu capital se
acumule às custas dos verdadeiros trabalhadores.

Ora, a alienação religiosa funda-se, segundo Marx, na alienação


econômica. Por isso é preciso mudar as relações de produção, eliminando
a propriedade privada dos meios de produção. Como a religião integra a
superestrutura, mudando a infra-estrutura, também ela mudará, ou
melhor, desaparecerá. Por isso não há necessidade, teoricamente, de
combatê-la, pois ninguém sentirá sua falta. Em outras palavras, a
consciência religiosa morrerá por si mesma.

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