1. Não é fácil adquirir novas maneiras de pensar. Você está
2. acostumado a um determinado conjunto de pensamentos e aos 3. sentimentos debilitantes que a eles se seguem. 4. É preciso muito esforço para desaprender todos os hábitos de raciocínio que 5. você assimilou até hoje. Ser feliz é fácil, mas aprender a não ser infeliz pode 6. ser difícil. A felicidade constitui uma condição natural do ser humano; 7. prova evidente disso está nas crianças: basta observá-las. Difícil é desaprender 8. todos os “condicionais” que você digeriu no passado. 9. Assumir o comando de si mesmo é um processo que tem início com a 10. conscientização. Surpreenda-se quando estiver dizendo coisas como: 11. “Ele me magoou.” Alerte a si mesmo para o que você está fazendo, no momento em 12. que o faz. Uma nova maneira de pensar requer a conscientização da antiga maneira 13. de pensar – você se acostumou a padrões mentais que situam fora de 14. você as causas de seus sentimentos. Dedicou milhares de horas ao processo de 15. reforçar esse tipo de raciocínio, e agora terá de equilibrar a balança, 16. com milhares de horas dedicadas à nova forma de pensar, ao raciocínio que assume 17. responsabilidade por seus próprios sentimentos. É difícil, tremendamente 18. difícil – mas, e daí? Isso não é razão para não fazê-lo. 19. Relembre a época em que você estava aprendendo a dirigir: 20. você se viu diante do que parecia um problema insuperável – três pedais, mas só 21. dois pés para fazê-los funcionar. Antes de mais nada, você tomou consciência da 22. complexidade da tarefa. Soltar lentamente a embreagem, arrancar depressa demais 23. causa solavancos; pressionar o acelerador no mesmo ritmo 24. com que solta a embreagem, pé direito no freio – mas pressionando a 25. embreagem, senão mais trancos. Um milhão de mensagens mentais: 26. raciocínio constante, usar a cabeça. O que eu faço? Conscientização. 27. De repente, após milhares de tentativas, erros, 28. mais esforço, chega o dia e que você entra 29. no carro e sai guiando. Sem enguiços, sem solavancos e sem pensar. Dirigir um 30. carro transformou-se numa segunda natureza, e como foi que você conseguiu isso? 31. Com grande dificuldade, muito raciocínio alerta, presença de espírito, lembrando, 32. esforçando-se. Você sabe controlar a mente quando se trata de realizar tarefas 33. mecânicas, como por exemplo ensinar suas mãos e pés a se coordenarem para 34. dirigir um veículo. No âmbito emocional, o processo é menos conhecido, 35. mas idêntico. Você aprendeu os hábitos que tem hoje, reforçando-os pela vida toda; 36. você fica infeliz, irritado, magoado e frustrado automaticamente, 37. porque aprendeu a pensar dessa maneira há muito tempo. Você aceitou seu próprio 38. comportamento e jamais tentou desafiá-lo, mas é possível aprender a 39. não ser infeliz, irritado, magoado ou frustrado – tal como você aprendeu a ter 40. todos esses sentimentos autodestrutivos. Por exemplo, ensinaram-lhe 41. que ir ao dentista é uma experiência desagradável, sempre associada à dor. 42. Você achou desagradável a visita ao dentista, chegando a dizer a si mesmo 43. coisas como “Odeio aquela broca.” Mas tudo isso são reações aprendidas; 44. você poderia fazer com que a experiência toda funcionasse a seu favor, 45. em vez de contra você, decidindo transformá-la num procedimento agradável 46. e excitante. Se resolvesse fazer o seu cérebro funcionar para valer, você poderia 47. levar o som da broca a representar uma sensacional experiência sexual 48. e a cada aparição do brrr você treinaria a sua mente para visualizar o 49. momento de maior êxtase da sua vida. Você passaria a encarar de 50. forma diferente ao que costumava chamar de dor, preferindo sentir algo 51. diferente e agradável. É muito mais excitante e gratificante dominar e assumir o 52. comando de uma consulta dentária do que se apegar a velhas imagens e limitar-se a 53. aguentar. Talvez você esteja cético e diga algo como: “Posso pensar tudo o que 54. quiser, mas ainda assim me sinto infeliz quando o dentista liga a broca.” Lembre-se 55. dos pedais do carro. Em que ponto você começou a acreditar que podia dirigir? 56. Um pensamento se torna uma convicção quando nos dedicamos 57. a atuar sobre ele repetidamente, e não quando tentamos uma vez 58. e apelamos para a incapacidade inicial, usando-a como 59. argumento para desistir. Assumir o controle de si mesmo envolve 60. mais do que simplesmente experimentar novos pensamentos; requer determinação 61. para ser feliz, e desafiar e destruir todos os pensamentos que são a causa 62. de sua paralisante infelicidade. 63. Uma das maneiras de combater a paralisia – não importa 64. quão branda seja – é aprender a viver o momento presente. Viver 65. o momento atual, entrar em sintonia com o seu “agora”, constitui o ponto 66. principal do viver pleno. Quando se pensa nisso, vê-se que não há 67. realmente nenhum outro momento que se possa viver. 68. O agora é tudo, e o futuro não passa de outro momento presente, 69. a ser vivido quando chegar. Uma coisa é certa: só se pode viver o futuro 70. quando ele aparece. O problema, porém, é que vivemos em uma cultura que 71. menospreza o agora. Poupe para o futuro! Pense nas consequências. Não seja 72. hedonista. Pense no amanhã. Prepare-se para a aposentadoria. 73. Evitar o momento presente é quase uma doença em nossa cultura, e somos 74. continuamente condicionados a sacrificar o presente em prol do futuro. 75. Tiradas as conclusões lógicas, essa atitude representa não apenas evitar desfrutar 76. o agora, como também perder para sempre a felicidade. Quando 77. o futuro chega, torna-se presente, e devemos então empregá-lo em 78. preparações para o futuro. A felicidade é algo que pertence ao amanhã e, 79. portanto, sempre ilusória. A doença da rejeição do momento presente 80. assume muitas formas. O momento presente, esse tempo ilusório que está 81. sempre com você, pode ser vivenciado de forma maravilhosa se 82. você se entregar a ele. Absorva tudo de cada momento, e se desligue do passado 83. que já acabou e do futuro que chegará na devida hora. 84. Agarre o momento presente, consciente de que é tudo o que você tem. 85. E lembre-se de que desejar, esperar e lamentar constituem as táticas mais 86. comuns e perigosas para fugir do presente. É frequente, ao 87. evitarmos o presente, idealizarmos o futuro. Em algum milagroso 88. momento futuro, a vida vai mudar, tudo se encaixará e você encontrará a felicidade. 89. Quando atingir essa ocasião especial – formatura, casamento, um filho, uma 90. promoção –, então a vida começará para valer. Em geral, 91. quando a ocasião chega, mostra-se decepcionante; nunca corresponde ao que 92. você imaginou. Recorde sua primeira experiência sexual: depois de esperar 93. tanto tempo, não houve nenhum orgasmo explosivo, nenhuma 94. convulsão epiléptica, mas sim uma estranha dúvida: por que todo mundo 95. fala a respeito disso? E talvez aquela sensação de “Mas 96. será que é só isso?” 97. É claro que, quando um acontecimento não corresponde às suas expectativas, 98. você pode evitar a depressão recorrendo de novo à idealização. 99. Não permita que esse círculo vicioso se torne seu estilo de vida; interrompa-o 100. Agora, com alguma forma de gratificação estratégica no momento presente.