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fomos estabelecendo com a natureza e todos os desdobramentos dessa relação em
nossas vidas, ou seja, uma determinada formação social com divisão de funções a partir
do trabalho, técnicas e projeções idealizadas sobre a própria existência humana; mas
sobretudo como uma necessidade intelectual que evoluiu à medida que aumentamos
nosso domínio sobre a natureza, de modo a pautar a compreensão sobre o mundo ao
qual estamos inseridos, compreender seus fenômenos, as relações de causa e efeito e as
possíveis previsões do que pode ocorrer no futuro para assim se preparar com
antecedência.
Compreender a realidade a nossa volta e também o complexo mecanismo das relações
sociais que interagem com essa realidade é um dos traços da nossa evolução cultural e
demarca por sua vez uma certa esfera de Poder. O poder de compreender e antecipar
situações de modo a ter controle sobre possíveis acontecimentos e assim evitar ou
propiciar que certas condições possam ocorrer de acordo com interesses e perspectivas
desejados.
Desde que os seres humanos compreenderam a importância da avaliação do momento
presente e o conjunto de situações e fatos que podem possuir uma conexão direta com as
possíveis escolhas e as possiblidades possíveis, antecipando dessa forma quais as
melhores situações futuras que podem suceder-se, isso representou aos seres humanos
não apenas processar em seu entendimento a dinâmica dessa realidade, mas também a
sensação de controle sobre o futuro, possibilitando preparar-se ou antecipar possíveis
desdobramentos desejados ou não.
Usualmente chamamos esse mecanismo de: Análise de Conjuntura, ou Análise da
Realidade e esse mecanismo é tão antigo quanto a história das primeiras civilizações.
Do antigo reino da Suméria na Mesopotânea, ao Egito Antigo com seus sacerdotes, do
culto aos oráculos gregos ou as práticas de adivinhação dos xamãs até chegar aos
filósofos da natureza no período pré-socrático a cerCa de 2500 anos.
O que há de comum é a tentativa de compreender e explicar a realidade a nossa
volta e dessa forma, mesmo que consubstanciada em representações míticas de diversos
sentidos até chegar a uma perspectiva racional e sistemática, os seres humanos tentam
fazer esse esforço em compreender e dar sentido à realidade ao qual estão inseridos.
Mas antes de continuar há uma questão que se faz necessária.
O que é então a realidade?
Tradicionalmente classificamos a realidade como tudo aquilo que está presente ao
mundo e não depende de nós para existir, ou seja, tudo o que existe. Os oceanos,
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florestas, animais, montanhas e rios etc,etc, existem em um determinado espaço
independente de nossa vontade ou mesmo de nossa existência.
Mas essa é uma classificação que nem sempre foi aceita e traz outras questões
importantes.
Se a realidade é aquilo que existe de fato, então como classificaríamos a possibilidade da
ilusão? O que seria real pode ser considerado como verdade e a ilusão como falsidade?
Esse aspecto nos leva a uma outra questão. Que é justamente a relação de
conhecimento estabelecida entre Sujeito que pensa e sente (S) e o mundo, enquanto
Objeto (O) a ser apreendido pelas sensações empíricas que são estabelecidas com esse
mundo.
A realidade exterior existe porque o indivíduo existe e sente e reproduz
mentalmente essa realidade. Essa realidade exterior existe independente da existência
humana e nossas faculdades sensoriais e mentais são a expressão da influência dessa
realidade sobre nós.
E há aqueles que avaliavam
A ilusão pode ser entendida como uma forma de percepção da realidade que não
corresponde com a mesma, sobre nossa percepção sensível ou mesmo sobre nossa
capacidade de apreender os fenômenos. São, portanto formas de apreensão da
realidade, seja pelos nossos órgãos sensoriais (tato, olfato, audição, visão e paladar) seja
pela forma como somos acostumados ou induzidos a pensar (ideologia por exemplo
A conjuntura é, portanto, um conjunto de elementos que se inter-relacionam
mutuamente e possibilitam que a realidade possa ser compreendida de modo mais eficaz
e de acordo com o seu processo que é complexo e variado simultaneamente.
Cenários:
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Na avaliação dos Cenários devemos ter atenção especial em relação a situação da
produção material e seus desdobramentos nas outras esferas da vida social, ou seja, nas
relações políticas locais, nas polêmicas e opiniões que se formam, e a forma como os
atores políticos se movimentam e quais as suas posturas, as tendências em curso e os
possíveis acontecimentos que mais influenciam e determinam as avaliações dos sujeitos.
Os cenários podem variar e dessa forma influenciar a forma como os atores atuam
na conjuntura. Por exemplo, em um cenário de extrema repressão política, como ocorreu
durante a Ditadura Militar, as possiblidades de efetuar a ação política são muito distintas
de um cenário de Democracia. Por isso a avaliação dos cenários é importante pois elas
indicam as possíveis tendências e perspectivas para a ação.
Contextos:
O Contexto geralmente é confundido com os Cenários, mas necessariamente não
são sinônimos.
O Contexto conjuntural deve ressaltar o histórico dos acontecimentos até o
momento presente, a tradição política de determinado ambiente, os aspectos históricos,
políticos, econômicos e as manifestações ideológicas mais recentes.
Esse patamar pode ser compreendido e deve correlacionar aspectos sociais
diversos que nem sempre são combinados mecanicamente.
No plano de conquistas de direitos e espaço político podemos definir em:
A) Expansão, Declínio e Retrocessos.
No plano da produção material podemos definir em:
B) Desenvolvimento, Estagnação ou Recessão.
Mas atenção, podemos ter processos de desenvolvimento da produção material
em uma determinada sociedade onde o contexto aponta por outros fatores, um
declínio ou mesmo retrocessos nas conquistas de direitos e espaço político!
Um processo de expansão da atividade econômica geralmente é acompanhado de
um processo de desenvolvimento de novas técnicas, sistemas de organização e
materiais, ou mesmo novos formas e processos produtivos, mas pode também revelar o
declínio de outras atividades econômicas e até mesmo o fim de postos de trabalho
específicos motivado pela apropriação tecnológica que a indústria capitalista possibilita.
Por isso nem toda sofisticação tecnológica que pode promover um
desenvolvimento que leva a novas formas de relações sociais e mercadorias mais
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sofisticadas, não corresponde, necessariamente, com o desenvolvimento da melhoria da
qualidade de vida das pessoas.
Também é importante frisar que o declínio de um ritmo produtivo levando a
estagnação econômica, não significa que o nível de lucratividade e circulação financeira
possa entrar em colapso imediatamente!
Da mesma forma, os retrocessos nas relações de produção até se chegar a um
quadro de recessão, ampliam e aguçam sobremaneira todas as contradições da
sociedade capitalista, intensificam as lutas, expõem as reais condições de subordinação e
exploração e os interesses das classes sociais e aumentam as tensões sociais, mas isso
por si só, não significa que as possíveis rupturas acontecerão de modo imediato como
condições mecânicas de causa e efeito, aonde uma crise recessiva leva, inevitavelmente,
a uma crise política e social que, por sua vez, inevitavelmente, levará a uma ruptura com
todo o sistema.
Em todo contexto conjuntural é importante ressaltar os costumes e outros aspectos
locais que podem influenciar na tomada de postura e nas atitudes das pessoas. Esses
aspectos podem ser culturais ou religiosos e geralmente condicionam a priori, as
avaliações e os juízos de valor que as pessoas fazem sobre determinados
acontecimentos e estão presentes no senso comum de uma determinada sociedade.
Ator Político.
Um ator político é tudo aquilo que possa representar um poder de influência sobre
o restante da sociedade, em um determinado cenário e contexto.
É importante ressaltar que Poder aqui empregado deve ser entendido como a
capacidade ou a possibilidade de promover uma ação e de produzir efeitos desejados em
uma ou mais pessoas, estabelecendo dessa forma dois polos que se interagem em um
processo , muitas vezes de forma conflituosa, ou seja, o polo de quem exerce o Poder e
aquele sobre o qual o Poder é exercido.
Esse polo que exerce o Poder deve possuir força no sentido de potência. Isso
significa que a força aqui nem sempre deve ser entendida como força física, pode ate sê-
lo, mas nem toda força que possibilita relações de Poder são pautadas apenas pela força
física.
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O ator político pode ser uma instituição política: Câmera dos Deputados ou dos
vereadores, uma instituição religiosa como as Igrejas, um Grupo Financeiro, um programa
de mídia ou de comunicação e entretenimento: TVs, rádios, youtubers, blogs por exemplo,
partidos políticos, sindicatos, associações culturais ou pessoas físicas: lideranças
populares, comunicadores, religiosos, professores(as) etc.
A correlação de forças:
Os atores políticos estão sempre em movimento à medida que novos
acontecimentos e configurações no cenário conjuntural possibilitam oportunidades para
isso. Da mesma forma que esses atores políticos mediante o contexto alteram a
intensidade das relações que estabelecem entre si, podendo ser de cooperação e
pareceria de acordo com os interesses táticos ou estratégicos até de disputa e destruição.
Mas lembre-se que nem toda disputa entre atores políticos independente da esfera
da análise: local, regional, nacional ou internacional, necessariamente irão levar a uma
destruição dos atores envolvidos. Um bom exemplo disso são as disputas entre membros
da classe dominante que quando se sentem ameaçados por outras forças revolucionárias,
esquecem suas desavenças momentaneamente e se unem para lutar e destruir o inimigo
comum.
A correlação de forças nos revela a intensidade e as formas como os atores
políticos se relacionam nos cenários e nos contextos presentes e estipula possíveis
tendências que poderão ocorrer dessas relações estabelecidas. Uma boa forma de avaliar
a correlação de forças é a alteração quantitativa e qualitativa nos acontecimentos, por
exemplo:
Mudanças qualitativas: Intensidade no discurso (conciliador, ponderado,
contestador, colérico e difamatória etc), mudanças nas atitudes, nas ideias, naquilo que se
foca a atenção.
Mudanças quantitativas: A diversificação de instrumentos de ação, a quantidade de
votos em uma eleição, o aumento ou a diminuição de apoio em uma pesquisa de opinião,
aumento de aliados ou de não aliados, por exemplo.
Um dos maiores desafios é conseguir identificar com precisão qual a essência das
contradições entre Atores Políticos de uma mesma classe social ou em um mesmo
segmento de classe por exemplo. Isso possibilita compreender as tensões e suas
variantes e a forma como essa correlação de forças se dá.
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Acontecimentos e Fatos:
Todos os dias acontecem fatos diversos. Uma ponte que cai, um pronunciamento
de uma autoridade, uma greve ou simplesmente um acidente de trânsito. A diferença
entre um fato e um acontecimento está em sua intensidade e desdobramentos na vida
social.
Por exemplo:
-Nesse exato momento uma estrada de terra que liga dois distritos pequenos de
um município qualquer do interior do Brasil pode ter sido interditado pela queda de uma
árvore.
Isso é um fato, mas não corresponde com um acontecimento de grandes
proporções ao patamar de paralisar a circulação das pessoas daquele município ou
interromper a produção de uma região ou de um Estado, pois não afetou
substancialmente a vida das pessoas. Todos os dias temos fatos novos e diversos, mas
nem todos se tornam acontecimentos de relevância a ponto de alterar a rotina e
influenciar na vida das pessoas significativamente.
Um acontecimento é geralmente medido pela sua intensidade e a sua relevância
na dinâmica da vida humana, alterando a rotina, a qualidade de vida, a estrutura
produtiva, as relações sociais e a percepção de um contingente razoável de pessoas
sobre a sua condição e sobre o meio em que estão inseridos.
Os fatos podem variar de importância para cada indivíduo da mesma forma que os
acontecimentos também podem variar e ser percebidos de modo distintos. Por exemplo, o
falecimento de um assalariado em uma família de desempregados torna-se muito
preocupante para os membros dessa família, mas para outras pessoas, em seu entorno,
pode passar por desapercebido.
A análise dos acontecimentos deve ter o cuidado de salientar os possíveis sentidos
e percepções que estes acontecimentos podem enunciar para um grupo social ou uma
classe em relação ao contexto e a identificação de quais são os principais acontecimentos
e sua relevância na vida social é um dos principais elementos para se analisar a
conjuntura.
Alguns cuidados:
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Geralmente as análises de conjuntura mais corriqueiras representam as versões
esquemáticas que a ideologia dominante e conservadora nos faz acreditar corresponder
com a realidade. Além disso é possível fazer análises muito diversas da realidade a partir
de princípios metodológicos e de interpretações idealizadas sobre essa realidade que por
sua vez irão ilustrar cenários e contextos, sem que isso possa de fato corresponder à
realidade concreta.
Por exemplo, um personagem que prefere diluir as relações humanas em
perspectivas místicas ou em ideias conservadoras baseadas em justificativas religiosas,
tenderá a simplificar ou naturalizar e desconsiderar determinadas situações e dessa
forma, acaba correspondendo com os esquemas analíticos tradicionais.
Não se faz uma análise de fato, mas sim uma contemplação ou apenas uma
justificação daquilo que a Ideologia dominante procura através de vários mecanismos nos
fazer crer como uma verdade sobre a realidade.
Conceitos conservadores que tentam justificar as diferenças de classe, de gênero,
as diferenças nas condições de existência entre regiões e povos a partir de teorias
racistas, étnicas ou mesmo pela predileção divina, não ajudam a desvendar os segredos
e as contradições objetivas que existem nas relações sociais e a devida correspondência
dessas contradições com as demais esferas da vida social humana.
Analisar a Conjuntura é ao mesmo tempo decodificar todo o conjunto de elementos
e situações que compõe o cenário que se avalia, buscando correlacionar esses elementos
e situações de modo a buscar compreender não apenas como se estrutura esses
processos, mas também e sobretudo, compreender a sua essência desse processo a
partir, dinâmica e os possíveis sentidos que podem ser derivados.
Um outro exemplo que perpassa por modelos de método de análise, muito comum
em avaliações mais simplistas e conservadoras é não reconhecer a possiblidade da
mudança que as contradições presentes em um determinado contexto, operam no
processo contínuo das relações sociais e que essas contradições influenciam nas
mudanças de cenários e de forças entre os atores políticos possibilitando alterações do
próprio cenário e até na correlação de forças entre os Atores Políticos envolvidos.
Muitas vezes percebemos análises de conjuntura que se esforçam em reduzir o
fato de haver mudanças a meros fenômenos rotineiros da existência humana e que não
alteram em nada a essência das coisas que já estão determinadas pela tradição, pela
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providência de uma força divina, ou pelo “contrato social” ou outra variante que explica as
nossa existência.
Uma boa análise de conjuntura deve levar em conta quais são os parâmetros, as
referências de compreensão da realidade para se evitar avaliações mistificadas ou que
partem de concepções que idealizam a realidade em mecanismos que negam a dinâmica,
a mudança, a transformação.
Duas concepções distintas que norteiam nossa avaliação.
Desde a antiguidade, em especial na Grécia antiga, os filósofos procuraram
tematizar essa constante relação entre sujeito e objeto, consciência que pensa e mundo a
ser compreendido, na tentativa de apresentar um modelo que nos aproximasse de uma
avaliação que fosse verossímil, ou seja, que correspondesse com a verdade.
Podemos destacar dois grandes pensadores que de certa forma demarcaram
decisivamente o campo da Teoria do Conhecimento e influenciaram a tradição filosófica
até nossos dias.
Parmênides de Eleia e Heráclito de Éfeso.
Vejamos as principais teses do filósofo Parmênides:
Para ele a busca sobre o conhecimento do mundo e sobre a realidade esbarrava
na mudança constante do estado das coisas e nos enganos a que os nossos sentidos e
as opiniões mais rasas poderiam nos levar.
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Essa “essência”, ao qual Parmênides se referia, deveria ser sempre idêntica a si
mesma, imutável, eterna e ao mesmo tempo invisível e imperceptível aos nossos
sentidos. Só assim, através do pensamento é que teríamos acesso à verdade das coisas.
A realidade para Parmênides não aceita a tese de contraditórios coexistirem
simultaneamente e está marcada pelo princípio da identidade e essa seria a essência de
todo o Ser.
I- Princípio da Identidade.
É daí que surgem teorias que afirmam que: “Os homens são sempre os mesmos”,
as sociedades são sempre iguais, pois sempre houve ricos e pobres e sempre haverá
diferenças sociais, homens e mulheres sempre possuíram e possuirão funções distintas.
Estas expressões são o reflexo de uma tradição antiga que expõe um determinado
método de apreensão da realidade procurando conservar determinadas situações.
Essa concepção da identidade sempre procura dispersar a ideia de mudança, de
transformação e de contradição.
É comum dizer que uma casa construída há um ano “continua a mesma” após
alguns anos; que uma pedra colocada para ornamentar um jardim continuará a mesma
daqui a cinco ou dez anos se não a tirarmos do lugar, ou que as coisas continuaram as
mesmas e dessa forma seria perda de tempo esperar mudanças significativas.
Porém, o que se verifica é justamente o contrário: tanto a casa quanto a pedra
sofrem aos poucos mudanças, às vezes pequenas, mas o suficiente para demonstrar que
as coisas estão em constante mudança.
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A partir do momento em que a metafísica só concebe as coisas e a realidade em
sua identidade, isso acaba levando o nosso pensamento a separar tudo aquilo que não
for idêntico e a não relacionar as coisas. Daí resulta a segunda característica do método
metafísico:
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Agora, se este mesmo professor ensinasse que, nas sociedades antigas e inclusive
na capitalista, sempre existiram ricos e pobres e sempre existirá essa divisão, que estas
classes são distintas e não se relacionam, refutando qualquer possibilidade de mudança,
aqui se verifica uma típica maneira metafísica de raciocinar. “Classifica-se para sempre as
coisas independentes uma das outras e estabelece-se entre elas divisões, muros
intransponíveis”.
Aristóteles foi discípulo de Platão e organizou o pensamento grego entorno dos
fundamentos da lógica formal. Os princípios da lógica estão na base do raciocínio
metafísico.
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Para o marxista ao contrário dos metafísicos, tudo muda e esta em constante
movimento.
“Para o metafísico, as coisas e os seus reflexos no pensamento são objetos de
estudos isolados, considerando-os um após outro e um sem o outro, fixos e ao mesmo
tempo rígidos; dados de uma vez para sempre. Pensa apenas em antíteses, sem meio
termo. Diz: sim, sim, não, não e o que está para além disso, nada vale. Para ele uma
coisa existe ou não existe; uma coisa não pode ser ao mesmo tempo ela própria e uma
outra. O positivo e o negativo excluem-se absolutamente; a causa e o efeito opõem-se de
maneira completamente rígida.” ( Anti-Duhring).
Heráclito de Éfeso (cerca de 540 a 480 antes de nossa era) afirmava que a
realidade (a natureza) é um perpétuo vir a ser, um constante movimento das coisas que
são ao mesmo tempo elas mesmas e as suas contrárias que se transformam umas nas
outras.
“É uma mesma coisa ser vivo e ser morto, desperto
ou adormecido, jovem e velho, essas coisas se transformam
umas nas outras e são de novo transformadas” (fragmento
88- Coleção Os Pensadores).
Portanto, nada permanece como está, tudo flui e tudo é um devir e este devir das
coisas, que estão sempre em mudança é justamente a essência da realidade.
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As afirmações de Heráclito, inovadoras e polêmicas para a sua época causaram
variadas manifestações entre os filósofos, pois ele propunha ao mesmo tempo a
mudança e a contradição como a “essência” da natureza e dos homens, negando
as leituras que se baseavam na ideia de imutabilidade, permanência a uma só
identidade.
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desprender da teologia e passou a refletir sobre os fenômenos físicos e sociais e políticos
sem a tutela dos dogmas religiosos.
Pensadores como Galileu Galilei, Giordano Bruno, Maquiavél, Montaigne, entre
outros, contribuíram através de suas análises com a retomada da concepção dialética,
ressaltando elementos típicos da dialética pré-socrática, tais como: as ideias de
contradição, transformação e movimento constante.
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Isso acontece porque através da
prática, os seres humanos tomam contato com
os objetos na natureza, passam a conhecer
melhor suas potencias e também condicionam
melhor a sua capacidade de produção, através
da repetição de gestos e o desenvolvimento
mecânico do domínio da forma como se
exercita. Esse tipo de conhecimento,
quando se aprimora a um ponto em que os
seres humanos são capazes de repetir
inúmeras vezes o mesmo trabalho, com significativa perfeição dando-lhes
condições de até ensinar o manejo das ferramentas e práticas de trabalho a outro,
se chama técnica.
Dessa forma, através do trabalho, os seres humanos promovem uma divisão social
de funções e através dessas divisão de trabalho entre seus membros, se estabelece uma
relação social onde todos passam a ter um reconhecimento como membros da
comunidade, pois todos em alguma medida se incumbem de manter a existência social da
comunidade através de suas funções específicas que são necessárias para suprir as
necessidades do grupo.
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construções, em pesca e criação de animais para o abate entre outras atividades.
Toda essa relação entre seres humanos e natureza através do trabalho, produz
uma vida social intensa, direcionada por habilidades técnicas, que tem como base a
produção de bens e serviços necessários à nossa existência. Esse processo pressupõe
duas condições fundamentais.
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antes eram feitos em pequenas oficinas passaram a ser produzidos em larga escala,
passando a serem consumidos cada vez mais e tornando-se presentes cada vez mais em
nossas vidas. Por exemplo: eletrodomésticos, automóveis, máquinas diversas, remédios,
cosméticos, etc.
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2- Escravista ( A Terra pertence a um determinado grupo social e a produção é baseada
no trabalho forçado. Não há salários Os frutos do trabalho não são divididos de acordo
com as necessidades de cada um).
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Esse processo é totalizante porque envolve ao mesmo tempo uma determinada
forma de existência que combina em si dois aspectos que se inter-relacionam, o objetivo e
o subjetivo, que parecem ser distintos, mas na realidade são a expressão de um mesmo
processo.
Os aspectos objetivos desse processo, podem ser compreendidos através da
forma como se estabelecem as relações entre as forças produtivas e os meios de
produção material da vida. Os aspectos subjetivos, por sua vez, compreendem as
manifestações de juízo de valor ético ou estético sobre algo ou alguma situação, as
referências de validade e as formas de consciência.
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acontecimentos a determinadas ideias pré-estabelecidas e costumes que correspondem a
um padrão de representações generalizado.
O senso comum não é a não consciência como alguns assim o traduzem, mas sim
uma forma alienada de manifestação da consciência, em um estado preliminar.
É importante salientar que esse padrão generalizado e alienado, pode também
sofrer alterações. Mas é um equívoco achar que a partir do senso comum emerge algum
nível de consciência não alienada, pois o senso comum é tipicamente a manifestação de
consciências alienadas.
As informações podem chegar aos indivíduos também por conhecimentos
repassados por determinados modelos educacionais e sobretudo pelas versões que
mecanismos de informação e comunicação nos repassam diariamente.
Mas todo processo de consciência é estabelecido por relações vividas pelos
indivíduos e a primeira forma que se estabelece um processo de consciência é através da
família, evoluindo para etapas que envolvem a vida escolar e a vida produtiva.
Alienação e Ideologia.
A expressão ideologia foi criada pelo francês Destutt de Tracy no início do século
XIX. E de modo geral foi utilizada para designar a formação das ideias, conceitos e visões
de mundo em uma determinada sociedade em um determinado espaço e tempo. Ou seja,
segundo De Tracy a conceituação ideológica pode variar com o tempo.
Para os seguidores de De Tracy, nomeados por Napoleão de ideólogos, a
ideologia seria uma espécie de ciências das ideias e a partir dessa ciência tudo poderia
ser explicado e justificado. Todo o conjunto das manifestações da cultura humana e
também as interpretações diversas sobre a realidade social estariam sobre o domínio da
ciência da ideologia.
Esse conceito foi utilizado por diversos intelectuais, entre eles: Comte, Durkheim,
Weber entre outros. Mas foi com Karl Marx que o conceito de ideologia e o conceito de
alienação foram tratados em conjunto como fenômenos de um mesmo processo de
dominação.
A expressão alienação provém do termo latino: “alienare” que quer dizer “afastar”, “
que pertence a outro”.
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Em seus variados sentidos, a palavra alienação nos traz a ideia de “perda”, de não
“pertencimento” de algo que lhe é estranho.
O processo de alienação, em modo geral, é um processo que corresponde a um
estranhamento que o trabalhador estabelece com o meio em que está inserido, quando
não se reconhece naquilo que desenvolve, tornando-se “alheio”, estranho a si próprio e de
certa forma uma perda de referência sobre o real.
Marx havia identificado, em seus estudos de juventude, três estágios de alienação
no processo social.
“ Assim como o trabalho alienado aliena do homem a natureza e aliena o homem de si
mesmo, de sua própria função ativa, de sua atividade vital, ele o aliena da própria
espécie(...)
Uma consequência direta da alienação do homem com relação ao produto do seu
trabalho, a sua atividade vital e a vida da sua espécie é o fato de que o homem se aliena
dos outros homems(...)”
( Manuscritos Econômicos e Filosóficos)
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Um dos primeiros traços desse processo é a divisão da sociedade em classes
sociais, com a predominância da separação entre o trabalho manual e o intelectual, onde
os trabalhadores(as) perdem a autonomia e a consciência da totalidade, ou seja, de si e
daquilo que fundamenta a sua existência e das reais condições das suas relações
estabelecidas uns com os outros.
Mas segundo Marx, o processo de alienação só pode se completar em uma
sociedade de classes, regida através da propriedade privada dos meios de produção, em
conexão e sobretudo com a influência cotidiana de mecanismos ideológicos.
Na economia capitalista por exemplo, predomina a lógica do mercado, aonde tudo
é determinado por valores de troca e dessa forma possuem um preço e se tornam
mercadorias.
O trabalho alienado é aquele que priva e condiciona ao trabalhador um duplo
sentido.
Aliena ao trabalhador mediante um salário, um determinado valor de troca,
transformando-o em uma mercadoria e expropriando o excedente da sua produção na
forma de mais-trabalho ou mais-valia e condicionando
Segundo Marx, a ideologia é o conjunto de representações cognitivas, normas de
conduta para a vida privada e a vida pública, valores estéticos e referências jurídicos e
políticos, pelos quais o indivíduo é condicionado a pensar, agir e sentir de acordo com as
ideias que são reflexo dos interesses da classe dominante e que devem reger os
procedimentos existências de modo a garantir a manutenção do “estado de coisas”
vigente, da “normalidade” desejada para a manutenção da ordem da reprodução de um
determinado sistema social e produtivo.
Ou seja, a ideologia funciona como um suporte à manutenção da existência
alienada, naturalizando, justificando e condicionando esse estágio de alienação.
Quando na obra: Ideologia Alemã, Marx e Engels dizem que: “(...) o ser humano é
aquilo que faz e como faz”, isso significa que o ser social que só se efetiva no processo
de existência material, possui um determinado nível de consciência e identidade a partir
das relações sociais estabelecidas.
Por sua vez há um constante mecanismo ideológico que vão moldando os juízos e
as reflexões da existência humana- sempre conflituosa e exposta às contradições dos
processos produtivos- e assim influenciando em decisões e nas condutas práticas dos
indivíduos.
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É importante compreender que a realidade possui um dinâmica de múltiplas
contradições, que se interagem e forçam alterações mais lentas ou mais drásticas a
depender da dinâmica do processo de mudanças e seus impactos na existência humana.
Isso por sua vez, força o próprio Sistema socio-produtivo a desenvolver novas
conceituações e referenciais ideológicos que se adaptem e ou ajustem os necessários
níveis de dominação e controle social.
Marx não separava a produção das ideias das contradições sociais e históricas de
cada tempo. Essa separação é uma das características do pensamento ideológico. Ao
contrário, uma das principais características da análise crítica da realidade para Marx
seria partir das aparências abstratas que se apresentam na realidade sensível e percorrer
de modo crítico as contradições reais que vão condicionando as mediações em relações
que vão ficando cada vez mais complexas até se chegar àquilo que determina todo o
processo. Ou seja, compreender a essência, a estrutura e a dinâmica de um fenômeno
social.
Principais características:
a) Naturalização.
Consiste em aceitar tudo como situações naturais presentes desde sempre na existência
humana, sem se levar em conta que essas situações são o resultado da ação humana ao
longo da História. Por exemplo:
“Desde sempre existiram ricos e pobres e assim irá continuar sendo”.
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A abstração faz recortes nos processos e separa apenas aquilo que a classe
dominante deseja que se valorize, identificando como elemento central apenas um
aspecto reprodução dessa ideia.
C) Universalização:
D) Inversão:
E) O Vazio.
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muito comum ao se apresentar um conflito armado, a nação beligerante e vitoriosa
justificar a agressão por razões humanitárias e ou pela defesa da “liberdade” como
ocorreu durante a Guerra promovida pelos EUA contra o Iraque que tinha como principal
objetivo a dominação das riquezas petrolíferas da região e a alteração da correlação de
forças na região.
Determinações:
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desumanização do ser de modo a atender sempre a manutenção de um processo
que garanta o controle sobre a subjetividade de modo a reproduzir a objetividade
do sistema capitalista.
Por essa razão quando se faz análise de conjuntura deve-se ter muita
atenção e compreender a indissociabilidade presente no modo de produção entre
as relações objetivas de produção e as relações subjetivas de dominação.
Ambas são expressões dialéticas de um mesmo processo em constante
contraste e mutabilidade, fruto das contradições diversas que determinam a
totalidade e a dinâmica da existência social.
Podemos considerar um amplo e diversificado arsenal ideológico a serviço
do Sistema.
Entre eles destacam-se todas as expressões culturais que simbolizam
visões de mundo, versões sobre a realidade humana, suas causas e efeitos e os
sentidos e os valores da existência social atendendo aos propósitos ideológicos.
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