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DTº FISCAL

Dtº Fiscal é o dtº dos impostos e surge no âmbito do dtº público, e dentro
do dtº público insere-se no dtº financeiro público, que por sua vez se
insere no âmbito do dtº tributário (regulando a obtenção de receitas e
realização de despesas públicas).
O dtº tributário é quem regula a obtenção de receitas em termos
autoritários.
Os tributos são taxas e impostos. Contudo, “A meio caminho” entre eles
encontram-se as contribuições financeiras.

Impostos – Os impostos são a mais importante fonte de receitas publicas,


que permite cobrir a realização de despesas publicas – despesas feitas no
interesse geral da comunidade.
Vivemos num Estado Fiscal – Ou seja trata-se de um Estado que depende
das receitas dos impostos para a realização das tarefas fundamentais do
Estado
O que é um imposto?
O conceito de imposto não é um conceito acabado, é um conceito
sustentado pela doutrina e jurisprudência do TC.
É também um conceito tipológico, ou seja, é descritivo, este visa
identificar quais as características típicas dos impostos que temos em
vigor no nosso sistema.
Características do imposto
 Prestação (de caráter pecuniário)
 Definitiva
 Coativa
 Unilateral
Estas caraterísticas permitem-nos classificar o imposto sob um ponto de
vista objetivo. Logo, ao conjunto destas características vamos dar o nome
de elemento objetivo.
Elemento subjetivo
 Esta é também uma prestação que incide sobre titulares de capacidade
contributiva
 Estabelecido a favor de entes públicos ou entes privados aos quais
esteja atribuído por lei o exercício de funções públicas
Estas 2 características, delimitam o elemento subjetivo do conceito
tipológico de imposto.
Elemento teleológico (finalidade)
 O imposto visa ainda a realização de fins públicos de carater geral (sem
natureza sancionatória)

Elementos objetivos:
 Prestação pecuniária
Prestação pecuniária (prestação que tem de ser cumprida, mediante a
entrega de certa quantia em dinheiro) ≠ Prestação patrimonial (prestação
suscetível de avaliação pecuniária)
Porém, em algumas situações é possível quando o sujeito passivo não
paga certa quantia, a lei permite que pode nesses casos ser entregue
outro bem que não dinheiro.
Mas não é esta a regra para se extinguir a obrigação de imposto.
Quando não é possível, cumprir a obrigação através do pagamento em
dinheiro (prestação pecuniária) o CC prevê outras formas de extinção da
obrigação.
 Definitividade
Definitividade – Uma vez pago o montante do imposto, esse imposto não
dá lugar a um reembolso. Pagando não há depois direito de reaver.
Imposto ≠ Empréstimo público forçado – semelhante ao imposto, mas não
tem a característica da definitividade.
Ex. situação de eminência de banca rota do estado, o estado pode
decretar um congelamento dos depósitos bancários (ninguém pode
movimentar os fundos de que é titular).
Isto acontece temporariamente, ou seja, não tem carater definitivo. Caso
contrario seria um verdadeiro confisco. Eu posso posteriormente reaver o
dinheiro.
Nos impostos isto não acontece – são situações definitivas. Uma vez pago
o montante devido, nunca mais volto a ver o que era meu.
Ex. IRS e IVA (ver anexos)
 Coativa
O imposto tem como fonte a lei, que por sua vez modela todo o conteúdo
do dever de prestação.
Esta é uma obrigação de carater público, logo não há espaço para
autonomia privada/liberdade contratual. A obrigação de imposto é
inegociável
 Unilateral
Unilateral – O imposto é uma prestação que não faz nascer o dtº a
qualquer contraprestação
Entre sujeito ativo e passivo não existe uma relação bilateral (apenas há
dtºs e deveres num único sentido para um dos lados)
No imposto, paga-se e não há o dtº a exigir nada.
A característica da unilateralidade é a única coisa que permite distinguir o
imposto da taxa (taxa é bilateral)

ELEMENTO SUBJETIVO
 Incide sobre titulares de capacidade contributiva
O imposto visa incidir sobre titulares da capacidade contributiva.
A capacidade contributiva é a manifestação do Pp. Igualdade em dtº fiscal,
para haver essa igualdade é necessário analisar a capacidade contributiva
das pessoas.
Os impostos devem definir quem são as pessoas visadas com o imposto
(ou seja, quem é que são os contribuintes).
Contribuinte ≠ devedor de imposto – Nem sempre é coincidente
 Estabelecido a favor de entes públicos ou entes privados a quem
esteja atribuído (por lei) o exercício de funções públicas

ELEMENTO TELEOLÓGICO
 Visa a realização de fins públicos de caráter geral
Dantes este elemento não continha a última parte “carater geral”, esta
parte foi acrescentada fruto da evolução da construção doutrinária, tendo
maior impacto aquando de uma enorme contestação quando a ordem dos
advogados decidiu subir o valor das quotas a pagar pelos advogados
inscritos na ordem.
A questão era saber se essas quotas constituíam ou não um imposto?
As quotas continham todas as características do imposto, menos o
“carater geral”, portanto os advogados alegavam que a decisão era
ilegítima e inconstitucional.
Esta discussão obrigou o TC a qualificar ou não as quotas como impostos
Então o TC percorre todos estes elementos e chega ao fim e constata que
as quotas preenchem todas a caraterísticas típicas de um imposto1, mas
apesar disso, não devem ser considerados impostos, isto porque os
impostos são destinados à realização de fins públicos de carater geral e
não fins públicos que digam respeito a um sector de atividade ou
profissão.
Como tal para o TC as quotas não são impostos e não devem estar sujeitas
ao regime específico e exigente dos Pps. Constitucionais que regulam os
impostos.
Casalta Nabais – Defende que as quotas são um imposto, mas um imposto
com um regime jurídico-constitucional especifico, menos exigente.
Os fins públicos visados pelos impostos podem ser fiscais (verdadeiros
impostos) ou extrafiscais (falsos impostos).
Fiscais – A finalidade dos impostos é gerar receitas para que se possa
cobrir as despesas públicas do quotidiano.
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alguns doutrinários como Casalta Nabais defendam que as quotas constituem um imposto.
Esta é a finalidade predominante do imposto “habitual”.
Extrafiscais – A finalidade destes impostos é servir como instrumento de
orientação de comportamentos dos cidadãos, ou como instrumento de
uma determinada política económico-social.
Exs. Matérias do consumo (como por exemplo área do tabaco e açúcar),
também impostos sobre sacos plásticos (este imposto não tem como
finalidade gerar receita (muito provavelmente vai acontecer ao contrário),
este imposto tem como finalidade consciencializar a sociedade para
determinados perigos ecológicos que envolvem o uso excessivo de sacos
plásticos como a morte de pássaros e peixes que morrem sufocados por
esses sacos.
Doutrina – A maior parte da doutrina onde se inclui Casalta Nabais faz
uma distinção entre impostos verdadeiros (aqueles cujo o fim é
exclusivamente fiscal) dos falsos impostos (aqueles que tem finalidades
extrafiscais)
A doutrina alemã chama a esses falsos impostos, impostos asfixiantes ou
sufocantes (tendo em conta a finalidade própria de um imposto, estes
impostos não permitem essa finalidade, não permitem gerar receitas para
pagar as despesas públicas, e como tal asfixiam/sufocam). Corre-se o risco
de não haver receitas para as despesas do Estado.
Esse setor grande da doutrina, ao chamar aos impostos “falsos”, acredita
que não deve ser aplicado o regime dos impostos, uma vez que se trata de
uma mera medida de direção/instrumento de conduta político-social.

Imposto – Conceito tipológico


Elemento objetivo:
 Prestação unilateral – Impostos ≠ Taxas
Taxa é uma prestação bilateral ou sinalagmática
A doutrina ao caracterizar os tributos, caracteriza-os como uma divisão
dicotómica fundamental -- Impostos (unilaterais) taxas (bilaterais)
Esta divisão tem sido posta em causa, e a partir daí nasce uma figura
intermédia, as condições financeiras (entre taxas e impostos)
Nota: Os 3 são tributos

Estrutura da relação jurídico-tributária


Taxa – De tipo comutativo, bilateral ou sinalagmática – A relação que se
estabelece entre as partes é uma relação em que o sujeito ativo e o
passivo são simultaneamente credor e devedor
Na taxa, o ente publico ou privado tem o direito de exigir a prestação, mas
também tem o dever de realizar em troca uma contraprestação.
Ex. O sujeito A ao pagar a taxa, pode depois exigir que lhe seja prestada
em troca alguma coisa.
A esta relação chama-se “dou para que me dês”, uma relação com base na
correspetividade.
Imposto – Diferentemente, no imposto temos uma estrutura unilateral -
Significa que o sujeito ativo é apenas credor, ao passo que o sujeito
passivo é apenas devedor. Ou seja, ao pagar impostos, não temos depois o
direito a exigir uma contra-prestação em troca.
O sujeito ativo apenas tem o direito de exigir o cumprimento do dever
primário da prestação (ex. entrega da quantia em dinheiro referente ao
valor do imposto). Em relação ao sujeito passivo há apenas o dever de
prestar e deveres acessórios. Por isso dizemos que o imposto é uma RJ
obrigacional complexa unilateral.
Nota: Esta divisão é importante porque quando distinguimos imposto de
taxa não é um mero preciosismo, isto vai determinar um regime jurídico
constitucional muito diferente.

A CRP oferece um regime protetor/garantistico em matéria de impostos,


que se traduz na afirmação de 4 grandes princípios.
 Pp. Legalidade em sentido formal – 165 CRP nº1, i) – Competência
legislativa de reserva relativa da AR – em matéria de criação de
impostos e sistema fiscal e ainda de definição do regime geral de taxas
e demais contribuições financeiras estabelecidas a favor de entes
públicos.
Este principio responde a questão de saber quem tem competência para
legislar em matéria de imposto.
Nota: O legislador deve legislar determinando os elementos essências do
imposto.
 Pp. Legalidade em sentido material – artº103 nº2 CRP – Os impostos
são criados por lei, esta por sua vez, define a incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. (estes são os elementos
essenciais do imposto)
Este principio responde à questão de saber como é que se legisla, que
técnicas utilizar quando se legisla sobre os elementos essências do
imposto?
Nota: O Pp. Legalidade em sentido material também é chamado de Pp.
Tipicidade/Determinabilidade.
 Pp. Igualdade – Este principio traduz-se no Pp. Capacidade contributiva
em dtº fiscal – Para que haja igualdade é necessário tratar os
contribuintes em função da sua capacidade contributiva.

 Pp. Da segurança jurídica com concretização fundamental na


proibição de retroatividade (artº 103 nº3/parte final CRP)
Importância destes princípios:
Os impostos traduzem-se numa agressão ao património dos contribuintes
logo tocam sobre o direito de propriedade e por isso a CRP decidiu criar
um sistema que proteja os contribuintes.
O dtº fiscal tem como grande finalidade, a segurança jurídica. Só nos pode
ser criado um imposto que respeitam aqueles 4 pilares. A razão de ser
deste sistema protetor, é o facto do imposto ser um mecanismo
unilateral, como tal é preciso proteger aquele que só tem deveres daquele
que só tem direitos.
Taxas – É uma relação mais equilibrada, porque é uma relação bilateral,
equilíbrio esse que não é tão características dos impostos.
Porém esta é uma obrigação que tem como fonte a lei e tem caráter
público, não nasce no âmbito do dtº privado.
A relação de prestação e contraprestação é definida pela própria lei.
A definição do regime geral das taxas é matéria de reserva da AR – 165º
CRP – Mas, apenas este regime geral, a criação de taxas em concreto não
é matéria de reserva da AR. Posto isto, entidades públicas ou mesmo
entidades privadas a quem esta atribuído o exercício de funções públicas,
pode criar taxas.
Há limites à criação de taxas?
Sim, Pp. Igualdade – Vai funcionar como critério de ponderação de
equilíbrio. Este principio vai traduzir-se naquilo que a doutrina chama
principio da proporcionalidade ou equivalência (para que um tributo seja
legitimo à luz do principio da igualdade tem que ser um tributo que
garanta proporcionalidade entre prestações e contraprestações e,
portanto, que garanta a correspetividade).
Temos aqui uma intensidade de proteção muito diferente: a CRP protege
muito mais em matéria de impostos do que em matéria de taxas,
exatamente porque as taxas têm uma estrutura bilateral.

Taxa – A taxa traduz-se na bilateralidade, devendo existir um equilíbrio


entre prestação e contraprestação, e havendo a possibilidade de
identificar uma contraprestação especifica.
Tipos de contraprestação:
 Ser prestado um bem/serviço público –Ex. taxas moderadoras
(prestação de cuidados de saúde), prestação de ensino público, ir a
uma piscina pública, requisitar um livro numa biblioteca pública.
Os bens/serviços não são todos iguais, há bens/serviços que são
tecnicamente públicos e há bens ou serviços que são tecnicamente semi-
públicos.
Não se pode identificar uma contraprestação especifica em todos os
serviços públicos – ex. Defesa Nacional
A satisfação pode ser coletiva/ tenho uma rede de universidades públicas),
mas só pode ser exigida a taxa quando à uma satisfação individual (ex. eu
frequento uma universidade pública, logo pago propinas).
 Utilização em termos privados, de um bem do domínio público – ex.
Concessão para instalar uma esplanada, em que é paga uma taxa para
poder explorar aquela esplanada e ao faze-lo é criada uma espécie de
exclusivo de exploração a meu favor (contraprestação especifica).
 Remoção de um limite jurídico à atividade dos particulares – ex.
obtenção de licenças.

 Prestação de bens e serviços públicos – Bens que visam satisfazer


necessidades coletivas, podem ser:
 Tecnicamente públicos – A satisfação das necessidades ocorre em
termos coletivos, ou seja, os bens são indivisíveis.
 Tecnicamente semi-públicos – Satisfação das necessidades ocorre em
termos individuais ou individualizados, a prestação é dirigida de modo
especifico, aquela pessoa em questão.
Nos tecnicamente semi-publicos diz-se que os bens são divisíveis
O facto dos bens serem divisíveis associa-se ao Pp. Exclusão, ou seja, nem
todos tem acesso ao bem, a usufruir do bem.
Ex. Listas de esperas – Enquanto a um está a ser-lhe prestado o serviço,
estão a ser-lhe prestados os cuidados médicos. Os outros ficam à espera e
não são atendidos.
Os bens públicos/serviços não são todos iguais, só em relação aos
tecnicamente semi-públicos, é possível cobrar taxas, porque só em relação
a estes é possível identificar a contraprestação especifica, portanto só aqui
é possível cobrar taxas pela prestação destes bens ou serviços.
Nota: É possível em relação a estes cobrar taxas, não é obrigatório cobrar
essas taxas.
Isto quer dizer também que quando se decide cobrar taxas, essas taxas
têm duas finalidades diferentes:
 Repartição do custo do bem/serviço em causa pelos utentes (utentes
que usam o bem) Ex. Propinas no ensino público
 Limitação da procuração do bem/serviço – Ex. Taxas moderadoras,
taxas de justiça
Nota: Àquelas 2 finalidades das taxas (repartição e limitação) a doutrina
chama a fixação do quantitativo da taxa.
Cobrança das taxas
Na fixação do preço da taxa tem que se ponderar qual das finalidades se
pretende seguir (repartição ou limitação).
Se for repartir o custo, a taxa à partida será baixa, por outro lado, se for
limitar a procura a taxa vai ser elevada.
Há uma margem larga do ente público no que diz respeito à fixação das
taxas, estas vão ser fixadas com base em critérios de oportunidade e
conveniência, o ente público decide de um modo discricionário,
ponderando as vantagens e desvantagens.
Se não fossem os utentes dos bens a pagar a taxa do usufruto do
bem/serviço, será a totalidade dos contribuintes a pagar essas taxas
através da receita dos impostos, mesmo não usufruindo de tal.
Sempre que é possível deve-se cobrar taxas ou não?
Vimos que os impostos pagam tudo o que for bens que visam satisfazer
necessidades coletivas (tecnicamente públicos ou semipúblicos). Portanto
sempre que nos bens tecnicamente semipúblicos seja possível cobrar
taxas, deve-se fazê-lo, porque se não forem os utentes dos bens a pagar a
taxa do usufruto do bem/serviço, será a totalidade dos contribuintes a
pagar essas taxas através da receita dos impostos, mesmo não usufruindo
de tal.
Ás vezes opta-se por não cobrar taxas, quando cobrar taxas torna-se mais
dispendioso do que não cobrar.
Ex. Nas pontes 25 Abril, Vasco da Gama em Lisboa cobra-se taxas nas
portagens, no entanto tal não é feito na Ponte de Arrábida isto porque
decidiu-se não cobrar taxas tendo em conta certos inconvenientes como
menor fluidez no transito – Tendo em conta critérios de
conveniência/oportunidade optou-se por não cobrar a taxa.
Ex. 2 – Ensino superior – São cobradas taxas mas de valor reduzido pois a
finalidade destas taxas é a repartição do custo do bem ou do serviço em
causa.
Ensino básico e secundário – A partir do momento em que se inscreve um
aluno na escola, este serviço passa a ser tecnicamente semipúblico. E, por
isso, é possível cobrar taxas. Mas a decisão do ente público é não cobrar
porque? Tal acontece porque é inconveniente cobrar taxas até ao
secundário, vai ser mais dispendioso do que pagar.
A questão da fixação do quantitativo da taxa é uma questão muito
sensível porque quando o ente publico decide cobrar uma taxa, tem que
ter presente esta dupla finalidade e adequar o montante da taxa a essa
finalidade.
Imputa-se os custos das taxas a quem usa os bens, mas não têm uma
finalidade lucrativa, o ente público nunca pode procurar lucro com a
prestação destes bens e serviços públicos. Em relação a esta questão
existem 2 limites, um limite mínimo e um limite máximo
Quando analisamos uma taxa temos que ter dois cuidados: 1) identificar
a contraprestação especifica e 2) fixação do quantitativo da taxa
Acerca disto, Casalta Nabais diz que as taxas devem passar 2 testes:
 Bilateralidade propriamente dita
 Relativo à fixação do quantitativo da taxa – o teste da
proporcionalidade ou equivalência – Este Pp. Proporcionalidade traduz
o equilíbrio entre prestação e contraprestação, o valor a pagar tem de
ser proporcional e equivalente ao bem/serviço prestado. Esta
proporcionalidade representa então o limite máximo, traduzido no
custo de prestação do bem ou serviço.
Nota: Não basta passar no 1º teste para ser uma taxa, tem de passar nos 2
testes.

O que acontece quando a taxa apenas passa no 1º teste?


A taxa é bilateral e tem de passar os 2 testes:
 Bilateralidade propriamente dita = contraprestação espcifica
 Proporcionalidade ou equivalência
Ex. Em Lisboa, a AM criou uma figura a que chamou taxa de conservação
de esgotos. Esta taxa era aplicada a todos os imoveis ligados à rede de
esgotos, e incidia sobre os seus proprietários, obrigando-os a pagar um
valor (valor patrimonial tributário – x 0,25). Este valor patrimonial
tributário varia conforme a área; tipologia, localização etc
Algumas pessoas reagiram perante este tributo (VPT), o tribunal
constitucional analisou o caso.
Análise do VPT nos 2 testes para ver se é taxa
Argumentação: Argumenta-se que não se trata de uma taxa mas sim um
imposto e como tal a Ass. Municipal não tem competência para o cobrar.
Testes:
1º - É possível identificar uma contraprestação específica? Sim, A rede de
esgotos traduz-se na prestação de um serviço público, o trabalho de
conservação da rede de esgotos é fundamental, beneficia todos. Há uma
utilidade individual logo é uma contraprestação especifica.
Assumindo que conseguimos identificar a prestação de um serviço público
e de um serviço que é tecnicamente semipúblico, considera-se que o
tributo é bilateral e passa no primeiro teste.
2º Teste – Temos que ver o seguinte: alguém que tenha um T4 com 3 casa
de banho e com capacidade para 8 pessoas, situado na foz. Por outro lado,
outra pessoa tem um T4 exatamente igual, mas em Rio Tinto (apenas varia
o fator da localização). O primeiro imóvel vai ter um VPT de 1.000.000
euros, sendo que o segundo vai ter um VPT de 250.000 euros. Cada um
dos proprietários vai pagar um valor completamente diferente.
Se, se tivesse a falar de IMI, tal faria sentido, porque está em causa o valor
do imóvel.
Mas quando o objetivo é encontrar uma contraprestação para a
conservação de esgotos, será o critério do valor do imóvel o mais
adequado?
A Ass. Municipal de Lisboa responde que o critério do valor do imóvel é o
mais adequado e mais conhecido. Mas não poderia haver outros critérios
mais proporcionais?
 Critério do nº pessoas que reside no imóvel (ex. se no imóvel vivem 5
pessoas o desgaste da rede de esgotos é superior do que o imóvel
onde só vive uma pessoa – gastam mais loiça, tomam mais vezes
banho)
 Critério da tipologia
 Critério mais adequado para calcular o valor do VPT = Devo pagar pela
quantidade de “esgoto” que eu gasto. Como se faz essa medição? Não
é através do valor do imóvel como a Assembleia alega, mas sim de
acordo com o consumo de água que utilizo.
Só através deste critério passaria o Pp. Proporcionalidade, caso contrário
se o critério fosse o valor do imóvel isso não seria proporcional, pois posso
ter um imóvel menos valioso, mas gastar mais água que outro mais
valioso.
Como tal de acordo com o critério da Ass. Municipal (critério do valor do
imóvel) não estamos perante uma taxa, pois apesar de passar no 1º teste,
falha o 2º teste. Não passando o teste da proporcionalidade então o
tributo (imposto) é unilateral e estamos perante um imposto.
Conclusão: Se o VPT não é uma taxa então trata-se de um imposto. Sendo
um imposto não pode ser cobrado pela Ass. Municipal pois eles não têm
competência, viola o Pp. Legalidade (reserva da competência à AR) – Há
uma inconstitucionalidade orgânica.
Nota: Este exemplo é um acórdão do Trib. Constitucional.
Posição do TC acerca desta questão:
O Pp. Proporcionalidade não está escrito na Constituição, este princípio é
uma concretização do Pp. Igualdade.
A 1ª vez em q se concluiu em que não basta que uma taxa seja bilateral é
necessário também que seja proporcional – foi no Acórdão 640/95
(Portagens sobre a ponte 25 de Abril)
Expo 98 – Em 1998, decorreu em Portugal a Expo 98 que transformou
radicalmente a cidade de Lisboa, foram feitas obras de conservação,
melhoria do pavimento, construção da ponte Vasco da Gama. Na
sequencia desses acontecimentos, o Governo decidiu aumentar a
portagem na ponte 25 abril em mais de 200%. Na sequencia disso gerou-
se um enorme descontentamento, alegando as pessoas que não pagavam
porque achavam que não se tratava de uma taxa.
O TC define o que é imposto, e diz depois que a proporcionalidade deve
ser em sentido jurídico e não em sentido económico, alegando também
que só há falta de proporcionalidade jurídica em situação de “manifesta
desproporção” entre a prestação e a contra-prestação.
Beneficiários: O TC afirma que há uma correlação entre quem paga e a
passagem por cima da ponte logo não há uma manifesta
desproporcionalidade. O TC afirma que o teste para a proporcionalidade é
simplesmente haver a existência de contraprestação (proporcionalidade
em sentido jurídico e não em sentido económico).
Quanto ao 1º teste passa, mas quanto ao 2º teste o TC diz que não é da
sua competência a análise da proporcionalidade em sentido económico,
apenas em sentido jurídico.
Na prática o TC recusou-se aplicar o 2º teste, em suma eliminou o 2º
teste, ficando apenas o 1º teste. O TC diz que se quem paga a prestação é
quem beneficia então não há manifesta desproporção.
Quanto ao acórdão das VPT - 2010
O TC argumenta da mesma maneira, já com outros argumentos, com mais
doutrina acerca destas questões, o TC decide mal esta questão.
O TC acredita que não há manifesta desproporção, com base no critério
do valor do imóvel, o TC argumenta quem tem um imóvel mais valioso dá
uma maior uso aos esgotos. O TC defende que se trata de uma taxa. É
feita uma má conclusão pelo TC.
De 1995 para 2010 surgiu no sistema, o regime geral das taxas das
autarquias locais (RGTAL). Do RGTAL – resulta o artº4 que tem como
epigrafe a equivalência jurídica – o ente público não pode ultrapassar o
custo da prestação do bem/serviço em causa, ou o benefício
proporcionado ao particular.

RGTAL
O rgtal foi aprovado pela lei nº53 – E/2006, de 29 Dezembro – Em relação
as matérias mais importantes este regime n entrou imediatamente em
vigor, isto porque é a primeira vez que a Lei vem definir um regime geral
de taxas. (e o único até hoje)
O RGTAL vem tentar impor alguma ordem no que diz respeito ás taxas.
Antes as principais autarquias (porto e lisboa) iam inventar novas taxas,
sendo que outros municípios se limitavam a copiá-los.
No entanto a maior parte dos municípios não tinham condições para
cumprir o RGTAL, portanto o legislador concedeu algum tempo para os
municípios pudessem preparar/adaptar as exigências do RGTAL e,
portanto, só entrou em vigor 2 anos depois.
O RGTAL fixa no seu artº3, os tipos de contraprestação específica. Artº 4 –
Pp. Equivalência (jurídica) – o quantitativo da taxa não pode ultrapassar:
 O custo da prestação ou serviço em causa
 O beneficio proporcionado ao particular pela prestação/ bem ou
serviço
Estes dois parâmetros têm alguma hierarquia interna?
O legislador não diz, a doutrina discute sobre essa questão
O que era defendido pelo TC acerca do Pp. Proporcionalidade está
ultrapassado pelo método acima enunciado.
O legislador no artº8 nº2,c), fixa o dever de fundamentação económico-
financeira em relação à taxa, é necessário fundamentar quais são os
custos inerentes ao serviço, e em que é que eles consistem. – Esta é a
garantia prática do Pp. Equivalência.
Esta garantia é dada para que o sujeito possa alegar a violação do Pp.
Equivalência.
Nota: O artº8 tem de conter a fórmula de cálculo da taxa
Se desrespeitar a fundamentação económico-financeira (artº8 nº2, c) a
consequência vai ser a nulidade
Nota: O TC decidiu mal no caso dos esgotos em Lisboa, pois ignorou a lei
nomeadamente o artº8 nº2, c)
RGTAL – CRP e Autarquias Locais
A nossa CRP fixa uma competência relativa no que diz respeito ao RGT
(artº165, 1, i). Até hoje não temos regime geral de taxas nem das
contribuições financeiras.
Temos, porém, um RGT para as autarquias locais (RGTAL), a doutrina
considera que com as devidas adaptações, e à falta de um regime geral,
vamos usando o RGTAL como regime geral, em que se aplicam os
princípios fundamentais.
Tributos (divisão dicotómica tradicional)
Os tributos dividem-se em impostos e taxas
Impostos = tributos unilaterais
Taxas = Tributos bilaterais
No entanto, tem surgindo com maior relevância nos últimos anos, um
novo tributo que são as contribuições financeiras.
As contribuições financeiras, pertencem à matéria de reserva relativa da
AR – Artº 165 nº1, i).
Em suma: É a própria constituição que nos apresenta não uma dicotomia,
mas uma tricotomia. Os tributos são agora de três tipos, impostos,
contribuições financeiras e taxas.

Contribuições financeiras
Estas situam-se entre os impostos e taxas, pois têm algumas
características que também tem os impostos e outras características que
são semelhantes às taxas.
Do ponto de vista, da CRP somos levados a crer que as contrb. Financeiras
aproximam-se das taxas.
As contribuições financeiras são unilaterais ou bilaterais?
As contrib. Financeiras não são todas iguais:
 Contribuições especiais – que podem ser de melhoria vs pelo maior
desgaste/maior despesa
 Contribuições financeiras modernas (ou de nova geração) – São
contribuições estabelecidas a favor de organismos de coordenação
económica e a favor de entidades reguladoras (banca, seguros,
comunicação, energia, concorrência, saúde, etc.).
Estas entidades reguladoras fiscalizam as atividades correspondentes (ex.
saúde), dado a sua relevância/risco. Estas entidades precisam de receitas,
essas receitas vêm dos tributos (cont. financeiras)
A tendência ao nível do tratamento da doutrina e do TC, é para aproximar
as contribuições especiais dos impostos e considerá-las impostos (porque
não se consegue identificar uma contraprestação, ou porque havendo
contraprestação não é bem especifica. Logo se não é bilateral, é um
imposto). Sendo estas contrib. Equiparadas aos impostos devem respeitar
os Pps. Fundamentais sujeitos aos impostos.
Nas contribuições financeiras especiais os efeitos são reflexos, e por
serem reflexos n podemos então considerar que estamos perante uma
contra-prestação especifica (na lógica eu dou para que me des)
Quanto as contribuições financeiras modernas, temos um acórdão
relativo ás taxas a pagar a ERC, o TC não tem sido tão exigente, equipara
estas contribuições ás taxas, e seguem, portanto, o regime das taxas.
Conclusão: Logo esta divisão tripartida (impostos, taxas, contrib.
Financeiras) é na realidade uma divisão dicotómica, pois apesar de estar a
meio caminho, as contribuições financeiras não são mais do que taxas ou
impostos. Não há então um regime propriamente misto. Se o tributo tem
caraterísticas de unilateralidade tem que ficar sujeito ao regime mais forte
e garantístico que é o regime dos impostos.
Em relação ás CF já há sinais de uma espécie de imposto com um regime
especial, isto é, menos exigente, ou seja, com mitigação das exigências
constitucionais, designadamente, o principio da legalidade e no principio
da igualdade. Pois considera-se que o Pp. Legalidade já foi cumprido pela
AR.
Este regime mitigado é um regime especial, os contribuintes têm
dificuldade em saber se está em causa o Pp. Capacidade contributiva ou
pelo contrário está em causa o Pp. Proporcionalidade. O que torna difícil
para o contribuinte argumentar contra a contribuição financeira.

Contribuições financeiras
 Cont. Especiais – A discussão se são impostos ou taxas é uma discussão
estabilizada, o TC considera que não é um imposto nem uma taxa, mas
como não é claramente bilateral segue o regime dos impostos.
Artº 3 e 4 nº3 – Lei Geral tributária – “As contribuições especiais são
consideradas impostos”.
A lei não deve qualificar como fez no artº3 e 4 nº3, apesar de o ter feito. A
lei quis reproduzir o que dizia o TC no artº4 nº3. E, portanto, sempre que
não tenham sido criadas pela AR são inconstitucionais2.
Artº4 nº3 – As contrib. Especiais de melhoria – Tem como pressuposto a
obtenção de vantagens/aumento do valor dos bens dos particulares
proporcionados pela realização de obras públicas ou pela criação ou
ampliação de serviços públicos.
Um ente publico, sem atender aos interesses dos particulares, cria uma
obra ou amplia o serviço publico. Mas em resultado dessa obra, ou da
criação esse serviço publico, são geradas na esfera dos particulares,
vantagens reflexas (por exemplo criou uma ponte, uma infraestrutura).

O que acontece, é que os proprietários de terrenos vizinhos, perto destas


obras, veem os seus bens aumentos de valor, sendo que esse valor não
pode ser tributado de imediato, as pessoas nem sequer pediram esse
aumento de valor. Para compensar esse aumento do valor vai incidir sobre
esses proprietários uma contribuição especial de melhoria.

Impostos/ Contr. Financeias/ taxas


As contribuições especiais são consideradas impostos (artº4 nº3 LGT)
Contr. Especiais (tradicionais) --- contribuições de melhoria ou
contribuições pelo maior desgaste ou maior despesa
Contr. Financeiras modernas – contribuições parafiscais (contb.
Financeiras a favor de entidades reguladoras e supervisão, a LGT nada diz).
O TC equipara as Contr. Especiais aos impostos, e o as cotrib. Financeiras
modernas ás taxas.

Contribuições especiais:
 Contib. Melhoria – Contribuições que são lançadas quando, por força
de obras públicas ou por força do melhoramento de determinados
serviços públicos, há um grupo homogéneo de pessoas que fica
beneficiado, e por força desse beneficio reflexo, entende o ente
publico que deve cobrar um quantitativo – 4º, 3, LGT, 1ª parte.
2
As contribuições financeiras especiais
 Contrb. Pelo maior desgaste – Assentam num maior desgaste e
despesa de bens públicos ocasionados pelo exercício de uma atividade
por um particular- 4º, 3, 2ª parte.
Nas contribuições de melhoria, há uma atividade desenvolvida por um
ente publico, na prossecução do interesse publico, que reflexamente vai
produzir vantagens na esfera jurídica de um conjunto de particulares.
São reflexas, porque essas vantagens são vantagens que o ente publico
não pretende, mas que são causadas por essa intervenção, afetando um
grupo homogéneo de pessoas.
Ex. Construção de 1 estrada/ponte.
Caso da construção da ponte Vasco da Gama, que fez com alguns ficassem
beneficiados porque houve um aumento do valor dos seus imóveis que
por sua vez gera o aumento da capacidade contributiva. Agora já não
precisam de andar mais Kms e gastar mais gasóleo pq agora podem ir pela
ponte e assim poupam mais dinheiro.
Nota: Pode acontecer, o caso de algumas pessoas não o quererem, ex. o
proprietário queria um sítio sossegado, mas agora com a ponte já não é.
Consequências das contribuições de melhoria:
 Natureza grupal – Estas contribuições especiais dirigem-se a um grupo
de contribuintes que vão ser beneficiados.
Está aqui também subjacente um aumento da capacidade contributiva.
 Sinalagma difuso – Isto significa dizer que não há bilateralidade, não é
possível estabelecer o nexo entre prestação e contra-prestação.
Perante estas conclusões o TC vai dizer que estas contribuições são
impostos, pq são unilaterais e tem uma finalidade especial. Claro que não
são impostos que preencham o conceito tipológico (dsd logo porque não
se destina à realização de fins públicos de caracter geral (destina-se só
aquele grupo de beneficiados).

Contrib. Pelo Maior desgaste – (Não são tão frequentes como as de


melhoria, mas também temos algumas considerações do TC).
Neste caso, o que acontece é que há um grupo de particulares ou um
particular que pela atividade que desenvolve gera desvantagens para a
comunidade toda. Portanto estas contribuições visam compensar o maior
desgaste ou despesa de bens que são de todos nós, mas que são
desgastados por um grupo de particulares.
Ex. Encargo de compensação por parqueamento deficitário – Este encargo
incida sobre promotores imobiliários que construíam edifícios não
garantido um determinado rácio entre metros quadrados construídos e
lugares de estacionamento.
Isto leva a que as pessoas que se tenham que deslocar àqueles edifícios,
provoquem maior desgaste na via publica, estacionando nas guias dos
passeios
Daí que quem os constrói está a originar uma maior despesa. Como não os
conseguimos medir com exatidão esse maior desgaste/essa maior
despesa, é esse ente que deve arcar com as despesas.

O TC veio dizer que este encargo não é uma taxa, mas sim impostos
especais (logo n podem ser aplicadas pelas autarquias locais). Para fazer
face as exigências constitucionais passaram então a ser objeto de DL
autorizado.

Contribuições financeiras modernas ou parafiscais


Destacam-se as contribuições a favor das entidades reguladoras e de
supervisão.
As CF modernas são em rigor extrafiscais – são criadas não para permitir
obter uma receita para o financiamento dos fins públicos de carater geral.
Elas são, antes, criadas para permitir a supervisão de determinados
setores, para orientar os comportamentos dos sujeitos passivos que
exercem a sua atividade nesse mesmo setor).
As CF parafiscais têm uma natureza grupal, ou seja, têm como
destinatários grupos homogéneos de sujeitos passivos (pessoas singulares
ou coletivas) que atuam no mesmo setor que é objeto de regulação e de
supervisão.
As CF modernas têm como objetivo o financiamento das entidades
reguladoras
Também nas CF modernas temos a característica do sinalagma difuso,
mas este sinalagma é mais fácil de justificar na aproximação às taxas
porque, estas contribuições parafiscais incidem sobre todas as empresas
que operam num certo sector de atividade.
O TC passou a falar numa contra-prestação grupal, a contra-prestação não
é dirigida de modo específico a cada um dos sujeitos passivos, mas é
dirigida de modo específico a todos.
Nota: Se, se dirigir de modo específico já estamos perante taxas
Os benefícios são dirigidos aos sujeitos passivos que operam no setor.
Temos como beneficiários últimos os próprios consumidores, beneficiados
reflexamente.
Quanto às contribuições financeiras modernas/parafiscais - temos as
taxas de regulação e supervisão – atinge um grupo homogéneo todo o
setor da atividade económica e estas vantagens são tb reflexas mas são
diferentes das CF especiais, pq tem um carater mais individualizado ainda
que em termos grupais.
As taxas de regulação e supervisão visam financiar o financiamento das
ent. reguladoras.
Ex. TV globo pode ter que pagar uma taxa de regulação/supervisão (não é
uma taxa mas sim uma CF). Os beneficiários diretos são os próprios que
desenvolvem a atividade.
Há um maior grau de inidividualização (não é uma lógica do dou para que
me des) como tal há uma aproximação maior com a bilateralidade para o
TC para ERC
Desde que AR fixe por lei, pode então essas entidades alterar as taxas e
assim. O caminho que o TC precorre é o maior aproximação com as taxas.
A lei quando cria a entidade reguladora pode definir os seus sub-poderes.

O TC afirma que as CF modernas se aproximam mais das taxas isto pq é


possível identificar os beneficiários.
Problema: Acontece que, p.ex, nas taxas de regulação (ex. entidade
reguladora de saúde), é adotado o critério da percentagem do volume de
negócios (critério que se aproxima mais do critério adotado no imposto,
isto é o critério das contribuições financeiras).
A doutrina diz que se não é possível detetar o critério da
proporcionalidade e se as evidencias nos levam para o critério dos
impostos, mesmo que seja possível identificar a contra-prestação grupal,
trata-se de imposto, uma vez que não passa nos dois testes para se
verificar se é uma taxa. (falha o teste da proporcionalidade).
A lei da AR ao instituir a entidade reguladora, prevê que estas possam
cobrar taxas, e prevê tb um limite para o valor dessas taxas. E uma das
taxas previstas é a taxa de regulação.
Nas CF coloca-se a questão de se saber se o teste da proporcionalidade
ou equivalência se adequa a situações em que a taxa de regulação é
fixada em termos percetuais sobre o volume de negócios das empresas
que atuam nesse setor.
Ex. A taxa é de 0,10% sobre o volume de negócios dos sujeitos passivos –
Este critério aproxima-se mais do imposto do que de uma taxa
Se o volume de negócios for expressão do volume de atividade. Exige-se
por parte da entidade reguladora um maior grau de fiscalização
Ex. Domínio da comunicação social, saúde, energético
Nota: Temos que ter cuidado com as percentagens pois podemos ser
levados a crer que não passa no teste da proporcionalidade quando até
passa fazendo aquele raciocínio.
Temos que ter em conta o sinalagma difuso e o quantitativo assenta em
presunção.
Nota: Este tipo de critério é próximo dos impostos (volume de negócios).
Faz sentido adotar msm aproximamndo das taxas podemos adotar um
critério deste tipo, situação diferente da situação do VPT.
Momentos da vida do imposto – Prof. Caslta Nabais chama a vida de
dinâmica
São sobretudo dois momentos:
 Momento normativo
 Momento procedimental
Momento normativo: é o momento da criação ou instituição do imposto.
Este momento normativo preocupa-se com a definição das pessoas sobre
as quais o imposto vai incidir (incidência subjetiva), bem como a definição
dos factos, das situações sobre as quais o imposto incide (incidência
objetiva).
Na incidência subjetiva temos a definição de quem é o contribuinte, de
quem é o devedor, de quem são os substitutos, os responsáveis e os
titulares de obrigações acessórias.
Na incidência objetiva temos a definição dos factos geradores do
imposto; e dos pressupostos do facto da tributação.
Ainda no momento normativo temos tb a definição das taxas do imposto
(regra: imposto de quota variável), e ainda a definição dos benefícios
fiscais (factos, situações e pessoas que a titulo excecional e temporário
beneficiam do desagravamento da tributação).
Nota: Quando se fala em temporária, normalmente temos finalidades que
são extra fiscais.
Ex. Não pagar o IMI durante 1 ano.
Nota: Excecional quer dizer que não está previsto para todos só está
previsto para aqueles que preenchem um conjunto de requisitos.

Os benefícios fiscais são diferentes da delimitação negativa da


incidência.
Delimitação negativa de incidência já não tem as características da
“temporário”, a lei diz sobre o que incide e sobre o que quer que não
incida.
O momento normativo é um momento a que chamamos de legalidade
qualificada do artº165 nº1, i) + 103 nº2 CRP – Daqui resulta que existe
uma reserva relativa da compt. Legislativa da AR, ao que chamamos de Pp.
Legalidade fiscal; sentido formal. Esta reserva relativa de competência
legislativa existe no âmbito dos elementos essenciais do imposto.
Elementos essenciais do imposto (previstos no 103 nº2):
 Incidência
 Taxa
 Benefícios fiscais
 Garantias dos contribuintes
É a AR que define e constitui o imposto, ou seja, diz-nos sobre o que é que
o imposto incide e quais os seus elementos.
Alterar um desses elementos essenciais é o mesmo que criar ou instituir
um imposto.

Momento procedimental
É o momento da administração ou gestão de um imposto. Aqui esta em
causa o desenvolvimento de um conjunto de procedimentos que nos vão
permitir passar do momento normativo para a efetiva aplicação das
normas que foram definidas nesse mesmo elemento normativo. Logo
podemos chamar também, momento da aplicação.
Esta gestão do imposto traduz-se essencialmente em três grandes
tarefas/procedimentos:
 Lançamento
 Liquidação
 Cobrança

 Lançamento – Consiste na identificação dos contribuintes em concreto


e demais sujeitos passivos e na identificação dos factos ou situações a
tributar em concreto.
No momento normativo temos a definição em termos gerais e abstratos o
que é que fica sujeito ao imposto e quem o fica.
Ex. Código do IRS – Tem normas de incidência subjetiva – artº13 (ficam
sujeito a IRS as pessoas que residam em território português, e ainda os
não residentes desde que obtenham rendimentos em território
português). E de incidência objetiva = artº1, artº2 a 11 e 12. (enumeração
das categorias e descrição das categorias de rendimentos)
 Liquidação em sentido estrito: É a operação de aplicação da taxa de
imposto à matéria coletável do imposto.
A liquidação é um ato administrativo que quantifica a obrigação tributária,
que quantifica o montante de imposto a pagar por cada sujeito passivo.
Identificados os contribuintes e os factos geradores de imposto, a
liquidação consiste no ato de quantificação do montante de imposto a
pagar por cada sujeito passivo.
Por isso nós dizemos que a matéria coletável x taxa = colecta – que é
sinónimo de imposto a pagar.
Nota: Em certos impostos mais complexos entre a coleta e o imposto a
pagar, há ainda a dedução à coleta. Nesses casos em bom rigor, a coleta
deve-se chamar coleta provisória e o imposto a pagar chama-se coleta
definitiva.
Nota 2: Sendo um ato administrativo a liquidação pode ser impugnada.
Chamamos liquidação em sentido estrito, pq alguma doutrina tende a
agregar a liquidação e o lançamento em uma só figura liquidação em
sentido amplo (abrange o lançamento + liquidação em sentido estrito) – é
o conjunto de procedimento através dos quais se identifica os
contribuintes e demais sujeitos passivos, bem como os concretos factos e
situações que originam o pagamento do imposto bem como quantifica o
valor a pagar por esses mesmos contribuintes.

Cobrança - é um conjunto de procedimentos destinados à arrecadação de


receita e que se traduz essencialmente no pagamento/ fazer chegar ao
cofre do Estado as receitas.
A cobrança pode ser quer voluntária quer coerciva.
Quem deve fazer a cobrança?
Este momento procedimental poderíamos pensar que cabe à
administração tributária, mas nos últimos anos tornou-se mais frequente
uma partilha das tarefas, ou seja, são os próprios particulares que
realizam tarefas de administração/gestão dos seus impostos e dos outros,
quando historicamente esse processo cabia à administração.
Hoje, temos cada vez mais auto-lanaçamento, auto-liquidação e cobrança
por terceiros.
Ex. dizer que eu no ano 2016, obtive x rendimentos fruto desta atividade –
a isto chama-se auto-lançamento).
Ex.2 – No IRS existe uma norma que obriga o contribuinte a redigir a
declaração anual de rendimentos.
Em simultâneo, a lei impos uma série de normas/ atividades a fazer a
quem paga tributos.
Ex.3 - A entidade patronal comunica o valor de IRS.
Nota: O IRS, IVA, IRC – traduzem este principio de auto-lançamento.
Em suma, há uma privatização do procedimento tributário sobretudo no
que diz respeito ao lançamento e à liquidação dos impostos.

Classificações dos impostos


Impostos pessoais vs impostos reais
Ambos têm normas de incidência pessoal e real.
 Impostos reais – A matéria coletável é objetivada, isto é, a matéria
coletável é tratada abstraindo da situação pessoal e familiar do
contribuinte.
Os impostos reais tributam a concreta manifestação de capacidade
contributiva, não atribuindo relevância à situação familiar e pessoal dos
sujeitos passivos.
Nos impostos pessoais – Os impostos pessoais tributam uma concreta
manifestação de capacidade contributiva, atribuindo relevância à situação
pessoal e familiar de cada sujeito passivo.
Por isso dizemos que nos impostos pessoais, a matéria coletável é
subjetivada; ou seja, sofre um tratamento diferenciado em função da
diversidade de situações pessoais e familiares dos sujeitos passivos.
A quem chame aos impostos reais, impostos objetivos e aos impostos
pessoais, chamam impostos subjetivos.
Ex. Imposto Real – IMI, IVA, IMT, IRC. (IMI – O pagamento do IMI apenas
reflete-se no imóvel em caso, é indiferente se eu sou casado/solteiro ou
se tenho 2 ou 10 filhos) Ex. Imposto Pessoal – IRS,

Nos impostos pessoais, podemos ter duas pessoas que tenham o mesmo
trabalho, recebam o mesmo salário, mas que vão pagar impostos
diferentes porque uma tem mais filhos do que a outras, têm diferentes
despesas de saúde.
A pessoalização tem que ser feita através de critérios. Há quatro
elementos de pessoalização (notas caracterizadoras dos impostos pessoais
sobre o rendimento):
 Incidência sobre o rendimento global de base mundial3
 Exclusão de tributação do mínimo existencial
 Dedutibilidade das despesas pessoais e familiares socialmente
relevantes
 Progressividade das taxas do imposto

I – Incidência sobre o rendimento global de base mundial – A incidência


sobre o rendimento global é a base de todos os outros critérios. Um
imposto que pretende ser pessoal tem que ter em conta a capacidade
total contributiva de cada sujeito passivo, para que depois possam
funcionar os outros elementos de pessoalização.
Em suma, a incidência sobre o rend. Global de base mundial serve para
permitir “medir” a capacidade contributiva total de cada sujeito passivo. É
necessário o imposto ter a perceção da capacidade contributiva do
sujeito.
A este primeiro principio é dado o nome de World Wide income principle.
O World Wide income principle (rendimento global de base mundial) -
Pp. Do rendimento obtido em todo mundo – Artº13 nº1, IRS – “Ficam
3
Rendimento se forem impostos sobre o rendimento)
sujeitas a IRS as pessoas singulares que residam em território português e
as que, nele não residindo, aqui obtenham rendimentos”. O artº 15 –
Prevê o âmbito de sujeição do imposto. O artº15 divide os contribuintes
em residentes ou não em Portugal. Em relação aos residentes o IRS incide
sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse
território. Em relação aos não residentes (artº15 nº2) - o IRS incide
unicamente sobre os rendimentos obtidos em território português.
Art 15º (âmbito da sujeição do imposto) – O mesmo imposto, o IRS, vai
funcionar para umas pessoas (os residentes) como um imposto pessoal
(âmbito universal) – 15º, 1. E para outras, os não residentes, como
imposto real (âmbito real) – 15º, 2.

No 15 nº2 vai tributar, ignorando a situação pessoal e familiar do sujeito.


(vai ser um imposto real e não um imposto pessoal como acontece com os
residentes em Portugal).
Pois Portugal não tem conexão com aqueles não residentes em Portugal.
Ex. António reside em Espanha vem a Portugal fazer negócios, pode
tributa-lo, mas só pode tributar o que está dentro das suas fronteiras,
tributando de acordo com a ideia dos impostos reais.
Aqueles que preenchem os pressupostos para residir em Portugal, têm
uma conexão com o Estado de natureza pessoal, o que permite a Portugal
(Estado) uma tributação total, sem as limitações que existem nos não
residentes.
Esta territorialidade tem consequências na tributação que é feita.
Ex. Portugal tem legitimidade para tributar António (residente em
Portugal) que foi à China.
O Estado pode tributar factos e situações de uma pessoa que seja
residente em Portugal que ocorreu no estrangeiro – Há uma extensão do
Pp. Territorialidade
Nota: O elemento de conexão relevante para Portugal poder tributar, é a
residência.

II – Exclusão de tributação pelo mínimo existencial


Um imposto para ser pessoal tem que separar a tributação do mínimo de
existência, ou seja, um imposto que pretende pessoalizar, vai olhar para a
manifestação de capacidade contributiva (total) e vai perguntar se essa
pessoa pode ser ou não tributada?
Ou seja, se esse sujeito passivo tem realmente capacidade contributiva. Já
tínhamos visto que a capacidade contributiva funciona como pressuposto
e critério da tributação. E que este principio da capacidade contributiva é
uma manifestação do Pp.Igualdade.
Não basta que se verifique uma manifestação concreta de capacidade
contributiva, pois tal vai ser subjetivada em termos pessoais, através em
primeiro lugar da medição em termos globais da cap. Contributiva.
Em segundo lugar, é preciso perguntar se sobre aquele rendimento pode
ou não existir imposto. Se estiver abaixo da capacidade contributiva do
sujeito, concluímos que apesar de haver um rendimento a pessoa não vai
poder pagar o imposto, pois isso coloca em causa a sua subsistência
(mínimo existencial). Se, se tratasse de um imposto real o simples facto de
haver rendimento resultaria na possibilidade de imposto.
Ou seja, no âmbito dos impostos pessoais, é preciso ver se o rendimento
sob o qual incide o imposto vai ao não ficar abaixo do limiar da
necessidade.
Um imposto pessoal tem que garantir que o mínimo existencial, não é
atingido pela tributação. É necessário definir um patamar mínimo, esta
ideia está concretizada no código do IRS.
Pode se fixar um intervalo, p.ex de 0 a 7 mil (obtém rendimento) mas a
tributação vai ser 0 porque só podem ser tributados aqueles que tiverem
um rendimento igual ou superior a 8 mil, p.ex.
Nota: O mínimo existencial em regra corresponde ao valor do salário
mínimo nacional. São todos os rendimentos que em termos globais não
ultrapassem o valor do salario mínimo.

III - Dedutibilidade de despesas e encargos socialmente relevantes


relativos ao sujeito passivo e ao seu agregado familiar – Esta
característica da pessoalização traduz-se em despesas e encargos que
diminuem a disponibilidade dos contribuintes em relação aos rendimentos
obtidos, isto é, diminuem a capacidade contributiva.
E, portanto, sendo o Pp. Igualdade traduzido no Pp. Capacidade
contributiva no dtº fiscal, estas despesas ou encargos tem que ser
consideradas.
De que tipo de despesas estamos a falar?
Despesas socialmente relevante – qual é o critério que adotamos para
saber se são ou não soc. Relevantes.
Doutrina: Relevância social de 1º nível - Pq são despesas que
correspondem a tarefas fundamentais do Estado.
Muitas vezes os contribuintes têm de suportar certas despesas que não
deviam de ter que suportar a título privado porque de acordo com a CRP,
o Estado deveria de realizar essas despesas, essas despesas são as
despesas relacionadas com as tarefas fundamentais do Estado.
Ex. Despesas relacionadas com cuidados de saúde, educação e também no
que diz respeito aos lares de 3ª idade.
Quando o Estado não realiza essas tarefas sociais, são os cidadãos
contribuintes que tem de suportar através de parcelas de rendimentos
que obtêm para pagar esses serviços.
A doutrina distingue também despesas com relevância social, mas de 2º
nível (menos importantes que as de 1º nível) – Despesas cuja a realização
o Estado pretende incrementar ou cuja a realização considera desejável.
Ex. Equipamentos destinados à resolução de energias; despesas com
seguros de saúde, acidentes pessoais, despesas com equipamento
informático; despesas com a aquisição de habitação própria; despesas
com a realização de planos de reforma.
Ex.2 - Quando a uns anos foi adotado o plano tecnológico, que tinha como
objetivo que em cada casa existisse um computador, tal correspondia a
uma despesa social relevante de 2º grau.
Estas despesas de 2º grau, a sua realização implica uma maior
disponibilidade de rendimentos por parte do contribuinte.
Um imposto para ser pessoal tem que permitir a maior dedutibilidade
destas despesas socialmente relevantes.
Ex. A e B trabalham na mesma empresa a ganhar 10 mil euros por ano.
Segundo o Pp. Igualdade então ambos deviam de pagar os mesmos
impostos. No entanto se recorremos a característica da pessoalidade, e se
vimos que B é solteiro, mas A tem 3 dependentes menores (e gastou 5000
euros em despesas de saúde, educação).
Apesar de A e B ter o mesmo rendimento, se o imposto for pessoal então
não se pode abstrair das características da pessoalidade (filhos, despesas
com estudo e assim, neste caso A não pode dispor dos 10 mil euros da
msm maneira como B). O imposto pessoal não pode ignorar tais factos,
sendo assim, o A paga menos imposto porque tem menor capacidade
contributiva (5000 euros).

Como é que o legislador em concreto consagra a característica da


dedutibilidade?
As despesas (estudo, médico) chamavam-se abatimentos.
Com a Reforma fiscal de 2015, um dos objetivos era prever uma dedução
igual. De algum modo a reforma fiscal queria visar garantir o dtº a todos
em deduzir um determinado valor no imposto proveniente de despesas
como (estudar, médicos etc). Considerou-se que talvez fosse
excessivamente igualitário.
Todos os impostos em vigor obedecem a um principio de anualidade:
todos os anos a AR tem que dizer se quer manter ou não os impostos, e
em que medida os quer alterar através da Lei do OE.
Ex. Governo (este ano) considera que a educação é mesmo uma tarefa
fundamental do Estado, e fomenta a procura das escolas públicas, quer
essencialmente a escola pública em detrimento do privado.
Em suma, um imposto para ser pessoal tem que permitir a dedutibilidade
das despesas. Mas quanto mais ampla for a capacidade de dedutibilidade
menor vai ser a receita fiscal obtida.
IV – Mais uma característica da pessoalidade do imposto – é a
progressividade.
A progressividade tem uma marca constitucional.
A progressividade é um elemento de pessoalidade que aparece com pouca
frequência diferente dos outros 3 elementos de pessoalização.
A doutrina divergiu ao longo dos anos acerca desta característica.
Em vários países, a progressividade não é uma característica do imposto
pessoal, é discutível que seja.
No entanto, em Portugal pq a progressividade corresponde em Portugal a
um imperativo = artº104 nº1 CRP. E por essa razão é um elemento de
pessoalização no nosso sistema.
A progressividade consiste num aumento das taxas de impostos, à medida
que aumenta a matéria coletável. O imposto progressivo caracteriza-se
por um imposto que absorve montantes crescentes de matéria coletável
por força do aumento das taxas de tributação – O imposto progressivo
nunca se apresenta como tendo uma taxa, apresenta-nos sempre numa
tabela.
Se, se perguntar se é um imposto pessoal ou real, o mais simples é
procurar as taxas. Se nos aparecer uma tabela de taxas progressivas então
há uma intenção de fazer crescer a matéria objeto de imposto à medida
que os rendimentos aumentarem.
Qual é o fundamento da progressividade?
Há quem questione a progressividade nomeadamente à luz do Pp.
Igualdade.
Hoje, o fundamento da progressividade reside no Pp. Estado social. Ou
seja, um Estado que utiliza impostos para diminuir as desigualdades e
corrigir a distribuição primária de riqueza, isto é, os impostos pessoais
visam, segundo a nossa CRP, corrigir a distribuição natural da riqueza dos
rendimentos e realizar uma distribuição secundária mais justa. Quando o
Estado apresente esse objetivo trata-se de um Estado social, visa retirar
aos mais ricos para dar aos mais pobres (estabelecendo um maior
equilíbrio).
Nota: Há a discussão que as taxas progressivas violam o Pp. Igualdade,
mas violam-no para garantir um Estado social.

Distinção entre impostos periódicos vs impostos de obrigação única


Esta distinção é feita com base no elemento temporal do facto tributário
(tipo de RJ de base do imposto)
Impostos periódicos – O facto gerador é continuado (prolonga-se no
tempo/duradouro) e complexo (isto é o facto gerador é de formação
sucessiva ao longo do tempo e por essa razão é complexo).
Ex. Impostos sobre os rendimentos do trabalho ou rendimentos prediais –
Ex. 2 – Eu trabalho há mais de 25 anos, logo desde que me licenciei, nunca
deixei de trabalhar. Os meus rendimentos são rendimentos gerados aos
longo de 25 anos.
O legislador para poder tributar o facto tem de o partir em períodos –
(imposto periódico, daí o nome).
A lei define períodos de tributação – Normalmente esses períodos
ocorrem de ano em ano (ano civil).
Aqui, os factos são sucessivos, ou seja, o facto gerador vai-se formando ao
longo do período da tributação só se consolida a partir do ultimo dia desse
período de tributação. Eu vou obtendo rendimentos ao longo do ano,
rendimentos esses que são parcelas do facto gerador de formação
sucessiva, e só no fim do ano é que se torna relevante a minha situação
familiar.
Ex. IRS, IRC, IMI

Impostos de obrigação única – São impostos cujo facto gerador é


instantâneo, isto é, verifica-se num determinado momento, é
perfeitamente identificável no momento em que o facto gerador ocorre.
E quando este ocorre ele esgota-se naquele momento.
Esta diferença entre eles gera um tipo de relação jurídica de base dos
impostos, muito diferentes.
O facto gerador é instantâneo logo os seus efeitos são imediatos,
diferente dos impostos periódicos onde o facto gerador vai-se formando
ao longo do período de tributação e só se consolida, isto é, só produz
efeitos a partir do último dia desse período de tributação. Ex. IRS, IRC, IMI
Imposto de obriga. Única – Ex. IMT.
Nos impostos periódicos, vai-se obter rendimentos ao longo do ano, e só
no dia 31 Dezembro é que vamos ter uma apreciação global, por exemplo
se me casar a meio do ano ou no dia 29/12, no dia 31/12 vai-se considerar
que sempre estive casado. A mesma coisa se o filho nasce em Janeiro ou
Outubro, vou ter o mesmo dtº de dedução no dia 31/12.
É no dia 31 de Dezembro que se consolida o facto gerador.
Nota: Se o filho morrer dia 27/12 então dia 31/12 desse ano não se vai
considerar as despesas relativamente aos filhos, é como se nunca tivesse
tido filhos.
A diferença entre os impostos de obrigação única e impostos periódicos
é importante, pois essa diferença, apresenta diferenças significativas em
relação:
 Ao momento a partir do qual se contam os prazos de caducidade do
direito à liquidação e da prescrição das obrigações tributárias. Artº45 e
48 da LGT
 Tb no que diz respeito aos graus de retroatividade. É importante no q
diz respeito à proibição da retroatividade em matérias fiscal (artº103
nº3 – parte final CRP).

Artº 45 nº4 – Contagem do prazo de caducidade do dtº à liquidação – O


prazo de caducidade nos impostos periódicos está fixado em 4 anos. A
administração tributária tem 4 anos para liquidar os impostos, senão
caduca. O prazo de 4 ano conta-se a partir de 31 dezembro do próprio
ano.
Nos impostos de obrigação única, os prazos de prescrição contam-se a
partir do momento do facto instantâneo da ocorrência do facto tributário.
Artº 48 nº1 – No que toca à prescrição das obrigações tributarias, o prazo
de prescrição é de 8 anos.
Nos impostos periódicos a partir do termo do ano em que se verificou o
facto tributário, e nos impostos de obrigação única a partir do momento
em que ocorreu o facto gerador.
Distinção entre impostos periódicos e impostos de ob. Única é
importante no que diz respeito ao Pp. Da proibição da Retroatividade –
103 nº3 CRP
Este Pp. Proibição da Retroatividade diz que os contribuintes podem
recusar-se a pagar impostos que tenham natureza retroativa.
Deve-se distinguir a retroatividade autêntica ou própria e a inautêntica ou
imprópria
 retroatividade autêntica, a doutrina chama tb de retroprovação dos
efeitos. Esta é proibida. A LN pretende aplicar-se a factos já verificados,
a factos consolidados e a factos cujos efeitos já se produziram.

 retroatividade Inautêntica – a doutrina chama simples conexão a


factos passados. A LN pretende aplicar-se a factos passados, mas a
factos cujos efeitos ainda não se produziram.
Aqui o que esta em causa é a lei atribuir a si próprio caracter retroativo.
Ex. LN Junho de 2016 que altera a tabela de taxas do CIRS, aumentando as
taxas normais em + 3%.
Temos que perceber que tipo de retroatividade esta em causa para ver se
isto é permitido pela CRP. Quando a lei vier aumentar as taxas de imposto
a meio do ano queira aplicar-se a factos já ocorridos, estamos perante que
retroatividade?
Aqui estamos perante um imposto periódico, tem um facto gerador que
se prolonga no tempo. O facto gerador é de formação sucessiva ao longo
do período de tributação. O facto gerador só esta consolidado,
“complexo” em 31/12/2016. Então aqui a retroatividade será imprópria.
Nos impostos de obrigação única, se o facto gerador se conclui num
momento facilmente identificável, mesmo que o imposto não tenha sido
pago, a situação do contribuinte ficou consolidada. Então a LN que surgir
depois disso, temos uma retroatividade autentica.
Num imposto periódico, a retroatividade é autentica, se a norma que
entra em vigor em junho viesse dizer que aquela norma era aplicável aos
rendimentos obtidos desde 1 de Jan de 2015. Porque no seu regime novo,
a norma queria aplicar-se a um período de tributação anterior, que já
estava encerrado, ainda que os impostos não estivessem pagos. Pois o
facto gerador já se fechou no dia 31 de Dez de 2015.

Impostos de quota fixa e de quota variável


Impostos de quota variável – A lei estabelece uma formula de calculo do
imposto recorrendo à aplicação de valores percentuais sobre a matéria
coletada.
Impostos quota fixa – A lei determina nominalmente o montante de
imposto a pagar. A lei fixa um imposto que é igual para todos.
Ex. Todos têm de pagar 10 euros para uma taxa militar
Os impostos de quota variável pressupõem impostos proporcionais e
progressivos
 Impostos proporcionais – Impostos com taxa fixa ou constante; a taxa
do imposto permanece invariável perante variações da matéria
tributável; isto é a relação entre a matéria coletável e o imposto a
pagar é fixa/constante.
Ex. Se a taxa é de 10%, e a matéria coletável é de 1000, então o imposto
vai ser de 100 euros.
Existe uma relação fixa ou constante.
Num imposto proporcional, quem tem mais rendimentos, tem de pagar
impostos mais elevados – proporção matemática – termos estritamente
proporcionais.
Se houver mais matéria coletável então tb vai haver um aumento do
imposto.
 Nos impostos progressivos – São impostos em que a taxa varia em
função da variação da matéria coletável e varia no mesmo sentido. Isto
é os impostos progressivos são impostos em que a cada aumento da
matéria coletável corresponde a um aumento da taxa que vai incidir
sobre essa matéria coletável. E, portanto, diz-se que os impostos
progressivos absorvem percentagens crescentes de matéria coletável.
Isto significa que à medida que a MC aumenta, o imposto a pagar
aumenta também, mas aumenta mais do que proporcionalmente ao
aumento da matéria coletável. Mas só aumenta até um certo limite
máximo (há um tecto).
Ex: para um rendimento de 1000 a previsão de uma taxa de 10%, leva-nos
a 100 de imposto. Mas para um rendimento de 10000 temos uma taxa de
30%, e o imposto será 3000.

Nos impostos regressivos (q são mais raros) – Acontece é que a taxa do


imposto varia tb em função da variação da matéria coletável mas em
sentido inverso. Quanto mais elevado for o rendimento mais baixa é a
taxa aplicável. Funciona como incentivo à obtenção de rendimentos e
produção de riqueza. Os que gerarem mais riqueza, são “premiados” com
este tipo de imposto.
Ex. Flat rate tax – Aqueles que gerarem mais riqueza são premiados.

Formas dos impostos progressivos


A progressividade pode ser considerada de duas formas (progressividade
por classes ou por escalões)
Ex. O IRS é um imposto progressivo.
Pode haver progressividade por classes ou por escalões.
Ex. Até 7 mil ---- 14,5%
Mais de 7000 a 20000 – 28,5%
Mais de 20000 a 40000 – 37%
Mais de 40000 a 80000 – 45%
Mais de 80000 - 48%
A 1ª coluna é a de taxa normal e a 2ª coluna é de taxa média
Quando são 2 colunas então estamos perante uma progressividade em
escalões.
Na progressividade por classes – A matéria coletável (a totalidade da
matéria coletável) é enquadrada num dos intervalos previstos na tabela e
é sujeita à taxa correspondente. A este intervalo chamamos classe.
Se tiver 25 mil de matéria coletável vejo em que intervalo enquadro (+ 20
mil até 40 mil), vou aplicar a taxa correspondente a esse intervalo.
Este sistema tem algumas desvantagens, nomeadamente no que diz
respeito à matéria coletavel que esteja situada próxima dos limites dos
intervalos.
Ex. Tenho 19 mil e tenho 21 mil – O que tem 19 mil vai pagar uma taxa de
28,5% enquanto que o de 21 mil paga uma taxa de 37%.
Na progressividade por escalões a totalidade da matéria coletável é
repartida sucessivamente pelos intervalos de matéria coletável, e a esses
diferentes intervalos chamamos escalões.
Prof. Rui Morais:
Reparte os escalões em fatias, e cada fatia corresponde a um escalão
diferente.
Ex. Matéria coletável = 50 mil - os primeiros 7000 – ficam sujeitos a uma
taxa de 14,5%, os de 13 mil ficam sujeitos a uma taxa de 28,5%, os de
20000 mil ficam sujeitos a uma taxa de 37 e os últimos 10 mil ficam
sujeitos a uma taxa de 45%. Dps fazemos o somatório. (ver a coluna das
taxas médias)
A matéria coletável tem de ser dividida preenchendo diferentes escalões.

Progressividade por escalões


Artº 68 CIRS – Perante um valor de matéria coletável de 50 mil –
aplicando a tabela de taxas no artº68 – Tínhamos de repartir o valor da
matéria tributável pelos intervalos correspondentes dos escalões.
No intervalo de 7 mil aplicamos a taxa de 14,5%, no intervalo de 13 mil a
taxa de 28,5% e aos 20 mil aplicar-se-ia a taxa de 37% e por fim aos 40 mil
aplicar-se-ia a taxa de 45%.
Nota: Estes valores são os intermédios – ou seja no caso 7 mil até 20 mil –
o intervalo é 13 mil (20-7). O último é de 10 mil (porque 7+13+20=40, logo
faltam 10 para os 50 mil (totalidade da matéria coletável).
Nota: A tabela aparece-nos com duas colunas - isso quer dizer que o
sistema adotado é o de progressividade por escolões. Mesmo que o
legislador não o diga, basta olharmos para uma tabela de taxas e vermos
duas colunas, para automaticamente podermos concluir que o tipo de
progressividade adotada pelo legislador foi a progressividade por
escolões.

O que diz o artº68?


O artº68 contém no nº1 uma tabela, no nº2 dá-nos as instruções para
aplicar a tabela, e diz que o quantitativo do rendimento coletável, quando
superior a 7000, é dividido em duas partes (não é dividir por dois, mas em
duas partes)
 Uma igual ao limite (7000 ou 20000 ou 40000 ou 80000 ou infinito) do
maior dos escalões que nele couber (no quantitativo da matéria
coletável - é o limite que tem que caber na MC e não a MC que tem
que caber no limite. Até 40 todos cabiam, mas tem que ser o maior,
logo tem que ser 40000); a que se aplica a taxa da coluna B
correspondente a esse escalão;
Logo, 40000x30,300
 A outra é igual ao excedente (10000); a que se aplica a taxa da coluna
A, prevista para o escalão imediatamente superior (45, porque
estávamos no escalão 20000 até 40000, logo temos que ir para o
escalão 40000 até 80000, mas ver na coluna A).
Logo, 10000x45=
Depois temos que somar as duas partes e temos então a coleta (o valor de
imposto cobrado).

Exercício de aplicação do artº68


O quantitativo do rendimento coletável = 50 mil
Nota: Quando superior a 7000 é dividido em duas partes (não há divisão
por 2 mas sim em 2 partes).
A 1ª parte é igual ao limite do maior dos escalões que nele couber – o que
é que isto quer dizer:
Quais são os limites dos escalões?
Ver os limites dos escalões na tabela dada pela prof. (7 mil, 7 até 20 mil,
20 até 40 mil e 40 até 80 mil)
Qual o limite do maior dos escalões que nele couber?
Nele = quer dizer no quantitativo do rendimento coletável
1ª parte = Cabe dentro do quantitativo do rendimento coletável no limite
de 40 mil (não é no limite dos 80 mil!!).
Os 40 mil vão ficar sujeito a taxa de 30,300% (aplica-se a taxa da coluna B)
2ª Parte (a parte do excedente) = 100004 (igual ao excedente) a que
vamos aplicar a taxa da coluna A que está prevista para o escalão
imediatamente superior (taxa de 45 %)
Nota: Tínhamos uma taxa de 30% então a taxa imediatamente superior é
de 45% (coluna A)

Classificação dos impostos:


Impostos principais vs Impostos acessórios
Impostos principais – São impostos que contêm todas as regras
necessárias para existirem por si próprios. São impostos que existem por
si, ou seja, tem autonomia, não estão dependentes de outros impostos.
A lei criou-os dotando-os de todas as regras necessárias para que sejam
lançados, cobrados, liquidados autonomamente. Sem estar dependente
de outros impostos.
Impostos acessórios – São impostos que não contém todas as regras
necessárias para existirem por si próprios, isto é, são impostos que
dependem ou da sua existência ou nos seus elementos de um imposto
principal.
4
Tínhamos 50 mil – estava os 40 mil logo o excedente é de 10 mil
Estes impostos dependem da existência de um imposto principal – aquilo
que falta no sistema português aos impostos acessórios – são regras
próprias de determinação da matéria coletável.
A matéria coletável é o valor sobre o qual vai incidir a taxa do imposto.
Em qualquer imposto temos MC x taxa= coleta] – Nos momentos da vida
do imposto este momento é denominado de liquidação do imposto.
Então como é que se apura a matéria coletável num imposto acessório?
Apura-se numa de duas formas:
 O imposto acessório na modalidade de adicionamento – No
adicionamento a matéria coletável do imposto acessório é a mesma do
imposto principal (é o mesmo valor).
Do imposto principal o que trago é a matéria coletável para o imposto
acessório.
MC do imposto principal x taxa = adicionamento
 Ou o imposto acessório na modalidade de adicional – A matéria
coletável do imposto acessório é igual à da coleta do imposto principal.
Para encontrar a matéria coletável do imposto acessório tenho que
saber qual é a coleta do imposto principal.
Nota: O imposto acessório vive dependente do imposto principal
Coleta do imposto x taxa = adicional
Quando o legislador quer criar um imposto acessório e pode escolher
entre o adicionamento ou adicional, qual deles deve escolher?
Vamos supor que o imposto principal em causa é o IRC, mas agora quer-se
criar um imposto acessório do imposto principal (IRC) para atribuir
receitas para as autarquias locais.
Vamos supor que temos uma taxa de IRC de 20% e vamos agora testar
conforme seja adicionamento ou adicional
Sociedade X obteve de lucro = 100.000 euros
Matéria coletável x taxa = coleta
Ou seja, 100.000 x 20% = 20.000
Adicionamento: 100.000 x 5% = 5 mil (coleta do imposto acessória)
Adicional: coleta do imposto principal (20.000 x 5%) = 1 mil (coleta do
imposto acessório)
O adicionamento incide sobre uma base mais larga do que o adicional,
tenho mais vantagem porque permite obter mais receita. Porém esta ideia
é falsa! Pois basta aumentar a taxa no adicional
Conclusão: É possível obter o mesmo volume de receita com um
adicionamento ou com um adicional. Basta adotar uma taxa de tributação
mais alta no adicional.
Sendo possível, então, obter a mesma receita, então o que leva o
legislador a optar por um adicionamento ou um adicional. A diferença é a
seguinte, o legislador pode querer criar uma relação de dependência
menor ou maior, ou seja, diferente grau de dependência do imposto
acessório em relação ao principal conforme o acessório seja
adicionamento ou adicional.
Para além disso, está também em causa o universo dos contribuintes a
atingir com o imposto acessório, ou seja, quer atingir exatamente os
mesmos que pagaram o imposto principal, ou será que quer atingir além
desses todos os que revelaram capacidade contributiva ao nível do
imposto principal.
Nota: Temos que ter em conta eventuais benefícios fiscais, e ter em conta
eventuais impostos complexos em que vai haver deduções a coleta, ou
seja há matéria coletável mas a coleta vai ser zero, o imposto a pagar vai
ser de zero.
O que é que leva o legislador a optar por uma em detrimento da outra?
O adicionamento e adicional tem um potencial diferente em relação ao
imposto principal.
O adicionamento toma como base de calculo a matéria coletável do
imposto principal, pelo que ficam sujeitos ao adicionamento todos os
contribuintes que ao nível do imposto principal, revelam a existência de
matéria coletável. Pode acontecer que o contribuinte não tenha que pagar
o imposto principal dando lugar ao pagamento do imposto acessório.
Adicional – O adicional tem um universo mais restrito, vai incidir sobre a
coleta do imposto principal, isto é, aqui pode acontecer que contribuintes
com matéria coletável não tenham coleta, e por isso, só os contribuintes
que ao nível do imposto principal tenham uma coleta apurada, é que
ficam sujeitos ao adicional.
Só havendo coleta ao nível do imposto principal é que o imposto acessório
pode funcionar. E por isso é que se diz que segue o mesmo destino do
imposto principal
Pode acontecer que no adicionamento o contribuinte não tenha que
pagar o imposto principal, mas pode ter que pagar o imposto acessório.
No adicional tem que pagar sempre o imposto principal uma vez que o
imposto acessório só existe por força do imposto principal, há uma
relação de dependência.
Prof Casalta Nabais: Na verdade no nosso sistema, os impostos acessórios
que temos tido a funcionar, apesar de adotarem uma ou outra das
modalidades, acabam por funcionar sempre como verdadeiros impostos
acessórios, ou seja o legislador procura garantir uma unidade de destinos
ente imposto principal e adicional, mesmo quando se trata de um
adicionamento.
Ele distingue o imposto acessório do imposto dependente (o imposto
acessório só existe se existir imposto principal. Os impostos dependentes
têm autonomia, mas dependem de elementos do imposto principal para
existir.
Ex. Contribuinte isentos de imposto principal de todas obrigações relativas
ao imposto principal.
Ou seja, o professor diz que o imposto acessório não tem autonomia,
pressupõe a efetiva sujeição ao nível do imposto principal.
Exemplos de impostos acessórios no nosso sistema:
Exs. Derrama municipal (Lei de financiamento das autarquias locais –
LFAL/Lei nº73/2013) – Artº18 nº1 – Consagra a derrama municipal como
imposto acessório, mais concretamente um adicionamento (pq incide
sobre a matéria coletável do IRC).
Nota: “As atividades não isentas de IRC” – revela que o imposto é
acessório e não dependente, ou seja, estas entidades não ficam sujeitas à
derrama municipal.

É um imposto acessório na modalidade de adicionamento (porque incide


sobre a matéria coletável do IRC), cujo imposto principal é o IRC e depois
temos um imposto acessório cobrado pelas AL (estas têm o poder de em
cada ano, decidir se querem ou não cobrar, fixando um limite máximo de
1,5% x lucro tributável das sociedades .
Derrama estadual (artº 87 – Código IRC) – É a favor do Estado. A suas
taxas são taxas progressivas podendo variar entre 3%, 5% e 7%. Sobre a
matéria colectavel (IRC).
Nota: A derrama estadual é também um adicionamento.

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