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Escola Básica e Secundária Henrique Sommer

Ano letivo: 2021/22


FICHA INFORMATIVA
Módulo 5 – O liberalismo - Ideologias e Revolução, modelos e práticas nos sécs. XVIII e XIX
Subtema: A Revolução Francesa (resumo)

França: o período pré-revolucionário


No século XVIII, a França revelava características típicas de um Estado do Antigo Regime:
• a sociedade estava dividida em Ordens;
• a principal atividade económica era a agricultura;
• o monarca governava de forma absoluta.
O Terceiro Estado continuava a sofrer com os pesados impostos, falta de emprego, baixos salários e subida
dos preços dos cereais. Nas décadas de 1770 e 1780, a França foi afetada por uma grave crise económica e
financeira (maus anos agrícolas, gastos com guerras, elevados gastos da Corte), tendo sido proposto pelos
ministros das finanças de Luís XVI, como solução para a crise, o pagamento de impostos pelas ordens
privilegiadas (Clero e Nobreza). No entanto, estes opuseram-se a estas tentativas, e Luís XVI convocou os
Estados Gerais, que não se reuniam desde 1614.
Após a eleição dos representantes de cada Ordem, a assembleia reuniu a 5 de maio de 1789, mas surgiram
discórdias entre o Terceiro Estado e os privilegiados sobre os sistemas de votação, porque o Terceiro
Estado considerava representar a maioria da Nação, e por isso formaram a Assembleia Nacional. Perante
tal situação, o rei foi obrigado a ceder e formou uma Assembleia Nacional Constituinte, reunida entre
agosto de 1789 e setembro de 1791, onde se tomaram medidas revolucionárias, nomeadamente:
• a abolição de todos os direitos feudais;
• a publicação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão;
• a aprovação da Constituição de 1791;
• a adoção do regime de monarquia constitucional.

As etapas da Revolução Francesa


Os acontecimentos revolucionários
Durante a Assembleia dos Estados Gerais, os representantes do Terceiro Estado recusaram a forma de
votação tradicional, em que cada Ordem representava um voto, e exigiram o sistema de voto por cabeça,
ou seja a cada deputado corresponderia um voto. As ordens privilegiadas recusaram a imposição do
Terceiro Estado, gerando-se, assim, um impasse. Perante esta situação, os representantes do Terceiro
Estado, alegando representar a maioria da população francesa formaram a Assembleia Nacional
Constituinte, de forma a preparar uma Constituição. Esta situação poderia significar o fim da monarquia,
por isso, o rei enviou tropas para dissolverem a assembleia e cercarem Paris. Em sinal de revolta, o povo
parisiense assaltou, em 14 de Julho de 1789, a fortaleza-prisão da Bastilha, e libertou os presos opositores
do absolutismo. Esta revolta acabou por se espalhar por toda a França.
A monarquia constitucional (1791-1792)
Após a proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e da abolição dos direitos
feudais, foi aprovada, em 1791, a primeira Constituição francesa, baseada nas ideias de Rousseau e de
Montesquieu, onde se definiu o modelo de organização do Estado baseado na divisão dos poderes e nos
direitos e deveres dos cidadãos. Mas, a Constituição francesa não garantia o direito de participação política
a todos os cidadãos, porque o voto era por sufrágio censitário, ou seja, reservado apenas aos cidadãos
ativos que pagavam uma determinada quantia de impostos.
A instauração da monarquia constitucional não resolveu o problema dos franceses. Vários elementos da
nobreza e do clero abandonaram o país, pois perderam a maior parte dos privilégios, e conspiravam contra
a monarquia constitucional; o descontentamento e agitação do povo era cada vez maior devido à
instabilidade política e à degradação económica. A situação piorou devido às derrotas sofridas na guerra
entre a França e a Áustria.
Entre os revolucionários havia divisões, tendo-se formado dois partidos: os girondinos (moderados) e os
jacobinos (extremistas).
A república popular – a Convenção (1792-1795)
Esta é a fase mais agitada, em que os sans-culotte (artesãos e pequenos comerciantes) exigiam uma
revolução ao serviço do povo. Os jacobinos tomaram o poder em agosto de 1792 e substituíram a
Assembleia Legislativa por uma Convenção Nacional que acabou por abolir a Monarquia Constitucional e
em setembro proclamou a República. Os mais importantes políticos republicanos foram Danton, Marat e
Robespierre. Em 1793, o rei Luís XVI foi condenado à morte na guilhotina, por traição à pátria. Esta situação
originou uma forte oposição da Europa monárquica contra a França, e levou a um período que ficou
conhecido por Terror, em que a Convenção instaurou um governo revolucionário liderado por
Robespierre. Neste período foram condenados e executados na guilhotina milhares de opositores, até
mesmo os principais dirigentes políticos foram perseguidos e executados, entre os quais, o próprio
Robespierre.
A revolução burguesa – o Diretório (1795-1799)
Os burgueses cansados dos excessos revolucionários deixam de apoiar a República. A França, entre 1795 e
1799, passou a ser liderada por um governo mais moderado, o Diretório, contudo os problemas de
instabilidade económica, social e política subsistiram. O sufrágio censitário voltou a ser instituído e apenas
os mais ricos proprietários tinham acesso aos altos cargos do Estado e a França continuava em guerra
contra a Áustria e a Inglaterra. Assim, lentamente, o exército surgiu como a única instituição capaz de
salvar a França e, Napoleão Bonaparte, um jovem e prestigiado general, apoiado pela burguesia, foi
convidado a assumir o poder. Em 1799, é instaurado um novo regime político, o Consulado, em que o
poder passou a ser exercido por três cônsules. A partir deste momento, Napoleão concentrou em si cada
vez maiores poderes e, progressivamente, passa a dominar politicamente a França. Em 1804, tornou-se
imperador e desenvolveu uma política expansionista, que originou, em 1814, a invasão da França pelas
tropas da Áustria, Prússia e Rússia e o exílio de Napoleão. Este ainda fez uma tentativa para reaver o
poder, contudo foi definitivamente derrotado na batalha de Waterloo, em 1815.
Os reis e embaixadores das grandes potências europeias reuniram-se no Congresso de Viena (1814-1815),
uma conferência que teve como objetivos redesenhar o mapa político do continente europeu após a
derrota da França napoleónica e retornar ao absolutismo, mas já era tarde.

A herança da Revolução Francesa para o mundo atual

A Revolução Francesa foi responsável por um conjunto de conquistas e transformações sociais, políticas e
económicas que fizeram triunfar ideais de carácter universal (liberdade, igualdade e fraternidade).
O governo e a política expansionista de Napoleão contribuiu para divulgar as ideias liberais por toda a
Europa. A Revolução Francesa não mudou apenas a França, a sua repercussão teve uma dimensão
universal, já que os seus efeitos depressa se fizeram sentir pelo resto da Europa e em grande parte do
mundo.
Um dos seus maiores legados foi a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.
A Revolução Francesa de 1789 acabou por ser considerada um marco de periodização clássica, com o fim
do Antigo Regime deu-se a passagem para a Idade Contemporânea.

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