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Módulo I – A Interdependência entre o projeto e a obra.

1. Introdução.

Para tratarmos do tema, precisamos compreender a definição de dois


significados essenciais na construção civil: O projeto, a construção ou obra.

O Projeto: Um projeto pode ser um plano geral de uma determinada obra, e é


constituído por um conjunto de documentos que contêm as instruções e
determinações necessárias para definir a construção de um edifício ou outra
obra. Um projeto consta de peças desenhadas, memória descritiva, medições,
orçamento e caderno de encargos. Um projeto final de uma obra deve conter
todos os documentos técnicos necessários para a construção de um edifício ou
a execução de uma outra obra.

A Construção ou Obra: Na engenharia e na arquitetura, a construção é a


execução do projeto previamente elaborado, seja de uma edificação ou de
uma obra de arte, que são obras de maior porte destinadas a infraestrutura
como pontes, viadutos ou túneis. É a execução de todas as etapas do projeto
da fundação ao acabamento, consistindo em construir o que consta em projeto,
respeitando as técnicas construtivas e as normas técnicas vigentes.

Logo, podemos observar que a correlação entre o projeto-obra, consiste no


atendimento as seguintes etapas: projeto, construção, conclusão da obra e
atendimento pós-conclusão. Entende-se o projeto como a etapa de
planejamento e preparação para a execução de um produto; a construção ou
obra é o processo de execução ao determinado no planejamento; o atendimento
pós-conclusão consiste na assistência ao usuário e a obra, em situações de
orientação de uso e plano de manutenção.

2. A indústria da construção.

Conjunto de atividades que visa a realização de obras de construção de acordo


com as necessidades de moradia, trabalho e desenvolvimento do homem,
utilizando ou adaptando-se aos recursos naturais e a tecnologia.

Classificação:

a) Obras de edificações;
b) Obras viárias;
c) Obras hidráulicas;
d) Obras de urbanização.

3. Etapas de um empreendimento.
1) Planejamento:
• Estudos iniciais e de viabilidade.
• Anteprojeto (preliminar e definitivo).
• Projeto executivo.
• Procedimentos legais da obra.
2) Execução:
• Revisão de projetos e cronogramas.
• Orçamento.
• Programa de execução (seguindo o cronograma físico-financeiro).
• Canteiro de obra.
• Processo construtivos.
• Sistema de controle.
3) Pós-Obra:
• Obra em operação de uso.
• Manutenção preventiva.
• Manutenção corretiva.
• Manutenção preditiva.

Ao observarmos as etapas sequenciais para a realização de um


empreendimento, podemos, em síntese, afirmar que para a concretização
do evento, devemos ter o projeto executivo, a definição das situações
construtivas, do orçamento, da programação física e financeira e do
controle da execução, que uma vez cumpridas, ensejarão na conclusão e
entrega da obra. Após a produção do empreendimento, temos a fase de pós-
conclusão, com orientações ao usuário e plano de manutenções.
4. Situações Construtivas.
• Sistema construtivo: organização completa de execução de obra,
mediante a conjugação de materiais, equipamentos e componentes
construtivos. Exemplo: Estrutura de concreto armado.
• Método construtivo: Conjunto de preceitos que regula uma série de
operações construtivas, efetuadas segundo determinadas normas.
Exemplo: Normas da ABNT para cálculo de execução de estruturas de
concreto armado.
• Processo construtivo: Sequência de métodos, traduzida em ações no
canteiro de obras para a execução de um sistema. Exemplo: Operações
básicas para obtenção do concreto, dosagem, mistura, transporte,
lançamento, adensamento e cura.
• Técnica construtiva: Operações e artifícios usados para possibilitar e
facilitar o andamento dos processos construtivos, adaptando-os as
condições particulares e locais de cada obra através da adoção de
práticas, pequenas máquinas, equipamentos e ferramentas já
conhecidas e outras improvisadas durante a construção.

5. Projetos.

Podemos dividir o tema projetos em quatro etapas:

5.1 Tipos de projeto.


• Anteprojeto: é o esboço ou rascunho de um projeto, desenvolvido
a partir de estudos técnicos preliminares e das determinações do
demandante, objetivando a melhor solução técnica, definindo as
diretrizes e estabelecendo as características a serem adotadas na
elaboração do projeto básico.
• Projeto básico: é o conjunto de elementos necessários e
suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a
obra ou serviço, ou complexo de obras e serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição os métodos
e do prazo de execução (Lei 8.666/93).

Fases:

- Levantamento topográfico;

- Sondagem;

- Projeto arquitetônico;

- Projeto de fundações;

- Projeto estrutural;

- Projeto adjacentes (hidro sanitário, elétrica, paisagismo, etc)

• Projeto executivo: é o conjunto dos elementos necessários e


suficientes à execução completa da obra, de acordo com as
normas da ABNT. Além dos detalhes arquitetônicos dos projetos,
o projeto executivo também deve conter cálculos estruturais,
cronograma, orçamento e especificação de todos os equipamentos
que serão necessários para a execução da obra. Alguns pontos
desta fase são:

- Quadro de materiais de acabamento;

- Quadro geral de áreas;

- Orçamento do projeto;

- Plantas (situação, localização, layout, forro, paisagismo, etc);

- Elevações

- Cortes longitudinais, transversais e seções parciais.

• Projeto as built ou como construído: contempla com exatidão,


por meio de plantas e memoriais, todos os serviços executados e
especificações detalhadas dos insumos utilizados.
5.2 Partes de um projeto.
• Desenhos técnicos: representações gráficas do objeto a ser
executado.
• Memorial Descritivo: descrição detalhada do objeto projetado,
na forma de texto, onde são apresentadas as soluções técnicas
adotadas, bem como suas justificativas, necessárias ao pleno
entendimento do projeto, complementando as informações
contidas nos desenhos técnicos.
• Especificação técnica: texto no qual se fixam todas as regras e
condições que se deve seguir para a execução da obra ou serviço
de engenharia, caracterizando individualmente os materiais,
equipamentos, elementos componentes, sistemas construtivos a
serem aplicados e o modo como serão executados cada um dos
serviços apontando, também, os critérios para a sua medição.
• Orçamento: avaliação do custo total da obra, tendo como base o
levantamento de quantidades de materiais e serviços obtidos a
partir do conteúdo dos elementos descritos nos itens desenhos
técnicos, memorial descritivo e especificação técnica.
• Memorial de cálculo: detalhamento criterioso das etapas e
fórmulas utilizadas para encontrar os valores do projeto.
• Cronograma físico-financeiro: representação gráfica do
desenvolvimento dos serviços a serem executados ao longo do
tempo de duração da obra demonstrando, em cada período, o
percentual físico a ser executado e o respectivo valor financeiro
despendido.

5.3 Relação projeto x obra.

O projeto e todos os componentes desenvolvidos desde a fase de


planejamento até o projeto executivo completo, nos mostra a total
interação com a execução da obra, gerando um ciclo de informações
que devem ser constantemente avaliadas e retroalimentadas para o
sucesso do empreendimento.
5.4 Compatibilização de projeto.
• É um modo de racionalização que visa reduzir os conflitos existentes
entre os projetos, de modo que os mesmos se integrem, resultando
em um projeto final de qualidade superior eliminando erros que
podem gerar aumento no preço final da obra.
• A compatibilização de projetos é uma forma de analisar todas as
etapas que formam uma edificação e com isso prevenir possível
interferências. A compatibilização, além de possibilitar
interferências, reduz os gastos nas obras em até 8%.
• Na construção civil, a compatibilização de projetos é importante para
verificação do que foi planejado, a fim de evitar interferências entre
os projetos elétrico, estrutural e hidrossanitário, por exemplo.
• É importante lembrar que a análise de interferências deve ser
realizada antes da execução da obra, visto que, um bom projeto
precisa estar revisado para evitar contrariedades que encareçam o
trabalho, atrasam o cronograma de obras, desperdiçam o tempo e
aumentam o orçamento planejado.
• a compatibilização evita que um erro seja descoberto apenas no
momento da construção, o que significa um gasto para corrigir.
• É importante também ressaltar a importância do trabalho em equipe
dos profissionais, assim há redução até mesmo na quantidade de erros
de projetos, já que o diálogo otimiza a elaboração com mais atenção.
Isso potencializa o tempo de projeto e qualidade.

5.4.1 Principais erros encontrados em projetos:


• Projeto arquitetônico:

- Apresentam erros de cotas;

- Falta de detalhamento em relação às cotas de nível do


pavimento térreo;

- Cortes e detalhes insuficientes;

- Anotações insuficientes.
• Projeto estrutural:

- Falta de especificação do tipo de laje;

- Elevada taxa de aço de maneira a não respeitar a determinação


de norma sobre espaçamentos;

- Falta de detalhamento de armadura.

• Projeto elétrico:

- Erros de maus posicionamentos de eletrodutos;

- Locação dos pontos de luz e de tomadas não coincidindo com a


necessidade;

- Especificação incorreta do diâmetro dos eletrodutos.

• Projeto hidrossanitário:

- Erros na locação dos pontos em relação as necessidades;

- Shafts com dimensões insuficientes para as prumadas;

- Exigências excessivas de passagens em vigas estruturais.

5.4.2 Etapas básicas para alteração de projeto:


• Identificar e registrar as alterações;
• Analisar os efeitos que essa produzirá em partes no conjunto do
empreendimento e nos produtos entregues ao cliente;
• Verificar as alterações no que diz respeito as normas leis vigentes;
• Validar as alterações e
• Aprovar se for o caso.
6. O Planejamento e o controle de obras.

“Atividade essencial aos empreendimentos, a qual é desenvolvida desde antes


de seu início até sua finalização, assumindo formas e denominações diferentes
conforme o conjunto de tarefas desenvolvidas nas suas etapas.”
Ocupa-se do plano geral do Projeto em nível de macrovisão do mesmo, sem
detalhamentos que levem a se perder a visão global do Projeto.

Elabora-se, nesta fase, um plano inicial, lógico e racional, com base nos dados
relativos ao Projeto (Plano Mestre).

O Planejamento tem um caráter dinâmico, e é normalmente utilizado para


adaptar o Plano Mestre, quando de sua consolidação às necessidades ou
conveniências.

Escopo:

• Dimensões globais do projeto.

• Sistema construtivo e as necessidades envolvidas.

• Dimensionamento geral dos insumos (mat., m.d.o., equip. e ferram.).

• Prazo global estimado.

• Valor global estimado.

• Outros parâmetros específicos do projeto.

“O controle de obras é uma atividade que visa o monitoramento de todo o ciclo


de execução da obra, visando a qualidade e a garantia dos resultados
planejados, além de proporcionar maior controle e transparência da utilização
dos recursos.”

O sistema Planejamento/Controle pode ser representado de maneira resumida


pelo ciclo sequencial de quatro etapas que se repetem:

• Medições periódicas, tendo-se em vista as previsões originais.

• Comparações entre previsto e (real) medido.

• Análise das variações entre previsto e executado.

• Conclusões e tomadas de medidas corretivas, se necessário.


“Quanto mais racional e rigoroso o Sistema de Controle, maior segurança e
confiabilidade nas programações física e financeira e maior progresso nos
índices de produtividade e redução das perdas, melhorando os custos reais.”

Objetivos:

• acompanhamento diário da execução dos serviços, com foco na


produtividade e nos custos;

• Apuração de prazos e custos, comparando-os com os previstos;

• tomada de decisões em caso de haver desvios de prazos e custos;

Realimentar o sistema com os novos dados obtidos de custo, prazo e


produtividade.

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