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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS I

AULA PRÁTICA I – MÁQUINA SÍNCRONA

CAMILA ESTER C. DOS SANTOS - camilaesterceconisantos@gmail.com


CASSIANE CEREJA PEREIRA - cassianecereja@gmail.com m
FELIPE VINÍCIUS STEIN - fvstein@edu.unisinos.br
PÂMELA STEPHANIE AMARO SCHULLER – amaropamelaa@gmail.com

São Leopoldo, agosto de 2022


INTRODUÇÃO
A prática realizada teve como objetivo utilizar uma máquina síncrona
como um gerador, a partir do acoplamento de eixos com uma máquina CC.

Ao variar a tensão de armadura da máquina CC, devia-se observar o


resultado desta ação no gerador (corrente e tensão), bem como a velocidade de
rotação dos eixos, anotando as medições realizadas (aceleração e
desaceleração) e traçando as respectivas curvas.

Com base nestes dados levantados, os alunos deveriam realizar as


observações cabíveis quanto ao ensaio e às características do sistema, como
os principais pontos de perdas elétricas e mecânicas.

O motor utilizado na prática estava como a ligação estrela que tem por
definição permitir com que o motor receba o maior nível de tensão de
alimentação para o qual foi projetado.

Figura 1 – Esquema de ligação do gerador WEG utilizada no experimento


Figura 2 – Placa de informações do gerador WEG

Figura 3 – Esquema de ligação para o experimento


DESENVOLVIMENTO

Os dados relacionados abaixo foram obtidos através de medição


realizada com multímetros conectados, conforme esquema de ligação da figura
2, nos terminais da máquina síncrona. Medição em série na saída da excitatriz
para os valores de corrente e em paralelo na saída para os valores de tensão de
linha.

Optamos por registrar os dados de tensão a cada 50mA de variação da


corrente, atentando para o limite máximo da corrente nominal do motor de 0,45
A e acréscimo de no máximo 10% da tensão nominal de 220V, ou seja, limitando
a tensão medida na saída do motor até 240V.

Conforme solicitado, foram realizadas dez medições considerando o


aumento da corrente de campo em relação a tensão. Um ponto importante nesta
análise é que por motivos de limitação do recurso, não foi possível chegar ao
máximo de corrente indicado na placa de informação do gerador (0,45 A) por
limitação do gerador, que alcançou nos testes 10% a mais do limite (220 V).

Abaixo, os valores obtidos nas medições presentes na tabela 1 e na tabela


2 encontram-se os valores obtidos nas medições considerando a redução de
corrente.

Rampa de subida
𝐼 (mA) 𝑉 (V)
0 8
50 42
100 73
150 111
200 150
250 184
300 207
350 230
370 238
Tabela 1 – Comparação de valores considerando aumento de corrente
Rampa de descida
𝐼 (mA) 𝑉 (V)
0 9
370 238
350 233
300 211
250 188
200 158
150 123
100 80
50 43
Tabela 2 – Comparação de valores considerando redução de corrente

Com os valores obtidos nas tabelas 1 e 2, é possível caracterizar a curva


de magnetização ou curva de característica a vazio (CAV).

No primeiro momento é analisado apenas as rampas de subida e descida


do campo gerado a partir do aumento e decréscimo da corrente.

CURVAS PRÁTICAS
A partir dos valores registrados no experimento e tabelados acima,
utilizamos o Excel como ferramenta gráfica para obter as curvas da rampa de
subida e rampa de descida do gerador, visando analisar os parâmetros técnicos
com base nos conhecimentos teóricos adquiridos até o momento nesta
disciplina.
250

200

150
VL(V)

Rampa de Subida
100
Rampa de Descida

50

0
0 100 200 300 400

IF (mA)

Gráfico 1 – Análise de rampas subida e descida em relação a variação de corrente

A partir da geração destas rampas, é possível compará-las com a


CAV e avaliar o comportamento do campo no momento de variação. Conforme
a curva original demonstrada, obtém-se uma relação linear conforme o aumento
de corrente.

Figura 4 – Relação CAV bibliografia

A partir da curva original da CAV, podemos comparar se o


levantamento realizado a partir das medições apresenta o comportamento
esperado na prática.
Gráfico 2 – Levantamento CAV a partir das medições realizadas

A partir do levantamento realizado no Gráfico 2, é possível


observar que com as variações de corrente obtém-se uma relação linear,
conforme o esperado comparando com a curva original. Esse levantamento
demonstra na prática que conforme há variação de corrente de fluxo (If), a tensão
interna gerada na armadura (Ea) é diretamente proporcional.

O pico no topo do gráfico é referente a saturação do fluxo,


relembrando que nesta prática não foi possível chegar à corrente de fluxo limite
do gerador (0,45 A), por limitação da tensão nominal (220 V), desta forma a
tensão limite foi estabelecida sendo 10% maior do que a tensão nominal
limitando a medição em 230 V.
QUESTÕES TEÓRICAS

1. Caso o levantamento dos pontos da CAV fosse realizado com uma


velocidade maior que 1800 rpm, seriam verificados valores maiores ou
menores que os encontrados na prática? Encontre nas referências
bibliográficas da disciplina uma justificativa para sua resposta.

Conforme Chapman (2013), a tensão gerada por um gerador síncrono


“depende do fluxo Φ da máquina, a frequência ou velocidade de rotação e
construção da máquina.” Esta relação que o autor aborda, é representada pela
seguinte equação: 𝐸 = √2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑁 ∙ 𝜑 ∙ 𝑓

Nesta equação é possível observar que a tensão é linearmente


proporcional a frequência de rotação. Portanto, se a velocidade de rotação fosse
aumentada para um valor superior a 1800 rpm, a tensão no gerador também
seria maior do que 150V (no caso, tivemos que colocar em aproximadamente
156V para que a frequência de rotação alcançasse 1800 rpm).

2. A partir do comportamento da curva levantada no experimento prático,


explique o porquê da presença ou da ausência da deformação da curva de
magnetização ocasionada pela saturação.

É possível verificar nas curvas levantadas que não há deformação de


magnetização ocasionada pela saturação. Isso se deve ao fato de que foram
respeitados os limites de operação das máquinas quanto às suas características
elétricas (0,45A/220V) dentro de uma margem de 10% (o limite de tensão usado
foi até 240V). Possivelmente, ao exceder estes limites informados pelo
fabricante, verificar-se-ia a deformação da curva de magnetização à medida que
a capacidade de condução dos materiais alcançasse o seu ponto de saturação.
3. Diante da sua visualização da prática aponte os principais pontos de
perdas elétricas e mecânicas do conjunto MS-MCC e formas de minimizar
tais perdas.

Perdas por atrito e ventilação – tais perdas podem ser minimizadas se


forem considerados ventiladores com maior eficiência, mancais e rolamentos
com menor taxa de atrito durante funcionamento do gerador.

Perdas por histerese e por corrente parasita – sabe-se que tais perdas
são em decorrência da existência indesejada de calor (efeito Joule), um efeito
de minimizar essa perda é por meio de vernizes isolantes entre as lâminas do
pacote magnético, este feito é bastante utilizado por fabricantes de
equipamentos eletromagnéticos.

4. Cite um exemplo prático de aplicação da CAV de uma máquina síncrona.

Um exemplo prático da operação a vazio de uma máquina síncrona é na


compensação de reativos na rede elétrica e/ou em instalações industriais. Neste
caso, a máquina síncrona opera sem carga acoplada ao seu eixo, no entanto, é
responsável por dissipar a potência reativa existente no circuito ou entregar a
potência reativa necessária, atuando de forma direta no fator de potência da
instalação em que está inserido e mantendo níveis adequados de tensão.

A utilização da CAV em uma máquina síncrona pode ser utilizada para a


determinação e comparação de polos da máquina. Considerando que na
bibliografia é dito que em uma aplicação CAV obtém-se maior velocidade de
polos lisos, quando comparados a polos salientes.

Outro fator influenciador é que a relutância de polos lisos é maior do que


a em polos salientes. Além de considerarmos a questão da saturação, que em
polos salientes tem-se uma manifestação gradual mais rápida do que quando
comparada com polos lisos.
ANÁLISE DOS RESULTADOS

No ensaio realizado, foi possível verificar que, à medida que a velocidade


de rotação era aumentada – através do aumento de tensão na máquina CC -, a
corrente de campo e a tensão nos terminais do gerador ligado à vazio também
eram linearmente aumentados. Observamos que a tensão de 150V na
alimentação da máquina CC não foram suficientes para produzir uma rotação de
1800 rpm no acoplamento dos eixos das máquinas. Para chegar a tal
velocidades, a tensão foi aumentada para aproximadamente 156V.

No levantamento de medidas realizadas (corrente de campo e tensão na


máquina síncrona) também foi possível observar que se chegou ao limite de
tensão estabelecido pelo fabricante (220V) antes de atingir o limite de corrente
(0,45A). Possivelmente isto se deve ao fato de a máquina estar operando sem
carga. Além do mais, ao comparar as curvas de subida e descida, foi possível
verificar que a rampa de descida apresenta níveis de tensão superiores em
relação à curva de subida nos mesmos pontos (níveis de corrente), devido ao
fluxo magnético residual, que apresenta valores de tensão diferentes de zero
mesmo quando a corrente de campo é zero, ademais desta pequena variação
com relação a rampa de descida o levantamento da Curva de Característica a
Vazio (CAV) se manteve linear considerando as variações de corrente, portanto
obteve-se o comportamento esperado.
CONCLUSÃO

Através do experimento realizado e com base nos conhecimentos teóricos


aos quais tivemos acesso até este momento, tornou-se viável aferir os
parâmetros limitadores onde o gerador síncrono pode operar, considerando seu
acionamento a vazio e submetendo aos dados técnicos de sua placa.

Observando as curvas das rampas de subida e descida dos valores de


tensão de linha do gerador de acordo com a variação da corrente de campo da
máquina síncrona foi possível observar a existência do fluxo magnético residual,
uma vez que, mesmo com valor de corrente de campo igual a zero, obteve-se
valor de tensão maior que zero na saída do gerador.

Mesmo com as perdas elétricas e mecânicas envolvidas no processo,


constatou-se também que inicialmente a tensão cresceu de forma linear com o
aumento da corrente de campo, no entanto, nos últimos registros a variação da
tensão apresentou certa estabilidade e exibiu pouca variação em seu valor
registrado quando comparado com o aumento da corrente de campo. Neste
momento, alcançamos então a condição da saturação magnética, propriedade
esta que indica o valor máximo de densidade de fluxo e intensidade magnética
de acordo com a permeabilidade magnética relativa de determinado material
ferromagnético.
REFERÊNCIAS

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2013. 700p.

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