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10/05/2021 Educação e liberdade A liberdade de cátedra. A liberdade de ensinar e de aprender - Página 2/8 - Jus.com.

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Educação e liberdade
A liberdade de cátedra. A liberdade de ensinar e de
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Educação e liberdade. A liberdade de cátedra. A liberdade de ensinar
e de aprender
Vinícius Scherch (https://jus.com.br/1283441-vinicius-scherch/publicacoes)| Vanderlei de Freitas Nascimento Junior

(https://jus.com.br/1707257-vanderlei-de-freitas-nascimento-junior/publicacoes)| Vinício Carrilho Martinez (https://vinicio-carrilho-

martinez.jus.com.br/publicacoes)

Publicado em 01/2019. Elaborado em 10/2018.

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DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO


Estado Democrático de Direito Social
Como prevê Canotilho (s/d), ainda deveremos continuar a ouvir das características do Estado Constitucional Democrático de Direito,
como premissas para entendermos o andamento do Estado atual em boa parte do mundo. Canotilho (s/d) se ampara nos elementos
de sua formação: a) domesticação do domínio e do poder político; b) ampliação da base dos direitos políticos. Além de duas razões
subsequentes:

No entanto, ele continua a ser um modelo operacional se pretendermos salientar duas dimensões do
Estado como comunidade juridicamente organizada: (1) o Estado é um esquema aceitável de
racionalização institucional das sociedades modernas; (2) o Estado constitucional é uma
tecnologia política de equilíbrio político-social através da qual se combateram dois “arbítrios” ligados
a modelos anteriores, a saber: a autocracia absolutista do poder e os privilégios orgânico-corporativo
medievais
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Porém, mesmo diante dessas observações, podemos dizer que no Brasil, mesmo no meio acadêmico e jurídico, o tema não recebeu
tratamento adequado, que ultrapassasse os limites dos manuais: ninguém o estudou de fato. Entre o povo, nunca passou de
palavrão – e este é apenas um traço da gravidade de nosso ensino. Enfim, o Estado Democrático de Direito não faz parte da cultura

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jurídica, não se enraizou com força de transformação, de mudança social.

A democracia e o Estado de Direito construídos no Ocidente, desde ao menos o Iluminismo, somente se reconhecem
mediante dos Princípios Gerais do Direito e que podem ser sintetizados em: honeste vivere (viver honestamente), alterum non
laedere (não prejudicar ao próximo), suum cuique tribuere (dar a cada um o que lhe pertence).
[7]
Os Princípios Gerais do Direito devem ser frisados porque, na República, o objetivo deve ser a Justiça : neminem laedere (“não
prejudicar ninguém”). Na República, a norma jurídica deve objetivar e promover o bem público, visto que o ordenamento jurídico
resulta do Estado, mas igualmente expressa o aparelho estatal.

Para o entendimento clássico de República, em primeiro lugar, não se seguem os mandamentos do governo dos homens, o poder
tende à personificação, à idolatria: no lugar do governante há um símbolo, constrói-se um ídolo e emblemas que devem ser
cultuados, um ícone que não poderá ser julgado. No governo dos homens, o poder tende à concentração e à obscuridade, porque o
poder seguiria a tendência de fortalecer o governo baseado em interesses pessoais, egoístas. Requer-se o governo das leis.

O ideal republicano, portanto, resgata o elemento instituidor da República romana e que, derivado do latim, significa zelar pela coisa
pública (res publica).

Em sentido complementar, por Federação se entende o predomínio dos direitos público-subjetivos; publicidade; responsabilidade;
legitimidade; salus publica - saneamento da estrutura do Estado (contas públicas) implica em melhoria da saúde pública do Estado e
do povo.

A combinação de ambas resulta na:

[8]
República Federativa é uma aliança política, institucional cultural e administrativa de caráter
permanente ou união indissolúvel entre Estados-Membros interdependentes (respeitando-se a
repartição de competências ou divisão de funções, assegura-se a autonomia política, mas não
a soberania, pois não se reconhece o direito de secessão), sendo capaz de gerar um governo
comum e que resulte da defesa e da preservação das coisas comuns a todos (portanto, voltado
à República) e, assim, também definida como esfera de poder (a União é ente federativo junto
com Estados, Distrito Federal e Municípios) em que o próprio poder político é compartilhado
(pela União e pelas demais entidades federadas) e, por isso, são asseguradas algumas fontes
de rendimento próprio para cada esfera de competência, assegurando-se os princípios da
cidadania democrática (sendo a cidadania sempre definida em relação ao Estado Federal,
como direito de nacionalidade, e não em razão da localidade apontada como de nascimento,
residência ou domicílio).

Na Constituição brasileira, é sabido que a Federação é definida como cláusula pétrea (defendendo a forma de Estado contra
reformas
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Por seu turno, essas
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foram assim resumidas por Pinho (2002):
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1ª) a união faz nascer um novo Estado; 2ª) a base jurídica da Federação é uma Constituição e não
um tratado; 3ª) não existe o direito de secessão; 4ª) só o Estado Federal tem soberania, pois as
unidades federadas preservam apenas uma parcela de autonomia política; 5ª) repartição de
competências entre a União e as unidades federadas fixada pela própria Constituição; 6ª) renda
própria para cada esfera de competência; 7ª) poder político compartilhado pela União e pelas
unidades federadas; 8ª) o indivíduo é cidadão do Estado Federal e não da unidade em que nasceu
ou reside (PINHO, 2002, p. 02).

Por sua vez, a aproximação entre Democracia e República instaura a vigência do Princípio da Igualdade:

O princípio da igualdade interdita tratamento desuniforme às pessoas. Sem embargo, consoante se


observou, o próprio da lei, sua função precípua, reside exata e precisamente em dispensar
tratamentos desiguais. Isto é, as normas legais nada mais fazem que discriminar situações, à moda
que as pessoas compreendidas em umas ou em outras vêm a ser colhidas por regimes diferentes.
Donde, a algumas são deferidos determinados direitos e obrigações que não assistem a outras, por
abrigadas em diversa categoria, regulada por diferente plexo de obrigações e direitos (MELLO, 2005,
p. 12-13).

Outro fator meramente formal, mas preponderante no Estado de Direito Republicano, é a limitação dada pelo Princípio da
Legalidade:

[...] encontrar-se, em quaisquer de suas feições, totalmente assujeitado aos parâmetros da


legalidade. Inicialmente, submisso aos termos constitucionais, em seguida, aos próprios termos
propostos pelas leis, e, por último, adstrito à consonância com os atos normativos inferiores, de
qualquer espécie, expedidos pelo Poder Público. Deste esquema, obviamente, não poderá fugir
agente estatal algum, esteja ou não no exercício de “poder” discricionário (MELLO, 2003, p. 10-11).

“A grande novidade do Estado de Direito certamente terá sido subjugar totalmente a ação do Estado
a um quadro normativo, o qual se faz, assim, impositivo para todos – Estado e indivíduos”. (MELLO,
2003, p. 11).

A conformação da Democracia é essencial porque o povo necessita ter alguma forma de controle político, a saber, o exercício da
soberania popular como mecanismo de controle institucional da própria República. Assegura-se a urgência em respeitar as regras da
democracia e do Estado de Direito.

Por Democracia Política entenda-se a formalização e defesa das “regras do jogo”: a) predomínio da vontade da maioria; b)
defesa das minorias; c) alternância no poder; d) sufrágio universal (coincide com uma dimensão do Estado Democrático).

Acrescente-se, ainda, a necessidade da realidade interposta pela legalidade democrática ampliada: deferência e consentimento à
autoridade, e não autoritarismo ou simples culto ao poder.

Desse modo, todos esses institutos de regulação do Estado Moderno (soberania, povo, território) viriam albergados pelo Estado de
Direito clássico.

Podemos entender o Estado de Direito como o Estado propenso ao Direito: “Estado de direito é um Estado ou uma forma de
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organização político-estatal cuja atividade é determinada e limitada pelo direito. ‘Estado de não direito’ será, pelo contrário, aquele
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em que o poder político se proclama desvinculado de limites jurídicos e não reconhece aos indivíduos uma esfera de liberdade ante o
poder protegida pelo direito” (CANOTILHO, 1999, p. 11).

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Em uma frase simples, podemos definir Estado de Direito a partir da estrutura estatal em que o poder público é
definido/limitado/controlado por uma Constituição. Portanto, há uma maior judicialização do poder político. Também inicialmente,
podemos afirmar que seus principais elementos são:

1. império da lei: quer dizer que a lei deve ser imposta a todos, a começar do Estado – o Estado tem personalidade jurídica e,
por isso, é objeto do Direito que ele próprio produz;
2. separação dos poderes: significa que o Poder Executivo não pode anular o Poder Legislativo, além do que deve ser
acompanhado e julgado pelo Poder Judiciário – trata-se de assegurar a interdependência dos poderes por meio da aplicação
do sistema de freios e contrapesos;
3. prevalência dos direitos individuais fundamentais: refere-se notadamente aos direitos individuais, até os anos 20 do século
XX, porque somente nesse período é que entraram em cena os direitos sociais e coletivos.

No entendimento de Miguel Reale (2000):

Por Estado de Direito entende-se aquele que, constituído livremente com base na lei, regula por esta
todas as suas decisões. Os constituintes de 1988, que deliberaram ora como iluministas, ora como
iluminados, não se contentaram com a juridicidade formal, preferindo falar em Estado Democrático
[9]
de Direito , que se caracteriza por levar em conta também os valores concretos da igualdade
(REALE, 2000, p. 37).

A expressão Estado de Direito foi cunhada pelo jurista alemão Robert von Mohl, no século XIX, ao procurar sintetizar a relação
estreita que deve haver entre Estado e Direito ou entre política e lei. Segundo Canotilho (1999), por oposição a Estado
de(não)Direito, podemos entender o Estado de Direito como o Estado propenso ao Direito:

Estado de direito é um Estado ou uma forma de organização político-estatal cuja atividade é


determinada e limitada pelo direito. ‘Estado de não direito’ será, pelo contrário, aquele em que o
poder político se proclama desvinculado de limites jurídicos e não reconhece aos indivíduos uma
esfera de liberdade ante o poder protegida pelo direito (CANOTILHO, 1999, p. 11).

Como vimos, Robert Von Mohl, o jurista alemão que formulou o conteúdo-base da expressão Estado de Direito, tinha em mente
antes de tudo a regulação dos poderes do Estado, na esteira liberal de que a garantia dos direitos individuais seria o melhor remédio
de contenção dos ímpetos centralizadores do Estado Moderno. Ou como nos diz Jorge Miranda:

Robert Von Mohl, considerado o autor que lançou o conceito, dizia que a idéia em que se
fundamentava o Estado de Direito se resumia nisto: o desenvolvimento o mais humano possível de
todas as forças humanas em cada um dos indivíduos (Polizei, 1841, Concepto de policia y Estado de
Derecho, in Liberalismo aleman en el siglo XIX – 1815-1848, coletânea de estudos, trad., Madrid,
1987, p. 141). E acrescentava: <Ninguém pode ser sacrificado como um meio ou como uma vítima à
idéia de todo> (pág. 142); <nenhum direito deve ficar sem proteção, ainda que seja demasiado
insignificante para o Estado> (pág. 143); <Estado de Direito exige proteção jurídica> (pág. 144)
(MIRANDA, 2000, p. 86).

Quando cita Mohl, ao dizer que “Ninguém pode ser sacrificado como um meio ou como uma vítima à idéia do todo”, Miranda (2000)
está inferindo que o Estado não se sobrepõe ao indivíduo em termos jurídicos, posto que deve prevalecer e se afirmar o princípio de
que vige a personalidade jurídica do Estado. O Estado é o responsável pela segurança do princípio da legalidade, da mesma forma
como está submetido às suas imposições.

Mas, será retomando


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(https://jus.com.br/ajuda/13/politica-de-privacidade) das cláusulas pétreas. Vejamos em sua análise OK a
que o Direito deve proteger
sociedade do arbítrio:

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[10]
Na fase atual da vida das sociedades, os dois elementos do Direito – a coação e a norma – são
insuficientes para criar o que chamaremos o Estado Jurídico. Falta-lhe ainda um elemento – a norma
bilateralmente obrigatória – em virtude do qual o próprio Estado se inclina diante das regras que
editou e às quais de fato concede, enquanto existirem, o império que por ato seu lhes atribuiu. É o
que chamaremos a ordem jurídica [...] O Estado ordena, o súdito obedece [...] A linguagem
compreendeu bem este fato, quando designou a injustiça do Estado pelo nome de arbítrio (Willkür).
O arbítrio é a injustiça do superior; distingue-se da do inferior, porque o primeiro tem a força a seu
favor, ao passo que o segundo a tem contra si [...] Noção puramente negativa, o arbítrio supõe como
antítese o direito, de que é a negação: não há arbítrio, se o povo ainda não reconheceu a força
bilateralmente obrigatória das normas jurídicas [...] Acompanha, pois, a todo princípio de direito a
segurança de que o Estado se obriga a si mesmo a cumpri-lo, a qual é uma garantia para os
submetidos ao Direito [...] Não só se trata de conter a onipotência do Estado mediante a fixação de
normas para a exteriorização de sua vontade, senão que trata de refrear-lhe mui especialmente,
mediante o reconhecimento de direitos individuais garantidos. Esta garantia consiste em outorgar
aos direitos protegidos o caráter de imutáveis (MENEZES, 1998, p. 70-71).

Da mesma forma define Canotilho (1999), pois o Estado de Direito é um conceito altamente elaborado e dessa forma também não
pode ser confundido com derivações, distorções ou deformações decorrentes do seu próprio emprego ou uso. Portanto, sendo-lhe
essencial, seguindo Canotilho (1999), a divisão do poder lhe é inerente porque inibe naturalmente o arbítrio:

A separação de poderes, a garantia de direitos e liberdades, o pluralismo político e social, o direito


[11]
de recurso contra abusos dos funcionários , a subordinação da administração à lei constitucional, a
fiscalização da constitucionalidade das leis [...] a publicidade crítica, a discussão e dissensos
parlamentares e políticos, a autonomia da sociedade civil (CANOTILHO, 1999, p. 16).

O que Canotilho (1999) parece acentuar aqui seriam os atributos do Estado Democrático de Direito. Em suma, como proposto por
Miguel Reale (2000), atualmente, o Estado de Direito deve ser regulado pela Democracia: daí a fórmula do Estado Democrático de
Direito. Porém, ainda restritos ao momento da criação, para vermos o âmago do Estado de Direito devemos atentar ao brocardo
jurídico formulado no contexto do Estado Moderno: suportas a lei que criastes. É o que já dizia Radbruch na década de 1930:

Se a lei pressupõe o Estado como legislador, temos que observá-lo, antes de tudo, como fonte de
praticamente todo o direito. O Estado, porém, não é apenas fonte do direito, é simultaneamente
produto do direito: deriva sua Constituição, e com isso sua existência jurídica, do direito público.
Sendo essa Constituição do Estado ela própria uma lei do Estado, encontramo-nos diante da
contradição aparentemente insolúvel de que o Estado tem como pressuposto o direito público e, por
outro lado, o direito público tem o Estado como pressuposto (RADBRUCH, 1999, p. 37).

Assim, a República é uma barreira moral, a Federação é a defesa contra a prepotência, o Estado de Direito é arcabouço jurídico
regulador do próprio Poder do Estado (Princípio da Bilateralidade da Norma Jurídica) e a Democracia é um conjunto de promessas
que o Povo deve ansiar, bem como exigir sua concretização.

No entendimento de Estado Democrático de Direito Social, o que procuramos analisar aqui é realmente o perfil técnico-constitucional
do Estado proposto pela Constituição socialista portuguesa, tendo-se em conta a consecução do socialismo que se requer para o
presente-futuro e não aquele restrito às indicações do passado, sobretudo o do modelo soviético (este um tema a ser desenvolvido
em trabalho posterior e distinto). Sob este prisma, o que o constituinte português objetivava era, enfim, construir as bases jurídicas de
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um socialismo democrático apoiado nas conquistas históricas e populares experimentadas lá mesmo em Portugal, bem como
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outros países europeus. São dados que se reforçam, novamente, com Jorge Miranda (2000), ao destacar que o caminho do
socialismo se faria em conexão com:

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a) O desenvolvimento pacífico do processo político-social previsto, dito, umas vezes, “processo


revolucionário” [...] outras vezes “transição pacífica e pluralista”;
b) O gradualismo, que reflete a necessidade de tomar em conta as condições objetivas, internas e
externas, de Portugal, adequando as formas de concretização dos objetivos constitucionais às
“características do presente período histórico” [...];
c) O caráter não autoritário e nem sequer determinante (ou exclusivamente determinante) da
intervenção do Estado no processo de transição – o Estado “abre caminho”, “assegura a transição”,
e não propriamente o socialismo: “cria condições”, não impõe soluções prefixadas;
d) O apelo à participação dos sujeitos econômicos, especialmente dos trabalhadores;
e) A atribuição à Assembleia da República das principais decisões sobre matérias econômicas,
através da lei [...] (MIRANDA, 2000, p. 360).

Note-se que, realmente, não há nenhum dispositivo tão expressivo na Constituição Brasileira quanto a qualquer aspiração socialista
mais concreta, palpável. A não ser quando o constituinte procurou regular a justiça social, nenhum outro dispositivo seria limitativo do
alcance do capital, e mesmo assim não se trata de limitação expressa, direta e clara – figurando muito mais como objetivo, meta, do
que como princípio (conforme arts. 3º, I, 5º, XXIII e 170, caput, III, 182, 184, 186 e 193 da CF). Mas, em que base jurídica assentou-
se o modelo no Brasil? Sobre qual estrutura formal estão fixadas as chamadas garantias institucionais do Estado Democrático de
Direito? Nessa linha, buscando-se esse sentido mais técnico, passemos aos princípios constitucionais do modelo no Brasil, isto é,
vejamos esta aliança entre direito e política na própria Constituição Federal. De acordo com José Afonso da Silva (1991), os
princípios constitucionais em que se assenta o Estado Democrático de Direito, no Brasil, podem ser assim resumidos:

a) princípio da constitucionalidade, que exprime, em primeiro lugar, que o Estado Democrático de


[12]
Direito se funda na legitimidade de uma Constituição rígida , emanada da vontade popular, que,
dotada de supremacia, vincule todos os poderes e os atos deles provenientes, como a garantia de
atuação livre de regras da jurisdição constitucional; b) princípio democrático que, nos termos da
Constituição, há de constituir uma democracia representativa e participativa, pluralista, e que seja a
garantia geral da vigência e eficácia dos direitos fundamentais (art. 1º); c) sistema de direitos
fundamentais que compreende os individuais, coletivos, sociais e culturais (títs. II, VII e VIII); d)
princípio da justiça social referido no art. 170, caput, e no art. 193, como princípio da ordem
[13]
econômica e da ordem social (...); e) princípio da igualdade (art 5º, caput, e I); f) princípio da
divisão de poderes (art. 2º) e da independência do juiz (art. 95); g) princípio da legalidade (art. 5º, II);
h) princípio da segurança jurídica (art. 5º, XXXVI a LXXIII) (SILVA, 1991, p. 108).

Teremos a oportunidade de analisar daqui para frente, especialmente nas duas últimas partes, o fato de que o modelo nunca
enfrentou uma crise conceitual, teórica, nem no Brasil, nem em Portugal. Trata-se, isto sim, de uma profunda crise econômica, social
e política que assola principalmente os países pobres ou em desenvolvimento.

Na Constituição Federal de 1946, também se notava um excesso de zelo em relação aos regimes de exceção (fato compreensível se
lembrarmos do nazifascismo), com a defesa clara dos direitos e dos princípios democráticos – tanto no art. 89, III, que punia
diretamente o presidente, quanto no artigo 141, §13: “É vedada a organização, o registro ou o funcionamento de qualquer Partido
Político ou associação, cujo programa ou ação contrarie o regime democrático, baseado na pluralidade dos Partidos e na garantia
dos direitos fundamentais do homem” (grifos nossos). Note-se, mais uma vez, a clara preocupação com os direitos humanos (na
grafia dos direitos humanos fundamentais).

Retomamos parte desse quadro histórico e conceitual do Estado Democrático, no Brasil e Política
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em Portugal, porque esta será a base do
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[14]
posterior Estado Democrático de Direito. Em
(https://jus.com.br/ajuda/13/politica-de-privacidade) Portugal, com a Revolução dos Cravos , a primeira grande OK
frente de luta popular
contra a ditadura foi o movimento operário. A classe operária intervinha como vanguarda em toda a luta antifascista, em todo o
[15]
processo popular em prol dos direitos e das garantias democráticas . Note-se, enfim, que aqui popular é sinônimo de operário (ou
de trabalhador, como se requer atualmente).

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Ou seja, é de fundamental importância reter essa imagem da gradativa constitucionalização dos direitos fundamentais, das garantias
democráticas e das liberdades públicas, pois este é o fermento ou estopim do quadro institucional e jurídico do Estado Democrático
de Direito. Para Paulo Napoleão Nogueira da Silva (2002), trata-se de controlar o arbítrio governamental ou abuso de poder:

O “Estado Democrático de Direito” ao qual alude a Constituição Federal brasileira, assim, é algo
mais do que o simples “Estado Democrático”; destina-se a limitar o poder político, tornar em
qualquer hipótese garantido o exercício dos direitos substanciais que consagra a todos os membros
da sociedade, a tornar impossível o arbítrio governamental, e a tornar – tanto quanto possível,
antecipadamente – previsíveis quaisquer conseqüências do exercício do seu poder pelos cidadãos,
assim como as conseqüências dos atos do Poder Público genericamente considerado (SILVA, 2002,
p.28).

[16]
No plano político-constitucional brasileiro, para além dessa importantíssima questão do controle do poder institucional , temos que
analisar a materialidade da justiça. Mais especificamente, temos a análise consagrada de José Afonso da Silva (1991), para quem
trata-se agora de um Estado Material de Direito. Tecnicamente, teríamos um menos dogmático e mais justo ou o perfil de um Estado
que coloca a dogmática a serviço da justiça social. Citando e interpretando Verdú (2007), José Afonso da Silva (1991) ressalta que:

Mas o Estado de Direito, que já não poderia justificar-se como liberal, necessitou, para enfrentar a
maré social, despojar-se de sua neutralidade, integrar, em seu seio, a sociedade, sem renunciar ao
primado do Direito. O Estado de Direito, na atualidade, deixou de ser formal, neutro e individualista,
para transformar-se em Estado material de Direito, enquanto adota uma dogmática e pretende
realizar a justiça social (SILVA, 1991, p.102).

Então, a partir da constatação de que as máximas e os dogmas do liberalismo eram insuficientes para regular a crescente diacronia
social, surge o Estado Social primeiro na forma do Estado do Bem-Estar Social. Aliás, essa dinâmica social deverá expandir as
[17]
cortinas do Estado de Direito Liberal :

Mas ainda é insuficiente a concepção do Estado Social de Direito, ainda que, como Estado Material
de Direito, revele um tipo de Estado que tende a criar uma situação de bem-estar geral que garanta
o desenvolvimento da pessoa humana. Sua ambigüidade, porém, é manifesta. Primeiro, porque a
palavra social está sujeita a várias interpretações. Todas as ideologias, com sua própria visão do
social e do Direito, podem acolher uma concepção do Estado social de Direito, menos a ideologia
marxista que não confunde o social com o socialista [...] Em segundo lugar, o importante não é o
social qualificando o Estado, em lugar de qualificar o Direito. [...] a expressão Estado Social de
Direito manifesta-se carregada de suspeição, ainda que se torne mais precisa quando se lhe adjunta
a palavra democrático como fizeram as Constituições da República Federal da Alemanha e da
República Espanhola para chamá-lo Estado Social e Democrático de Direito. Mas aí, mantendo o
qualificativo social ligado a Estado, engastasse aquela tendência neocapitalista e a petrificação do
Welfare State, [...], delimitadora de qualquer passo à frente no sentido socialista (SILVA, 1991,
p.102/103).

O que nos conduz à análise ou diagnóstico clássico de que apenas o social não qualifica legitimamente o direito quanto aos aspectos
democráticos e humanitários. Aliás, um traço que ressaltaremos, logo adiante, ao apontar alguns documentos que regularizaram a
condição do detento e do preso, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Isto se deve ao fato de que tanto os Estados totalitários
[18] [19]
quanto a democracia liberal podem priorizar o social . Daí a importância de se reler o Estado de Direito à base da democracia e
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Talvez, para caracterizar um Estado não socialista preocupado, no entanto, com a realização dos
direitos fundamentais de caráter social, fosse melhor manter a expressão Estado de Direito que já
tem uma conotação democratizante, mas, para retirar dele o sentido liberal burguês individualista,
qualificar a palavra Direito com o social, com o que se definiria uma concepção jurídica mais
progressista e aberta, e então, em lugar de Estado social de Direito, diríamos Estado de Direito
Social (SILVA, 1991, p. 103).

Este é o quadro que só irá se definir mais claramente quando o Estado assume, portanto, o seu verdadeiro retrato democrático:

É precisamente no Estado Democrático de Direito que se ressalta a relevância da lei, pois ele não
pode ficar limitado a um conceito de lei, como o que imperou no Estado de Direito Clássico. Pois ele
tem que estar em condições de realizar, mediante lei, intervenções que impliquem diretamente uma
alteração na situação da comunidade. Significa dizer: a lei não deve ficar numa esfera puramente
normativa, não pode ser apenas lei de arbitragem, pois precisa influir na realidade social. E se a
Constituição se abre para as transformações políticas, econômicas e sociais que a sociedade
brasileira requer, a lei se elevará de importância, na medida em que, sendo fundamental expressão
do direito positivo, caracteriza-se como desdobramento necessário do conteúdo da Constituição e aí
exerce função transformadora da sociedade, impondo mudanças sociais democráticas (SILVA, 1991,
p. 107 – grifos nossos).

De forma decorrente, esse período de formação do Estado Democrático também coincide com várias resoluções e declarações da
ONU em defesa dos prisioneiros e detidos (quer sejam políticos ou militares, quer sejam presos comuns), como, por exemplo, as
“Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos (31 de julho de 1957)”. Além de muitos outros documentos que foram sendo
firmados até o final dos anos 1970, como: “Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas cruéis, desumanos ou
degradantes”; “Princípios básicos relativos ao tratamento de reclusos; Princípios de Ética Médica aplicáveis à função do pessoal de
saúde, especialmente aos médicos, na proteção de prisioneiros ou detidos contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas cruéis,
desumanos ou degradantes”; “Conjunto de Princípios para a Proteção de todas as Pessoas Sujeitas a qualquer forma de Detenção
ou Prisão”; “Declaração sobre a proteção de todas as pessoas contra a tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
[20]
degradantes”; “Declaração sobre os princípios básicos de Justiça para as vítimas de criminalidade e de abuso de poder” . Este,
digamos, é o referencial mínimo do que se convencionou chamar de direito humanitário – além das seguidas retificações e
ratificações da própria Convenção de Genebra.

A seguir, também ficará claro, mas é bom antecipar que, em nossa perspectiva, esse modelo vigente a partir de meados dos anos 70
vai se transformar e sofrerá (tecnicamente) novos empuxos públicos. No Brasil, os incrementos trazidos pela própria legislação
anunciam a agudização de aspectos significativos do Estado Democrático de Direito Social, como por exemplo: a legislação de
proteção ambiental (desde a ECO-92, no Rio de Janeiro); a Lei de Responsabilidade Fiscal (04/05/2000); o Estatuto da Criança e do
Adolescente; o Código de Defesa do Consumidor; o Estatuto do Desarmamento; o Estatuto do Idoso; o Estatuto do Torcedor.

Além de dados concretos, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (relembrando a responsabilidade
presidencial de que já tratava a Constituição de 1946), a eleição de Lula, um ex-operário (para substituir Fernando Henrique
Cardoso: professor titular da USP e doutor honoris causa em vários países). Mas nada irá indicar melhor que se trata de um Estado
de cunho tão claramente social quanto o empenho de verbas públicas, destinadas às áreas da saúde (art. 55, ADCT, da CF) e da
educação (art. 212 da CF); aliás, agora figurando como garantias constitucionais dadas em razão dos direitos públicos anteriormente
proclamados, o que implica em mais responsabilidade do administrador público, especialmente no tocante à área social.

Os direitos humanos no caminho da carta política


Ocupam lugar de destaque, no pós-Guerra, os Direitos Humanos como uma reserva mínima de garantia da existência digna das
pessoas – como um torque ontológico na constituição do processo civilizatório. Os efeitos do direito em sua ruptura com a moral
(entendida
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totalitários e em várias nuances de fascismo. Das mais notáveis, o nazismo se ocupou da Constituição de Weimar e colocou a perder
todos os postulados de Direito Social e as garantias das pessoas que experimentaram os horrores do regime de Hitler. A resposta
jurídica viria na forma da Lei Fundamental da República Federal da Alemã (1975).

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A humanidade, não só pela comoção, como também por sentir as grandes e irreparáveis perdas, em aspectos de vida humana e de
desenvolvimento social/moral, passou a pensar em mecanismos de proteção da menor unidade de representação: o próprio
indivíduo. A partir disso são pensadas as fórmulas de amparo, independentemente de um especificado Poder Político, para ter no
Direito não mais uma fonte de violência, mas a implementação de valores constitucionais que fortalecessem o processo civilizatório.
Esta aposta já se consubstancia, por exemplo, na Constituição de Bonn (Alemanha, 1949).

Com efeito, é a partir destes postulados que são desenhados os contornos dos direitos que se insculpem na Constituição, dos quais
o direito à saúde será apresentado como um direito fundamental em seu viés social.

O presente texto visa apresentar os Direitos Humanos como uma primeira aproximação, como substrato dos direitos fundamentais
insculpidos na Carta Política de 1988, consoante o art. 5º, bem como o direito social à saúde, de modo específico. A metodologia
utilizada para a elaboração deste artigo foi a da pesquisa do tipo bibliográfica para a visitação de textos sobre o tema e o método
dedutivo para a organização do trabalho.

Direitos Humanos: primeira aproximação


De acordo com a definição clássica, os direitos humanos são declarados naturais e, portanto, universais. Esses princípios naturais e
universais constam na Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada (e não outorgada) por dezenas de países no dia 10
de dezembro de 1948, junto à Organização das Nações Unidas (ONU) – comemorando setenta anos em 2018.

São naturais e universais porque pertencem a todos os seres humanos e independem de sexo, etnia, idade, poder aquisitivo,
julgamento moral, orientação política, religião, condição física, opção sexual, afinidade ideológica. São considerados patrimônios da
humanidade e, assim, são entendidos como um tipo de salvaguarda ou pleno reconhecimento, seja por parte do governo ou de
qualquer outra pessoa. Exigem, portanto, uma defesa intransigente. Seu alcance e abrangência são atestados quando se verifica que
temos direito aos direitos humanos antes mesmo de termos nascido, são os chamados Direitos das Gerações Futuras ou direitos
garantidos pelo Estado de Direito Democrático de Terceira Geração: Direitos de fraternidade/solidariedade.

Os direitos humanos também são considerados inalienáveis, indivisíveis, intransferíveis e inamovíveis. Em primeiro lugar, isto quer
dizer que não podemos dispor de nossos direitos (alienar: tirar de si). São indivisíveis porque não recebemos apenas uma parte
desses direitos. Tome-se o exemplo dos presos: eles não têm direito de liberdade (dada a pena de reclusão), mas estão ao alcance
do todo o significado das declarações de direitos, como: direito ao trabalho, à educação, segurança, saúde, lazer, bons tratos,
alimentação adequada.

Neste caso, procede perguntar se a liberdade não é um direito humano e se privar alguém do seu exercício não constitui grave
violação dos direitos humanos. No geral, é evidente que sim, mas note-se que a liberdade também é um direito individual e está
regulado pela legislação de cada país. Aqui, portanto, faz-se necessária outra distinção: entre os chamados direitos da cidadania ou
direitos positivos (referentes a cada Estado e regulados por legislação própria) e os direitos humanos. Ainda no exemplo dos presos,
é bom lembrar que também têm suspenso o direito ao convívio social externo (com a sociedade), mas isto não implica que devam
ser “dessocializados”, quer dizer, isolados de convívio humano até perderem traços regulares da Interação Social. Isso se deve ao
mesmo fato: a restrição à liberdade não impõe a perda da alteridade, sobretudo como obrigação pública, pois o que se espera é que
as condições de aprisionamento favoreçam a “ressocialização”, como garantia de padrão civilizatório ao ser-social.

Por que os direitos humanos são considerados intransferíveis? São considerados assim, porque, para retomar o exemplo dos
presidiários, nenhuma pessoa pode transferir um direito seu a outro. O direito de liberdade não é exceção: uma mãe não pode
transferir seu direito de ir e vir para o filho, indo ocupar seu lugar na prisão. Atende-se, aqui, ao Princípio da Individualização da Pena
[21]
(art. 5º da CF/88 ). Uma pessoa que ocupe o lugar de outra na prisão, enganando os guardas na hora da visita, por exemplo,
responderá pelos crimes de falsidade ideológica e facilitação de fuga.

Mas, apesar de haver comunicação entre vários tipos de direitos (no mesmo exemplo, políticos, individuais e universais), também
dizemos que os direitos humanos são inamovíveis. Isto é, nenhum governo pode alegar confusão entre os níveis (individual x
universal) para negar ou violar um direito humano. Essa espécie de conflito de interesses entre o que quer o Estado – chamado de
monopólio legítimo do uso da força e do poder – e o que é direito da pessoa humana é falsa. Para tomar um exemplo radical, o
governo brasileiro não poderia alegar superlotação carcerária para aplicar a pena de morte (contrariando o artigo 1º, que é o direito à
vida), ou alegar falência e deixar de alimentar os presos.

Isso explica porque não há pena de morte no Brasil, apesar de muita gente querer. Porque todos os demais direitos humanos
decorrem do direito à vida. Mas isso só explica em parte. Pois, pode-se alegar que a pena de antecipação da morte existe nos EUA,
China Arábia Saudita e por que no Brasil não?
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direitos humanos (artigo 4º) e especificamente a garantia da inviolabilidade do direito à vida, no caput (início) do artigo 5º. Como
esses artigos não podem ser alterados – porque são cláusulas pétreas ou direitos fundamentais –, fica impedida qualquer tentativa
[22]
de reformulação da Constituição através de emendas . Seria necessário um golpe constitucional, contrariando todo o direito
internacional.

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Como marco histórico e teórico desses princípios, garantias e direitos fundamentais, a Carta das Nações Unidas e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) são os documentos declaratórios de direitos mais importantes de todo o direito
internacional. Pelo fato de terem sido promulgadas por dezenas de países em 1948, tornaram-se um pacto de princípios, interesses
comuns e responsabilidades que os obriga a todos da mesma forma. Hoje, tais declarações recobrem todos os continentes e
culturas.

Depois de sua promulgação, porém, e dada a amplitude e universalidade dos princípios propagados, era necessário que certos
temas fossem melhor detalhados e legislados de forma específica. O caso mais evidente é a Declaração e Programa de Ação de
Viena (1993), que fixa as noções gerais e abrange questões específicas como educação em direitos humanos e outra que talvez seja
a mais ampla: a questão do gênero.

A Declaração de Viena, por sua vez, orienta para que todos os seus signatários responsabilizem-se pela promoção e
desenvolvimento de planos e programas de direitos humanos. O Brasil tem seu próprio Programa Nacional de Direitos Humanos e
atualmente muitos estados já possuem programas estaduais, a exemplo de São Paulo e de alguns municípios, como Marília e Lins. A
cidade de São Paulo possui um plano e não um programa, o que de certa forma desobriga o compromisso tácito dos poderes
municipais institucionalizados. Mas, no geral, todos esses programas estipulam metas e orientações a serem seguidas pelo Poder
Público, como a transversalidade do ensino e da prática dos direitos humanos no 2º grau. Também os cursos de ensino superior de
Direito têm matéria obrigatória.

No contexto efetivo, além das intenções, o Brasil deu um passo adiante quando assumiu compromisso (efetivado em parte) de
elaborar tipificações próprias para crimes relacionados às graves violações de direitos humanos. Um exemplo bastante conhecido é a
legislação sobre os crimes hediondos, inafiançáveis e, entre eles, a punição severa para o crime de tortura – não mais entendido
como simples lesão corporal. Porém, o mais importante é que exemplos como esse desmoronaram o argumento de que a
Declaração Universal não tinha poder de lei. Os opositores alegavam que a ONU não poderia obrigar qualquer país a cumprir aquilo
que tinham assinado. De fato, não poderia, mas ocorre que muitos países, como o Brasil, internalizaram os princípios gerais no seu
direito penal (e que alcança a todos).

Estado Democrático de Direito Social: uma crise anunciada


O Estado Democrático de Direito é uma elaboração jurídica, teórica e passível de realização unicamente política e econômica, mas
que não se realizou dessa forma (desde 1976), porque os anos 70-80 impuseram um modelo econômico recessivo, globalizado e de
total submissão do Estado-Nação ao capital internacional, à “financeirização” especulativa.

O melhor, então, seria falarmos de um Virtual Estado Democrático de Direito – virtual como virtude e como virtualidade, o que
recobre de possibilidades reais a transformação de uma semente, uma promessa, em ser adulto, em fase de afirmação e de
autonomia –, porque o modelo reúne as melhores formulações institucionais republicanas, democráticas e federativas, mas também
é virtual (agora limitadamente) porque nunca se tornou um fato concreto, não sendo um dado atual da política nacional e
internacional. Então, se é assim, de que problema nós estamos tratando?

O Estado Democrático de Direito Social


Apenas relembremos que o foco se dirige às políticas públicas, o rescaldo negativo do neoliberalismo – sucumbiu à luta de classes,
de grupos, interesses, valores, práticas opostas, descontínuas – como organização social que se apresenta no atual estágio do
capital financeiro. Portanto, não se trata de uma falha, quebra ou trauma na estrutura do conceito, não se trata de inconsistência
estrutural, teórica, conceitual, orgânica. O Estado Democrático de Direito perdeu sim um nexo histórico, haja vista que o próprio
acena para a construção/edificação do socialismo.

A derrota, anunciada já nos anos 90, com o crescente processo de internacionalização dos capitais e sua fase avançada como se
tem na “financeirização”, portanto, foi política e econômica e não exatamente porque houve uma superação teórica, jurídica. Aliás,
basta-nos lembrar que, depois dessa fase da globalização e do neoliberalismo, não se fez, não se produziu nenhuma outra meta-
teoria político-constitucional que o suplantasse – somente se expandiu seu legado, como se vê com as tentativas de um Estado
Pluriétnico e de um Estado de Direito Democrático de Terceira Geração: agora, em conflito aberto com a degradação avolumada da
natureza e com o recrudescimento do fascismo.

Não se trata de um conceito estéril, que não leva a lugar algum ou que nos faz girar em círculos, como se o próprio conceito
estivesse preso a regras e fórmulas que o impossibilitassem de servir a uma análise mais profunda e profícua. Não é ideologia ou só
tautologia, não nasceu datado – com prazo de validade. O modelo não nasceu circunscrito à realidade estritamente europeia, pois é
um desdobramento do Estado Democrático (nos anos 50): reforçando-se a positivação do princípio democrático e da dignidade
humana e, depois,
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Nesse sentido, não se deve confundir a crise do Estado-Nação – a realidade histórica que se solidificou com o Estado Moderno
(nossa concepção atual de soberania) – com os problemas de consecução do modelo perpetrado pelo Estado Democrático de
Direito. Aqui é válida a lembrança de que o modelo socialista foi interposto a uma sociedade baseada no modo de produção

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capitalista. Neste caso, não há superação conceitual, mas somente reflexo de um modelo social e político (estatal) que naufragou em
[23]
virtude da crise econômica experimentada pelo Welfare State e da crise política decorrente: a insustentável soberania e
legitimidade do falecido Estado-Nação.

No lugar das instituições tradicionais do Estado-Nação (soberania, nacionalismo), vê-se o surgimento do Estado-empresa e de suas
instituições reguladoras, como: arbitragem e privatização da prestação jurisdicional, flexibilização, extinção de direitos e garantias,
terceirização de serviços públicos essenciais, privatização e desnacionalização de empresas nacionais, reforma capitalista de
direitos: extinção das garantias do direito do trabalho. Um modelo político e econômico é óbvio, que não se impõe pela justiça
material, mas sim pelo sistema da contabilidade por partida dobrada: em que as relações sociais são baseadas unicamente pela
aritmética custo-benefício.

O Estado Democrático de Direito Social, então, é uma realidade jurídica que não se defronta com situações globais favoráveis. Por
exemplo, se esta experiência tivesse sido gerada em países mais desenvolvidos economicamente e socialmente talvez este mesmo
texto encontrasse novos argumentos a seu favor, mais concretos e reais, na linha de sua transformação social e jurídica. Apesar do
que diz nossa própria Constituição, o Estado Democrático de Direito Social sempre foi uma promessa, uma proposta, uma
expectativa, um projeto, nunca ultrapassou essa condição teleológica, propositiva – basta ver que o artigo 3º trata exatamente das
finalidades ou das intenções nunca realizadas pelo Estado brasileiro. A Carta Política, bem se sabe, é de natureza jurídica
programática – o que, para muitos, é uma pedra no caminho, diante do processo civilizatório é uma miríade, um devir-humano digno.
Assim, sempre lhe faltou uma base histórica em que pudesse se assentar e a partir da qual iniciar o fluxo da modificação da
realidade que o circunscreve e, consequentemente, de sua própria transformação estrutural (de conceito em realidade política).

Entretanto, ainda que se perceba apenas como realidade conceitual, o Estado Democrático de Direito Social só se verificaria no
confronto com o dado real, com as políticas concretas que viessem concretizá-lo ou não. Assim, é um contrassenso, uma
inconsequência analítica supor que o maior problema (ou que sua solução) é de base processual – supondo-se que o acesso à
justiça formal é sua maior garantia ou principal característica constitutiva. O devido processo legal é uma garantia do Estado de
Direito, mas não se confunde/limita com os pressupostos do Estado Democrático de Direito Social – há muito mais embaixo do
[24]
tapete do que o dogmatismo que referencia a justiça dos fóruns . Mesmo porque, não há justiça alguma com tanta miséria social. O
Estado Democrático de Direito Social rege-se por um princípio fundamental e lógico: não se faz justiça com menos direitos. O
[25]
dogma da santíssima trindade não lhe é a maior preocupação ou o maior desafio – sobretudo se opusermos essa limitação, esse
dogma jurídico, às maiores e reais necessidades de transformação política, cultural e econômica. O Pai, o Filho, o Espírito Santo –
como uno ou unidade que mantém a vida e dá conta da revelação, da verdade – equivale ao eixo, ao núcleo duro do Direito baseado
na segurança jurídica: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (CF, art. 5º, XXXVI). Neste
sentido, notaremos facilmente que, se temos em vista o debate social, o bem maior (a República), o interesse de todos, o contexto
coletivo, as necessidades nacionais, o pacto entre as partes pode e deve ser revisto e suspenso, especialmente se, frente ao capital
predatório, estiver a vida humana: do pacta sunt servanda ao rebus sic stantibus.

Aliás, outra contradição inerente aos pressupostos do Estado Democrático de Direito Social refere-se ao fato de que se trata de uma
elaboração teórica, mas que só se realizará, materializará, com a transformação substancial, radical, profunda (de certo modo,
[26]
revolucionária ) da política e da economia dos países em questão: Portugal, Espanha e Brasil. Mas, hoje, em meio à crise de
soberania, será possível que esse modelo de Estado, por sua vez embasado no Estado Constitucional clássico, teria alguma chance
de vingar no futuro próximo? Como prevê Canotilho (s/d), ainda deveremos continuar a ouvir das características do Estado
Constitucional Democrático de Direito, como premissas para entendermos o andamento do Estado atual em boa parte do mundo.
Canotilho (s/d) se ampara nos elementos de sua formação: a) domesticação do domínio e do poder político; b) ampliação da base
dos direitos políticos. Além de duas razões subsequentes:

No entanto, ele continua a ser um modelo operacional se pretendermos salientar duas dimensões do
Estado como comunidade juridicamente organizada: (1) o Estado é um esquema aceitável de
racionalização institucional das sociedades modernas; (2) o Estado constitucional é uma
tecnologia política de equilíbrio político-social através da qual se combateram dois “arbítrios” ligados
a modelos anteriores, a saber: a autocracia absolutista do poder e os privilégios orgânico-corporativo
medievais (CANOTILHO, s/d, p. 90).

Porém, mesmo diante dessas observações, podemos dizer que no Brasil, mesmo no meio acadêmico e jurídico, o tema não recebeu
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palavrão – e este é apenas um traço da gravidade de nosso ensino; entre as cortes, ou é figura de retórica (que quase nem se houve
falar) é presa dos corporativismos e do capital predatório. Enfim, o Estado Democrático de Direito Social não faz parte da cultura
jurídica, não se enraizou com força de transformação, de mudança social – notadamente se observarmos o retrocesso nos padrões
civilizatórios imposto a partir da Ditadura Inconstitucional de 2016 (MARTINEZ, 2017).

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Educação para a cidadania – construindo uma radicalidade interativa*


O tema a ser relacionado no texto, de forma ampla, é Direitos Humanos e Educação. Sobre a questão genérica da educação, direitos
humanos e cidadania há várias correntes teóricas e linhas de ação política. Pode-se pensar desde Kant (1990), dentre os clássicos
modernos, até Patrice Canivez (1991) e Norberto Bobbio (1992), dentre os contemporâneos.

Num amplo contexto histórico, a cidadania se estruturou a partir da participação direta e da consciência política (pública) acerca dos
problemas comuns e urbanos, até que acabou-se por designá-la de cidadania ativa. Hoje, porém, o conceito de cidadania ativa não
requer unicamente o voto direto, isto é, a democracia direta como se verificava na Grécia antiga (COLE, 1987).

Tendo, hoje, na consciência pública, um traço distintivo entre a cidadania ativa dos antigos e a consciência dos direitos individuais,
sociais e políticos do cidadão moderno, a fim de que haja participação e para que o ato político não se esgote em si. Para Benevides
(1991), devemos ressaltar os mecanismos políticos disponibilizados pela ordem legal brasileira, dada a contingência de sua
implicação global para o conjunto da sociedade. Trata-se da aplicação do referendo, do plebiscito e da iniciativa popular:
instrumentos políticos da democracia direta. Atualmente, a autora também destaca a iniciativa de alguns municípios que buscam
implementar o Orçamento Participativo e a Ação Civil Pública etc., mas há, todavia, um lado obscuro, na verdade, uma pregação
para a abstinência e desinteresse.

Há outra faceta desta aceitação acrítica da ideologia dos oponentes à participação do povo, mais sutil, mas ainda mais perversa.
Poderíamos, inicialmente, começar perguntando: a quem interessa a ausência do direito à cidadania e que sempre se expressa em
algum tipo de grave violação do Direito Humano? Quem sempre se beneficiou com a tese de que o direito é mera abstração, e de
que a cidadania não passa de uma abstração jurídica?

Se tomarmos exclusivamente as experiências negativas ou ofensivas aos direitos básicos, que cada um sofre a seu modo, a
conclusão rápida que se tira é que não há cidadania. Ou, na melhor das hipóteses, pensamos e externamos o pensamento de que é
uma abstração. O senso comum tem razão apenas no sentido lato senso, mas, no fundo, acaba por verbalizar uma forma ideológica
e que, vale dizer, é talvez a mais nefasta.

Toda ideologia tende a universalizar o particular. É a conhecida história, muito bem expressa pelo ditado popular, de que a exceção
justifica a regra e quando dizemos que não há cidadania, acabamos por internalizar um estado de coisas, na verdade um status
negativo, que tem como mecanismo básico incutir a ausência da cidadania. É como se acreditássemos que a cidadania é mera
abstração e que, portanto, não há o que se fazer. A acomodação à experiência do vilipêndio pessoal e social dos direitos
fundamentais é a face visível da ideologia que quer conformar a todos num estado de negação de si mesmos. Porque, dessa forma,
seus propagadores lucram com a obtenção e manutenção do poder, para se manter o poder deve ser privilégio de poucos. Privilégio,
como se sabe, decorre da lei privada.

Consciente ou inconscientemente, da direita para a esquerda, de cima para baixo, e vice-versa, casos como chacinas ou mortes
degradantes (fome, frio, fogo, etc.) são tomados para justificar a inexistência do direito à segurança e do direito à dignidade humana.
Nesse sentido, não precisamos ir muito longe para entender que se um Direito Humano for negado a alguém, significa que não foi
totalmente universalizado. Mas, de modo algum, equivale a dizer que os Direitos Humanos não são universais.

Os Direitos Humanos são universais porque são tidos por naturais. Na ótica do direito, constituem parte da pessoa humana antes
mesmo dela ter sua personalidade jurídica assegurada ou decretada pelo poder do Estado em que tenha nascido. Em suma,
costuma-se declarar para efeito de determinação jurídica e divulgação popular que pertencem a todos nós independentemente de
credo, raça, sexo, idade, poder aquisitivo, ideologia política, consciência moral, etc.

Por isso, a proposta da cidadania ativa ultrapassa a mera atividade eleitoral, diverge e está além da ironia que Marx (2011) lança, nos
18 Brumário, a respeito do processo eleitoral democrático.

Mas como realizar tal projeto?


Como esclarecer o povo da necessidade política de se valer dos instrumentos jurídicos e políticos? A resposta está na democracia e
aqui se tem, novamente, a necessidade da educação. Educar para conhecer, difundir e dispor do que está disponível na política e no
ordenamento legal. Educar para exercer, sobretudo, a análise que distingue a formação concreta do cidadão dada pela política e a
abstração e formalidade fornecida pela lei. Mas ressalte-se, é evidente que não se trata de um termo neutro e, por isso, não se limita
ao procedimento eleitoral. Sua negação, porém, em muitos casos, está além das meras afirmações ideológicas.

A democracia é um tema extremamente complexo e, por isso, difícil de ser abordado. Racionalistas, legalistas, liberais e socialistas,
entre tantos outros, dispõem, cada um a seu modo, de suas próprias definições e métodos de defesa, aplicação e observância das
normas e procedimentos
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Por exemplo: é possível alcançar a democracia fazendo uso de meios não democráticos (ditadura, etc.)? Pode-se decretar o fim da
democracia através de decisões democráticas? A democracia se restringe aos procedimentos democráticos ou há – ou sempre
houve – um princípio universal que se adequa aos momentos históricos?

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10/05/2021 Educação e liberdade A liberdade de cátedra. A liberdade de ensinar e de aprender - Página 2/8 - Jus.com.br | Jus Navigandi
O caso da Argélia, para tomar um dado concreto, é explicativo dessa reflexão. Em 1992, os muçulmanos xiitas chegaram ao poder
utilizando-se do voto livre e secreto, voto democrático, portanto, mas sabia-se que sua primeira ação seria justamente acabar com o
direito de voto das mulheres. Afinal, esse procedimento seria democrático ou não? Se partirmos do pressuposto de que uma das
regras básicas da democracia é o respeito pelos direitos e interesses das minorias (no caso do voto feminino, a expressão minoria se
refere à representação política e não à representação social), então concluiremos que a vitória muçulmana na Argélia não
configurava um ato democrático. Justamente porque vinha viciada, em seu conteúdo, de intenções claramente antidemocráticas.
Trazia uma espécie de vício redibitório político, uma deformação de origem.

Aqui vale reforçar algumas diferenças entre direitos da cidadania e Direitos Humanos, pois os primeiros aplicam-se a um sentido
político determinado, de um Estado determinado, ao passo que os Direitos Humanos correspondem à integralidade das pessoas
(além de universais, também são declarados naturais, históricos, indivisíveis, interdependentes e inalienáveis, ainda que sob
qualquer alegação ou justificativa política, social, governamental ou até aparentemente racional – como é o caso dos conflitos
beligerantes).

Assim, para tomar outro exemplo, não se pode alegar a ordem e a disciplinarização constitucional de qualquer que seja a República
Islâmica a fim de pressionar as Declarações de Direitos Universais para baixo, exigindo, em nome do relativismo cultural, o seu
simples descumprimento. Sua base é a igualdade política e educacional.

Porque a igualdade dos cidadãos implica a igualdade dos indivíduos em relação ao saber e à
formação. Surge enfim, a questão do tipo de educação do cidadão assim definido. Essa educação
não pode mais simplesmente consistir numa informação ou instrução que permita ao indivíduo,
enquanto governado, ter conhecimento de seus direitos e deveres, para a eles conformar-se com
escrúpulo e inteligência. Deve fornecer-lhe, além dessa informação, uma educação que corresponda
à sua posição de governante potencial (CANIVEZ, 1991, p.31).

Educação em Direitos Humanos


Como vimos, a prática da soberania popular e a efetivação dos direitos humanos são requisitos básicos da democracia. Se
pensarmos de maneira direta, concluiremos que a cidadania só sai fortalecida no âmbito democrático – tendo a educação como
substrato – quando a teoria e a prática da educação política popular orientam-se pelos princípios democráticos e se concretizam no
respeito e na aplicação integral dos Direitos Humanos.

A temática dos direitos humanos deve ser transversal a todo o processo educativo e não exclusividade desta ou daquela
especialidade ou ramo do conhecimento e, por isso, não há sentido em se falar de disciplinas relacionadas aos Direitos Humanos
que fossem implementadas no 1º e 2º graus. Porém, há sentido em se falar de disciplinas específicas quando a referência é o ensino
superior ou cursos centrados no tema (como os debates em eventos) porque, neste caso, trata-se de um aprofundamento do tema,
das teorias e da história, de suas consequências sociais – além de pedagógicas – etc. Daí que se fala unicamente de Educação em
Direitos Humanos e não de Educação para Direitos Humanos (como se fosse algo que se quisesse alcançar), porque a efetivação ou
a violação da realidade dos direitos humanos promove ou obstrui a todos os seres.

Em outro exemplo, tomando o lema do movimento feminista internacional, nenhum direito a menos, alguns direitos a mais,
poderíamos depositar a ênfase nos Direitos Humanos, e não somente no direito positivo como está na frase. Com o que teríamos:
Nenhum direito a menos, alguns Direitos Humanos a mais.

A maior vantagem estaria na afirmativa de que os Direitos Humanos recobrem toda a realidade da pessoa humana. Infelizmente,
ainda hoje, é necessário deixar claro que os Direitos Humanos não se aplicam a este ou a aquele grupo social de interesses,
independentemente até mesmo da inequívoca justiça que recubra suas aspirações. O lema adaptado à amplitude dos Direitos
Humanos ainda traria outra vantagem. Deve ficar claro que, defendendo a adaptação do lema, não desconsidero a história de luta e
organização que o conforma. Para o momento, bastaria lembrar o massacre das mulheres trabalhadoras têxteis, nos EUA, como
marco do Dia Internacional da Mulher. A vantagem está, justamente, na incorporação da própria história do lema e do movimento
social que o gerou. Assim, é como se dissesse que a história fala por intermédio de novos interlocutores, agora, homens e mulheres,
crianças e adultos, etc. É a revelação do princípio universal, na medida em que desperta o universal presente no local. Por aí
também se vê um bom exemplo de transversalidade dos Direitos Humanos: a luta feminina transformando-se num novo polo de
acessibilidade dos Direitos Humanos, com homens e mulheres em igualdade.
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Educação para direitos afins
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Por outro lado, têm recrudescido os argumentos que negam a universalização do tema. Baseados nas teses do relativismo cultural,
analistas dizem que os Direitos Humanos são valores ocidentais e, por isso, não se pode forçar países islâmicos a aceitarem seus
valores. Mas se já não bastasse a argumentação de que os Direitos Humanos pertencem a todos, islâmicos ou democratas, parece

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10/05/2021 Educação e liberdade A liberdade de cátedra. A liberdade de ensinar e de aprender - Página 2/8 - Jus.com.br | Jus Navigandi
necessário indicar a falácia relativista. Porque, se as Repúblicas Islâmicas não incorporam a democracia e o respeito integral aos
Direitos Humanos, por outro lado, têm incorporado como estrutura de sua sociedade uma noção realmente capitalista e ocidental –
que é a engenharia do cálculo frio e a forma adaptada da razão instrumental. Hobsbawm (1997) é claro neste sentido.

Para o senso comum do século XIX, é inconcebível que um enorme progresso material coexista com
um retrocesso moral. Mas a experiência demonstra que é possível. Também parece possível a
combinação de ideologias anti-racionais com o controle de uma tecnologia baseada em fundamentos
racionais. Em alguns países da Ásia, os movimentos fundamentalistas se apoiam em engenheiros e
em especialistas em cálculos. Parece muito estranho que alguém que acredite no Alcorão possa ser,
ao mesmo tempo, um engenheiro químico. É preciso ver como se resolve isso (HOBSBAWM, 1997,
p. 8-9).

Neste momento, antes de passarmos à frente, creio que é necessário retomar a distinção entre a ideia de direito a ter direitos
(Arendt) e direito ao direito (Hegel). Pois, a subsunção do direito à propriedade é claro no pensamento de Hegel – o que o distingue
claramente da proposta de Arendt – como indica Bobbio (1989).

O primeiro conceito jurídico com que deparamos é o de propriedade; mas isto ocorre quando a
dialética da necessidade – de que nasce o trabalho – e do trabalho – de que nasce a posse – está
em pleno desenvolvimento. O ato que transforma a posse em propriedade, isto é, o direito (neste
contexto, propriedade e direito são sinônimos, tanto é que o direito à propriedade é definido como
‘direito ao direito’), é o reconhecimento por parte dos outros: a propriedade é a posse reconhecida
(BOBBIO, 1989, p. 64).

Daí que se Marx colocou Hegel de cabeça para baixo, uma leitura invertida de Hegel – direito ao direito – pode nos conduzir até
Arendt com seu direito a ter direitos – onde a propriedade deixa de ser pré-requisito do próprio direito, ou seja, como se vê nas
garantias expressas nas principais declarações universais de direitos humanos. Porque os direitos humanos independem, sobretudo,
da condição social e econômica.

Ainda sobre aspectos convergentes, em geral, costuma-se tratar a Educação em Direitos Humanos como sinônimo da Educação
para a Democracia. Nesse sentido, pode-se dizer que, até certo ponto, ambas (Educação para a Democracia e Educação em Direitos
Humanos) tratam de questões intercomunicantes. Para tomar outro exemplo, a liberdade, como se sabe, é uma questão intrínseca à
democracia, mas também é um direito básico, previsto no artigo terceiro da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Em sentido diverso, pode-se apontar a obviedade que educar para a democracia é educar para a política. O que não é tão óbvio,
porque, no plano concreto, as relações políticas nem sempre estabelecem relações humanas pacíficas. Para a Realpolitik – entre
outros, Maquiavel, Hobbes, Marx e Weber –, a violência é o eixo da política. E, assim, se a Educação em Direitos Humanos não é
neutra, e sim política, seria possível pensarmos numa contradição. Mas ocorre que a Educação para a política não é uma via de mão
única, pois, se tomarmos a separação entre a prática política e a reflexão ética – e hoje isto está mais presente do que nunca – é fácil
constatar que de um lado está a violência e do outro a ética. E, então, se a Educação em Direitos Humanos é intencionada
politicamente, a intenção deve ser claramente ética.

E se pensarmos que a Educação para a cidadania não pode estar lastreada pela desigualdade, então também é fácil localizar o
conteúdo ético – e que, é bom ressaltar, não deixa de ser político, ainda que não receba o enfoque da violência. Por fim, além de
verificarmos que todas estas intenções ou modalidades específicas de educação são interligadas, certifica-se a noção de que o
cidadão só pode ser um sujeito social apto aos valores humanos e à ética-política. O que o habilita para noções muito além daquelas
previstas pelas relações do trabalho, uma vez que o cidadão não é sinônimo de trabalhador e nem a cidadania se conforma aos
caprichos da produtividade capitalista. Como se vê, a abordagem confirma uma tese de Norberto Bobbio (1995),

[...] a esquerda deveria se identificar cada vez mais com a defesa dos direitos de cidadania, em favor
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conquista histórica da esquerda, sustenta que uma esquerda digna deste nome tem hoje a obrigação
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de resistir à tentativa liberal de desmantelar os aparatos do Estado social (BOBBIO, 1995, p. 23).

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Vinícius Scherch (https://jus.com.br/1283441-vinicius-


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Graduado em Direito pela Faculdade Cristo Rei, Cornélio Procópio - Paraná (2010). Pós-Graduado em Direito e Processo do
Trabalho pela UNOPAR, Campus Bandeirantes - Paraná (2014). Graduado em Gestão Pública pela UNOPAR, Campus
Bandeirantes-Paraná (2015). Mestre em Ciência Jurídica pela UENP -Jacarezinho. Advogado na Prefeitura Municipal de
Bandeirantes - Paraná.

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Vanderlei de Freitas Nascimento Junior


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Doutorando no PPGCTS, da UFSCar. Advogado. Especialista em direito processual civil pela Rede Anhanguera/UNIDERP.

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Pós-Doutor em Ciência Política e em Direito. Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da UFSCar. Professor
Associado II da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Departamento de Educação- Ded/CECH Programa de Pós-
Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade/PPGCTS/UFSCar

Pós-Doutor em Ciência Política e em Direito. Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da UFSCar. Professor
Associado II da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Departamento de Educação- Ded/CECH Programa de Pós-
Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade/PPGCTS/UFSCar

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