COMO LIDAR
COM AS PRÓPRIAS
EMOÇÕES
GUIA PRÁTICO
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O QUE É ESTE
GUIA
Este guia é um compilado de técnicas, teorias e pesquisas
dentro de diferentes vertentes da psicologia, da filosofia, e da
neurociência, aliados às minhas experiências e pesquisas pessoais
ao redor do mundo, e tem como objetivo possibilitar o aumento
da consciência e do controle sobre os sentimentos e emoções
individuais, de maneira a permitir a redução da ansiedade, da
melancolia e do sofrimento psíquico, levando à uma vida mais
feliz e equilibrada.
Boa viagem!
André Baldo
Sem Fronteiras
@andresemfrontreiras
ÍNDICE
FAZENDO A FAXINA 5
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 8
AS 10 COMPETÊNCIAS DO FUTURO 12
OS 4 DOMÍNIOS DA IE 14
AS 12 COMPETÊNCIAS 17
O CÉREBRO E AS EMOÇÕES 22
RAZÃO X EMOÇÃO 25
SNS X SNP 27
ENERGIA PSÍQUICA 30
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DIREITOS
AUTORAIS
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FAZENDO
A FAXINA
O nosso corpo e a nossa mente são a nossa casa, o nosso templo. E
esta casa recebe inúmeras visitas. Diariamente, toda uma sorte de
pensamentos e sentimentos batem à nossa porta, e vários deles
entram sem pedir. Alguns desses visitantes, como a alegria, o amor
e o perdão, ajudam a deixar a casa mais limpa e iluminada. Já outros,
como o rancor, o ódio e a inveja, deixam a casa mais suja e fazem uma
verdadeira bagunça dentro de nós. E se a nossa casa fica suja por muito
tempo, logo ela se torna foco de doenças e de animais venenosos.
Portanto, mais importante do que a limpeza da casa, é a faxina do
coração. É preciso limpar a sujeira da raiva, dos ciúmes e das mágoas
e abrir a janela do coração para que a luz entre e penetre os cantos
obscurecidos pelos sentimentos negativos; organizar as emoções e as
questões não resolvidas, e também se desfazer de muitas coisas que não
têm mais utilidade. Fazer a limpeza da casa cansa, mas é necessário.
Nós não podemos obrigar a felicidade a entrar, mas podemos deixar a
casa aberta e convidativa.
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@andresemfrontreiras
Conhecê-las e saber como lidar com elas é essencial para que não sejamos levados de um
lado para o outro por questões que extrapolam os campos da razão.
A racionalidade é, de fato, uma ferramenta maravilhosa, que nos permite criar,
organizar, calcular e desenvolver obras encantadoras. Respeito e estimo o raciocínio
como um poderoso instrumento, não apenas para a sobrevivência, mas também para a
transformação individual e coletiva.
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@andresemfrontreiras
AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
Howard Gardner
Lógico- Corporal-
matemática cinestésica
Linguística Espacial-visual
Interpessoal Intrapessoal
Naturalista Musical
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INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
O conceito de Inteligência Emocional (IE) que aqui trarei se equivale, sobretudo, ao conceito
de Inteligência Intrapessoal, de Gardner, ou seja, a capacidade de compreender os próprios
sentimentos, vontades e motivações, mas também se relaciona com o com o conceito de
Inteligência Interpessoal, pois diz respeito a compreender as vontades, as motivações e os
sentimentos alheios. Desta forma, poderíamos também chamá-la de Inteligência Sócio-
emocional.
“
Inteligência Emocional, segundo o Daniel Goleman, é
um conjunto de habilidades, aprendidas e aprendíveis,
que designam a capacidade do indivíduo de identificar e A felicidade é uma
gerir os próprios sentimentos, de motivar a si mesmo e de habilidade que pode
construir relacionamentos mais saudáveis; em suma, visa ser aprendida.
gerar um impacto positivo nas outras pessoas. Podemos
afirmar, então, que a felicidade, é uma habilidade e pode ser
aprendida! Isso é libertador, não é?
De maneira simplista, Inteligência Emocional significa o modo como lidamos com nós mesmos e
como lidamos com os nossos relacionamentos. As emoções e sentimentos interferem diretamente
em nossas decisões aparentemente racionais, como veremos de forma mais clara adiante. Somos
seres sensíveis e a intercorrência de afetos altera mesmo a configuração bioquímica de nosso
cérebro, acarretando consequências físicas, inclusive. Não é mera coincidência, desta forma, que
a Inteligência Emocional apareça como um fator determinante no desenvolvimento humano,
sendo um preditor no sucesso pessoal e profissional de cada indivíduo.
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A IMPORTÂNCIA DA IE
Uma pesquisa sobre alta performance desenvolvida por Daniel Goleman (2000) acompanhou a
jornada de milhares de trabalhadores comuns e colaboradores que exerciam função de liderança
em centenas de empresas ao longo de vários anos. Tal estudo comprovou correlatos claros entre a
capacidade de lidar com os sentimentos e as emoções com o bom desempenho dos colaboradores,
apontando que o QI e as habilidades técnicas, as chamadas hardskills, representavam apenas
33% do sucesso profissional de um indivíduo comum, enquanto a inteligência emocional
predizia 66% dos casos de sucesso. Quando a mesma pesquisa era estendida aos cargos de
liderança, a representatividade das habilidades técnicas e do QI caia para a casa dos 15%, enquanto
as habilidades relacionadas à inteligência emocional chegavam à casa dos 85%, respectivamente.
Desta forma, quanto mais alto o cargo, mais determinante é a presença da Inteligência
Emocional.
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HARD SKILLS X
SOFT SKILLS
Quando analisamos o currículo de alguém, ou até mesmo quando estamos em alguma entrevista
de emprego, tendemos a priorizar as nossas vitórias profissionais, cursos e formações como
um todo. Ou seja, nossas habilidades técnicas (hard skills). Essas tendência de colocar em
primeiro plano as conquistas externas é algo característico do mundo ocidental, que é
majoritariamente extrovertido.
“
Ensinar caráter leva tempo, mas uma vez trabalhadas as
qualidades inerentes à personalidade, estas serão úteis
em qualquer ocasião. Um empresário ou colaborador Ensinar caráter
com autocontrole, boa capacidade de comunicação e leva tempo.
determinado será capaz de se adaptar à qualquer função
ou aprender novas habilidades.
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• Objetivas • Subjetivas
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AS 10
COMPETÊNCIAS
DO FUTURO
Um relatório divulgado pelo Fórum Mundial de Economia, organização internacional que debate
questões contemporâneas globais ligadas à economia, listou as 10 competências profissionais
mais exigidas até 2020, dentre as quais está inserida a Inteligência Emocional. São elas:
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2 PENSAMENTO CRÍTICO
3 CRIATIVIDADE
4 GESTÃO DE PESSOAS
5 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
6 TRABALHO EM EQUIPE
9 NEGOCIAÇÃO
10 FLEXIBILIDADE COGNITIVA
Esses quatro domínios da Inteligência emocional são divididos em dois campos: os de natureza
intrapessoal, ou seja, os domínios que dizem respeito à nossa relação com nós mesmos, e os de
natureza interpessoal, ou seja, os domínios que dizem respeito à nossa relação com os outros.
“
Nós somos seres sociais. Ou seja, existimos em relação. A
primeira visão que temos quando chegamos a este mundo
e abrimos os olhos é o outro e, a partir de então, passamos a Os relacionamentos
existir. Dessa forma, os relacionamentos são parte inerente à são parte inerente à
natureza humana e interferem diretamente na configuração de natureza humana e
nossa energia psíquica e na disposição de nossas emoções. interferem diretamente
na configuração de nossa
Portanto, é impossível falar de Inteligência Emocional sem falar energia psíquica e na
também de Inteligência Social. Uma melhor definição de IE, disposição de nossas
para mim, seria Inteligência Sócio-emocional. emoções.
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INTRAPESSOAL
1 DOMÍNIO DA AUTOCONSCIÊNCIA
2 DOMÍNIO DO AUTOGERENCIAMENTO
INTERPESSOAL
4 GESTÃO DE RELACIONAMENTOS
A EMPATIA é a base dos domínios de natureza interpessoal. A palavra empatia vem do grego
EMPATHEIA. “EN-” significa “em”, “dentro” + “PATHOS”, que significa “sentimento”, “emoção”.
Empatia, por definição, é estar dentro da dor do outro.
Todos esses domínios se relacionam entre si, tendo como ponto de partida sempre a
autoconsciência. A auto-observação é a peça chave da Inteligência Emocional. Dessa forma,
tudo se resume a estar consciente sobre si próprio.
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AS 12
COMPETÊNCIAS
Cada um destes domínios, como vimos previamente, possui diversas competências. O
professor Daniel Goleman identificou 12 competências presentes nos quatro domínios.
Comecemos pelo domínio da autoconsciência.
DOMÍNIO DA AUTOCONSCIÊNCIA
AUTOCONSCIÊNCIA
1 EMOCIONAL
É a capacidade de reconhecer as própria emoções, seus efeitos nos corpos e nas relações
que mantemos com os outros. Também chamada de metaconsciência, é a consciência de
seu estado interno. É a percepção objetiva da realidade subjetiva. Há um distanciamento
entre você e os seus sentimentos, um espaço e uma menor identificação,
possibilitando a diminuição da reatividade e ações mais lúcidas.
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DOMÍNIO DO AUTOGERENCIAMENTO
2 AUTOCONTROLE EMOCIONAL
3 ADAPTABILIDADE
5 VISÃO POSITIVA
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6 EMPATIA
7 CONSCIÊNCIA ORGANIZACIONAL
8 INFLUÊNCIA
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9 MENTORIA
10 GERENCIAMENTO DE CONFLITO
11 TRABALHO EM EQUIPE
12 LIDERANÇA INSPIRADORA
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@andresemfrontreiras
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COMO
CULTIVAR A IE
Sendo a capacidade de estar atento a si próprio o ponto fundamental para Inteligência Emocional,
podemos também nos empenhar em determinadas atividades que facilitem e promovam a
DIÁRIO E REFLEXÃO
Embora pareça simples, esta é uma prática extremamente eficaz. Ser capaz de traduzir em
palavras aquilo que habita dentro de nós em muito favorece a autocompreensão. Organizando
externamente as nossas ideias e sentimentos, acabamos também por nos organizar internamente.
Escrever é uma maneira de conversar consigo próprio, de familiarizar-se e tornar-se amigo de
quem você é.
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O CÉREBRO
E AS EMOÇÕES
Certo, já sabemos o que é a inteligência emocional, sua importância e as suas diferentes
manifestações. Faz-se necessária agora uma compreensão mais profunda. Portanto,
analisaremos neste capítulo a origem fisiológica das emoções, para depois realizarmos uma
abordagem psicológica e filosófica.
Para isso, farei uso da Teoria do Cérebro Trino, um conceito desenvolvido pelo médico
e neurocientista Paul MacLean em 1970 para explicar as estruturas cerebrais e as suas
respectivas funções.
Vale esclarecer que esta teoria é bastante reducionista e não seria correto descrever toda a
complexidade cerebral em uma divisão tão simplista. Mas, a grosso modo, ela é bastante útil
em termos pedagógicos.
Ele divide o cérebro humano em 3 grandes estruturas, da mais primitiva à mais evoluída, que
teriam sido desenvolvidas ao longo de nossa linha evolutiva, remontando aos primórdios de
nossa origem animal.
NEOCÓRTEX
ANALÍTICO
SISTEMA LÍMBICO
EMOCIONAL
TRONCO
ENCEFÁLICO
INSTITIVO
NEOCÓRTEX
É a parte mais evoluída do nosso cérebro e teria se desenvolvido, em grande parte, em função
da nossa necessidade de relacionamentos. É relacionada à razão e é responsável pela fixação
da atenção. É a parte executiva de nosso cérebro e está expressa na verticalização de nossa
testa em relação aos nossos antepassados.
• Embora presente em outras espécies, é no ser humano que atingiu o ápice e seu
desenvolvimento.
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SISTEMA LÍMBICO
Relacionado aos mamíferos, é uma parte mais evoluída que as estruturas do tronco encefálico.
É responsável pela produção e descarga de hormônios e está relacionado às emoções, à
memória e à motivação.
TRONCO ENCEFÁLICO
Também chamado de cérebro reptiliano, o tronco encefálico seria a parte mais arcaica de nosso
cérebro, sendo relacionada aos nossos instintos e reflexos.
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RAZÃO X
EMOÇÃO
Agora que estamos familiarizados com as três estruturas cerebrais propostas por MacLean,
faremos um aprofundamento no estudo da relação entre o sistema límbico (emoções) com o
córtex pré-frontal (razão), deixando o tronco encefálico em segundo plano.
Uma vez mais reitero que o cérebro, esta incrível máquina que nos permite perceber, interpretar
e relacionar-se com o mundo, não pode ser dividida em apenas três estruturas e que seu
desenvolvimento evolutivo não é demarcado por linhas precisas. Ainda estamos aprendendo a
desvendar os mistérios do cérebro, mas vamos partir por aquilo que já sabemos.
O córtex pré-frontal, por sua vez, é a parte “racional” de nosso cérebro, e também o responsável
pela manutenção de nossa atenção. O córtex pré-frontal é capaz de regular o sistema
límbico, mas também é influenciado por ele. Ambos funcionam como uma gangorra, quando
um sobe, o outro desce.
O sistema límbico apenas reage. Está relacionado ao nosso instinto de sobrevivência e, diante de
possíveis ameaças, enviará comandos ao corpo como fugir, lutar ou congelar.
Da mesma forma, o córtex também é capaz de inibir a atuação do sistema límbico. A amídala reage
imediatamente aos estímulos “ameaçadores”, entretanto, se formos capazes de retardar a reação,
outras partes mais sensatas do cérebro, como o córtex pré-frontal, poderão tomar ações mais
coerentes.
Dessa forma, o segredo está em criar um pequeno espaço entre os impactos e afetos
recebidos e a nossa reação. Por isso, não reagir imediatamente é a melhor forma de agir.
Maturidade, em termos psicológicos, também diz respeito ao prolongamento do tempo entre o
impulso e a ação. Quanto maior for esse espaço, maior será o nosso controle cognitivo.
Esse equilíbrio entre o sistema límbico e o córtex pré-frontal, que é um dos fatores determinantes
para a Inteligência Emocional, envolve a harmonização entre os sistemas nervosos simpático e
parassimpático, como veremos adiante.
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SNS X SNP
O sistema nervoso autônomo (SNA) está situado na periferia do sistema nervoso e tem suas
atividades centradas em nossa coluna vertebral.
Os nervos que saem do cérebro e vão diretamente a todos os órgãos de nosso corpo fazem parte
do sistema nervoso autônomo. É através dele que o sistema límbico comanda determinados
comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos.
O SNA o responsável pela resposta automática do corpo frente alterações no ambiente e pelo
controle da vida vegetativa. Ou seja, sua tarefa é também por gerar reações rápidas à possíveis
ameaças que surjam em nosso redor e também manter o corpo funcionando ordinariamente em
estados de normalidade. Para isso, ele se divide em dois componentes distintos:
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@andresemfrontreiras
SNS X SNP
Quando a amigdala percebe algum sinal de risco, ela dispara um alarme e o sistema nervoso
simpático (SNS) é ativado, despejando uma carga emocional, aumentando o batimento cardíaco,
dilatando as pupilas, desviando o fluxo sanguíneo para os membros e dilatando os pulmões
(instinto de luta e de fuga).
A reprodução e a digestão são colocados em segundo plano, levando à uma queda no libido e
no apetite. As emoções ficam afloradas e nós nos tornamos extremamente reativos e
propensos ao medo e à raiva. Também aumentam nossas percepções negativas sobre tudo.
Ficamos mais agitados e acelerados, ao mesmo tempo em que perdemos o controle sobre nós
mesmos.
Vale dizer que o SNS cumpre uma função biológica de proteção extremamente importante
e é essencial à nossa sobrevivência enquanto espécie. Quando habitávamos as cavernas e
precisávamos sair para caçar diariamente, sua função era decisiva. O problema é que, mesmo
em situações onde não há nenhum risco à nossa integridade física, nosso cérebro ainda
percebe determinadas situações como ameaças, levando à ativação do SNS. É o que
acontece quando temos medo de ser rejeitados por alguém, quando o nosso chefe nos chama
para conversar ou quando temos de fazer atividades banais, mas que nos parecem extremamente
assustadoras.
Tal como o sistema límbico e o córtex pré-frontal, o SNS e o SNP inibem um ao outro. É
importante ressaltar que ambos são essenciais à nossa sobrevivência. E se desejamos
viver uma vida plena, devemos ser capazes de harmonizá-los.
Para isso, o neurocientista Rick Hanson oferece algumas dicas realmente úteis. Ele afirma que
um truque para ativar o SNS seria inspirar profundamente. Quando tomamos um susto ou
nos percebemos frente a perigos, nossa primeira reação é tomar uma boa dose de ar, inspirar
profundamente. Ora, quando o susto passa e retornamos ao nosso estado natural, nosso instinto
é soltar o ar. A expiração profunda, em oposição à inspiração, ativa o SNP.
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ENERGIA
PSÍQUICA
“
Uma confusão bastante comum, e não por isso menos perigosa,
é confundirmos gerência emocional com supressão das emoções.
Inteligência emocional não é sobre reprimir as emoções. As emoções Inteligência
são inevitáveis e possuem a sua importância biológica e psíquica. Toda emocional não é
emoção tem uma razão para existir. Os problemas acontecem quando há sobre reprimir as
desequilíbrio, quando as emoções são desproporcionais e nos induzem à emoções.
alguma ação com consequências destrutivas, seja para com nós mesmos
ou para com outra pessoa. Doença, por definição, é desequilíbrio de um
sistema.
Isso equivale dizer que se energia psíquica desaparece de alguma forma, aparecerá sob outra. O
fato de que certas pessoas parecem ter mais ou menos energia é um mero reflexo da forma de
vazão que esta energia encontra em cada indivíduo.
A energia psíquica, também chamada de libido por Jung, pode ser comparável à energia física. A
libido necessita de movimento. Toda forma de energia pede vazão e quando o fluxo da libido
encontra algum bloqueio, por qualquer motivo que seja, ela ficará represada e logo se condensará
em sentimentos densos, que são nódulos de energia, podendo levar inclusive a tensões e distúrbios
físicos.
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@andresemfrontreiras
Uma vez mais vale ressaltar que a energia irá se manifestar de uma forma ou de outra, se não em
movimento, então em estado latente. Sentimentos não expressos, afetos não vividos e emoções
represadas são apenas alterações no movimento da libido. A energia continua existindo, na
mesma medida, apenas será manifestada de uma maneira distinta, como raiva, mágoas ou dores e
tensões físicas. Da mesma forma que uma bateria possui uma grande quantidade de energia
condensada, sentimentos densos e questões não resolvidas também são grandes reservas
de energia. Se há uma sobrecarga anômala do sistema, este poderá explodir em uma reação
descontrolada, levando a graves perigos e consequências. De modo inverso, se essa energia for
conduzida de maneira consciente, poderá trazer inúmeros benefícios.
Podemos, por exemplo, usar a raiva como energia para o trabalho ou exercício físico. O exercício
do corpo, a valer, é uma ótima forma de dar vazão aos bloqueios energéticos e emocionais. Outra
forma é a arte. As manifestações artísticas são excelentes meios para a expressão emocional.
Quantas belas músicas já foram compostas em cima da tristeza? Quantas obras literárias tiveram
como mote a raiva, a frustração? Quantas pinturas já retrataram o medo?
Os sentimentos e emoções são inevitáveis e, se reprimi-los não é uma opção, resta-nos apenas
encontrar meios para lhes dar a vazão adequada, de maneira assertiva e buscando os melhores
resultados.
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12
AFETOS
EMOÇÕES E
SENTIMENTOS
Para podermos lidar com algo, é preciso antes saber do que se trata. Antes de entrar em uma
batalha, é fundamental estarmos familiarizados com o campo e conhecermos o nosso inimigo.
Para que possamos lidar com as forças que nos atravessam, é precisam antes dar-lhes o nome.
As manifestações da libido em nosso interior podem ser bastante confusas e, com frequência,
damos o mesmo nome a coisas distintas. Por isso, é preciso trazer luz ao problema. Embora
pareçam uma só coisa, afetos, emoções e sentimentos são coisas distintas, ao menos em
termos psicológicos.
AFETOS: Afetos são tudo aquilo que nos afeta de alguma forma. Nas palavras do professor
Waldemar Magaldi: “afetos são todas as intercorrências que, de alguma forma, interferem na
dinâmica da configuração da nossa energia psíquica e energia vital”. São inputs, ou seja, entradas
que nos atingem e que acarretam uma sequência de estímulos psicológicos e fisiológicos.
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@andresemfrontreiras
Os sentimentos são resultado da forma que a mente interpreta as emoções. Ou seja, o acúmulo de
determinadas emoções pode resultar em um sentimento específico. Por exemplo, a persistência
de uma emoção de raiva pode levar a um sentimento de ódio. Assim, os sentimentos não são
uma resposta neurológica momentânea, como as emoções, mas sim uma experiência duradoura.
Vale dizer que a permanência de determinados sentimentos também levam à predisposição a
determinadas emoções.
MENTE
EMOÇÕES SENTIMENTOS
CORPO
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RECAPITULANDO
AFETOS
EMOÇÕES
• Experiência subjetiva-comportamental;
• Facilmente observável;
• Leva a um conjunto de reações;
• Breve duração;
• Geralmente relacionadas a questões externas;
• Alegria, raiva, desejo...
SENTIMENTOS
• Experiência mental
• Difícil observação
• Longa duração
• Geralmente relacionado a questões internas, como a interpretação e o
acúmulo das emoções
• Felicidade, ódio, apego..
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5 PASSOS
PARA A
AUTOGERÊNCIA
EMOCIONAL
Você não pode determinar quais afetos irá receber nem quais emoções irá sentir, mas você
pode decidir o que fazer com a emoção depois que ela vem. Inteligência emocional não é sobre
evitar emoções, mas sim sobre escolher o que fazer com elas.
Nesse sentido, existe um caminho de 5 passos bastante eficaz que pode nos
auxiliar neste processo. São eles:
1. DESENVOLVER CONSCIÊNCIA
2. DAR O NOME
3. ACEITAÇÃO
4. COMPREENSÃO
5. TRANSMUTAÇÃO
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DESENVOVER
1 CONSCIÊNCIA
A primeira etapa é desenvolver consciência sobre aquilo que estamos sentindo. Não é
possível resolver uma situação a qual desconhecemos a existência. Nesse sentido, Jung
dizia que a confissão é o primeiro passo para a terapia e, portanto, para a cura.
Desenvolver consciência significa apenas voltar a atenção para dentro e perceber os
movimentos internos. Reconhecer o que está acontecendo, ainda sem a ambição de tentar
explicar qualquer coisa. É basicamente perguntar-se: “Eu estou sentindo algo?”
2 DAR NOME
Uma vez que reconhecemos que algo acontece, então é preciso definir o que é isso. A
segunda etapa no caminho de 5 passos para a gerência emocional é classificar aquilo
que estamos sentindo. Primeiro tentamos definir a qual classe isso pertence: é um
sentimento, uma emoção ou um afeto? Uma vez feita a primeira classificação, partimos
para a segunda definição, buscando nomear esse sentimento ou emoção. É alegria?
Raiva? O simples fato de reconhecer o que estamos sentindo, por si só, já traz uma grande
libertação. Se a primeira etapa se resume a perguntar se estou sentindo algo, a segunda
indagação seria: “O que eu estou sentindo?”
3 ACEITAÇÃO
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@andresemfrontreiras
4 COMPREENSÃO
Sabemos o que estamos sentindo e aceitamos isso, mas ainda não sabemos o porquê. A
etapa da compreensão envolve tentar desvendar a razão por trás daquele sentimento ou
emoção, compreender a sua origem. Quando somos capazes de desvendar o motivo por trás
de qualquer problema, torna-se muito mais fácil resolvê-lo. Assim, a pergunta essencial na
etapa da compreensão é “por que estou sentindo isso?”
2 TRANSMUTAÇÃO
Vale dizer que não é possível transmutar uma emoção sem antes vivenciá-la. A transformação
só acontece depois da aceitação. Nossos sentimentos são mensageiros internos que tem
algo importante a nos dizer. Por isso, é preciso antes ouvi-los.
“
Há diferentes maneiras de se transmutar uma emoção, e
este será sempre um exercício de criatividade por parte de
quem o pratica, mas, a título de exemplo, discorrerei aqui Eu não escolho
sobre alguns caminhos que utilizo com bastante frequência quais emoções
e trazem resultados muito expressivos. Um deles é o chegam até mim,
exercício físico. mas eu posso
escolher o que fazer
A prática física e o movimento corporal são caminhos com elas.
eficazes para dar vazão à energia psíquica e dissolver os
bloqueios energéticos. Uma vez posta em movimento, a
carga emocional adquire uma nova dinâmica e, assim, acaba
por se transformar em outra coisa.
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@andresemfrontreiras
De maneira bastante similar, o trabalho, como um todo, ajuda a canalizar a energia das emoções.
O exercício físico nada mais é do que o trabalho do corpo. Assim, a raiva pode se transformar em
vigor, a decepção em motivação e o medo em coragem.
Outra maneira bastante efetiva, também já abordada anteriormente, é a prática artística. Carl
Jung, um dos grandes precursores do uso da arte como forma de terapia, dizia que “a arte é a
expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de
expressão, é sensibilidade, é criatividade, é vida.” A grande proposta da arte é expressar aquilo que
se passa no interior do indivíduo, através da estética e da autenticidade, objetivando a beleza. Nós
nos relacionamos com a arte através dos nossos sentimentos.
Dessa forma, podemos utilizar a prática artística para exprimir nossos movimentos internos
de maneira saudável e bela. A poesia, a dança, a música, a literatura, a pintura, todas essas são
ferramentas magnânimas para transformar sentimentos densos, literalmente, em obras de arte.
Uma terceira maneira, não menos eficiente, é o uso de comandos verbais para metamorfosear
as emoções. Nossa mente e nosso corpo são naturalmente suscetíveis ao poder da palavra. Verbo,
por definição, é criação. Quando evocamos alguma coisa verbalmente, fazemos disso algo mais
concreto, mais compreensível, quase palpável. O cérebro é particularmente responsivo a
comandos verbais.
Afirmações como “eu aceito o meu medo e o transformo em coragem”, “eu aceito a minha
ansiedade e a transformo em tranquilidade” podem trazer resultados surpreendentes. Embora
pareça simplista, essa é uma técnica verdadeiramente profícua e, quando associada à respiração
consciente, torna-se ainda mais poderosa.
Essa última etapa está diretamente ligada com o nosso livre-arbítrio, o nosso
poder de escolha. Eu não posso escolher quais emoções chegam até a mim,
mas eu posso escolher o que fazer com elas.
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@andresemfrontreiras
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A FILOSOFIA
ESTOICA
O Estoicismo é uma filosofia que tem como pilares a aceitação do destino, a busca da tranquilidade
da alma, viver segundo a natureza e o cultivo das virtudes. Foi fundada por Zenão de Cítio há 2.300
anos e teve como principais expositores Sêneca, Epíteto e o imperador romano Marco Aurélio.
Um dos temas centrais da filosofia estoica é a diferenciação entre aquilo que depende de nós e
aquilo que NÃO depende de nós.
Para os estoicos, boa parte do sofrimento humano advém do fato de depositarmos os nossos
recursos, como tempo, energia, dinheiro e emoções, naquilo que não dependente de nós, enquanto
negligenciamos aquilo que verdadeiramente depende nós. É justamente essa a definição de
sabedoria para Sêneca: “sábio é aquele que sabe o que lhe pertence e não lhe pertence.”
Quando depositamos as nossas expectativas e a nossa felicidade em situações que estão para
além de nosso controle estamos, simultaneamente, colocandonos na condição de escravos. Ao
projetarmos a felicidade em questões externas a nós, fazemos dela algo distante. Reforçamos a
mensagem de que aquilo que temos não é o suficiente, então, passamos a nos comportar como
indigentes, mendigando status, aceitação e afeto.
O que depende e o que não depende de nós, afinal? Peçamos ajuda a Epíteto para responder esta
questão: “das coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o
juízo, o impulso, o desejo, a repulsa - em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos
nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos – em suma: tudo o que não seja ação
nossa. Por natureza, as coisas que são encargos nossos são livres, desobstruídas, sem entraves. As
que não são encargos nossos são débeis, escravas, obstruídas, de outem”
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@andresemfrontreiras
• Pensamentos • Infortúnios
• Ações • Pensamentos alheios
• Virtudes • Escolhas alheias
• Escolhas • Riqueza
• Doenças
• Contexto socioeconômico
Saber diferenciar aquilo que nos cabe e aquilo que está para além de nossa regência é um grande
passo para a alforria da alma. É realmente libertador abrir mão do controle externo. Quando
fazemos isso, passamos a aceitar com graça tudo aquilo que o caminho nos traz, tendo consciência
de que nos cabe apenas o caminhar. É como diz Sartre: “não importa o que o mundo faz com
você, o que importa é o que você faz com o que o mundo faz com você.”
Em suma, não temos controle sobre os ventos soprados pela Existência, porém podemos direcionar
as velas de nosso barco. Essa é a consciência que nos diferencia dos animais. É o fogo dos deuses,
roubado por Prometeu. É a capacidade de inferir conscientemente em nosso destino.
Que este singelo manual possa lhe ajudar a ser mais feliz e gerar benefícios aos seres ao seu redor.
Compartilhe-o com outras pessoas que possam estar precisando. E, sobretudo, coloque em prática
o que aprendeu até aqui, pois conhecimento sem ação é ignorância. Que os méritos desse encontro
se expandam e toquem a todos!
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HARI OM TAT SAT
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