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02/09/2022

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA


Departamento de Ciências da Vida

Equilíbrio ácido – básico

Prof. Dr.: Eduardo Ottobelli Chielle

 Quantidade de hidrogênio dentro e


fora das células é um dos fatores
mais importantes para a manutenção
dos metabolismos bioquímicos.

 Variações nas concentrações de hidrogênio


podem produzir grades alterações na velocidade
das reações químicas celulares.

◦ A unidade de medida é o pH
◦ Redução do pH: ACIDOSE
◦ Aumento de pH: ALCALOSE

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Efeitos do íon hidrogênio no


organismo

◦ Íons hidrogênios são partículas MÓVEIS


◦ Afetam a distribuição celular de outros íons
 Sódio, potássio e cloretos
◦ Modificam atividade de proteínas e enzimas
 Desnaturam
◦ Afetam o funcionamento de atividades fisiológicas:
 Aumento da resistência vascular pulmonar
 Redução da resistência vascular sistêmica
 Alterações da atividade elétrica no miocárdio

 Alterações da atividade elétrica do SNC


 Alterações da afinidade da hemoglobina com
o oxigênio
 Alterações na contratilidade do miocárdio
 Modificação da resposta a certos agentes
químicos, endógenos e exógenos, como por
exemplo, hormônios e drogas vasoativas

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Pacientes que permanecem em


acidose severa e prolongada,
geralmente morrem em estado de coma

Pacientes que permanecem em


alcalose severa e prolongada,
morrem por convulsões e ou lesões
neurológicas irreversíveis

• Ácidos do organismo

◦ O metabolismo celular produz continuamente ácidos


que são liberados na corrente sanguínea e
precisam ser neutralizados para impedir variações
no pH.

◦ Ácido carbônico
 Principal
 Hidrolizado em Dióxido de carbono (eliminado
pelos pulmões) e água (eliminado pelos rins)

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◦ ÁCIDOS FIXOS

 Ácidos alimentares

 Ácido lático (hemácias, cérebro e na


contração da musculatura estriada)

 Cetoácidos: vias alternativas para produção


de glicose, quando a ingestão de alimentos é
insuficiente

 BASES DO ORGANISMO

◦ Bicarbonato - principal (dióxido de


carbono e água)

◦ Fosfatos

◦ Numerosas proteínas

◦ Hemoglobina

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Manutenção do pH no organismo:

◦ TRÊS MECANISMOS:

 SUBSTÂNCIAS (SISTEMAS TAMPÃO):


 Proteínas ou outras substâncias capazes de
neutralizar ácidos e bases em excesso,
dificultando as oscilações do pH.

 MECANISMO RESPIRATÓRIO:
 Ação rápida, elimina ou retém o dióxido de
carbono, moderando o teor de ácido carbônico.

 MECANISMO RENAL:
 Ação mais lenta, diminuição ou aumento dos íons
bicarbonato.

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Valores normais de pH:

◦ Sangue arterial:
 Solução orgânica padrão
 Normalidade varia entre 7,35 e 7,45
◦ Sangue arterial:
 Porção mais alcalina (7,40 a 7,45)
◦ Sangue venoso:
 Geralmente com maior concentração de íons
hidrogênio livre, provindos do líquido
intersticial, sendo menos alcalino (7,35 a
7,40)

Representação da faixa do pH normal do


sangue e as suas principais alterações.

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 pH INTRACELULAR
◦ Normalmente mais ácido que o pH plasmático
◦ Geração de ácidos resultante das numerosas
reações químicas
◦ pH intracelular:
 Células musculares: 6,9 – 6,4 (exercício)
 Túbulos renais: 7,3

OBS: As células dos tecidos com maior


atividade metabólica tem um pH levemente
ácido, em relação ao pH do sangue.

Sistemas tampão
 Sangue, tecidos, interior das células

Composição do Sistema
Percentual

Bicarbonato/ácido carbônico 64%


Hemoglobina/oxihemoglobina 28%
Proteínas ácidas e básicas 7%
Fosfato monoácido e diácido 1%

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Regulação respiratória do pH
◦ Três mecanismos:
 Ventilação pulmonar
 Perfusão pulmonar
 Difusão pulmonar
◦ CO2 produto final do metabolismo aeróbico
CO2 Líquido Sangue Alvéolos

CO2 deixa o sangue

Diminui a quantidade de ácido carbônico

pH tende a se elevar

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Eliminação reduzida de CO2

Acúmulo de ácido carbônico na sangue

Redução do pH

 A concentração do íon hidrogênio no


sangue, modifica a ventilação
pulmonar, através de estímulos
respiratórios.

 Acidose: AUMENTA a frequência


respiratória, acentua a eliminação
de CO2
 Alcalose: DIMINUI a frequência
respiratória, acumula CO2 no sangue

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Regulação Renal
◦ Mais lento e demorado
◦ Definitivo
◦ pH alterado: urina ácida ou básica

◦ Mecanismos funcionais:
 Secreção tubular: os rins transformam o dióxido de carbono
em ácido carbônico ionizado
 Hidrogênio é eliminado para a urina em troca de sódio ou
potássio
 Combinação com o bicarbonato e retorno a corrente
sanguínea.
 Excesso de bicarbonato no sangue: eliminação do bicarbonato
com o hidrogênio
 Alcalinização da urina

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Mecanismo renal de retenção de bicarbonato e eliminação de íons


hidrogênio (H+).

Avaliação do equilíbrio ácido – básico

◦ GASOMETRIA

◦ Amostra: sangue arterial heparinizado


◦ Locais de coleta: artéria radial ou
femural
◦ Cuidados:
 Transporte
 Realização imediata do exame
 Relação heparina / sangue
 Evitar a entrada de ar na seringa

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◦ Técnica de coleta:

 Punção na altura do punho


 Palpar a artéria
 Sentir a pulsação
 Limpar e desengordurar com álcool 70%
 Puncionar com agulha 25/7
 Ângulo de aproximadamente 30 graus
 Posição oblíqua
 Verificar o fluxo sanguíneo no interior da
seringa
 Se a punção transfixar a artéria, retirar a
agulha vagarosamente

◦ Aspirar o sangue arterial


◦ Após 2 mL retirar a agulha e comprimir o
local
◦ Tampar com borracha a agulha
◦ Levar imediatamente ao laboratório
◦ Colocar o sangue no gasômetro e aguardar
o a impressão do resultado

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Aparelho de gasometria

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◦ INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:

 pH abaixo de 7.35: indicada existência de


acidose
 pH superior a 7.45: indica existência de
alcalose
 PCO2: estado do componente respiratório do
equilíbrio ácido – básico (35 a 45 mmHg):
 Anormal: origem do distúrbio é respiratória
 Acima de 45 mmHg: retenção de CO2 – acidose de
origem respiratória
 Abaixo de 35 mmHg: eliminação de CO2 –
alcalose de origem respiratória

Verificação de
bicarbonato:
 Estado (analito) do componente metabólico do equilíbrio
ácido - básico (22 a 28 mM/L):

 Anormal: origem do distúrbio é metabólica


 Abaixo de 22 mM/L: bases consumidas – acidose
metabólica
 Acima de 28 mM/L: excesso de bases – alcalose
metabólica

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Verificação da diferença de bases:

 Avaliar a severidade do distúrbio metabólico (2


mEq/L)

 Deficiências de base (BD) < 2 mEq/L: acidose


metabólica

 Excesso de bases (BE) > 2 mEq/L: alcalose


metabólica

Acidose de origem respiratória

◦ A eliminação respiratória do dióxido de


carbono é o grande regulador da concentração
do ácido carbônico no organismo.

◦ Quando a eliminação de dióxido de carbono nos


alvéolos pulmonares está reduzida, o CO2 se
acumula no sangue e em consequência, aumenta a
quantidade de ácido carbônico e de íons
hidrogênios livres. Originando acidose de
origem respiratória.

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◦ Quadro laboratorial
 pH inferior a 7.35
 PCO2 elevada acima de 45 mmHg
 Reservas de Bases: normal

 Exemplo de causas:
 traumatismo craniano, lesão medular, resíduos
de drogas depressoras, comas, intoxicações
exógenas, obstrução de vias aéreas altas,
pneumonias, derrame pleural, pneumotórax,
afogamento, traumatismo torácico

 Tratamento
 Ventilação pulmonar, fisioterapia
respiratória, e ventilação mecânica

Alcalose respiratória

◦ Quando a eliminação de dióxido de


carbono nos alvéolos pulmonares é
excessiva, a quantidade de CO2 e, em
consequência, a quantidade de ácido
carbônico do sangue estão diminuídos.

◦ Estas circunstâncias originam a alcalose


de natureza respiratória.

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◦ Quadro laboratorial
 pH acima de 7.45
 PCO2 abaixo de 35 mmHg

◦ Causas:
 Processo menos severo que a acidose
 Terapia respiratória que inclui
ventilação mecânica (pacientes de UTIs)

◦ Tratamento:
 Remover as causas da hiperventilação

Acidose metabólica

◦ Ocorre em quatro circunstâncias:


 Quando há excesso de produção de ácidos fixos, não
voláteis, como ácido lático ou ácidos cetônicos
 Quando a ingestão de substâncias ácidas
 Quando os ácidos fixos não podem ser eliminados devido
à insuficiência renal
 Quando há perda excessiva de bases, como na obstrução
intestinal alta e diarreias intensas, por exemplo.

◦ É comum nos quadros de hipotensão arterial severa, choque de


todos os tipos e parada cardio – respiratória. Pode ocorrer
tb nas diarreias severas, no diabetes descompensados e na
obstrução intestinal alta.

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◦ Quadro laboratorial
 pH abaixo de 7.35
 PCO2 está normal
 Bicarbonato inferior a 22 mEq/L
 Déficit de bases maior que – 2 mEq/L

◦ Tratamento:
 Eliminação das causas de hipóxia
 Reposição hídrica e volêmica
 Normalização do débito cardíaco
 Correção da hipotensão arterial
 Administração de bicardonato

Alcalose Metabólica

 Distúrbio pouco frequente, que ocorre


em duas circunstâncias:
◦ Quando há excesso de bases
(administrações intensas de bicarbonato
de sódio)

◦ Quando há perdas de ácidos, como na


esteatose pilórica em que o ácido
clorídrico é perdido através de vômitos

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◦ Quadro laboratorial:
 pH superior a 7,5
 PCO2 normal
 Bicarbonato real está elevado, acima de
28 mM/L
 Excesso de Bases (BE) superior a + 2mEq/L

◦ Tratamento:
 Atuar sobre as causas primárias do
distúrbio
 Diminuir a administração de bases

VALORES DE INTERPRETAÇÃO

 pH :
 >7.45 alcalose
 < 7.35 acidose

Bicarbonato (HCO3-):
 Normal = 25mmEq/L
 > que 25 alcalose
 < que 25 acidose

 Saturação de Oxigênio: Não diz se há alcalose ou acidose


 Normal acima de 98%
 Exercício 95%
 > que 100% paciente está sendo ventilado

 PO2:
 PCO2:
 80 – 100mmHg
 Normal 40 mmHg
 > que 40 acidose
 TCO2:
 < que 40 alcalose
 Normal 24 mmol
 > que 24 acidose
 < que 24 alcalose

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Exercícios

pH: 7.24 pH: 7.51


PCO2: 19 mmHg PCO2: 37.1
PO2: 130,5 mmHg PO2: 104.3
HCO3-: 8 mEq/L HCO3-: 29.1
TCO2: 8,5 mmol TCO2: 30.2
Sat O2 : 98,2% Sat O2: 98.6

pH: 7.604
PCO2: 42
PO2: 64.1 pH: 7.53
HCO3-: 27.8 PCO2: 35
TCO2: 28.6 PO2: 49.5
Sat O2 : 95.7 HCO3-: 28.9
TCO2: 29.9
Sat O2: 89.5
pH: 7.46
PCO2: 31.1
PO2: 94.6
HCO3-: 21.6
TCO2: 22.6
Sat O2: 97.8

• Atleta de 20 anos está sendo submetido a avaliação funcional respiratória em repouso. Após
ser colhida amostra de sangue arterial, esta é submetida a análise em analisador de gases e
têm-se os seguintes resultados abaixo. Diga qual o distúrbio ácido básico presente e se existe
estado compensatório e o deve ser feito para mlhorar:
pH: 7.50
pCO2: 20 mmHg
pO2: 82 mmHg
HCO3: 23 mmol/L

• O Jovem de 20 anos tem Diabetes mellitus tipo 1 há 6 anos e desenvolveu abscesso dentário.
Três dias após o início da terapia antibiótica, apresentou poliútia, náuseas, vômitos e dispneia.
Os exames mostravam ureia de 56 mg/dL, creatinina de 1,8 mg/dL, sódio 125 mEq/L, glicose
de 972 mg/dL. A gasometria arterial mostrava pH de 7.30, PCO2 de 39 mmHg (V.R. 40), PO2
de 99 mmHg, TCO2 14m mol, bicarbonato de 21 mEq/L. Diga qual o distúrbio ácido básico
presente e se existe estado compensatório e o deve ser feito para mlhorar:

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• Homem de 65 anos de idade, no décimo dia de pós-operatório de lobectomia direita


por neoplasia de pulmão está evoluindo em choque séptico e insuficiência de múltiplos
órgãos, dependente de noradrenalina e ventilação mecânica, mantendo PA média em
torno de 60/110 mmHg. Nas últimas horas apresentou a seguinte evolução:

Gasometria 7:00h 10:00h 18:00h


pH 7.07 7.19 7.38
pO2 (mmHg) 119 125 137
Sat O2 (%) 97 98 98
PCO2 (mmHg) 21 15 17
Bicarbonato 6 5 10
(mmol/L)

Que evento justifica a evolução da situação 1 para a situação 3?


( a ) piora do quadro séptico
( b ) morte cerebral
( c ) hemodiálise
( d ) diminuição da ventilação mecânica
( e ) infusão de bicarbonato

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