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CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE FRANCA UNI-FACEF

RESENHA DO LIVRO
“MORENO: encontro existencial com as psicoterapias”

João Victor Veríssimo, 21669

FRANCA

2022
RESENHA
1. Capítulo 1 – Surgindo para o mundo
Neste capítulo há uma breve descrição do nascimento e da
infância de Moreno, através de dois momentos de sua vida. O primeiro relata o
nascimento de Moreno em um navio e o segundo sobre o primeiro momento
em que Moreno acredita ter feito sua primeira sessão Psicodramática, ainda
criança.
Nos dois momentos, Moreno traz uma perspectiva de suas
experiências fora dos moldes de sua época. Através de sua interpretação ele
aprofunda o sentido destes momentos, isto é, o que deveria ser somente uma
certidão de nascimento, se torna um sentido de si com a poesia.
“Moreno sabia instigar seus ouvintes, testando a (in)capacidade
deles de se despregar da rigidez do fato concreto, permitindo-lhes mergulhar
em todos tipos de análise que os fatos míticos sugeriam”.
2. Capítulo 2 – A alma dos jovens andarilhos
Moreno participou de um grupo de jovens andarilhos, chamado de
“religião do encontro”. Esses jovens passeavam pelas ruas, jardins e estradas
e, quando encontravam pessoas que lhes parecessem tristes ou carentes de
afeto, aproximavam-se para dar-lhes atenção, carinho e ajuda. Iam às suas
casas e quando necessário, recolhiam-nas à “Casa do Encontro”. Desse
período surgiu o poema “Convite ao encontro”:
“Um encontro entre dois: olho no olho, cara a cara
E quando estiveres próximo, tomarei teus olhos
E os colarei no lugar dos meus,
E tu tomarás meus olhos e os colocarás no lugar dos teus,
Então te olharei com teus olhos
E tu me olharás com os meus.”

3. Capítulo 3 – Universidade / Universalidade


Em sua época na Universidade de Viena Moreno encontrou-se
com Freud e lhe disse o seguinte, “Bom, Dr. Freud, eu começo onde o senhor
deixa as coisas. O senhor vê as pessoas no ambiente artificial do seu gabinete,
eu as vejo na rua e na casa delas, em seu ambiente natural. O senhor analisa
os seus sonhos, eu procuro dar-lhes coragem para sonhar de novo”.
Nesta passagem Moreno apresenta sua visão diante da
intervenção psicoterápica. Em Freud encontra-se um setting, um ambiente
controlado, longe de perturbações e privado. Já Moreno, enxerga sua
intervenção no cotidiano, no contexto, sem isolamento ou fragmentação do
objeto.
A teoria sociométrica nasce em condições precárias em
alojamentos, onde pessoas viviam amontoadas, a comida era de péssima
qualidade e a higiene deplorável. O ambiente era tenso, cheio de brigas e
disputas por espaço.
Moreno observava as ocorrências, dialogava com os refugiados e
lhes propunha soluções participativas, ou seja, agrupava todos de acordo com
suas afinidades. O resultado desta intervenção foi que as pessoas passaram a
enfrentar com mais ânimo as dificuldades e provações e suportavam-se
melhor, o que permitiu esboçar uma operatividade produtiva.
4. Capítulo 4 – Eis o Psicodrama
Não se sabe ao certo quando o Psicodrama nasceu, porém uma
peça teatral marca o início de Moreno quanto a suas reflexões e
desenvolvimento da técnica, que se tornaria o teatro terapêutico. Assim
descrevem a peça:
“Aberta a cortina, surge um palco vazio, amplo, envolvido apenas
por uma rotunda de cor cinza leve, tendo ao centro uma poltrona de veludo
vermelho, isto é, um trono de rei.
Moreno dirigiu-se aos presentes explicando-lhes por que reunira
ali. Sua intenção era convertê-los de espectadores em autores. As pessoas
presentes seriam o seu elenco, os atores, mas também seus dramaturgos, pois
o enredo da peça estava presente no inconsciente social.
A proposição temática era: buscar uma nova ordem política
através do papel do rei coroado. Convidava os presentes a subir, um de cada
vez, ao palco para expor sua visão de líder. A plateia participava e julgava.
Ninguém conseguiu ser o Salvador da Áustria.”
Naquele momento, inaugurava o psicodrama, mas também o
sóciodrama, buscando analisar produção psicológico-social de uma
coletividade.
5. Capítulo 5 – América
Diante das dificuldades em desenvolver sua técnica na Europa,
Moreno se instala no Estados Unidos. De forma gradual e firme, conquistando
seu espaço fazendo-se conhecer pelo trabalho e pela dedicação ao
psicodrama, ao teatro da improvisação e ao teatro terapêutico.
Para Moreno, a personalidade se forma e interage a partir do
pequeno grupo afetivo, onde se integra no jogo dinâmico das atrações e
rejeições, dos confrontamentos e dos resgates.
Em 1932, Moreno foi convidado para realizar um amplo trabalho
em um internato de reeducação de mulheres delinquentes. O início do trabalho
foi realizar um estudo sobre a “organização social da comunidade”, tal como se
apresentava naquele instante. Em seguida, fez-se um levantamento
“geográfico” da instituição: os pavilhões, a capela, a escola, o edifício industrial,
a cozinha, a lavanderia e o setor administrativo.
Na terceira fase, iniciou-se a observação do funcionamento
burocrático e operacional da escola em suas várias salas de aula, oficinas, etc.
E por último, procurou-se descobrir e analisar as “correntes afetivas”
existentes, em inúmeras combinações: entre as jovens, entre alunas e
professores, alunas e outros funcionários, professores entre si, entre brancos e
negros.
Com este trabalho, Moreno ofereceu à sociologia e à psicologia
meio surpreendentes de detectar e compreender as correntes afetivas que
circulam de modo subterrâneo e informal entre os participantes do pequeno
grupo social.
6. Capítulo 6 – O projeto concluído
Diante de sua época Moreno foi precursor da antipsiquiatria.
Encontrava-se na sua práxis o direito de ir e vir, o direito de ser ouvido e
respeitado, o direito de não ser trancafiado ou contido brutalmente em asilos
pervertidos, são conquistas do homem em condições frágeis de saúde mental.
Moreno trouxe à prática hospitalar o trabalho grupal diário, onde o
grupo tornava-se “continente” para o membro mais necessitado e passava a
todos o sentimento do pertencer grupal, em verdadeira comunidade.
Na ética psicodramática/grupal, a atenção é de um para o outro,
num movimento de mão dupla, ou de várias mãos. O grupo constrói suas
regras, objetiva a meta, determina as atividades e estabelece as sanções aos
faltosos. Os participantes do grupo seriam levados a compreender a sua
responsabilidade para com os sentimentos do outro, a cuidar da relação entre
os companheiros, zelar pelo não vazamento de notícias sobre a dinâmica
interna do grupo e suas vivências catárticas, seriam sensibilizados a externar
uma conduta leal e honrosa de cada uma para com todos.
A ética é sempre aberta, procurará exercitar nos meandros da
humanidade do Ser, a dialética do bem e do mal, do instinto e da razão, do
público e do privado, do individual e do coletivo, da inércia e da ação, do
passado e do futuro, do consciente e do inconsciente, para resgatá-la em sua
apreensão última: a liberdade. Através da co-existência, da co-ação e da co-
experiência, permitirá a recuperação da espontaneidade, da sensibilidade e da
criatividade, rompendo padrões estereotipados do comportamento e das
emoções.
Ao final o autor entrega a identidade do psicodrama “É pertinente
lembrar que seu exercício se inspira no teatro, se funda na psicologia social, na
dinâmica do pequeno grupo e das interrelações humanas, se sustenta nas
atividades lúdicas, nos jogos psicodramáticos e na ação dramática e se propõe
à experiência do encontro télico, para permitir novas possibilidades
existenciais”.
E para finalizar, o parágrafo que define Jacob Levy Moreno, “Os
que o conheceram afirmam que ele amava as crianças mais que os adultos, os
doentes mentais mais que os são, os artistas mais que os cientistas”.

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