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Aula 23
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Sumário
Controle do Patrimônio Público e Prestação de Contas...................................................... 3
Controle quanto ao objeto ............................................................................................................ 4
Controle de Legalidade ..................................................................................................................................................... 4
Controle de Mérito ........................................................................................................................................................... 4
Controle de Gestão ........................................................................................................................................................... 4
O controle é um dos principais processos administrativos e serve para que um gestor possa avaliar
se a organização está ou não atingindo seus objetivos. Entretanto, na Administração Pública temos
uma preocupação ainda maior com o controle.
Isto ocorre porque, quando analisamos a gestão pública, estamos nos referindo à administração dos
recursos da sociedade como um todo.
Desta forma, o controle no setor público, segundo Mileski1, é:
“o controle é corolário do Estado Democrático de Direito, obstando o abuso de poder por parte da autoridade
administrativa, fazendo com que esta paute a sua atuação em defesa do interesse coletivo, mediante uma fiscalização
orientadora, corretiva e até punitiva.”
Este controle é exercido sobre o Poder Executivo, mas também sobre o Poder Legislativo e Judiciário
sempre que estes poderes executarem tarefas e atividades administrativas. Desta forma, o controle
atinge a toda a máquina pública.
Segundo a doutrina, “o poder-dever de controle é efetuado pelos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, e alcança toda a atividade administrativa e todos os agentes públicos que a
desempenham2”.
Assim sendo, o controle da gestão pública é condição necessária para que o Estado não deixe de
cumprir suas funções da forma como a Constituição determinou. E também deverão submeter-se
aos princípios constitucionais listados no artigo 37 da CF/88: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.
“Quanto à tipologia dos controles incidentes sobre a Administração Pública, pode-se classificá-la
quanto ao objeto (controle de legalidade, controle de mérito e controle de gestão), quanto ao
momento em que se realiza (prévio, concomitante e subsequente ou a posteriori), quanto ao modo
de desencadear-se (controle de ofício e controle por provocação), quanto ao posicionamento do
órgão controlador (controle interno e controle externo)”.3
1
(Mileski) apud (Lima L. H., 2009)
2
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)
3
(Zymler, 2009)
Controle de Legalidade
O controle de legalidade, também chamado por alguns autores de controle de legitimidade, pode
ser realizado pelo Poder Judiciário, pelo Poder Legislativo ou pela própria administração que
praticou o ato administrativo.
A partir desse controle, analisa se o ato administrativo está ou não em desacordo com o
ordenamento jurídico. Dessa forma, mediante o controle de legalidade há a confirmação da
validade de atos administrativos praticados, podendo anular aqueles que estiverem em
desconformidade com o ordenamento jurídico ou convalidar aqueles cujos defeitos sejam sanáveis.
Controle de Mérito
Controle de Gestão
O controle de gestão é aquele utilizado por uma organização com a finalidade de garantir que o
comportamento dos trabalhadores esteja alinhado com os seus objetivos e as suas estratégias.
Dessa forma, o comportamento dos funcionários é perfilado com o objetivo da organização,
buscando elevar a probabilidade de chegar aos propósitos organizacionais.
4
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)
Como já vimos antes, o controle pode ser classificado de acordo com o momento em que ocorre.
Logo, ele pode ser preventivo (ou a priori), concomitante ou posterior (a posteriori) aos atos
administrativos, a fim de evitar o desperdício e o mau uso de recursos e bens públicos.
Controle Preventivo
O controle preventivo ocorre antes que o ato tenha acontecido. Desta forma, o controle busca
assegurar que o ato seja válido, antes que ele ganhe eficácia. Quando um órgão exige uma avaliação
antes de liberar a venda de um imóvel, por exemplo, está exercendo este tipo de controle.
Controle Concomitante
Já o controle concomitante é efetuado ao mesmo tempo em que a atividade está sendo executada.
Desta forma, quando o Tribunal de Contas da União embarga uma obra pública por indícios de desvio
de verbas em sua administração está exercendo o controle concomitante.
Controle Posterior
Finalmente, o controle posterior busca analisar o ato ou atividade após ele ter ocorrido. Este é o
meio de controle mais utilizado no setor público quando serão apontados problemas, desvios ou
atestar a legalidade de uma atividade. Os objetivos, neste caso, seriam: corrigir, anular ou
simplesmente confirmar as atividades e os atos já executados.
Esse controle, também conhecido como controle quanto à extensão, pode ser dividido em:
controle interno e controle externo.
Controle Interno
No caso da União, por exemplo, o controle interno é efetuado pela Controladoria - Geral da União
e por órgãos de controle interno instalados nos diversos órgãos públicos.
O controle interno é mais amplo, pois vai além do controle da legalidade, controlando também o
mérito. Além disso, tem o caráter de ser mais preventivo5. Não esqueçam de que o controle interno
resulta do poder de autotutela do Poder Público.
Segundo Lima6, “os controles internos administrativos consistem em um conjunto de atividades,
planos, rotinas, métodos e procedimentos interligados, estabelecidos com vistas a assegurar que os
5
(Paludo, 2010)
6
(Lima L. H., 2009)
objetivos das unidades e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma confiável
e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos serviços fixados
pelo Poder Público”.
Vejamos abaixo um quadro com os principais princípios norteadores do controle interno, segundo
Lima7:
7
(Lima L. H., 2009)
Autorização Hierárquica;
Princípio da Supervisão;
Análise do custo-benefício;
Esse controle pode ser executado por autoridade superior àquela que praticou o ato ou não. Como
assim, professor? Bom, já ouviram falar no recurso hierárquico próprio? Esse recurso dirige-se à
autoridade ou instância superior do mesmo órgão administrativo no qual o ato foi exercido.
Resumindo, o poder-dever exercido para garantir a conformidade de atuação com os princípios
impostos pelo ordenamento jurídico não impõe que apenas autoridade superior hierarquicamente
o exerça, ok?
O recurso administrativo, portanto, pode ser um meio de realizar o controle interno, por permitir
que a própria administração revise seus atos, com a finalidade de alcançar o interesse público e
permitir a observância do princípio da legalidade.
A Lei 10.180, de 06 de fevereiro de 2001, entre outras atribuições, organiza e disciplina o sistema de
Controle Interno do Poder Executivo Federal. Pode-se tirar do artigo 21 desta Lei que o Sistema de
Controle Interno compreende atividades de avaliação:
Do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual;
Da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
Da gestão dos administradores públicos federais.
Controladoria
Geral da União -
Órgão Central
O Decreto 5.683, de 2006, que trata sobre a estrutura regimental da Controladoria Geral da União,
órgão central do Sistema de Controle Interno, traz diversas competências da Secretaria Federal de
Controle Interno. Citarei, agora, algumas dessas competências:
Coordenar as atividades integradas dos órgãos e das unidades do Sistema de Controle
Interno do Poder Executivo Federal;
Controlar operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres da União;
Avaliar o desempenho e supervisionar a consolidação dos planos de trabalho das unidades
de auditoria interna das entidades da administração pública federal indireta;
Avaliar o cumprimento das metas estabelecidas no plano plurianual e na lei de diretrizes
orçamentárias;
Avaliar a execução dos orçamentos da União;
Fiscalizar e avaliar a execução dos programas de governo, inclusive ações descentralizadas
realizadas à conta de recursos oriundos dos orçamentos da União, quanto ao nível de
execução das metas e dos objetivos estabelecidos e à qualidade do gerenciamento;
Dessa forma, vocês conseguem ter uma ideia de que o Sistema de Controle Interno possui muito
mais competência do que as enumeradas no texto constitucional.
Por fim, o Decreto 3.591, de 2000, que também trata sobre o Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal, retrata, no seu artigo terceiro, as atividades compreendidas no âmbito desse
Sistema.
Quando os órgãos do Sistema de Controle Interno avaliam o cumprimento das metas do Plano
Plurianual, ele estará tentando comprovar a conformidade da sua execução.
Agora, se o Sistema de Controle Interno estiver avaliando a execução dos programas de governo, ele
buscará comprovar o nível de execução das metas, o alcance dos objetivos e a adequação do
gerenciamento.
Já a avaliação da execução dos orçamentos da União é uma atividade do Controle Interno que busca
comprovar a conformidade da execução com os limites e destinações estabelecidos na legislação
pertinente.
Seguindo o raciocínio, o Decreto ainda dispõe que a avaliação da gestão dos administradores
públicos federais tem a finalidade de comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e de examinar
os resultados quanto à economicidade, à eficiência e à eficácia da gestão orçamentária, financeira,
patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais.
Finalmente, a ação de controlar as operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres da União
busca aferir a sua consistência e a adequação dos controles internos.
Prestem atenção em uma coisa: quando a legislação impõe o apoio ao Controle Externo por parte
do Controle Interno, ela quer garantir que este forneça informações e resultados de suas ações a
aquele.
8
(Olivieri, 2010)
9
(Olivieri, 2010)
Com isso, foi criada em 1994 a Secretaria Federal de Controle Interno (SFC). O objetivo principal foi
o de criar as condições para que o controle interno passasse a controlar e monitorar o desempenho
das políticas públicas e dos órgãos federais na aplicação dos recursos públicos.
Naquele primeiro momento, a SFC estava subordinada ao Ministério da Fazenda. Em 2002, ocorreu
a criação da Controladoria-Geral da União (CGU). A SFC passou a estar ligada então à CGU, sendo
um de seus principais “braços”.
Inicialmente esta última chamava-se Corregedoria-Geral da União. Em 2003, seu nome passou a ser
Controladoria-Geral da União. De certa forma, a mudança do nome (apesar da sigla ter continuado
a mesma) aponta a ampliação do raio de atuação da CGU.
Finalmente, em 2016 o governo Temer, em sua primeira reforma ministerial, criou o Ministério da
Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC). Assim, o órgão deixou de estar ligado diretamente à
Presidência da República e passou a ser um ministério.
A atuação do MTFC integra as ações de prevenção e combate à corrupção, auditoria pública,
corregedoria, atividades de ouvidoria e incremento da transparência na gestão.
Atualmente, o MTFC engloba quatro principais “áreas” de atuação, ou órgãos, que compõem o
sistema de integridade do governo federal, conforme o sítio eletrônico da instituição:
Secretaria Federal de Controle Interno – exerce as atividades de órgão central do sistema de
controle interno do Poder Executivo Federal. Nesta condição, fiscaliza e avalia a execução de
programas de governo, inclusive ações descentralizadas a entes públicos e privados realizadas
com recursos oriundos dos orçamentos da União; realiza auditorias e avalia os resultados da
gestão dos administradores públicos federais; apura denúncias e representações; exerce o
controle das operações de crédito; e, também, executa atividades de apoio ao controle
externo;
Corregedoria-Geral da União – atua no combate à impunidade na Administração Pública
Federal, promovendo, coordenando e acompanhando a execução de ações disciplinares que
visem à apuração de responsabilidade administrativa de servidores públicos. Atua também
capacitando servidores para composição de comissões disciplinares; realizando seminários
com o objetivo de discutir e disseminar as melhores práticas relativas do exercício do Direito
Disciplinar; e fortalecendo as unidades componentes do Sistema de Correição do Poder
Executivo Federal (SisCOR), exercendo as atividades de órgão central deste sistema.;
Ouvidoria-Geral da União – exerce a supervisão técnica das unidades de ouvidoria do Poder
Executivo Federal. Com esse propósito orienta a atuação das unidades de ouvidoria dos
órgãos e entidades do Poder Executivo Federal; examina manifestações referentes à
prestação de serviços públicos; propõe a adoção de medidas para a correção e a prevenção
de falhas e omissões dos responsáveis pela inadequada prestação do serviço público; e
contribui com a disseminação das formas de participação popular no acompanhamento e
fiscalização da prestação dos serviços públicos;
Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção – Atua na formulação, coordenação
e fomento a programas, ações e normas voltados à prevenção da corrupção na administração
pública e na sua relação com o setor privado. Entre suas principais atribuições, destacam-se
a promoção da transparência, do acesso à informação, do controle social, da conduta ética e
O artigo 4o do Decreto 3591, de 2000, trata sobre as técnicas utilizadas no sistema de controle
interno do Poder Executivo Federal, conforme podemos observar abaixo:
“Art. 4o O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal utiliza como técnicas de trabalho,
para a consecução de suas finalidades, a auditoria e a fiscalização.
§1o A auditoria visa a avaliar a gestão pública, pelos processos e resultados gerenciais, e a
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.
§2o A fiscalização visa a comprovar se o objeto dos programas de governo corresponde às
especificações estabelecidas, atende às necessidades para as quais foi definido, guarda coerência
com as condições e características pretendidas e se os mecanismos de controle são eficientes.”
10
(Olivieri, 2010)
Pessoal, o controle interno tem um papel relevante em processos de contas e nas tomadas de contas
especiais, subsidiando o TCU com relatórios, certificados e pareceres dos órgãos de controle interno.
Vale lembrar apenas que se o controle interno aprovar determinadas contas, não necessariamente
o TCU irar concordar também. Normalmente, os julgamentos coincidem, mas os dois possuem
absoluta independência, ok?
Segundo Lima11, “os pareceres do Controle Interno não têm o condão de vincular ou afastar a
competência exclusiva deste Tribunal (TCU), outorgada pela Constituição Federal (art. 70 e 71) e pela
Lei Orgânica no 8.443/1992, para julgar a regular aplicação dos recursos federais”.
Por último, o que devemos saber é a forma de como será apresentada a avaliação do controle
interno. A opinião se dará por meio dos seguintes instrumentos de trabalho:
Relatório;
Nota;
Certificado;
Parecer.
Controle Externo
Já o controle externo é efetuado por outra entidade, ou seja, existe o controle de um poder sobre
o outro. No caso do governo federal, o controle externo é realizado pelo Congresso Nacional, com
o devido auxílio do Tribunal de Contas da União.
Mas professor, o TCU é então subordinado ao Legislativo?
Não podemos entender assim, pois o TCU tem suas prerrogativas estipuladas na CF/88 e, portanto,
tem autonomia para exercer suas funções. O que podemos dizer, e o que vem sendo considerado
como correto nas provas de concurso, é que o TCU é um órgão auxiliar, mas não é subordinado ao
Legislativo. Desta forma, é um órgão independente.
O controle externo é uma ferramenta importante no “balanço de poder” entre os três poderes da
União, ou seja, da busca de um equilíbrio harmônico entre estes poderes.
Desta maneira, busca-se evitar que um poder da república fique “forte” demais perante os outros.
Assim, uma das maneiras de se fazer isso seria através do controle externo, em que um poder
“fiscalizaria” as ações dos outros.
Da mesma forma do controle interno, o controle externo é detalhado na Constituição Federal, em
seu artigo n° 71:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
II - Julgar as contas dos administradores
I - Apreciar as contas prestadas
e demais responsáveis por dinheiros,
anualmente pelo Presidente da
bens e valores públicos da
República, mediante parecer prévio que
administração direta e indireta, incluídas
11
(Lima L. H., 2009)
Primeiramente, observem que os incisos II, VI e VIII demonstram que o TCU é responsável pela
fiscalização e controle da atuação de agentes que devem gerir os recursos públicos de forma que
torne viável as atividades públicas.
Para isso, isto é, para aplicar a responsabilização desses agentes públicos na administração do erário
público, o Tribunal de Contas deve fiscalizar e julgar as contas dos responsáveis pelos gastos. E,
ainda, caso haja ilegalidade ou irregularidade de contas, deve-se aplicar as sanções previstas em lei.
Em frente à omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos
repassados pela União, da existência de desvio de erário público, a autoridade administrativa
competente deverá instaurar a Tomada de Contas Especial.
A Tomada de Contas Especial (TCE) nada mais é do que a apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e quantificação do dano pela autoridade competente, sob pena de responsabilidade
solidária, conforme artigo oitavo da Lei 8.443, de 1992.
Ao julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros e valores públicos, o
Tribunal informará que elas terão os seguintes status: regulares, regulares com ressalva ou
irregulares, conforme quadro abaixo:
Regulares
• Quando houver exatidão das demonstrações contábeis;
• Quando os atos de gestão dos responsáveis forem considerados
legais, legítimos e econômicos.
Regulares com Ressalva
• Em casos de apresentarem qualquer falta ou impropriedade, mas
sem resultar em dano ao erário.
Irregulares
• Quando o responsável se omitir no dever de prestar contas;
• Quando detectados atos ilegais, ilegítimos, antieconômico;
• Quando o ato ilegítimo ou antieconômico resultar em dano ao
erário;
• Quado houver desfalque ou desvio de bens, valores ou dinheiro
público.
Ao responsabilizar o gestor público em casos de irregularidades, o TCU irá impor sanções aos
responsáveis, como aplicações de multas e dever de ressarcimento em casos de desfalques, desvios
ou qualquer outro débito apurado nas contas.
O TCU apurará a responsabilização do gestor público, civil e administrativamente. Já vimos, em nossa
aula, essas duas formas. Quando falamos da responsabilização prevista constitucionalmente, isto é,
aquelas relacionadas nos incisos II, VI e VIII do artigo 71 da CF/88, estamos considerando a
responsabilidade civil do gestor público.
Agora, quando nos referimos, há pouco, sobre os resultados dos julgamentos das contas dos
gestores em regulares, regulares com ressalva ou irregulares, estávamos falando da competência do
TCU em responsabilizar administrativamente o gestor público.
Pessoal, vale lembrar de que, ao responsabilizar o gestor civilmente ou administrativamente, o
gestor não escapará de ser responsabilizado na esfera penal ou de, simplesmente, receber sanções
disciplinares, ok?
Outro tipo de responsabilização que recai sobre aqueles que administram o erário público é a que
decorre da natureza objetiva ou subjetiva.
Na responsabilidade objetiva, haverá o dever de corrigir o dano ocorrido se e somente se os
seguintes elementos estiverem presentes:
O controle externo tem várias facetas. O Congresso Nacional exerce o controle externo nas
dimensões de fiscalização (para facilitar a memorização – COFOP): contábil, orçamentária,
financeira, operacional e patrimonial.
Em cima disto, a nossa CF/1988 tratou de impor o seguinte: “Art. 70. A fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
12
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder”.
O controle contábil busca assegurar que a movimentação e a aplicação dos recursos públicos estão
sendo feitas de acordo com os princípios contábeis e que todas as mutações econômicas e
financeiras foram contabilizadas de modo correto.
O controle financeiro se preocupa com os fluxos financeiros, ou seja, com a entrada e saída de
recursos dos caixas do Estado. Já o controle orçamentário busca assegurar que o orçamento esteja
sendo seguido de acordo com as leis aprovadas no Legislativo, controlando as receitas e despesas
previstas e realizadas.
A fiscalização operacional está relacionada à gestão da máquina pública, ou seja, entra nos
aspectos do mérito das decisões do gestor, e não somente da legalidade. Assim sendo, busca
assegurar os aspectos de eficiência, eficácia e efetividade da gestão pública.
Desta forma, os projetos e programas governamentais são analisados para se assegurar que as
decisões tomadas foram não só legais, mas1eficientes e eficazes. Como exemplo deste tipo de
controle, temos as análises de custo benefício dos programas governamentais onde os programas
são avaliados de acordo com o investimento efetuado e o impacto gerado na sociedade.
Por fim, temos o controle patrimonial, que se refere à gestão dos bens públicos. Aqui temos os bens
como conceito amplo, incluindo os bens de uso da população. Como exemplos de controle
patrimonial, temos as alienações: como privatizações de empresas e de imóveis públicos.
De acordo com Meirelles13, o controle externo:
“É o que se realiza por órgão estranho à Administração responsável pelo ato controlado e visa a comprovar a probidade da
Administração e a regularidade da guarda e do emprego de bens, valores e dinheiros públicos, bem como a fiel execução do
orçamento.
Para finalizar, vamos apenas citar mais algumas competências do TCU no exercício como órgão de
controle externo, de acordo com a Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, que trata sobre a Lei
Orgânica do Tribunal de Contas da União.
Sabemos que cabe ao TCU apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,
mediante parecer prévio. Ao TCU também é dever emitir parecer prévio sobre as contas do Governo
de Território Federal, no prazo de sessenta dias, a contar de seu recebimento, na forma estabelecida
no seu Regimento Interno.
Quanto ao seu regulamento, o próprio TCU deve elaborar e alterar seu Regimento Interno, e
seguindo este ordenamento, deverá eleger seu Presidente e seu Vice-Presidente, além de dar-lhes
posse, posteriormente.
Os ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal gozarão de licença, férias
e outros afastamentos após serem concedidas pelo TCU. No caso de licença para tratamento de
saúde por um período superior a seis meses, deverá haver inspeção por junta médica, ok?
13
(Meirelles, 1997) apud (Lima L. H., 2009)
O próprio TCU pode propor fixação de vencimentos ao Congresso Nacional de seus ministros,
auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, assim como a criação, transformação
e extinção de cargos, empregos e funções de quadro de pessoal de sua secretaria, bem como a
fixação da respectiva remuneração.
Por fim, quando uma autoridade competente formular consulta ao TCU sobre dúvidas quanto aos
dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria de sua competência, o Tribunal deverá
decidir sobre tal.
O TCU tem jurisdição própria e privativa sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência
dentro do território brasileiro.
Prestação de Contas
5
Todas as pessoas que venham a utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar recursos
públicos devem prestar contas, isto é, devem mostrar que os recursos, que estão sob sua tutela,
estão sendo aplicados corretamente.
A finalidade dos processos de contas é a de possibilitar a verificação da regular aplicação dos
recursos, à luz dos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade14.
Portanto, tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas devem prestar contas, independentemente de
serem públicas ou privadas. Ou seja, se uma empresa privada tiver algum contato com os recursos
públicos, deve prestar contas dos mesmos.
Veja como a Constituição Federal, de 1988, definiu este tema:
“Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária”
Desta forma, o que podemos entender do texto constitucional acima é que não importa quem esteja
do “outro lado”. Se tiver recurso público envolvido em uma situação, as pessoas relacionadas
deverão prestar contas.
No caso do Presidente da República, as contas de sua administração também devem ser
encaminhadas ao Congresso Nacional. De acordo com o Decreto n° 3.591/2000, esta prestação de
contas será feita pela Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda, com a
seguinte composição:
I. Relatório de Atividades do Poder Executivo;
II. Execução do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social;
III. Balanços da Administração Indireta e Fundos;
IV. Execução do Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.
14
(Lima L. H., 2009)
Outro ponto importante no tocante aos Tribunais de Contas é a decisão do STF de que eles podem
realizar o controle de constitucionalidade15. De acordo com a súmula 347 do STF:
“O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das
leis e dos atos do Poder Público.”
(CESPE – DPU – DEFENSOR) De acordo com o STF, o TCU não tem competência para julgar
contas das sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica, ou de seus
administradores, já que os bens dessas entidades não são públicos, mas, sim privados.
Comentários: 4
De acordo com o STF, as empresas públicas ou as sociedades de economia mista estão sujeitas
ao controle e fiscalização perante o Tribunal de Contas.
Isto ocorre porque, apesar do seu regime de direito privado e da exploração econômica, seu
capital é composto por recursos públicos (100 por cento no caso das empresas públicas e a
maioria das ações ordinárias com direito a voto no caso das SEMs).
Gabarito: errada
Pois bem, guardem a seguinte informação: nem todos são obrigados a prestar contas ao TCU, ou
porque este pode simplesmente dispensar esta responsabilidade; ou pelo fato de que o dever de
prestar contas se dê a outro órgão, como no caso de repasses federais a órgãos e entidades, cuja
prestação se dará aquele que repassou o recurso.
Pessoal, nós já discorremos durante a aula sobre alguns assuntos, mas gostaria aqui de fazer um
quadro-resumo entre três conceitos que podem estar confusos na cabeça de alguns.
Veremos de forma simplificada a diferença entre Prestação de Contas, Tomada de Contas e Tomada
de Contas Especial.
15
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
Tomada de Contas
• Prestação de contas a órgãos de controle pelo gestor do
erário público da Administração DIRETA, no findo do exercício
financeiro.
Prestação de Contas
• Prestação de contas a órgãos de Controle pelo gestor do
erário público da Administração INDIRETA, no findo do
exercício financeiro. Abrange também as pessoas físicas que
recebem valores públicos para finalidades sociais.
Tomada de Contas Especial
• Quando houver omissão no7dever de prestar contas, ou prática
de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano
ao erário, os responsáveis devem ser identificados e o dano,
quantificado.
CONTROLE ADMINISTRATIVO
O controle administrativo é, de certa forma, um tipo de controle interno. Ele é efetuado através da
capacidade que a Administração Pública tem de autotutela16. Assim, sempre que a Administração
buscar corrigir ou alterar seus próprios atos administrativos estará exercendo este tipo de controle.
De acordo com Alexandrino & Paulo17, o controle administrativo “é sempre um controle interno,
porque é realizado por órgãos integrantes de um mesmo Poder que praticou o ato”. Os autores
também confirmam que esse controle deriva do poder de autotutela que a administração pública
exerce sobre seus próprios agentes.
16
(Mazza, 2011)
17
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)
18
(Meirelles) apud (Lima C. A., 2005)
“Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e os órgãos da administração dos demais poderes exercem sobre
suas próprias atividades, visando mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas de
sua realização, pelo que é um controle de legalidade, de conveniência e de eficiência.”
Dessa forma, podemos concluir que o controle administrativo pode ser feito de ofício ou por
provocação de terceiros, como ocorre nos casos de: reclamação administrativa, pedidos de
reconsideração, recursos administrativos e direito de petição.
Nestes casos, alguma pessoa ou entidade se dirige à administração pública e busca a correção de
algum ato ou postura do Estado.
CONTROLE LEGISLATIVO
7
Este controle é efetuado pelo próprio parlamento e por seus órgãos auxiliares (como o TCU, no caso
da União). De acordo com Carvalho Filho19, este controle pode ser dividido em dois tipos: o controle
político e o controle financeiro.
O controle político ocorre quando o Congresso decide sobre tratados internacionais, abre comissões
parlamentares de inquérito ou convoca autoridades para que prestem informações. De acordo do
Di Pietro20:
“abrange aspectos ora de legalidade, ora de mérito, apresentando-se, por isso mesmo, como de natureza política, já que
vai apreciar as decisões administrativas sob o aspecto inclusive da discricionariedade, ou seja, da oportunidade e
conveniência diante do interesse público.”
19
(Carvalho Filho) apud (Mazza, 2011)
20
(Di Prieto) apud (Paludo, 2010)
21
(Mazza, 2011)
(CESPE – ABIN – OFICIAL) Devido a sua natureza singular, a ABIN não se submete ao controle
externo por parte do Tribunal de Contas da União, mas apenas ao controle interno da própria
Presidência da República.
Comentários:
Como vimos acima, todas as pessoas físicas e jurídicas que utilizem, guardem, arrecadem,
gerenciem ou administrem recursos públicos federais terão de prestar contas ao Tribunal de
Contas da União.
Desta maneira, a ABIN, apesar de sua natureza singular, não está fora do alcance do controle
externo efetuado pelo TCU.
Gabarito: errada
O controle judicial das atividades da Administração Pública pode ser do tipo prévio ou posterior, mas
só será feito através de alguma provocação ao Poder Judiciário22.
Desta forma, o controle judiciário, ou judicial, é o controle efetuado pelo Poder Judiciário no
exercício de sua função principal – a jurisdicional23. Entretanto, uma “pegadinha” comum em provas
é perguntar sobre a veracidade da seguinte afirmativa: o Poder Judiciário não efetua o controle
administrativo.
Pessoal, quando o Poder Judiciário está exercendo a função administrativa (quando contrata um
serviço, por exemplo) pode sim efetuar um controle administrativo, ou seja, exerce o controle
interno de suas próprias atividades e atos.
O Brasil não adota o modelo francês, de contencioso administrativo. Desta maneira, o Judiciário é o
“ponto final” das causas, ou seja, não cabe ao Executivo julgar de forma definitiva.
Entretanto, quando o Poder Judiciário está exercendo a função administrativa (quando contrata um
serviço, por exemplo) pode sim efetuar um controle administrativo, ou seja, controle interno das
suas próprias atividades e atos.
De acordo com Carvalho Filho24, o Poder Judiciário tem certos limites de atuação, pois não cabe
atuar nos atos políticos ou nos atos interna corporis. Além disso, deve sempre analisar a legalidade
e a legitimidade dos atos, nunca o seu mérito. Pode, entretanto, investigar a legalidade e
legitimidade dos atos discricionários25.
Os principais instrumentos de controle judicial da Administração Pública são:
Mandado de segurança–tem a função de proteger direito líquido e certo, que não seja
amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder seja uma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
uma atribuição de Poder Público26;
Ação Popular – Pode ser proposta por qualquer cidadão que busque anular ato lesivo ao
patrimônio público, à moralidade administrativa e ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural;
Habeas Data – Visa assegurar o conhecimento, retificação e contestação de informações
relativas à pessoa impetrante, que sejam constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público.
Ação Civil Pública– Serve para a proteção de direitos difusos ou coletivos;
22
(Mazza, 2011)
23
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
24
(Carvalho Filho) apud (Mazza, 2011)
25
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
26
(Mazza, 2011)
Percebam que no artigo podem-se retirar duas coisas: a primeira é quais são os Poderes da União, e
a segunda é afirmar que ao mesmo tempo em que são independentes entre si, devam guardar
harmonia. Para a doutrina, a separação dos poderes é denominada de Sistema de Freios e
Contrapesos.
Com o princípio da separação dos poderes, cada um dos três Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário) possuem funções fixadas. Entretanto, essas funções não são exclusivas. E o que isso
significa, professor? Significa que cada Poder possui uma função típica da sua natureza, no entanto,
exercem funções atípicas também.
Vejamos agora um quadro com exemplos de funções dos Poderes, típicas e atípicas:
27
(Costin, 2010)
28
Fonte: www.cnj.jus.br
29
(Paludo, 2010)
Ministério Público
O Ministério Público é uma instituição dinâmica de garantia e efetivação de direitos, pois não precisa
ser provocado para atual em prol de sua concretização30.
Esta atuação é ainda mais percebida pela sociedade no caso dos direitos que necessitam da atuação
do Estado, por meio de políticas públicas, para sua efetivação.
No caso brasileiro, o Ministério Público ascendeu a uma posição de destaque, pois a Constituição
Federal posicionou o MP fora da estrutura de qualquer dos poderes. Assim, não está subordinado a
nenhum dos Poderes.
Dessa forma, o Ministério Público tem autonomia funcional e administrativa asseguradas pela CF/88,
e não está subordinado ao Executivo Legislativo ou Judiciário31.
Entretanto, a CF destinou ao MP diversas garantias semelhantes aos do Poder Judiciário. Dentre os
direitos e interesses que o MP defende, entre outros, estão32:
Os direitos humanos;
A democracia, os direitos políticos, a nacionalidade e o devido processo eleitoral;
30
(Costin, 2010)
31
Fonte: www.pgr.mpf.gov.br
32
Fonte: www.pgr.mpf.gov.br
33
(Matias-Pereira, 2009)
34
(Paludo, 2010)
35
(Costin, 2010)
36
Fonte: http://www.eleitoral.mpf.mp.br/eleitoral_new/institucional/sobre-o-mpe/
37
Fonte: Constituição Federal, art. n°129
Desta forma, o controle externo busca aproximar o controle da gestão pública para o nível em que
esta ação pública efetivamente ocorra. Assim, não só se fortalece o controle da gestão pública, mas
também se amplia a cidadania, com o envolvimento dos cidadãos e das instituições no controle das
atividades do Estado39.
Portanto, a modernização da máquina estatal deve ampliar o espaço em que a sociedade possa
participar e controlar as ações governamentais, ou seja, novas “arenas” e mecanismos devem ser
criados para que esta participação popular seja efetiva e que possamos ter o envolvimento da
sociedade na definição, execução e avaliação dos programas governamentais e das políticas
públicas.
Dentre as formas de controle social, temos:
A possibilidade de qualquer cidadão denunciar irregularidades ao TCU (ou outros tribunais de
contas);
38
(Lima L. H., 2009)
39
(Paludo, 2010)
A possibilidade de qualquer cidadão entrar com uma ação popular que vise anular ato lesivo
ao patrimônio público. Desta forma, um cidadão qualquer pode entrar com uma denúncia se
considerar que algum agente público está gerindo mal os recursos públicos, se avaliar que
uma obra pública está superfaturada, etc.;
Obrigação dos entes governamentais de disponibilizar ao contribuinte as contas públicas;
O orçamento participativo;
As audiências públicas;
Conselhos gestores de políticas públicas;
Os conselhos municipais.
De acordo com Paludo40, as novas tecnologias de informação e comunicação estão facilitando o
controle social pela sociedade, pois permitem um acesso maior e mais rápido a toda uma gama de
informações relativas às ações do Poder Público.
A própria prática continuada da democracia no Brasil, de acordo com Matias-Pereira41, está levando
a uma cobrança cada vez maior por transparência e participação por parte da sociedade.
Ouvidorias
Assim sendo, as ouvidorias funcionam como intermediários entre os cidadãos e a máquina estatal.
Possibilitam, também, uma maior conscientização da população em relação aos seus direitos e
deveres.
Quando somos ouvidos e notamos que nossas dúvidas e demandas estão sendo levadas em
consideração, nos sentimos mais atuantes e valorizados, não é mesmo? Portanto, essas ouvidorias
servem também como um instrumento de valorização da democracia participativa, pois incentivam
a participação direta da população na resolução dos problemas e na melhoria do atendimento
público.
40
(Paludo, 2010)
41
(Matias-Pereira, 2009)
42
(Perez, 2004) apud (Barreto, 2009)
Outro aspecto importante do funcionamento das ouvidorias é como agente de mudanças dentro da
máquina estatal. Quando uma ouvidoria funciona bem, esta passa a cobrar respostas mais rápidas
e com um nível maior de qualidade aos cidadãos/usuários.
Um ouvidor deve, também, fazer um estudo estatístico das demandas e problemas detectados pelos
cidadãos. Este estudo pode proporcionar um “mapeamento” das áreas críticas do órgão e subsidiar
propostas de mudanças.
Isto nem sempre é bem visto por servidores acomodados e refratários ao contato com a população.
Muitas vezes, a criação de uma ouvidoria deve vir acompanhada de uma mudança na cultura
organizacional da instituição.
Desse modo, um fator crítico para o sucesso dessas ouvidorias é o apoio político dos chefes e
superiores hierárquicos. Sem este apoio, uma ouvidoria não tem muita chance de obter sucesso.
Além disso, o profissional que venha a ocupar este posto deve ter autonomia para defender o
cidadão usuário dentro da instituição e cobrar informações e melhores resultados das diversas áreas
envolvidas.
Para Lyra44, entende-se por ouvidoria um instrumento que visa à concretização dos preceitos
constitucionais que regem a administração pública, a fim de que tais preceitos – legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – se tornem, na prática, “eixos norteadores da
prestação de serviços públicos”.
Ainda segundo o mesmo autor, são atribuições principais de uma ouvidoria pública, além da
observância dos preceitos constitucionais que regem a administração pública:
indução de mudança,
reparação do dano,
acesso à administração e
promoção da democracia.
Vimos que as ouvidorias aumentam o controle social, pois são “canais de comunicação” entre os
simples cidadãos e as instituições públicas, não é verdade?
Para Teixeira45, as ouvidorias se traduzem num canal em que o cidadão se comunica diretamente
com o poder público e, por meio dele, pode fazer sugestões, reclamações ou avaliar a prestação de
tal ou qual serviço público.
Para sermos ouvidos pelas ouvidorias, temos algumas formas de acioná-los, dentre elas:
Por telefone;
43
(Barreto, 2009)
44
(LYRA, 2004)
45
(Teixeira, 2012)
Por disque-ouvidoria;
Por carta;
Por fax ou e-mail;
Por carta-resposta, etc.
A adoção de qualquer um desses meios deve viabilizar o contato do cidadão ao ouvidor que terá o
papel essencial em dar andamento ao processo de busca pela melhoria no atendimento ao cidadão.
Vale ressaltar que qualquer um dos meios de acionamento da ouvidoria, o reclamante terá o direito
de acompanhar o andamento de sua reclamação por meio de senha, além de ser informado de um
prazo no qual deverá ter resposta para seu problema.
O papel do ouvidor é receber a demanda do cidadão e fixar um prazo para lhe dar uma resposta. No
caso de denúncia de irregularidades, o ouvidor pode encaminhá-la ao órgão competente para que
este inicie algum tipo de investigação e possa, posteriormente, retornar ao cidadão informando
sobre o que foi encontrado e qual o procedimento foi adotado46.
Normalmente, as reclamações a uma ouvidoria relacionam-se com atos de gestão pública que
deixaram os cidadãos insatisfeitos ou relativos a solicitações de orientações técnicas.
As denúncias sobre os atos de gestão trazem algumas consequências aos infratores, pois a partir
delas, poderá se instalar um inquérito, resultando em diversas punições aqueles que infringiram
regras utilizando o erário público.
Dentre as principais irregularidades detectadas por meio de denúncias em ouvidorias, têm-se as
relativas às prestações de contas, aos processos licitatórios, à falta de atenção à LRF e até às
concessões indevidas de aposentadorias.
Dessa forma, é claro que os agentes públicos não veem com bons olhos as atividades da ouvidoria,
causando um grande desafio a continuidade de suas atividades dentro da organização. A cultura
organizacional das instituições públicas deve se voltar para a valorização do trabalho das ouvidorias,
para assim, elas deixarem de ser vistas com um “sistema repressor”.
Outro desafio que as ouvidorias devem ultrapassar é a barreira política, isto é, muitos superiores,
principalmente as chefias decorrentes apenas de funções comissionadas não gostam de ser
questionados, nem que a sua equipe o seja, pela ouvidoria do órgão. É necessária a obtenção de
apoio político para que se alcance de sucesso na solução de reclamações pelo cidadão.
Por fim, as ouvidorias têm outro importante papel. Está sendo implantada uma cultura de que não
se deve apenas esperar que o cidadão procure a ouvidoria para fazer reclamações ou tirar algumas
dúvidas. Agora, a ouvidoria poderá ir ao encontro “da prestação de serviço público”.
Dessa forma, servidores que trabalham nas ouvidorias visitam os locais públicos para monitorar a
qualidade de serviços, distribuir material sobre a importância do trabalho da ouvidoria, e buscar
qualquer indício de desvio de conduta.
46
(Teixeira, 2012)
A visita de um agente a cargo de uma ouvidoria também busca informar aos cidadãos como deverão
agir em caso de se depararem com atividades irregulares.
RESUMO
Memorex
Controle de legalidade;
Controle quanto
ao objeto Controle de mérito;
Controle de gestão.
Controle Preventivo;
Controle quanto
ao momento Controle Concomitante;
Controle Posterior.
Controle quanto
ao
Controle interno;
posicionamento
do órgão Controle externo
controlador
Controle Interno
Sistema de
Órgão Central: Controladoria Geral da União.
Controle Interno
do Poder Órgãos Setoriais: Min. Relações Exteriores, Min. da
Executivo Federal Defesa; Advocacia-geral da União, Casa Civil.
Controle Externo
Controle Administrativo
Controle Legislativo
47
(Meirelles) apud (Lima C. A., 2005)
Controle Judicial
Controle Social
48
(Barreto, 2009)
QUESTÕES COMENTADAS
49
(Alexandrino & Paulo, 2014)
inconvenientes ou anule aqueles que estejam em situação de ilegalidade. Para isto, admitem-se a
fiscalização hierárquica, as auditorias, as supervisões, os pareceres, dentre outros meios.
Desse modo, o controle interno busca garantir a legalidade nas ações dos governantes, no entanto,
ele é exercido pela Controladoria-Geral da União (CGU) e por órgãos de controle interno instalados
nos diversos órgãos públicos. A letra E também está errada.
Só nos sobrou a letra C. O controle social é uma forma em que a própria sociedade exerce o controle
sobre o Estado. O controle institucional é o exercido pelo TCU, CGU, etc.
Gabarito: letra C
Dessa maneira, a letra D também está errada, pois o Poder Legislativo pode fiscalizar as atividades
da Administração Pública.
Vimos que o além do Ministério Público, os atos administrativos podem ser fiscalizados, por
exemplo, pelo Poder Legislativo, pelo Poder Judiciário. Logo, a letra E está errada.
Gabarito: letra B
b) judicial é levado a efeito pelo Poder Judiciário, ao qual cabe, em regra, decidir sobre a
legalidade e o mérito dos atos da Administração em geral, podendo invalidar e revogar,
respectivamente, os atos ilegais e inoportunos;
c) administrativo é o que se origina da própria Administração Pública, como, por exemplo,
quando o Chefe do Executivo, pelo atributo da autotutela, promove a revisão (seja para
invalidação, seja para alteração) de um ato oriundo do Poder Legislativo;
d) externo é exercido com exclusividade pelo Poder Judiciário sobre os Poderes Legislativo e
Executivo, que estão sujeitos às decisões judiciais pelos princípios da inafastabilidade e
supremacia da jurisdição, sendo que tais poderes não exercem qualquer controle sobre o
Judiciário;
e) interno é exercido com exclusividade pelo Poder Executivo, por meio do Tribunal de Contas
que promove a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos
órgãos do próprio Executivo.
==15477f==
Comentários
A letra B está errada, pois o controle judicial analisa a legalidade e nunca o mérito do ato
administrativo. Logo, não pode revogar os atos inoportunos.
A letra C está errada, pois o conforme Hely Lopes Meirelles “controle administrativo é todo aquele
que o Executivo e os órgãos da administração dos demais poderes exercem sobre suas próprias
atividades, visando mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências
técnicas de sua realização, pelo que é um controle de legalidade, de conveniência e de eficiência”.
A letra D está errada, pois o controle externo é aquele realizado pelo Congresso Nacional, com o
auxílio do Tribunal de Contas da União. Também se observa controle externo quando o Poder
Judiciário quanto à legalidade dos atos, ou seja, “a posteriori”.
A letra E está errada, pois controle interno é aquele realizado por órgãos integrantes de um mesmo
Poder que praticou o ato50. Dessa forma, a única alternativa correta é a letra A.
Gabarito: letra A
50
(Alexandrino & Paulo, 2014)
Gabarito: letra D
No atual cenário da sociedade, o objetivo do Estado é prestar um serviço cada vez melhor ao
cidadão. Para isso, novos canais de atendimento foram criados e surgiram as ouvidorias. Em
relação à ouvidoria, é correto afirmar que se trata de um (a):
a) canal de atendimento para tirar dúvidas dos usuários.
b) canal de comunicação direto, de pós-atendimento ao usuário/cidadão, por meio do qual ele
pode manifestar uma reclamação, uma denúncia ou um elogio.
c) ferramenta de relacionamento com o usuário/ cidadão.
d) canal para atender os chamados stakeholders da organização em suas solicitações de
melhoria de processos.
e) evolução da central de atendimento ao cidadão, apenas.
Comentários
A letra A e C estão erradas, pois a ouvidoria não se trata de um tira dúvidas ou uma ferramenta de
relacionamento, e sim de um canal direto para o usuário manifestar-se por meio de uma reclamação,
denúncia ou elogio.
As letras D e E são invenções da banca.
Gabarito: letra B
d) Controle judicial.
e) Controle legal
Comentários
O controle da administração pública possui como função a de observar a eficiência do agente
administrativo dentro do princípio da legalidade é o controle administrativo, tendo, por base, o
poder de autotutela.
Gabarito: letra B
d) Aos Tribunais de Contas dos Estados compete julgar as contas prestadas anualmente pelo
Governador e Prefeitos.
Comentários
Em razão dos princípios da verdade material e da oficialidade, os Tribunais de Contas podem agir de
ofício. Logo, a letra B está errada, pois não é verdade afirmar que os TC somente devem agir se
provocados por terceiros.
Conforme Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar
a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. Dessa forma, a letra C também está
errada.
Não cabe julgar as contas dos chefes do Poder Executivo, e sim, apreciá-las. A letra E também está
errada.
A única alternativa correta é a letra A.
Gabarito: letra A
Como podemos observar, os itens I, II e III da questão são cópias fieis dos das alíneas do inciso I do
artigo em questão. Todos estão corretos.
Gabarito: letra A
O artigo décimo da Lei n. 12.527/11 afirma que qualquer interessado poderá apresentar pedido
de acesso às informações aos órgãos e entidades, por qualquer meio legitimo, devendo o
pedido conter a identificação do requerente e a especificação da informação
requerida.(Adaptado)
Caso não seja possível aos órgãos e entidades concederem o acesso imediato à informação,
assinale a afirmativa que indica o procedimento a ser adotado.
a) Os órgãos ou entidades devem realizar audiências ou consultas públicas, para auxiliar o
requerente.
b) Os órgãos ou entidades devem viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
acesso por meio de seus sítios oficiais na Internet.
c) Os órgãos ou entidades devem indicar as razões de fato ou de direito da recusa do acesso
pretendido.
d) Os órgãos ou entidades devem protocolar novo requerimento de acesso à informação.
Comentários
Pessoal, a Lei dispõe que o órgão ou entidade pública DEVE conceder acesso imediato à informação
disponível. No entanto, se não for possível que se conceda a informação requerida, o órgão ou
entidade que tiver recebido o pedido deverá tomar providências dentro do prazo de vinte dias (que
pode chegar a trinta dias, mediante justificativa expressa)
Dentre as providências, a Lei cita que se deve indicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
efetuar a reprodução ou obter a certidão.
O órgão ou entidade também deve informar o motivo da recusa, parcial ou total, do acesso
pretendido. E se não tiver a informação, deverá indicar qual órgão ou entidade que a possui,
podendo, inclusive, enviar o requerimento do usuário ao local competente.
Gabarito: letra C
51
Lei Complementar n° 101/2000
Como a banca solicitou os instrumentos já criados pela LRF, esta alternativa se torna incorreta
(apesar de estar prevista no texto legal).
Gabarito: letra E.
52
Lei Complementar n° 101/2000
Como a banca solicitou os instrumentos já criados pela LRF, esta alternativa se torna incorreta
(apesar de estar prevista no texto legal).
Gabarito: letra E
53
(Mazza, 2011)
A letra E está errada, pois, ao contrário do que afirma o examinador, é direcionado ao controle
interno. Diante disso, apenas a letra C está correta.
Gabarito: letra C
Gabarito: letra D
b) judicial é levado a efeito pelo Poder Judiciário, ao qual cabe, em regra, decidir sobre a
legalidade e o mérito dos atos da Administração em geral, podendo invalidar e revogar,
respectivamente, os atos ilegais e inoportunos;
c) administrativo é o que se origina da própria Administração Pública, como, por exemplo,
quando o Chefe do Executivo, pelo atributo da autotutela, promove a revisão (seja para
invalidação, seja para alteração) de um ato oriundo do Poder Legislativo;
d) externo é exercido com exclusividade pelo Poder Judiciário sobre os Poderes Legislativo e
Executivo, que estão sujeitos às decisões judiciais pelos princípios da inafastabilidade e
supremacia da jurisdição, sendo que tais poderes não exercem qualquer controle sobre o
Judiciário;
e) interno é exercido com exclusividade pelo Poder Executivo, por meio do Tribunal de Contas
que promove a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos
órgãos do próprio Executivo.
II. A transparência fiscal é assegurada por meio do incentivo à participação popular e pela
realização de audiências públicas, durante os processos orçamentários.
III. A transparência fiscal é assegurada pela adoção de sistema integrado de administração
financeira e controle, que atenda ao padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder
Executivo da União.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente a afirmativa II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
b) A disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício, para consulta e
apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
c) A emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal, de acesso público e ampla divulgação.
d) A emissão de relatórios periódicos de execução orçamentária, de acesso público e ampla
divulgação.
e) O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade
da gestão fiscal serão realizados por Conselho de Orçamento Participativo, constituído por
representantes de todos os poderes e esferas de governo, do MP e de entidades técnicas
representativas da sociedade.
GABARITO
1. A 13. C 25. E
2. C 14. B 26. E
3. C 15. E 27. E
4. E 16. E 28. C
5. B 17. A 29. A
6. A 18. C 30. D
7. D 19. A
8. D 20. A
9. A 21. C
10. B 22. D
11. C 23. C
12. B 24. E
BIBLIOGRAFIA
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Alexandrino, M., & Paulo, V. (2014). Direito Administrativo Descomplicado. Rio de Janeiro : Forense;
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Barreto, W. d. (2009). Controle da Gestão Pública e Participação Cidadã: a experiência da ouvidoria
do Tribunal de Contas de Pernambuco. Dissertação do Curso de Mestrado em Administração
Pública. Rio de Janeiro: FGV.
Costin, C. (2010). Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier.
Lima, C. A. (2005). Administração Pública para concursos. Rio de Janeiro: Elsevier.
Lima, L. H. (2009). Controle externo: teoria, jurisprudência e mais de 500 questões (3° Ed. ed.). Rio de
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LYRA, R. (2004). Autônomas x obedientes: a Ouvidoria em debate. Política & Trabalho - Revista de
Ciências Sociais nº 20.
Matias-Pereira, J. (2009). Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
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Mazza, A. (2011). Manual de direito administrativo (1° Ed. ed.). São Paulo: Saraiva.
Olivieri, C. (2010). Monitoramento das políticas públicas e controle da burocracia: o sistema de
controle interno do Executivo federal brasileiro. Em F. Abrucio, M. Loureiro, & R. Pacheco,
Burocracia e política no Brasil: desafios para a ordem democrática no século XXI (pp. 149-
181). Rio de Janeiro: FGV.
Paludo, A. V. (2010). Administração pública: teoria e questões (1° ed.). Rio de Janeiro: Elsevier.
Teixeira, M. A. (2012). Estado, governo e administração pública. Rio de Janeiro: FGV.
Zymler, B. (2009). Direito Administrativo e controle. Belo Horizonte: Fórum.
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