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direitos fundamentais dos condenados. Logo qual a pena possui um caráter de corretivo,
em seu artigo 1º, dispõe que “a execução penal mas também pretende “fazer da execução da
tem por objetivo efetivar as disposições de pena a oportunidade para sugerir e suscitar
sentença ou decisão criminal e proporcionar valores, facilitando a resolução de conflitos
condições para a harmônica integração social pessoais do condenado, mas sem a presunção
do condenado”. Note-se que aqui também é de transformar cientificamente sua
possível perceber a relação de bilateralidade personalidade”.
dos direitos e deveres.
Como é possível observar, ambos acatam que
Para Marcondes (2001), a Lei de Execução a Lei de Execução Penal surge com a
Penal propõe um “movimento de política finalidade de humanizar o sistema
criminal de inspiração humanista”, não penitenciário. Assim, as atribuições
admitindo a consideração do delinquente relacionadas ao tratamento penal e à
como mero objeto, mas, sim, que o individualização da pena estão dispostas entre
cumprimento da pena deve proporcionar a os artigos 5º ao 37. A LEP, no entanto, utiliza
adaptação do condenado ao meio social. o termo “assistência” no lugar de
Assim, para o autor, tal movimento da “Nova “tratamento”.
Defesa Social” possui três pilares com
O artigo 10 a LEP prevê as chamadas
aspectos essencialmente humanitários, quais
sejam: "assistências" ao preso, dever do Estado, e que
objetivam "prevenir o crime e orientar o
a) Tem por base o conhecimento e retorno à convivência em sociedade".
apreciação do delinquente; Observamos aqui a finalidade preventiva da
pena. O artigo 11 elenca as áreas nas quais o
b) Questiona a ideia da proteção da preso deve receber assistência. As assistências
sociedade com o sacrifício do a que tem direito são: a) material; b) à saúde;
indivíduo, que, por mais que seja c) jurídica; d) educacional; e) social; f)
um criminoso, trata-se de uma religiosa.
pessoa humana que necessita ser
ressocializada, cuja ação se Supreendentemente, a LEP não prevê a
processa de acordo com a sua assistência psicológica. Inicialmente pode-se
personalidade; pressupor que esta estaria abarcada na
assistência à saúde, porém, de acordo com o
c) Busca a individualização judiciária artigo 14 da LEP, por assistência à saúde
e executória da pena privativa de entendem-se os atendimentos médicos,
liberdade, mediante a observação, farmacêutico e odontológicos. Porém, em
classificação e ressocialização, 1994, foram publicadas as Regras Mínimas
através de medidas assistenciais, e para Tratamento do Preso no Brasil, que
levando sempre em conta o passaram a incluir a assistência psicológica
respeito à dignidade da pessoa nos serviços de saúde e assistência sanitária.
humana.
A Lei de Execução Penal, como já visitado,
Miguel Reale Jr. (1983), um dos idealizadores visa instituir uma relação de bilateralidade de
da LEP, afirma que tal lei instaurou um direitos e deveres entre o Estado e o
posicionamento de realismo humanista, na
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condenado. Os principais direitos do preso especial de garante dos Estados frente às
seriam as supracitadas assistências, o respeito pessoas privadas de liberdade, terão elas
à sua integridade física e moral, e aqueles respeitadas e garantidas a vida e a integridade
elencados no artigo 41 da LEP. Já os deveres pessoal bem como asseguradas condições
do preso estão elencados nos artigos 38 e 39 mínimas compatíveis com sua dignidade”.
da mesma Lei, que seriam o cumprimento de
normas disciplinares que promovam a Assim, em seu artigo XI, trata dos
segurança do estabelecimento penal. seguintes direitos:
O questionamento que emerge é sobre a 1. Alimentação: “As pessoas privadas de
obrigatoriedade ou não do preso se submeter liberdade terão direito a receber
ao tratamento a ele oferecido. Seria, então, o alimentação que atenda, em
tratamento um direito ou um dever? quantidade, qualidade e condições de
higiene, a uma nutrição adequada e
Para Marcondes (2001), “tratamento suficiente e leve em consideração as
penitenciário ressocializador, de natureza questões culturais e religiosas dessas
assistencial, deve ser concebido como uma pessoas bem como as necessidades ou
assistência ao preso, para que ele ajude a si dietas especiais determinadas por
próprio, e somente pode ser realizado com o critérios médicos. Esta alimentação
consentimento esclarecido do condenado”. será oferecida em horários regulares e
sua suspensão ou limitação, como
DO ATENDIMENTO TÉCNICO
medida disciplinar, deverá ser proibida
1. Da assistência material: por lei”.
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às demais condições indispensáveis prestada em outro local, mediante autorização
para o descanso noturno. As da direção do estabelecimento”.
instalações deverão levar em conta,
entre outras, as necessidades especiais O parágrafo terceiro institui que “será
das pessoas doentes, das portadoras de assegurado acompanhamento médico à
mulher, principalmente no pré-natal e no pós-
deficiência, das crianças, das mulheres
grávidas ou mães lactantes e dos parto, extensivo ao recém-nascido”. E, por
idosos”. fim, o parágrafo quarto obriga que “será
assegurado tratamento humanitário à mulher
2. Condições de higiene: “As pessoas grávida durante os atos médico-hospitalares
privadas de liberdade terão acesso a preparatórios para a realização do parto e
instalações sanitárias higiênicas e em durante o trabalho de parto, bem como à
número suficiente, que assegurem sua mulher no período de puerpério, cabendo ao
privacidade e dignidade. Terão acesso poder público promover a assistência integral
também a produtos básicos de higiene à sua saúde e à do recém-nascido”.
pessoal e a água para o asseio pessoal,
A assistência à saúde possui seis
conforme as condições climáticas. Às
mulheres e meninas privadas de
grandes pilares:
liberdade serão proporcionados a) Ações preventivas e identificação de
regularmente os artigos indispensáveis doenças preexistentes e de uso abusivo
às necessidades sanitárias próprias de de drogas e/ou álcool;
seu sexo”.
b) Atenção básica e especializada;
3. Vestuário: “O vestuário colocado à
c) Atendimento de urgência e
disposição das pessoas privadas de
emergência;
liberdade deverá ser em número
suficiente e adequado às condições d) Saúde da mulher;
climáticas e levará em conta sua
identidade cultural e religiosa. Em caso e) Saúde mental - em consonância às
algum as roupas poderão ser Regras Mínimas para Tratamento do
degradantes ou humilhantes”. Preso no Brasil, de 1994;
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A assistência à saúde é de caráter público, Art. 39. O ensino
irrestrito e gratuito, e direito de todos os profissional será ministrado
sujeitos que se encontrem sob a tutela do em nível de iniciação e de
Estado. Os profissionais que enquadram o aperfeiçoamento técnico.
setor de saúde prisional são: enfermeiro,
Art. 40. A instrução
técnico de enfermagem, dentista, auxiliar de
saúde bucal, médico, psiquiatra e psicólogo. primária será
obrigatoriamente ofertada a
3. Da assistência jurídica todos os presos que não a
possuam.
A execução da pena deve promover um eficaz
tratamento penal, visando devolver a pessoa Parágrafo Único – Cursos
ao convívio social em condições mais de alfabetização serão
favoráveis, possibilitando, assim, sua obrigatórios e compulsórios
integração na vida familiar e mercado de para os analfabetos.
trabalho.
Art. 41. Os estabelecimentos
De acordo com os artigos 15 e 16 da LEP, é prisionais contarão com
dever do Estado proporcionar ao preso biblioteca organizada com
assistência jurídica. Esta é destinada àqueles livros de conteúdo
sem recursos financeiros para constituir um informativo, educativo e
advogado. Este é o papel da Defensoria recreativo, adequado à
Pública, que deve prestar, integral e formação cultural,
gratuitamente, tais serviços, dentro e fora dos profissional e espiritual do
estabelecimentos penais. preso.
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há a remição de um dia da pena a cada três 6. Da assistência religiosa
dias de estudo, trabalho ou leitura.
A assistência religiosa é tratada no artigo 24
5. Da assistência social da LEP, com os seguintes textos:
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Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos
desta Lei:
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BIBLIOGRAFIA:
1. Marcondes, P. Dissertação apresentada ao
Curso de Mestrado em Direito Penal da
Universidade Estadual de Maringá, 2001.
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