ROTINA DA UNIDADE
NEONATAL
HOSPITAL REGIONAL DE MATO GROSSO DO SUL
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Sumário
Admissão na UTI Neonatal ............................................................................................................. 4
Classificação do recém-nascido...................................................................................................... 6
Controle térmico do recém-nascido ................................................................................................ 9
Protocolo de manipulação mínima ................................................................................................ 12
Estratégias de neuroproteção ....................................................................................................... 14
Necessidades hidreletrolíticas....................................................................................................... 16
Alimentação enteral ...................................................................................................................... 20
Nutrição parenteral ....................................................................................................................... 26
Distúrbio eletrolítico ...................................................................................................................... 30
Distúrbio acidobásico .................................................................................................................... 37
Oxigenioterapia ............................................................................................................................. 40
Protocolo de ventilação mecânica ................................................................................................ 44
Protocolo de ventilação não invasiva ............................................................................................ 55
Sequência rápida de intubação ..................................................................................................... 61
Membrana hialina ......................................................................................................................... 63
Taquipneia transitória ................................................................................................................... 68
Síndrome de aspiração de mecônio .............................................................................................. 70
Apneia da prematuridade .............................................................................................................. 73
Displasia broncopulmonar............................................................................................................. 76
Hipertensão pulmonar ................................................................................................................... 79
Hipoglicemia neonatal ................................................................................................................... 81
Hiperglicemia neonatal ................................................................................................................. 85
Hiperbilirrubinemia indireta ........................................................................................................... 87
Colestase neonatal ....................................................................................................................... 95
Crise hipoxêmica ........................................................................................................................ 100
Choque no período neonatal ....................................................................................................... 107
Sepse precoce ............................................................................................................................ 116
Profilaxia antifúngica ................................................................................................................... 121
Sepse neonatal tardia ................................................................................................................. 122
Enterocolite necrotizante............................................................................................................. 126
Meningite neonatal...................................................................................................................... 131
Asfixia perinatal .......................................................................................................................... 133
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
1. O paciente deverá ser acomodado em berço de calor radiante ou em incubadora de parede dupla
com umidificação a 70% para os RNPT extremos.
2. Monitorização:
a. Frequência cardíaca.
b. Frequência respiratória.
c. Temperatura
d. Pressão arterial.
e. Oximetria de pulso.
f. Controle de diurese de 6/6 horas.
g. Glicemia de 6/6 horas (ou de acordo com necessidade).
h. Balanço hídrico: no primeiro dia de vida fechar balanço de 24 horas; nos dias seguintes
de 6/6 ou 12/12 horas.
7. Cálculo de SNAPPE – II com 12horas de admissão na UTI – Neonatal que tenham no máximo 48
horas de vida.
8. Analgesia e sedação: utilizar escore de avaliação de dor e instituir analgesia de acordo com pro-
tocolo do serviço.
9. Dieta: paciente em condições de ser alimentado deverá receber de preferência leite materno de
3/3 horas.
10. Providenciar acesso venoso periférico em todos os recém-nascidos. O acesso venoso central será
providenciado em pacientes com perspectivas de uso de infusão endovenosa contínua por mais
de sete dias. Em ordem de preferência: PICC, cateter venoso umbilical e flebotomia.
11. Indicação de acesso arterial umbilical:
a. < 1000g em suporte ventilatório (CPAP ou VM).
b. Recém-nascido em ventilação mecânica clinicamente instável (em uso de drogas vasoati-
vas, parâmetros ventilatórios altos)
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12. Realizar vacina contra hepatite B em todos os recém-nascidos preferencialmente nas primeiras
12 horas de vida.
13. Colher teste do pezinho até o 5º dia de vida mesmo que o paciente esteja em jejum. Nestes ca-
sos repetir após 7 dias da primeira coleta.
15. Estímulo e orientação quanto à visita dos pais (livre acesso ao setor).
Manter os pais sempre informados da situação e evolução do seu bebê.
A primeira visita dos pais deverá ser acompanhada do médico da unidade, independen-
te do horário que aconteça. Nos demais dias as informações serão passadas em horários pre-
estabelecidos pela unidade (10:00-10:30h e 15:00-15:30h).
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Classificação do recém-nascido
Período neonatal: intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a criança atinja a
idade de 27 dias, 23h, 59 min.
Período neonatal precoce: intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a
criança atinge 6 dias, 23 horas e 59 minutos.
Período neonatal tardio: intervalo de tempo que vai do 7º dia até o momento em que a crian-
ça atinge 27 dias, 23 horas e 59 minutos.
Idade pós-natal: é o período de tempo que decorre do nascimento até a data presente.
Idade corrigida: é a idade pós-natal menos o número de semanas que faltou para completar 40 sema-
nas (subtrair da idade pós-natal a diferença entre 40 semanas e a idade gestacional). É usada para avali-
ação do crescimento e desenvolvimento da criança após o termo.
Observações:
Crescimento simétrico: ocorrência das três medidas (comprimento, peso, PC) no mesmo per-
centil.
Crescimento assimétrico: desproporcionalidade entre peso, comprimento e perímetro cefálico,
habitualmente sendo menor o peso.
Retardo de crescimento intrauterino: Quando é documentada uma desaceleração no cresci-
mento fetal, por meio de exames ultrassonográficos seriados, ou peso de nascimento muito infe-
rior à medida do comprimento obtida no exame do neonato.
A circunferência cefálica excede a circunferência abdominal até 32 semanas, iguala-se a ela entre
32 a 36 semanas e torna a excedê-la após a 36ª semana.
Os dados referentes ao exame neurológico poderão ser obtidos na 6º hora de vida e, em algumas cir-
cunstancias, como a asfixia neonatal e prematuridade, recomenda-se aguardar cerca de 12 a 24h para
sua realização, afim de que seja obtida uma correlação mais precisa com idade estimada pelo exame e
idade gestacional “real”.
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New Ballard (expandido para neonatos extremamente prematuros): inclui RN com IG: até 20 sem; po-
de ser realizado até 96h após o nascimento.
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Bibliografia
1. The American College of Obstetricians and Gynecologists. Committee on Obstetric Practice. Socie-
ty for Maternal-Fetal Medicine. Definition of term pregnancy. Committee Opinion 579. Obstet Gy-
necol 2013; 122:1139-40.
2. Lamy Z.C, Filho F L: PRORN, módulo 2 – ciclo5, 2008, Alojamento conjunto- indicações e vanta-
gens, 79- 122.
3. Ballard JL, Khoury JC, Wedig K, et al. New Ballard Score expanded to include extremely prema-
ture infants. J Pediatr 1991; 119:417–423.
4. WHO recommendations on interventions to improve preterm birth outcomes: evidence base
which can be accessed online at
www.who.int/reproductivehealth/publications/maternal_perinatal_health/preterm-birth-guideline
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Temperatura para manutenção do ambiente térmico neutro em função da idade pós-natal e do peso:
Idade pós-natal / peso Variação de temperatu- Idade pós-natal / peso Variação de temperatu-
ra ra
0 – 6 horas 72 – 96 horas
>2500g (e > 36sem) 32,0 – 33,8°C >2500g (e > 36sem) 29,8 – 32,8°C
6 – 12 horas 4 – 12 dias
48 – 72 horas
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Hipotermia
Classificação:
Leve: 36,0 – 36,4°C
Moderada: 32,0 – 35,9°C
Grave: < 32°C
Fatores de risco:
Na salade parto:
Temperatura ambiente entre 23 e 26°C;
Uso de touca;
Cobertura oclusiva do berço de calor radiante com filme de poliuretano, polivinil ou poliuretano
(se não houver incubadora disponível);
Saco plástico de polietileno;
Colchão térmico se disponível;
Contato pele-a-pele com a mãe nos recém-nascidos com boa vitalidade;
Na UTI-Neonatal:
Incubadora preferencialmente de parede dupla pré-aquecida na admissão;
Umidificação na incubadora em torno de 80% principalmente para menores de 30 semanas e/ou
1000g ao nascimento;
Na admissão, além da incubadora, colchões, lençóis e cueiros devem estar aquecidos;
Manter a integridade da pele;
Ventilação mecânica: mistura gasosa aquecida entre 35 e 38°C.
Cuidados com exposição da superfície corporal durante o exame físico; posição canguru.
Hipertermia
Fatores de risco:
Condições maternas: febre materna; analgesia peridural; TP prolongado; nuliparidade.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Quadro clínico:
Taquicardia;
Taquipneia;
Apneia;
Rubor facial;
Pele avermelhada;
Sudorese;
Sucção inadequada;
Má aceitação da dieta;
Irritabilidade;
Bibliografia
1. Silva RPGVC, Venzon OS. Controle Térmico do Recém-Nascido. In: Sociedade Brasileira de Pedia-
tria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neonatologia:
Ciclo 14. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2016. p. 49-95. (Programa de Educação Continua-
da à Distância, v.1).
2. Barros MCM, Almeida MFB. Controle de Temperatura no Recém-nascido Pré-termo. In: Sociedade
Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização
em Neonatologia: Ciclo 15. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2017. p. 11-48. (Programa de
Educação Continuada à Distância, v.1).
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Antes do nascimento
Transferir os pacientes de risco intraútero para hospitais terciários capazes de atendimento adequado
Administrar corticoide antenatal.
No centro obstétrico
Ao chegar à UTI-NEO
Assegurar a manutenção da temperatura do paciente em, no mínimo, 36ºC.
Realizar, ao chegar à pesagem, as medidas de comprimento, perímetro cefálico, abdominal e torácico (nas
primeiras 6 horas de vida).
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À equipe multidisciplinar
Redução de luminosidade
Redução de ruído
Construir ou preparar a UTI-NEO com materiais adequados que reduzam ruído nos pisos, nas paredes e nas
janelas.
Utilizar equipamentos menos ruidosos possíveis nas lixeiras, nas pias, nos toalheiros e nas saboneteiras.
Atender os alarmes e desligá-los o mais rápido possível.
Nunca colocar objetos em cima das incubadoras.
Fechar as portinholas com gentileza.
Diminuir o volume da voz nas conversas rotineiras.
Evitar conversas rotineiras ao lado da incubadora.
Utilizar os aparelhos celulares no modo vibratório.
Retirar aparelhos eletrônicos da unidade (rádio e televisão).
Bibliografia
1. Fekete SMW, Pelicia SMC, Bentlin MR. Estratégias de cuidados mínimos no recém-nascido pré-
termo. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Pro-
grama de Atualização em Neonatologia: Ciclo 15. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p.
63–98. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3).
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Objetivo
Minimizar fatores que podem prejudicar o prognóstico neurológico dos pacientes neonatais. O cérebro em
desenvolvimento sofre as consequências da secreção de hormônios de estresse (corticosteroides, adrena-
lina) desencadeada pela exposição a estímulos estressantes.
Estratégias
5. Evitar a hipotermia
a. Realizar controle térmico rigoroso do recém-nascido: temperatura entre 36,5ºC e 37ºC,
desde a sala de parto e por todo o período de internação na UTI neonatal.
b. Para os prematuros de muito baixo peso e extremo baixo peso manter em saco plástico
desde a admissão, nas primeiras 6 horas de vida.
c. Manter em incubadora todos os recém-nascidos com menos de 34 semanas de idade ges-
tacional
d. Manter a incubadora aquecida e umidificada. Para os recém-nascidos prematuros com
peso de nascimento menor que 1000g ou idade gestacional menor que 30 semanas man-
ter umidificação em torno de 80% na primeira semana e reduzir gradualmente a partir da
segunda semana, de acordo com a estabilidade e o controle térmico do recém-nascido.
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7. Utilizar protocolo de nutrição enteral e parenteral para garantir o melhor aporte nutricional, com
especial atenção para a utilização do leite da própria mãe e instituição da colostroterapia.
Bibliográficas
1. Atenção ao Recém-nascido: principais questões sobre a neuroproteção na Unidade Neonatal. Por-
tal de boas práticas.iff.fiocruz. 19/dez/2017
2. Nascimento seguro. Documento Científico do Departamento Científico de Neonatologia da Socie-
dade Brasileira de Pediatria.
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Necessidades Hidroeletrolíticas
Fluidoterapia no choque:
Limite de reposição volêmica ao final da primeira hora:
o Recém-nascido a termo: até 60 ml/kg;
o Recém-nascido prematuro (<1500g): até 30 ml/kg;
o Prematuro extremo: até 20 ml/kg.
A infusão rápida e indiscriminada de volume (>30ml/kg) nas primeiras 48 horas de vida, está as-
sociada a aumento da morbimortalidade (alterações pulmonares, cardiovasculares, gastrintesti-
nais e neurológicas).
751 – 1000 65 60
1001 – 1250 55 50
1251 – 1500 40 40
1501 – 1750 30 20
1751 – 2000 30 15
PRORN ciclo1, módulo2
Aumentam Reduzem
Fototerapia 30 – 50%
Incubadora com umidificação 30 – 50%
Taquipneia 20 – 30%
Hipertermia 30 – 50%
Cobertura plástica no calor radiante 30 – 50%
Calor radiante 50 – 100%
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Lembrar que após o nascimento ocorre oligúria relativa nas primeiras 24 horas de vida, podendo o volu-
me urinário ser tão baixo quanto 0,5ml/kg/h. Em alguns recém-nascidos de termo essa oligúria pode
durar até 48 horas. Após 48 horas de vida o débito urinário ideal é de 2 a 5ml/kg/h.
Em casos de asfixia grave e SDR moderado/grave, independente do peso, restringir a oferta hídrica inicial
a 60 ml/kg/dia (pacientes com volemia normal). Se houver hipovolemia, infundir 10 ml/kg de solução
fisiológica em 20 – 30 minutos.
Observação: a umidificação em incubadora de parede dupla a 80% reduz significativamente a perda in-
sensível. Nesses casos o prematuro extremo pode necessitar de volume hídrico diário menor.
Na primeira semana de vida, o sódio plasmático pode refletir déficit de líquidos (Hipernatremia) ou ex-
cesso (hiponatremia precoce). Após a primeira semana, principalmente os prematuros extremos, podem
necessitar de oferta maior de sódio (8,0 a 10,0mEq/kg/dia).
Bibliografia
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Alimentação enteral
Iniciar aleitamento materno na primeira hora de vida e manter em livre demanda, com acompa-
nhamento da equipe multiprofissional, desde o nascimento até a alta hospitalar.
A complementação do aleitamento materno só deverá ser orientada nas seguintes situações, até
que a lactação seja efetivamente estabelecida: idade gestacional menor que 37 semanas, peso
de nascimento menor que 2500g, recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG), re-
cém-nascidos filhos de mãe diabética.
Contraindicações ao aleitamento materno: sorologia materna positiva para HIV ou HTLV1; uso de
drogas ilícitas; uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação.
Método de alimentação
A sucção intermitente ao seio ou a estimulação da sucção com o dedo durante a administração do leite
por sonda em RN que ainda não apresenta coordenação da sucção, respiração, deglutição (RN < 32/34
sem) é chamada sucção não nutritiva. Ela traz benefícios tais como: melhor utilização dos nutrientes por
estimular a secreção de enzimas e hormônios intestinais, melhora da motilidade gástrica e aceleração da
maturação do reflexo de sucção, melhora do ganho de peso, melhora do contato mãe-filho e relactação
materna. A participação da fonoaudióloga na estimulação da sucção poderá ser requisitada para os que
não sugam bem.
Posicionamento da sonda
A alimentação por sonda gástrica é preferencialmente indicada. Ela é mais fisiológica, permite a fase gás-
trica da digestão e a presença do meio ácido favorece a eliminação de patógenos. A alimentação por son-
da em posição enteral pode ser indicada quando a distensão gástrica for relacionada a episódios de ap-
neia, quando houver atraso significativo no tempo de esvaziamento gástrico, em caso de refluxo gastroe-
sofágico severo e em pacientes com reserva pulmonar limitada que fazem hipoxemia se distensão gástri-
ca. Nesses casos a administração da dieta deverá ocorrer por bomba infusora em 1 hora.
A via orogástrica é a via preferencial, principalmente por não interferir na respiração nasal. A via naso-
gástrica pode ser utilizada quando o RN inicia o processo de transição para a alimentação oral, por me-
lhorar a capacidade de sucção.
Intervalo da dieta:
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A alimentação intermitente a cada 3 horas é a mais utilizada, por ser mais fisiológica (promove a secre-
ção cíclica dos hormônios intestinais e garante melhor desenvolvimento intestinal). Deve-se observar
distensão gástrica, apneia e estase, e caso não haja boa tolerância, estudar individualmente a oferta a
intervalos mais frequentes e com menor volume. Alguns pacientes com hipoglicemia podem necessitar da
diminuição do intervalo das mamadas como medida de prevenção de novos episódios.
Intolerância alimentar:
A intolerância alimentar é assim definida pela presença de pelo menos um dos seguintes sinais e sinto-
mas: distensão abdominal com ou sem relevo de alças intestinais, estase gástrica maior que 30% do
volume ofertado em duas aferições, vômitos e presença de sangue nas fezes. Na presença de intolerân-
cia alimentar deve-se imediatamente excluir a presença de infecção, obstrução intestinal ou enterocolite
necrotizante. Na suspeita de enterocolite, interromper a alimentação imediatamente e passar sonda gás-
trica calibrosa. Caso contrário, algumas medidas podem ser tomadas com o objetivo de melhorar a tole-
rância alimentar: dar preferência para o decúbito ventral e manter proclive com cabeça elevada a 30°;
diminuir o intervalo da dieta (2/2h, 1/1h ou contínua); diminuir temporariamente o volume da dieta;
administrar a dieta em bomba infusora. O uso de procinéticos é continuamente discutido na literatura e é
contraindicado.
Tipo de leite
O leite materno cru ou “in natura” é a melhor fonte alimentar para qualquer recém-nascido. Ele deve ser
oferecido preferencialmente cru, após ordenha manual, para o RN prematuro, observando-se as normas
de coleta e armazenamento do Banco de Leite Humano. A administração de colostro da própria mãe a-
través de swab de orofaringe já nas primeiras horas de vida tem sido fortemente recomendada mesmo
em recém-nascidos prematuros extremos, a intervalos de 3/3 horas. Para tanto as mãe devem ser for-
temente encorajadas a realizar a ordenha do leite desde a sala de parto. Com relação à transmissão pe-
rinatal do citomegalovírus por reativação de infecção em lactantes soropositivas, as últimas publicações
recomendam a administração do leite materno cru considerando que os benefícios superam os riscos.
O leite materno pasteurizado é a segunda opção já que o processo de pasteurização pode eliminar fato-
res protetores (como imunoglobulinas e flora microbiana comensal materna: bifidobactérias e lactobaci-
los). A terceira opção é o leite humano de Banco de Leite, em caso de produção materna insuficiente.
O uso de fórmulas infantis deve ser reservado para os casos de indisponibilidade do leite materno ou leite
humano. As fórmulas infantis para prematuros são preferenciais ao uso de fórmulas com proteína parci-
almente ou totalmente hidrolisada. Em caso de necessidade de restrição hídrica e alta necessidade calóri-
ca (ex. cardiopatas ou pneumopatas graves), considerar fórmulas hipercalóricas.
A suplementação do leite humano com fortificante, FM 85, é obrigatória para todos os RN com idade ges-
tacional menor que 32 semanas e ou peso de nascimento menor que 1800g, com o objetivo de garantir o
aporte nutricional e metabólico adequado a esses recém-nascidos. Iniciar a adição do FM 85 quando a
dieta atingir um volume de 80 ml/kg/dia. Iniciar com meio sachê em dietas alternadas (6/6h) e aumentar
conforme tolerância (num período de 48h) na proporção de 1g/20 ml.
Para recém-nascidos prematuros alimentados exclusivamente com leite humano via sonda, que não a-
presentem ganho de peso satisfatório após a terceira semana de vida, poderá utilizar leite humano hiper-
calórico e considerar o uso alternado de fórmula própria para recém-nascido prematuro (1 dieta com leite
humano intercalada por 1 dieta com leite de fórmula), desde que sejam excluídas outras causas de déficit
ponderal (oferta calórica inapropriada, anemia, infecção e gasto energético excessivo com sucção).
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Apgar ≥ 7 no 5º minuto, sem alterações do bem estar fetal, sofrimento fetal agudo ou
crônico (RCIU, DIP II ou III, cardiotocografia alterada, doppler com centralização de
RN estável? fluxo, diástole zero ou reversa).
Bom estado geral, estabilidade hemodinâmica e de oxigenação.
FR menor que 60 para alimentação oral ou menor que 80 para alimentação via gava-
gem e sem esforço respiratório evidente.
Necessidade de FiO2 menor que 40%.
Ausência de distensão abdominal, vômitos ou estase biliosa ou sanguinolenta.
Iniciar dieta trófica (15 – Iniciar dieta trófica (15 – Iniciar dieta (20-30ml/kg/dia)
20ml/kg/dia) a partir de 24 20ml/kg/dia) com 2 horas de nas primeiras 2 horas de vida.
horas de vida, após estabiliza- vida. Complementar a oferta Complementar a oferta hídri-
ção da oxigenação e hemodi- hídrica por via endovenosa. ca por via endovenosa. Nos
nâmica. Manter necessidades Para os RN com peso entre maiores de 1800g estáveis é
hídricas por via endovenosa e 1000 e 1250g, iniciar aminoá- possível iniciar volumes ple-
iniciar aminoácidos 3g/kg/dia cidos 3g/kg/dia nas primeiras nos de dieta por via oral ou
nas primeiras horas de vida e horas de vida e iniciar nutrição por gavagem conforme tabela
iniciar nutrição parenteral parenteral ainda nas primeiras 1.
ainda nas primeiras 24horas 24horas de vida.
de vida.
Necessidades nutricionais do recém-nascido prematuro menor de 32 semanas e/ou com peso de nasci-
mento < 1800g até 40 semanas de idade gestacional corrigida.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
kcal/kg/dia
Proteínas 3,5-4,5 g/kg/dia 1,8g 3,3g 3,45g
Gorduras 4,8-6,6g/kg/dia 5,7g 5,8g 6,3g
Carboidratos 10,5 – 12g/100kcal 10,44g/100kcal 12,3g/100kcal 11g/100kcal
Sódio 63-85mg/100kcal 22,3mg/100kcal 42mg/100kcal 54mg/100kcal
Cálcio 120 – 45mg 150mg 183mg
140mg/kg/dia
Fósforo 60 – 90mg/kg/dia 22,5mg 90mg 108mg
Magnésio 8 – 15mg/kg/dia 4,5mg 8,3mg 12,1mg
Ferro 2 – 3mg/kg/dia 0,09mg 2,1mg 2,55mg
Zinco1 1,1-2,0mg/kg/dia 0,3mg 1,58mg 1,5mg
Vitamina B1 140 – 300μg/kg/dia 30μg 150μg 210μg
Vitamina B2 200 – 400μg/kg/dia 60μg 300μg 300μg
Vitamina B3 380 – 5500μ/kg/dia 300μg 1875μg 3600μg
Vitamina B5 0,33 – 0,3mg 1,87mg 1,5mg
2,1mg/kg/dia
Vitamina B6 45-300μg/kg/dia 30μg 105μg 180μg
Vitamina B12 0,1-0,77μg/kg/dia 0,045μg 0,3μg 0,58μg
Ácido fólico2 35-100μg/kg/dia 7,5μg 82,5μg 72μg
Vitamina C 11-46mg/kg/dia 7,5mg 24mg 30mg
Vitamina E 2,2 – 11mg α- 0,6 mg α- 4,13mg α- 4,8 α-TE/kg/dia
TE/kg/dia TE/kg/dia TE/kg/dia
Biotina 1,7 – 16,5μg/kg/dia 0,75μg 6,1μg 6μg
Vitamina A3 400 – 1000μg 74,25μg RE 345 μg RE 325,5 μg RE
RE/kg/dia ou 247,25 UI ou 1148,85 UI ou 1083,9 UI
ou 1330 – 3330
UI/kg/d
Vitamina D3 800 – 1000 UI / dia 3 UI 183,2 UI 124 UI
ou 266 - 333μg/dia ou 0,075μg 4,58 μg 3,1μg
Tabela adaptada do Guidelines “Enteral nutrient supply for preterm infants. A comment of the ESPGHAN
Comitte on Nutrition – European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition”, 2010.
1) Vitaminas
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Necessidades básicas:
Vitamina A: 1330 – 3300UI/kg/dia
Vitamina D: 800 – 1000UI/dia
o RNT: 400 – 600UI/dia
Ácido fólico: 35 – 100mcg/kg/dia
Iniciar suplementação a partir de 14 dias de vida e com volume total de dieta acima de 100 ml/kg/dia.
2) Sulfato ferroso
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3) Sulfato de zinco
Dose: 0,5mg/kg/dia de 12/12h via enteral a partir de 36 semanas de idade gestacional corrigida
nos menores de 32 semanas e/ou menores de 1800g até o 6º mês de vida.
Bibliografia
1. Agostoni C., Buonocore G., Carnielli V.P., e col. for the ESPGHAN Comitee on Nutrition. Enteral
Nutrient Supply for Preterm Infants: Commentary from the European Society for Paediatric Gas-
troenterology, Hepatology, and Nutrition Comitee on Nutrition. Journal of Paediatric Gastroenter-
ology and Nutrition 2010; 50(1):85-91
2. ESPGHAN Comitee on Nutrition and invited expert guests. Enteral Nutrient Supply for Preterm In-
fants: Commentary From the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and
Nutrition Comitee on Nutrition, 2009.
3. Cochrane Database Systematic Reviews. 2011; Nov 9;(11): CD001819. Continuous nasogastric
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4. Abrams, S.A. e col. “Micronutrient Requirements of High-Risk Infants” The Clinics in Perinatology
2014;(41) 347-361
5. Denne S.C. “Neonatal Nutrition” Pediatric Clinics of North America 2015;(62) 427-438
6. Schanler R.J. “Nutritional composition of human milk and preterm formula for the premature in-
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8. Hay Jr W.W., Hendrickson K.C. “Preterm formula use in the preterm very low birthweight infant”
Seminars in Fetal & Neonatal Medicine 2017 (22) 15-22
9. Schanler R.J. “Human milk feeding and fortification of human milk for premature infants”
UpToDate, 2017.
10. Schanler R.J. “Approach to enteral nutrition in the premature infant” UpToDate, 2017.
11. Natarajan C.K., Sankar M.J., Agarwal R. e col. “Trial of Daily Vitamin D Supplementation in Pre-
term Infants”. Pediatrics, 2014 (133) e628-e634
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Nutrição Parenteral
Indicações
Microprematuros e recém-nascidos ≤ 1250g sempre iniciar nutrição parenteral;
RN entre 1250 e 1500g instáveis.
RN > 1500g sem expectativas de receber alimentação enteral no período de três dias;
Enterocolite necrosante e outras patologias cirúrgicas que impossibilitem dieta enteral;
Vias de administração
Acesso venoso periférico: concentração de glicose máxima de 12,5% e osmolaridade máxima
de 900mOsm/L.
Acesso venoso central: soluções com concentração de glicose maior que 12,5% e osmolarida-
de maior que 900mOsm/L (de preferência não ultrapassar 1300mOsm/L).
Necessidades calóricas
A necessidade de energia por via parenteral é de 110 - 120kcal/kg/dia (se possível ofertar 85 a
100Kcal/kg/dia na forma não proteica), sendo que nos estados hipercatabólicos deve-se fazer um acrés-
cimo de até 30% do basal.
Manter relação gramas de proteínas/calorias não proteicas entre 1:18 e 1:30 (para melhor a-
proveitamento das proteínas).
Relação g de nitrogênio/calorias não proteicas entre 1:150 e 1:250. Não é recomendável rela-
ção < 1:60. Uma relação abaixo de 1/120 significa que a nutrição parenteral não contém energia
suficiente para garantir metabolização proteica adequada.
Carboidratos
Iniciar com uma taxa de infusão (TIG) em torno de 4mg/kg/min e progredir de 1,5 – 2,0mg/kg/min por
dia, conforme condições do paciente, procurando não exceder 12 – 13mg/kg/min. Manter glicemia entre
60 e 120mg/dl.
Aumento da oferta de glicose segundo a glicemia capilar:
Glicemia capilar < 120mg%: aumentar TIG (se necessário);
Glicemia capilar entre 120 e 200mg%: manter a TIG inalterada;
Glicemia capilar > 200mg%: reduzir a TIG. Não suspender a nutrição parenteral e, sim reduzir a
infusão e complementar o volume com água destilada.
Em casos de hiperglicemia, reduzir a oferta de glicose e, se persistir (acima de 12 horas), considerar a
redução da oferta de lipídios (pelo seu efeito hiperglicemiante) e o aumento da oferta de aminoácidos por
promover a secreção de insulina.
Nos casos de hiperglicemia persistentemente acima de 250mg% e com infusão de glicose de
4,0mg/kg/min (nunca menor), pode-se iniciar o uso de insulina.
A oferta acima de 13mg/kg/min (18g/kg/d) pode ultrapassar o limite de oxidação da glicose associando-
se a lipogênese e esteatose hepática. Acredita-se que a conversão em lipídios ocorra à custa de grande
consumo energético com grande produção de CO2 e hipercapnia. Nos recém-nascidos menores de 1500g,
a hiperglicemia pode associar-se a retinopatia da prematuridade e, nos menores de 1000g a hemorragia
intraventricular graus 3 e 4 e morte precoce.
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Proteínas
Nos recém-nascidos a termo, iniciar com 1,5g/kg/dia de aminoácidos a 10% e aumentar 0,5 a
1,0g/kg/dia alcançando a oferta máxima de 3,0g/kg/dia com 72 horas de vida.
Em recém-nascidos prematuros iniciar com 2,5g/kg/dia e aumentar da mesma forma sendo que o limite
superior dependerá do peso de nascimento.
Nos prematuros com peso de nascimento ≤ 1250g iniciar com 2,5 - 3,0g/kg na primeira hora de vida,
paralelo ao plano de hidratação venosa. Descontar o volume de aminoácidos do volume total ofertado
(para não exceder oferta hídrica preconizada).
O frasco de aminoácidos nunca deve ser manipulado (não retirar a solução do frasco) e,
uma vez aberto nunca deverá ser guardado para uso posterior.
RN a termo 3,0g/kg/dia
RNPT > 1000g 3,5g/kg/dia
700 a 1000g 3,85g/kg/dia
< 700g e/ou < 27 semanas 4,0g/kg/dia
Fonte: Conceição, 2010.
No cálculo inicial da nutrição parenteral do prematuro, a oferta proteica é muito superior à preconizada
para crianças maiores, logo o cálculo da relação gramas de nitrogênio/calorias não proteicas não deve ser
valorizado nessa fase.
Controle de tolerância ao aumento do aporte proteico: níveis normais de albumina e amônia, ganho pon-
deral de 20 a 30g/dia (sem sinais de edema), aumento da ureia sem acidose e ausência de colestase.
Lipídios
Iniciar no primeiro dia de vida, com taxa de infusão de 1,0g/kg/dia e aumentar 1,0g/kg/ dia até o máxi-
mo de 3,5 a 4,0g/kg/dia. Atingir a oferta máxima com 96 horas de vida se possível.
Não se recomenda a suspensão da infusão do lipídio e sim a redução da quantidade infundida.
Hiperglicemia pode ocorrer quando a oferta de lipídios for alta e a proteica baixa. Nos pacientes sépticos
o excesso de lipídios pode interferir na sensibilidade à insulina e aumentar a gliconeogênese.
No caso de colestase, o jejum é a causa mais comum, logo se recomenda a introdução de dieta enteral
mínima e manter a nutrição parenteral.
Alguns estudos evidenciaram aumento da resistência vascular pulmonar associado à infusão de lipídios,
causando aumento na necessidade de O2. Logo, em pacientes com hipertensão pulmonar sugere-se não
exceder 2g/kg/dia de lipídios.
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Eletrólitos
Os eletrólitos só deverão ser introduzidos após o funcionamento renal adequado (diurese ≥ 1,0ml/kg/h).
Potássio: As necessidades diárias variam de 1 a 3mEq/kg/dia. Iniciar quando o nível sérico for
menor que 4,5mEq/L (geralmente após o segundo dia de vida) e diurese maior que 1,0ml/kg/h.
Começar com 1,0mEq/kg/dia e aumentar progressivamente. Rever a infusão se o nível sérico for
maior que 5,5 - 6,0mEq/L.
Oligoelementos
Devem ser introduzidos na nutrição parenteral a partir do quinto dia de vida. Em casos de icterícia coles-
tática não infundir cobre e manganês. Em casos de insuficiência renal não infundir cromo, selênio e zinco.
A doença óssea metabólica em pacientes recebendo parenteral por tempo muito prolongado foi associada
à toxicidade do alumínio e a hipofosfatemia.
Vitaminas
Suplementar com vitamina K 0,5 a 1,0mg/semana intramuscular ou endovenosa e vitamina B12 10 uni-
dades IM a cada 15 dias. A exposição à luz leva à degradação das vitaminas fotossensíveis e produção de
peróxidos lipídicos aumentando os riscos de doença pulmonar crônica. Introduzir vitaminas na nutrição
parenteral a partir do quinto dia de vida. Pode ser usado o Frutovitam (1ml/kg/dia) ou o Trezevit A e B. A
dose do Trezevit depende do peso do paciente:
Menores de 1000g: não exceder 1,5ml/dia tanto do Trezevit A como do B.
Peso entre 1000g e 3000g: não exceder 3,25ml/dia tanto do Trezevit A como do B.
Maiores de 3000g: 5,0ml/dia de ambos.
Monitoração
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Complicações
Relacionadas ao cateter: infecção; oclusão; trombose venosa central; embolia pulmonar; síndrome de
veia cava superior; remoção acidental do cateter e extravasamento local.
Interações medicamentosas: a nutrição parenteral deve ser infundida em acesso venoso exclusivo, de
preferência. Exemplo de medicamentos que não devem ser usados na mesma via da nutrição parenteral:
aciclovir, amicacina, anfotericina B, ampicilina, ganciclovir, midazolam, fenobarbital, fenitoina, fluconazol
(gluconato de cálcio), meropenem (gluconato de cálcio), midazolam, bicarbonato de sódio.
Complicações metabólicas e nutricionais: hiperglicemia, hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos,
acidose hiperclorêmica, síndrome de realimentação, hiperamonemia, hipertrigliceridemia, hipercolestero-
lemia.
Outras: doença metabólica óssea, complicações hepatobiliares (colestase, esteatose hepática, lama bili-
ar, cálculos biliares).
Bibliografia
1. Bonsante, Francesco et al. “Early Optimal Parenteral Nutrition and Metabolic Acidosis in Very Pre-
term Infants.” Ed. Umberto Simeoni. PLoS ONE 12.11 (2017): e0186936. PMC. Web. 6 Mar.
2018.
2. Harding et al. Advances in nutrition of the newborn infant. www.thelancet.com Vol 389 April 22,
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4. British Association of Perinatal Medicine. The Provision on of Parenteral Nutrition within Neonatal
Services - A Framework for Practice. April 2016
5. Pinkal Patel, P; Bhatia, J. Total parenteral nutrition for the very low birth weight infant. Seminars
in Fetal & Neonatal Medicine (2016).
6. Embleton ND, et al. Balancing the risks and benefits of parenteral nutrition for preterm infants:
can we define the optimal composition? Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2015(100):72–75.
7. Fischer et al. Early parenteral lipids and growth velocity in extremely-low-birthweight Infants.
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8. Calkins et al. Complications Associated with Parenteral Nutrition in the Neonate. Clin Perinatol
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9. Cies JJ; Moore WS. Neonatal and Pediatric Peripheral Parenteral Nutrition: What Is a Safe
Osmolarity? Nutr Clin Pract 2014(29):118–124.
10. Morgan C. Early amino acid administration in very preterm infants: Too little, too late or too
much, too soon? Seminars in Fetal & Neonatal Medicine 2013(18):160–165.
11. Lapillonne A; Kermorvant-Duchemin E. A Systematic Review of Practice Surveys on Parenteral
Nutrition for Preterm Infants. J. Nutr, 2013(143): 2061–2065.
12. Burattini et al. Targeting 2.5 versus 4 g/kg/day of Amino Acids for Extremely Low Birth Weight
Infants: A Randomized Clinical Trial. J Pediatr 2013(163):1278-1282.
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Distúrbios Eletrolíticos
Quadro clínico: perda de peso, mucosas secas, taquicardia, fontanela deprimida, hipotensão, tempo de
enchimento capilar aumentado, acidose metabólica, oligúria, letargia, tremores e convulsões.
Quadro clínico: geralmente assintomático, porém pode ocorrer apatia, anorexia, náuseas, agitação,
tremores e convulsão.
Tratamento:
Restrição hídrica 50 a 75% das necessidades.
Furosemida 1 a 2mg/kg/dia se necessário.
Corrigir o sódio somente se a sintomatologia for grave e não responder às medidas anteriores.
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Hipernatremia hipovolêmica: forma mais comum. Ocorre por perda excessiva de água; baixa capaci-
dade de concentração urinária (RN muito prematuro); uropatia obstrutiva ou displasia renal; diurese os-
mótica (manitol); vômito e diarreia.
Quadro clínico: letargia, torpor, agitação, irritabilidade, febre, rigidez, opistótono, nistagmo, choro es-
tridente, aumento do tônus muscular, tremores, convulsão, hemorragia cerebral.
Tratamento:
Corrigir o déficit de água com a fórmula: déficit de água (em L) = peso x 0,6 x [(Na encontrado –
Na desejado) / Na desejado].
A hipernatremia causa hipertonicidade, que no sistema nervoso central gera desvio de água dos
neurônios e do líquor, causando desidratação neuronal e ingurgitamento vascular e favorecendo a
ocorrência de fenômenos trombo-hemorrágicos.
Não reduzir a natremia em mais de 0,5 a 1,0mEq/kg/h (ou 12mEq/L/dia), pelo risco de edema
cerebral.
O volume calculado pode ser acrescentado à hidratação de manutenção utilizando-se SG5%.
Se houver sinais de choque fazer expansão com SF 0,9% 10 a 20ml/kg.
Dosar o sódio a cada 6 horas.
Quadro clínico: os sintomas surgem quando o nível sérico é menor que 2,5 a 3,0mEq/L.
Fraqueza, hipotonia, hiporreflexia, distensão abdominal (íleo metabólico).
Arritmia (depressão do segmento S-T, diminuição da amplitude da onda T, aparecimento da onda
U).
Hiperglicemia (redução da secreção de insulina).
Vasoconstrição (casos agudos), vasodilatação (casos crônicos).
Poliúria (diminuição da capacidade de concentração), retenção de sódio (edema) e alcalose (me-
nor reabsorção de cloro).
Fatores de risco
Aporte insuficiente (VO ou EV).
Perdas aumentadas: vômito, diarreia, drenagem gástrica ou por fístulas, uso de corticoide, diuré-
ticos, acidose tubular renal, antibióticos (penicilina, aminoglicosídeos, anfotericina), hipomagne-
semia, teofilina, catecolaminas, alcalose metabólica e respiratória.
Tratamento
Tratar a causa básica.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Reposição lenta e de preferência por via oral. Utiliza-se KCl xarope 6% (0,8mEq/ml).
Aumentar o aporte de manutenção até 5mEq/kg/dia, endovenoso ou via enteral.
Em casos graves (K < 2mEq/L ou presença de sintomas) fazer correção endovenosa na dose de
0,3 a 0,5mEq/kg/h, com monitorização cardíaca.
Concentração máxima de potássio da solução, conforme o acesso venoso disponível:
o Veia periférica: 80mEq/1000ml
o Veia umbilical: 120mEq/1000ml
o Veia central: 150mEq/1000ml
Fatores de risco
Excesso de oferta.
Acidose metabólica hiperclorêmica.
Hipoaldosteronismo: hipoplasia adrenal, doença de Addison, hiperplasia adrenal congênita.
Hemólise e rabdomiólise decorrentes de processos asfíxicos.
Pseudo-hipercalemia: leucocitose, trombocitose e hemólise durante a coleta.
Diminuição da excreção: insuficiência renal, diuréticos poupadores de potássio.
Os recém-nascidos prematuros (principalmente < 1000g) podem apresentar hipercalemia não o-
ligúrica do pré-termo (aumento rápido no nível sérico de potássio nas primeiras 24 horas de vida
com maior risco de arritmias cardíacas, hemorragia cerebral e leucomalácea periventricular). Fre-
quentemente observa-se associação com hipernatremia, hipocalcemia e hiperfosfatemia nas pri-
meiras 72 horas de vida. Pode estar relacionada com possível diminuição da atividade da bomba
Na/K/ATPase.
Patologias que causam diminuição da filtração glomerular: asfixia perinatal, doença de membra-
nas hialinas, PCA, sepse, ECN, desidratação.
Tratamento
Suspender o aporte.
Estabilização dos tecidos de condutância:
o Gluconato de cálcio 10%... 1 a 2 ml/kg (diluído no mesmo volume de AD) em 30 a 60
minutos com monitorização cardíaca. Seu efeito é rápido, porém de curta duração.
Diluição e desvio intracelular do potássio:
o Bicarbonato de sódio 8,4%... 1 a 2 mEq/kg EV em 30 a 60minutos. Utilizar solução final a
3%. Promove a troca intracelular de potássio por íon hidrogênio
o Solução glicoinsuliníca: 100ml de SG 10% + 10 unidades de insulina simples. Infundir a
1ml/kg/h. Evitar em RNMBP. A insulina aumenta a captação celular de potássio por esti-
mulação direta da Na/K/ATPase.
Aumentar a eliminação do potássio:
o Furosemida 1mg/kg a cada 8 a 12 horas;
o Resina de troca 0,5 a 1g/kg dissolvida em SF 0,9%, numa proporção de 4ml/g via retal.
Evitar o uso em RNPT menores de 1500g.
o Em casos de anúria ou hipercalemia não controlada indica-se diálise peritoneal.
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Acidose metabólica O potássio aumenta 0,6mEq/L para cada redução de 0,1 no pH.
Alcalose metabólica O potássio diminui 0,4mEq/L para cada aumento de 0,1 no pH.
Acidose respiratória O potássio aumenta 0,1mEq/L para cada redução de 0,1 no pH.
Alcalose respiratória O potássio diminui 0,2mEq/L para cada aumento de 0,1 no pH.
Hipocalcemia: Nível de Ca total < 8,0mg/dl (Cai < 4,4mg/dl) em recém-nascido a termo ou Ca
total < 7,0mg/dl (Cai < 4,0mg/dl) em prematuros.
No caso de hipoalbuminemia (<0,4): Ca corrigido = Ca total + 0,8 x (4,5 – Albumina)
Quadro clínico
Geralmente assintomático, porém os sinais mais frequentes são: tremores, hiperreflexia, clônus, laringo-
espasmo, apneias, cianose, convulsão, letargia, dificuldade de alimentação, vômitos, distensão abdomi-
nal.
Hipocalcemia neonatal precoce: geralmente entre 24 a 72 horas de vida, podendo ocorrer nas primei-
ras 12 horas.
Fatores de risco: prematuridade; PIG; asfixia ao nascimento; RN de mãe diabética; hiperparatireoidis-
mo materno; pseudo-hipoparatireoidismo; hipoparatireoidismo congênito (Síndrome de Di George: cardi-
opatia, ausência de timo e paratireoides); deficiência de magnésio.
Tratamento:
Normalmente a hipocalcemia assintomática não necessita de correções rápidas. Aumentar a dose de ma-
nutenção para 1,8 a 2,0mEq/kg/dia de gluconato de cálcio a 10% no plano parenteral ou 3,7mEq/kg/dia
via oral de 6/6 horas.
Tratar hipocalcemia sintomática (geralmente convulsões):
Gluconato de cálcio 10%... 1 a 2ml/kg (diluído no mesmo volume de AD) em 10 minutos. Se sur-
gir bradicardia, interromper a infusão. Somente fazer correção rápida se houver clínica.
Suplementação endovenosa contínua de cálcio: 1,8 a 2,8mEq/kg/dia divido de 6/6h.
Corrigir hipomagnesemia.
Não infundir cálcio em cateter venoso umbilical com localização intracardíaca.
Observação: na hipocalcemia neonatal de início tardio (associada à hiperfosfatemia), reduzir o
aporte de fosfato e aumentar a razão cálcio-fosfato. Monitorizar os níveis de cálcio e fósforo e re-
duzir gradualmente a suplementação durante duas a quatro semanas.
Riscos da administração de cálcio:
A infusão rápida por causar bradicardia ou arritmia;
Infusão em veia umbilical pode provocar necrose hepática;
Infusão em artéria umbilical pode causar espasmo arterial;
O extravasamento provoca necrose e calcificações subcutâneas.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Hipercalcemia: Corresponde a Ca total > 11mg/dl ou Ca iônico > 5,0mg/dl. Nível acima de
14mg/dl é considerado grave e requer conduta imediata.
Quadro clínico: geralmente assintomático, porém pode ocorrer letargia, hipotonia, irritabilidade, con-
vulsões, hipertensão arterial e encefalopatia hipertensiva, dificuldade respiratória, recusa alimentar, vô-
mitos, poliúria, hepatoesplenomegalia, anemia e nefrocalcinose.
Fatores de risco: deficiência de fosfato; hipervitaminose D; hiperparatireoidismo; diuréticos tiazídicos;
fase poliúrica da insuficiência renal; hipercalcemias neonatais idiopáticas.
Tratamento
Diminuir (ou suspender) a ingesta ou infusão de cálcio e vitamina D;
Emergências (Ca > 14mg/dl ou sintomático): expansão com solução fisiológica 10 a 20 ml/kg em
15 a 30 minutos, seguida de furosemida 1 a 2 mg/kg para induzir calciúria. Monitorizar sódio, po-
tássio e magnésio.
Evitar infusão de fosfato parenteral em pacientes gravemente hipercalcêmicos (a menos que a
hipofosfatemia seja grave).
Casos graves e resistentes: hidrocortisona 10mg/kg/dia ou metilprednisolona 2mg/kg/dia.
Hipomagnesemia: Nível sérico < 1,6mg/dl, sendo que os sintomas são mais frequentes quan-
do os níveis estão abaixo de 1,2mg/dl.
Sempre dosar cálcio, pois pode estar associada à hipocalcemia.
Quadro clínico: convulsão, coma, tremores, espasticidade, fasciculação, arritmias graves. Prolongamen-
to do intervalo PR e QT, onda T achatada e invertida, depressão do segmento ST e alargamento do QRS.
Tratamento
Sulfato de magnésio a 10% ou 50% na dose de 0,4 a 0,8mEq/kg a cada 12 ou 24 horas EV ou IM. Moni-
torizar frequência cardíaca e níveis de K e Ca durante a reposição. Risco de bloqueio de condução atrio-
ventricular e hipotensão.
Quadro clínico: depressão neuromuscular (efeito curare), hipotonia, depressão respiratória, apneia e
coma. Diminuição da motilidade intestinal e retenção urinária.
Tratamento
Suspender oferta;
Hidratação venosa adequada;
Suporte ventilatório se necessário;
Casos graves: gluconato de cálcio 10%%... 1,0ml/kg; expansão com 10ml/kg de SF 0,9% segui-
da de furosemida 0,5 a 1ml/kg.
Casos extremos: exsanguineotransfusão ou diálise peritoneal.
Hipofosfatemia
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Quadro clínico: fraqueza muscular, insuficiência respiratória, depressão miocárdica, anemia hemolítica,
disfunção leucocitária, disfunção hepática, disfunção plaquetária, disfunção neurológica (parestesias,
convulsão e coma).
Fatores de risco: alcalose respiratória, nutrição parenteral total, síndrome de realimentação, diuréticos,
corticoides.
Tratamento:
Tratar a doença de base.
Aumentar oferta.
Se fósforo menor que 1,0mg/dl: fazer 0,25 a 0,5mEq/kg de fósforo em 6 horas e reavaliar.
Hiperfosfatemia
Tratamento:
Tratar hipocalcemia se houver.
Diminuir aporte de fosfato.
Se houver desidratação, administrar SF 0,9% 10 a 20 ml/kg.
Em casos graves pode ser usado a acetazolamida 15mg/kg a cada 4 horas. Contraindicada nas
insuficiências renal e hepática.
Em casos extremos: hemodiálise.
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
1. Segar JL, Renal adaptive changes and sodium handling in the fetal-to-newborn transition, Semi-
nars in Fetal & Neonatal Medicine (2016), http://dx.doi.org/10.1016/j.siny.2016.11.002.
2. Melvin Bonilla-Félix. Potassium regulation in the neonate. Pediatr Nephrol
DOI 10.1007/s00467-017-3635-2.
3. Bockenhauer & Zieg. Electrolyte Disorders. Clin Perinatol; 41 (2014):575–590.
4. Zieg J. Evaluation and management of hyponatraemia in children. Acta Pædiatrica; 103 (2014):
1027–1034.
5. King RI, et al. Electrolytes in sick neonates – which sodium is the right answer? Arch Dis Child Fe-
tal Neonatal;98 (2013):74–F77.
6. Jae Ryoung Kwak, et al. Non-Oliguric Hyperkalemia in Extremely Low Birth Weight Infants Yonsei
Med J 54(2013):696-70.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Distúrbios Acidobásicos
O recém-nascido tem uma taxa metabólica elevada em relação ao adulto e o desenvolvimento funcional
renal ainda não está completo, o que leva a uma tendência à acidose.
Acidose metabólica
Causas: Insuficiência renal, septicemia, hipóxia, hipotermia, hipotensão, insuficiência cardíaca, desidra-
tação, hipercalemia, hiperglicemia, anemia, hemorragia intraventricular, medicamentos (acetazolamida,
por exemplo), distúrbios metabólicos (frequentemente associada com hipoglicemia).
Pode ser dividida em dois grupos de acordo com o valor do ânion gap (normal = 5 – 15mEq/L):
Ânion gap aumentado (> 15mEq/L): insuficiência renal aguda; erros inatos do metabolismo; aci-
dose láctica (perfusão tecidual diminuída); acidose metabólica tardia (prematuros em uso de
fórmulas ricas em caseína); toxinas.
Ânion gap normal (< 15mEq/L): perda renal de bicarbonato (acidose tubular renal, acetazolami-
da, displasia renal); perda gastrintestinal de bicarbonato (diarreia, drenagem de intestino delga-
do); acidose dilucional; acidose por hiperalimentação.
Fórmula para cálculo do ânion gap: (Na + K) – (Cl + HCO3).
Tratamento:
Tratar a causa básica (reposição volêmica, correção da hipotensão arterial, suporte ventilatório
adequado, normalização do débito cardíaco, etc).
Não usar hiperventilação para tratar acidose metabólica, pois pode corrigir o pH, porém causa
prejuízo no débito cardíaco e no fluxo sanguíneo pulmonar.
Só fazer expansão com solução salina se houver sinal de hipovolemia. Na acidose grave a contra-
tilidade miocárdica está diminuída e as sobrecargas de volume são mal toleradas.
Evitar infusão de bicarbonato, pois os últimos estudos demonstram que além de não promover
nenhuma melhora clínica, causa aumento da mortalidade, flutuação nos níveis sanguíneos cere-
brais, hemorragia intracraniana, diminuição de oferta de oxigênio aos tecidos, acidose intracelular
incontrolável, agravos à injúria miocárdica e deterioração da função cardíaca. Hipocalemia, hipo-
calcemia, prolongamento do intervalo QT, hipercapnia, aumento na excreção de sódio urinário,
risco de calcificações vasculares.
Mesmo em caso de instabilidade hemodinâmica grave e uso de drogas vasoativas, a administra-
ção de bicarbonato está associada a hipotensão arterial (diminuição da resistência vascular sis-
têmica) e diminuição do débito cárdico.
Em caso de acidose metabólica decorrente de perda gastrointestinal ou renal de bicarbonato, o
seu uso pode ser considerado.
o Fórmula para correção de acordo com o déficit de bases (BE): mEq BIC (ou ml de BIC Na
8,4%) = peso (kg) x 0,3 x BE.
o Se pH < 7,1 (BE < -20): corrigir pelo BE em 6 horas. Considerar o volume a ser adminis-
trado e descontar da taxa hídrica total.
o Diluir o bicarbonato de sódio a 8,4% de forma que a concentração final da solução para
infusão seja de 1,4% (multiplicar o valor encontrado por 5). Utilizar água destilada.
o Não administrar bicarbonato em paciente mal ventilado, com acidose respiratória ou mis-
ta, por risco de piora paradoxal da acidose intracelular. (H+ HCO3 ↔ H2CO3 ↔ H2O +
CO2).
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Alcalose metabólica
Causas:
Associadas à contração do volume do compartimento extracelular:
Cloro urinário diminuído (< 10mEq/L): perda de secreção gástrica, perda intestinal, uso remoto
de diuréticos, pós-correção de hipercapnia crônica, fibrose cística.
Cloro urinário aumentado (> 20mEq/L):uso atual de diuréticos, Síndrome de Bartter, Síndrome
de Gitelman.
Associadas ao aumento do volume do compartimento extracelular:
Infusão de bicarbonato.
Excesso de mineralocorticoide.
Tratamento:
Tratar a causa básica;
Suspender fontes de bicarbonato;
Uso criterioso de diuréticos de alça.
Aporte adequado de sódio, cloro e potássio.
Acidose respiratória
Causas: hipoventilação (asfixia perinatal grave, hemorragia intracraniana, infecção do SNC, sedativos,
barbitúricos, magnésio); doenças intrínsecas de vias aéreas ou pulmonares (membrana hialina, síndrome
de aspiração de mecônio, pneumonia, pneumotórax, atelectasia); extubação espontânea; ajuste inade-
quado dos parâmetros do respirador; deformidade de parede torácica; persistência do canal arterial.
Tratamento:
Tratar a causa básica;
Reajustar parâmetros ventilatórios.
Alcalose respiratória
Tratamento:
Tratar causa básica;
Reajustar parâmetros do respirador.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
1. Nephrology and fluid / electrolyte physiology neonatology questions and controversies. 2ª ed,
Elsevier, 2012.
2. Aschner JL, Poland R. Sodium Bicarbonate: Basically Useless Therapy. Pediatrics 2008;122;831-
835. Disponível em: www.pediatrics.org
3. Halliday HL. Useless Perinatal Therapies. Neonatology 2010;97:358–365.
4. Nogueira RJN, Nogueira AC. Distúrbios do Equilíbrio Ácido-Básico. In: Reis MC, Zambon
MP.Manual de Urgências e Emergências em Pediatria UNICAMP.2ed. Rio de janeiro: Revin-
ter,2010.p.323-328.
5. Tibballs WJ. What is the value of bicarbonate in correcting acidosis during newborn resuscitation?
International Child Health Review Collaboration, 2006. Disponível em: www.ichrc.org
6. Collins, R. Sahni. Uses and misuses of sodium bicarbonate in the neonatal intensive care unit .
Seminars in Fetal & Neonatal Medicine xxx (2017) 1e6.
7. Ascher JA, Poland RL. Sodium Bicarbonate: Basically Useless Therapy. Pediatrics v.122, nº4, Oc-
tober 2008.
8. AC Katheria et AL. Hemodynamic effects of sodium bicarbonate administration. Journal of Perina-
tology (2017) 00, 1–3 © 2017 Nature America, Inc., part of Springer
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Oxigenioterapia Neonatal
Definição
O oxigênio como qualquer outra medicação na prática clínica, deve ser administrado de forma a minimi-
zar as complicações e obter o máximo de efeitos benéficos, já que pode apresentar efeitos colaterais
importantes, principalmente quando administrado de forma incorreta.
O suplemento de oxigênio deve ser suficiente para suprir as necessidades metabólicas do organismo e
prevenir os efeitos deletérios da hipoxemia.
Efeitos da Hipoxemia
A hipoxemia induz a várias respostas fisiológicas para manter a oxigenação adequada, entre elas, au-
mento do estímulo respiratório, vasoconstrição pulmonar, aumento do trabalho cardíaco e da secreção de
eritropoetina. As consequências da manutenção da hipoxemia são graves e apresentam altos índices de
mortalidade.
Objetivo:
Aumentar a concentração de oxigênio alveolar (PaO2).
Aliviar vasoconstrição pulmonar e broncoespasmo devido a hipóxia.
Diminuir shunt intrapulmonar, melhorando, assim a PaO2.
Indicação:
Insuficiência respiratória hipoxêmica leve (aumentar a oxigenação, BSA>5 e Sat O2>90%),
Neonatos que conseguem manter a respiração espontânea,
Lavagem de nitrogênio para reabsorção de coleção de ar,
Broncodisplásicos.
Toxicidade do Oxigênio
Monitorização
Parâmetros clínicos e laboratoriais relacionados com os níveis de oxigenação devem ser monito-
rados periodicamente
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Clinica: grau de desconforto respiratório, cianose central, hemodinâmica (PA, FC, debito urinário,
tempo de enchimento capilar e temperatura corpórea)
Gases sanguíneos: gasometria arterial, oximetria de pulso
Circulante na incubadora
Oxigênio administrado diretamente na incubadora.
Atinge concentrações conforme fluxo ou regulagem da incubadora (máximo de 40-50%).
Reservada a neonatos com desconforto respiratório leve, estáveis ou broncodisplásicos.
Fornece oxigênio umidificado.
Cateter subnasal
Confortáveis, geralmente feitas de silicone (ou adaptado com sonda de aspiração), possuem orifí-
cios que se projetam em direção às narinas.
Deve ser utilizado baixo fluxo para prevenir lesões e sangramentos.
Oferece concentração de oxigênio de 30 a 45% com fluxo de 0,5l/min, entre 31 e 65% com fluxo
de 1l/min.
Utilizado principalmente em neonatos oxigeniodependentes.
Cateter nasal:
Tubo flexível e fino passado através da narina e a sua extremidade localiza-se na cavidade nasal.
A profundidade introduzida corresponde à distância entre a narina e a margem interna da so-
brancelha ipsilateral (geralmente 1,5cm).
Utilizado para administração de oxigênio por período prolongado (doenças crônicas).
Cateter nasofaríngeo:
Diferente do cateter nasal, este atinge a faringe.
O cálculo do comprimento do cateter equivale à distância entre a narina e a orelha (7cm).
Tende a provocar obstrução nasal por muco.
Necessária umidificação dos gases.
Pode gerar pressão positiva nas vias aéreas.
Utilizado fluxo de 0,1 a 1 l/min para evitar distensão gástrica.
Mais eficaz que o cateter nasal na melhora da oxigenação.
Cânula nasal:
Dispositivo com dois prolongamentos terminais que são introduzidos nas narinas
Oferece concentração de oxigênio de 30 a 45% com fluxo de 0,5l/min , entre 31 e 65% com fluxo
de 1l/min.
Fluxos elevados (1,5 a 2,5l/min) administrados por cânulas nasais podem gerar pressão positiva
contínua nas vias aéreas
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Hood:
Dispositivo de acrílico redondo e transparente que oferece mistura de oxigênio e ar comprimido
com fluxo mínimo de 2 a 3 l/Kg/min (para evitar reinalação de CO2)
Os gases devem ser aquecidos e umidificados (aquecedor do respirador)
Desvantagens: retenção de CO2 por reinalação, superaquecimento, lesões no pescoço e ruídos
Ajustes: Iniciar com FiO2 entre 0,4 e 0,6. Se SatO2<88%, PaCO2>60 mmHg, pH>7,25,
PaO2<45 mmHg em FiO2>0,6, indica-se CPAP.
Desmame da Oxigenioterapia
Deve ser o mais precoce possível e gradual.
Diminuir FiO2 a cada 5-10% se SatO2>95% em Hood, até que se chegue a 30%→ O2 circulante
na incubadora
Diminuir a vazão de oxigênio do cateter (até 0,1 l/min) ou incubadora (até 0,1l/min) se Sa-
tO2>95%→ ar ambiente
Não utilizar O2 intermitente pelo risco de efeito “flip-flop”, principalmente em broncodisplásicos
(retentores de CO2). A interrupção da oxigenioterapia diminui as taxas de PAO2 e PaO2 levando
a vasoconstrição pulmonar com piora da hipoxemia.
Anexo
Calculo da FiO2:
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Bibliografia
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Disparo Ciclagem
Sincronizado: desencadeado pelo paciente. Por tempo: pré-determinada pelo TI programado.
Não sincronizado: sem considerar o esforço do paci- Por fluxo (PSV): desencadeada pelo decréscimo de
ente. fluxo inspiratório ao valor crítico pré-determinado.
Variável de controle
Pressão pré-definida constante
Ciclagem por tempo ou fluxo
Pressão
Volume dependente da complacência
Volume corrente variável
Taxa de fluxo pré-selecionada
Ciclagem por tempo ou fluxo
Volume alvo Volume corrente pré-determinado calculado em função do peso (4-6ml/kg)
Pressão variável – suficiente para atingir o volume selecionado e com ajuste de limite máximo de
pressão
Metas da ventiloterapia:
Ventilação sincronizada
Vantagens:
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Modalidades
PSV
A/C Suporte ventilatório parcial que
O ventilador oferece um ciclo ajuda a ventilação espontânea
respiratório mecânico cada vez por meio de uma PIP pré-
SIMV
que o esforço inspiratório do determinada e constante.
Respirações pré-definidas em
paciente excede um limite pré- Iniciada e finalizada pelo pacien-
sincronia com o início das respi-
definido (Trigger inspiratório / te (modo obrigatoriamente es-
rações espontâneas.
Vsens). pontâneo).
Indicado na fase de desmame
Garante uma taxa mínima de Ciclagem a fluxo (Trigger expira-
do respirador.
ventilação obrigatória. tório / Esens)
Indicado como modo ventilatório Ventilador necessita reconhecer
inicial. o início de uma respiração es-
pontânea (Vsens).
Evidências
PSV
SIMV + PSV Neutralização da resistência da
A/C x SIMV
Diminui trabalho respiratório por COT.
VC menores e menos variáveis.
diminuir frequência ventilatória Maior taxa de fluxo inspiratório,
FR menores.
mandatória e MAP. reduz o tempo para a máxima
Menor variação de PA.
Aumenta volume minuto. pressão alcançar a via aérea
Extubação mais precoce.
Menor uso de VM aos 28 dias. diminuindo o trabalho respirató-
rio.
Define a rapidez com que a pressão inspiratória se eleva para atingir a pressão inspiratória
(alvo) definida nas respirações controladas por pressão (PC) ou com pressão de suporte
Aceleração e fluxo (%)
(PS). Um valor mais alto significa que a pressão pretendida será alcançada mais rapida-
mente. Recomenda-se parâmetro de 50%.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Ajuste de parâmetros
SIMV
A/C PSV
Puritan Bennett
Pressão inspiratória (Pi) Puritan Bennett Puritan Bennett
PEEP Pressão inspiratória (Pi) Pressão de suporte (Psupp)
Tempo inspiratório (Ti) PEEP PEEP
Frequência respiratória (f) Tempo inspiratório (Ti) O2
O2 Frequência respiratória (f) Sensibilidade inspiratória (Vsens):
Sensibilidade inspiratória (Vsens): O2 0,2L/min inicial
0,2L/min inicial Sensibilidade inspiratória (Vsens): Sensibilidade expiratória (Esens):
Sensibilidade expiratória (Esens): 0,2L/min inicial 10 – 15%
10 – 15% Aceleração de fluxo (rampa): 50% Aceleração de fluxo (rampa): 50%
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que (valores maiores fazem com que
(valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan- a pressão pretendida seja alcan-
a pressão pretendida seja alcan- çada muito rapidamente gerando çada muito rapidamente gerando
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos). fluxos excessivos)
fluxos excessivos).
Intermed Intermed
Intermed Pressão inspiratória (P limit) Pressão inspiratória (P limit)
Pressão inspiratória (P limit) PEEP PEEP
PEEP Tempo inspiratório (Insp time) FiO2
Tempo inspiratório (Insp time) Frequência respiratória (Resp Fluxo: flow
Frequência respiratória (Resp rate) Sensibilidade inspiratória (Sensiti-
rate) FiO2 vity): 0,2L/min inicial
FiO2 Fluxo: flow Aceleração de fluxo (rampa): 50%
Fluxo: flow Sensibilidade inspiratória (Sensiti- (valores maiores fazem com que
Sensibilidade inspiratória (Sensiti- vity): 0,2L/min inicial a pressão pretendida seja alcan-
vity): 0,2L/min inicial Aceleração de fluxo (rampa): 50% çada muito rapidamente gerando
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que fluxos excessivos).
(valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan-
a pressão pretendida seja alcan- çada muito rapidamente gerando
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos).
fluxos excessivos).
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Ajuste de alarmes
Puritan Bennett:
Configuração de alarmes:
Ppeak (pico de pressão): 5 pontos acima do Pi
Intermed fTOT: 80ciclos/minuto
VE TOT:
Alarms: - Volume minuto mínimo: FR total x VC (0,003L x peso em kg).
- Volume minuto máximo: FR total x VC (0,007L x peso em kg).
Baixa pressão: 5 pontos abaixo do PIP VTE MAND:
Alta pressão: 5 pontos acima do PIP - Volume corrente mandatório mínimo: 3ml x peso (kg)
- Volume corrente mandatório máximo: 7ml x peso (kg)
Low minut volume: VTE SPONT:
- Volume corrente espontâneo mínimo: 3ml x peso (kg)
- Volume minuto: FR total x VC (0,003L x peso - Volume corrente espontâneo máximo: 7ml x peso (kg)
em kg).
Configuração de apneia:
Apnea: 20 segundos TA: 20 segundos
VA (ventilação de apneia):
- f: 20 ciclos por minuto
- Pi: a mesma ajustada para o paciente
- Ti: o mesmo ajustado para o paciente.
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Sinais de trabalho SatO2 < 90% PaCO2 > 65 mmHg Piora súbita ( SO2, FC,
respiratório com PaO2 (PaO2 < 50 mmHg) palidez, apneia e agitação).
e PaCO2 normais
Remover o RN do respira-
dor; iniciar ventilação manu-
• Verificar vias aéreas Verificar vias aéreas;
al com O2 a 100%
Afastar: EIP / PTX / PCA
• Manipulação mínima
50
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Identificar e
corrigir a causa
SINAIS DE INTOLERÂNCIA
Fisioterapia (avaliar de
3/3 h) principalmente se
hipersecreção
51
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- Boa estabilidade
Desmame da VNI ou oxige-
- Respiração efetiva
nioterapia suplementar
- Sat > 95%
- Hemodinamicamente estável
O volume alvo pode ser usado em conjunto com modos ventilatórios sincronizados, incluindo SIMV, A/C e
PSV (no Babylog).
Vantagens:
Normas de utilização
Início
Utilizar de imediato no início da ventilação mecânica, pois é um momento de súbitas e/ou gran-
des variações da mecânica pulmonar.
Ajustar VC de 4 a 5ml/kg durante a fase aguda da doença
Ajustar entre 4 e 6ml/kg de acordo com gasometria. Em algumas situações pode ser necessário
VC mais elevado devido aumento do espaço morto fisiológico (DBP e HPPRN).
Programar limite de pressão cerca de 15 a 20% acima da pressão necessária para se manter o
volume alvo ajustado, permitindo ao ventilador margem suficiente para ajustar a pressão.
Ajustes subsequentes
Conforme gasometria:
o Para reduzir PaCO2: aumentar o volume alvo
o Fazer ajustes progressivos de 0,5ml/kg
o Ajustar o limite de pressão de 2 em 2cm H2O em resposta às alterações de mecânica
pulmonar
o Não utilizar volumes superiores a 6ml/kg (risco de escape ar) e nunca inferiores a 3ml/kg
(infrafisiológico).
o PEEP deve ser ajustada em proporção à necessidade de oxigênio.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
o Se FiO2 > 30%, otimizar a PEEP com incrementos de 1cm até FiO2 < 30% (limite até
10cm).
Pontos a considerar
Pode não ser possível ventilar com volume alvo se existir escape na COT > 40%.
Considerar sedação por: incômodo ou dor pela presença da COT; RN agitado com taquipneia e
episódios de hiperventilação espontânea.
Se volume corrente baixo:
o Aumentar limite de pressão, verificar se Ti é muito curto ou se o fluxo é insuficiente para
realizar o volume determinado.
o Se necessário aumentar o limite de pressão
o Investigar causas da alteração da mecânica pulmonar (pneumotórax, atelectasia).
Assegurar que o VC seja suficiente para o esforço do paciente e que as pressões inspiratórias a-
tinjam o platô antes da expiração.
Desmame
Bibliografia:
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
A VNI é todo o método ventilatório em que uma pressão positiva é aplicada à via aérea do paciente atra-
vés de interfaces nasais, geralmente prongas binasais ou mascaras, sem a utilização de intubação tra-
queal.
Tem como objetivo melhorar a capacidade residual funcional através da diminuição de áreas de atelecta-
sias e melhorar as trocas gasosas.
Efeitos
Recrutamento alveolar;
Aumento da capacidade residual funcional;
Diminuição do trabalho respiratório;
Diminuição da necessidade de O2 suplementar;
Previne o colapso e obstrução da via aérea;
Redução dos episódios de apneias e bradicardia;
Redistribuição do líquido pulmonar através da pressão expiratória final (PEEP).
Indicações
Abordagem inicial do SDR/ Doença de Membrana Hialina/ TTRN (nível de evidência IA). Todo o
RN com risco de SDR (Doença das membranas hialinas - DMH) deve ser colocado logo após o
nascimento em CPAP nasal com PEEP no mínimo 5 a 6 cmH20;
Pós-surfactante profilático ou terapêutico – LISA (nível de evidência B);
Pós extubação (nível de evidência IA);
Apneia da prematuridade (nível de evidência B);
Outros (nível de evidência C): Atelectasia; Pneumonia; Síndrome de aspiração meconial; Larin-
gomalácia / Traqueomalácia / Broncomalácia.
Contra indicações
Malformações da via aérea (atresia das coanas, fenda palatina, fístula traqueoesofágica);
Hérnia diafragmática;
Enterocolite necrotizante e perfuração intestinal espontânea;
Gastrosquise;
Instabilidade hemodinâmica;
Pós-operatório de atresia de esôfago e cirurgia abdominais (relativa).
Complicações
Pneumotórax (como evitar: não utilizar pressões >9 cm H2O)
Redução do débito cardíaco devido à redução do retorno venoso, diminuição do volume de en-
chimento do ventrículo direito e alteração da distensibilidade do ventrículo esquerdo.
Distensão gástrica com dificuldade de alimentação (como evitar: deixar a sonda gástrica aberta
por 1h pós-alimentação)
Irritação nasal, com lesão do septo ou da pele.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Modalidades
1) CPAP nasal: modo de VNI que utiliza dois parâmetros: PEEP e FiO2. O CPAP visa prevenir o colapso
alveolar no final da expiração.
Ajuste de parâmetros
CPAP
Puritan Bennett
PEEP
Tempo inspiratório espontâneo máximo (↑Ti expont)
O2
Sensibilidade inspiratória (Vsens): 0,2L/min inicial
Sensibilidade expiratória (Esens): 10 – 15%
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan-
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos).
Intermed
PEEP
FiO2
Fluxo: flow
2) NIPPV (Nasal Intermittent Positive Pressure Ventilation): método de ventilação nasal seme-
lhante ao método de ventilação convencional porém aplicado através de interfaces nasais.
Ajuste de parâmetros
SIMV
Puritan Bennett
Pressão inspiratória (Pi)
PEEP
Tempo inspiratório (Ti)
Frequência respiratória (f)
O2
Sensibilidade inspiratória (Vsens): 0,2L/min inicial
Sensibilidade expiratória (Esens): 10 – 15%
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan-
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos).
Intermed (IMV)
Pressão inspiratória (P limit)
PEEP
Tempo inspiratório (Insp time)
Frequência respiratória (Resp rate)
FiO2
Fluxo: flow
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Espontâneo – PS
Puritan Bennett
Pressão de suporte (Psupp)
PEEP
O2
Sensibilidade inspiratória (Vsens): 0,2L/min inicial
Sensibilidade expiratória (Esens): 10 – 15%
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan-
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos)
SIMV + PS
Puritan Bennett
Pressão inspiratória (Pi)
Pressão de suporte (Psupp)
PEEP
Tempo inspiratório (Ti)
Frequência respiratória (f)
O2
Sensibilidade inspiratória (Vsens): 0,2L/min inicial
Sensibilidade expiratória (Esens): 10 – 15%
Aceleração de fluxo (rampa): 50% (valores maiores fazem com que a pressão pretendida seja alcan-
çada muito rapidamente gerando fluxos excessivos).
Recomendações práticas
Iniciar VNI em todos os pacientes com desconforto respiratório como primeira estratégia de
assistência ventilatória desde que apresentem movimentos respiratórios espontâneos.
Recém-nascidos prematuros < 30 semanas e < 1000g – NIPPV.
Recém-nascidos prematuros ≥ 30 semanas e ≥ 1000g – CPAP/NIPPV.
No caso de falha do CPAP considerar utilização de NIPPV antes da intubação orotraqueal.
Apneias: NIPPV.
CPAP
Apneia da
Indicações SDR Pós-extubação
prematuridade
Parâmetros iniciais
6cm H2O 5 – 6cm H2O 4 – 5cm H2O
PEEP
Suficiente manter SO2 ≥ Aumentar 10% da FiO2 Suficiente para manter
FiO2
90%. pré-extubação saturação SO2 ≥ 90%.
Em casos de piora Excluir piora da patologia de base e/ou escape de ar. Não utilizar pressões ≥
PEEP Aumentar em frações de 1 a 2cm H2O (máximo 7-9; 5 cm H2O. Risco de
valores > 9 são associados a maior escape pela hiperinsuflação.
orofaringe, maior risco de hiperinsuflação e síndrome
de escape de ar). Altas concentrações de
O2 não são eficazes
FiO2 Aumentar em frações de 5% (máximo 60%). exceto durante a
apneia.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
NIPPV
Indicações SDR Pós-extubação Apneia da prematuridade
Parâmetros iniciais
PEEP 6cm H2O 5 – 6cm H2O 4cm H2O
Pressão inspiratória 12-15cm H2O Mesma ou + 2cm H2O 8-12cm H2O
/ suporte
Tempo inspiratório 0,3-0,4 segundos Mesmo pré-extubação 0,3-0,5 segundos
FR 10-30rpm A mesma pré-extubação 10-30rpm
FiO2 Suficiente manter SO2 ≥ Suficiente manter SO2 ≥ Suficiente manter SO2 ≥
90%. (Máximo 50%) 90%. (Máximo 50%) 90%. (Máximo 25-30%)
NIPPV
Desmame CPAP Desmame NIPPV
- Aumentar pressão inspi-
ratória até 20cm H2O
- Redução de FiO2 de - Redução de FiO2 de
- Aumentar PEEP até 8-
acordo com a saturação de acordo com a saturação de
9cm H2O
O2 (sempre reduzir FiO2 O2 (sempre reduzir FiO2
- Aumentar FR até 30 rpm
primeiro) primeiro)
- Se FiO2 ≤ 21-23% iniciar - Reduzir pressão
** Considerar possível
desmame da PEEP. Reduzir inspiratória até 8-10cm
necessidade de ventilação
a pressão de 1cm H2O de H2O
invasiva.
cada vez até 3-4cm H2O. - Reduzir FR até 10rpm
- Após ter atingido PEEP de - Manter PEEP e alterar
3-4cm H2O, avaliar para CPAP.
necessidade de desmame
total ou gradual (horas com
CPAP e horas sem CPAP).
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
***Em caso de dependência, sangramento nasal, lesão de septo optar por terapias
alternativas (cateter nasal de alto fluxo).
***Atenção: a posição do pescoço em extensão ou flexão exagerada predispõe a apneias de
repetição e provável insucesso do desmame com necessidade de reiniciar VNI.
Cuidados gerais
Prevenir a maceração da pele:
o Alternar prongas nasais com máscara nasal, sempre que possível;
o Colocar placa hidrocolóide ou de silicone cortadas para proteger a pele do RN;
o Manter região nasal seca, verificando-a regularmente;
o Massagear frequentemente as narinas;
o Utilizar loção oleosa a base de AGE e TCM para proteção da pele.
Promover conforto
o Manipulação mínima
o Concentrar cuidados
o Manter recém-nascido organizado
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia:
1. Martin R, Deakins KM. Noninvasive oxygen delivery and oxygen monitoring in the newborn.
UpToDate, Jul 26, 2018.
2. Resende CB, Ribeiro SNS. Ventilação não invasiva: ventilação com pressão positiva intermitente
nasal versus pressão positiva contínua nasal. In ASSOBRAFIR. Nicolau CM, Andrade LB, organiza-
dores. PROFISIO programa de atualização em fisioterapia pediátrica e neonatal: ciclo 4, Porto
Alegre: Artmed pan-americana; 2015. p. 129-145. (Sistema de Educação Continuada a Distância,
v.1).
3. Andrade LB, Ribeiro SNS. Modalidades e particularidades do suporte ventilatório não invasivo no
recém-nascido. In ASSOBRAFIR. Nicolau CM, Andrade LB, organizadores. PROFISIO programa de
atualização em fisioterapia pediátrica e neonatal: ciclo 1, Porto Alegre: Artmed pan-americana;
2012. p. 55-82. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.1).
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Avaliação do paciente
Equipamentos
Preparação Medicações de urgência
Acesso venoso
Posicionamento do paciente
Vagolítico:
Atropina: 0,02mg/kg/ds (dose mínima:0,1mg/ds)
Analgésico:
Fentanil: 2 – 3mcg/kg/ds
Remifentanil: 1 – 2mcg/kg/ds
Sedação:
Midazolam: 0,2 – 0,3mg/kg/ds somente em > 35 semanas se necessário.
Medicações
Bloqueio neuromuscular:
Rocurônio: 0,6mg/kg/ds
Cisatracúrio: 0,1mg/kg/ds
Suxametonio (antídoto): 2 – mg/kg/ds
Intubação orotraqueal
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia:
1. Guia de Bolso de Neonatologia / editor Mauricio Magalhães. 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu,
2016.
2. Chollat C, Tourrel F, Marret S. Does Remifentanil Have a Place for Sedation in the Case of Endo-
tracheal Intubation or Minimally Invasive Surfactant Therapy in Neonates? Neonatology
2017;112:372–373
3. P. Lago et al. Procedural pain in neonates: the state of the art in the implementation of national
guidelines in Italy. Pediatric Anesthesia 23 (2013) 407–414
4. Kamata M, Tobias J. Remifentanil: applications in neonates. J Anesth (2016) 30:449–460
5. Kort E.H.M, Reiss I.K.M, Simons SHP. Sedation of Newborn Infants for the INSURE Procedure, Are
We Sure? BioMed Research International. Volume 2013, Article ID 892974
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Membrana Hialina
Definição
A síndrome do desconforto respiratório (SDR), ou também conhecida como doença de membranas hiali-
nas (DMH), é uma patologia que acomete os recém-nascidos (RN) pré-termo, sendo a causa base uma
deficiência de surfactante pulmonar associada à imaturidade estrutural dos pulmões e que está intima-
mente relacionada à baixa idade gestacional.
Os fatores de risco
Prematuridade (maior incidência quanto menor for a idade gestacional).
Recém-nascido anterior afetado, baixo peso ao nascer, segundo gemelar, gênero masculino.
Diabetes materno, ausência de trabalho, falta de esteroides pré-natais.
Asfixia perinatal, hipotermia.
Hemorragias maternas no último trimestre.
Quadro clínico
Casos não complicados: RNPT ou com fatores de risco para SDR que não apresentem fatores que acele-
rem a maturidade pulmonar tais como: uso de corticóide antenatal, CIUR, outras condições associadas a
estresse crônico ou rotura de bolsa mais que 24 horas e que evoluem com sinais de desconforto respira-
tório precoce (até a 2ª a 3ª hora de vida) tais como: taquipneia, tiragem intercostal, batimento de asa de
nariz, gemência.
Os sinais e sintomas podem seguir com piora progressiva atingindo o pico entre 36 e 48 horas de vida,
seguido de melhora gradativa do quadro após 72 horas de vida. A evolução do desconforto respiratório
pode ser quantificada pelo boletim de Silverman e Andersen (BSA).
Casos complicados: crises de apneia, piora do estado hemodinâmico e metabólico, cianose, oligúria, hipo-
tonia e hipoatividade. Atualmente, com a instituição de medidas terapêuticas, como o suporte ventilató-
rio, o uso do surfactante e a administração de corticosteroides no pré-natal, houve uma modificação da
evolução clássica da SDR.
A semiologia pulmonar é pobre em função da exuberância do quadro clínico. A avaliação da dificuldade
respiratória pode ser feita por meio do BSA. Notas acima de 4 traduzem dificuldade respiratória modera-
da a grave
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Tratamento
O ideal seria a prevenção do parto prematuro (pré-natal adequado) e o uso de corticoide antena-
tal, para aceleração da maturidade pulmonar fetal, nas gestantes de risco para parto prematuro.
Controle térmico adequado.
Controle de infusão de líquidos e eletrólitos.
Monitorizar frequência cardíaca, pressão arterial e perfusão periférica.
Suporte nutricional.
Controle de infecção.
Oxigenioterapia e suporte ventilatório (hipercapnia permissiva e uso de parâmetros gentis).
Uso do surfactante pulmonar.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Complicações
Hemorragia perintraventricular;
Persistência de canal arterial;
Enterocolite necrotizante;
Retinopatia da prematuridade;
Displasia broncopulmonar.
Indicações
Membrana hialina;
Hemorragia pulmonar;
Síndrome de aspiração de mecônio;
Hérnia diafragmática congênita (indicação relativa);
Pneumonia congênita (principalmente por Estreptococo do grupo B).
Material
1 seringa de 3,0 ou 5,0ml;
1 sonda de aspiração 4,0 ou 6,0;
1 lâmina de bisturi;
1 agulha 40/12;
Cânula orotraqueal apropriada para o paciente;
Surfactante pulmonar de acordo com o peso do recém-nascido;
Luva estéril, touca e máscara para o profissional.
Administração
Método INSURE: intubação orotraqueal seguida da administração do surfactante (em duas alíquotas),
extubação em até duas horas para CPAP nasal se as condições do paciente permitirem.
Conforme estudos utilizar atropina e remifentanil como premedicação.
Indicação: paciente em ventilação espontânea, com desconforto respiratório, padrão respiratório
regular e com no máximo 6 horas de vida (de preferência até 2 horas).
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Algoritmo para tratamento de síndrome do desconforto respiratório (ou membrana hialina) nos recém-
nascidos prematuros.
Membrana hialina
CPAP
CPAP
Gasometria
Gasometria
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
1. Martin R. Pathophysiology, clinical manifestations, and diagnosis of respiratory distress syndrome
in the newborn. UpToDate. Aug 23, 2016.
2. Martin R. Prevention and treatment of respiratory distress syndrome in preterm infants. UpToDa-
te. Feb 20, 2018.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Taquipneia Transitória
Definição
É uma patologia benigna autolimitada caracterizada por atraso na reabsorção do líquido pulmonar que
acomete recém-nascido a termo e pré-termos tardios. Os sintomas, geralmente, se resolvem dentro de
72 a 96 horas.
Fatores de risco
Nascimento antes de 39 semanas de IG
Sexo masculino
Hiper-hidratação materna na ocasião do parto
GIG ou PIG
Sedação materna ou anestesia geral
Asfixia perinatal
Prematuridade
Mãe com asma
Policitemia e Hipoproteinemia
Diabetes materno
Cesárea
Quadro clínico
São pacientes que nascem em boas condições, sem evidências de asfixia e com bom Apgar que evoluem
com sinais de desconforto respiratório de início precoce, nas primeiras horas de vida, geralmente sem
cianose:
Taquipneia (FR >60rpm).
Gemência.
Batimento de asa de nariz.
Retrações sub e/ou intercostais e/ou supraesternais.
Taquicardia pode estar associada.
Ausculta pulmonar: estertores pulmonares; murmúrio vesicular pode estar diminuído.
Casos graves podem evoluir com hipertensão pulmonar e até insuficiência cardíaca congestiva.
Quadro Radiológico
Congestão vascular peri-hilar radiada e simétrica;
Espessamento de cissuras interlobares (lobo médio e superior direito);
Hiperinsuflação pulmonar;
Aumento do diâmetro anteroposterior;
Discreta cardiomegalia e/ou derrame pleural.
Diagnóstico
O diagnóstico se baseia na apresentação clínica, no exame físico e na radiografia de tórax. Os exames
laboratoriais são úteis para o diagnóstico diferencial: hemograma, hemocultura e gasometria arterial. E
caso grave pode ser observada hipercapnia e acidose mista.
Diagnóstico Diferencial
Síndrome do desconforto respiratório
Malformação cardíaca congênita
Pneumonia por estreptococos
Sepse neonatal precoce
Síndrome de escape de ar (pneumotórax)
Policitemia
Síndrome de aspiração de mecônio
Hiperventilação pós-hipóxica
Hérnia diafragmática congênita
Erros inatos de metabolismo
Hipertensão pulmonar persistente do RN
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Tratamento
Manutenção de ambiente termoneutro;
Oferta hídrica adequada (evitar sobrecarga);
Monitor glicemia capilar;
Oxigenação adequada;
Corrigir policitemia;
Não há dados que suportem o uso de diuréticos para esses pacientes.
Bibliografia
1. Moresco L, Calevo MG, Bruschettini M. Antibiotics for the management of transient tachypnea of
the newborn. CochraneDatabaseof SystematicReviews 2017, Issue 11.
2. Farargy MSE, Soliman NA (2017) Early Predictors of Transient Tachypnea of Newborn. J Mol Bio-
mark Diagn 8: 317.
3. Hagen E, Chu A, Lew C. Transient Tachypnea of the Newborn. NeoReviews. 2017;18; e141.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Definição
A síndrome de aspiração de mecônio (SAM) pode ser definida como a presença de desconforto respirató-
rio e achados radiológicos típicos em um recém-nascido (RN) com líquido amniótico meconial (LAM).
É uma condição associada principalmente a RN maiores de 34 semanas de idade gestacional ao nasci-
mento (RN de termo ou pré-termo tardio).
Fatores de risco;
Condições maternas: hipertensão arterial materna, pré-eclâmpsia, diabetes melito, obesidade,
tabagismo, cardiopatias, DPOC, infecções, oligoâmnio,
Nós, circular ou prolapso de cordão umbilical,
Asfixia Perinatal,
Anormalidades de apresentação,
CIUR,
Pós-datismo (IG > 42 semanas),
Macrossomia.
Quadro clínico
Bebês a termo ou pós-termo nascidos em condições satisfatórias ou deprimidos que evoluem com graus
variados de desconforto respiratório após o nascimento e que apresentam antecedentes de líquido am-
niótico meconial (tinto e fluido ou espesso semelhante a “sopa de ervilhas”) sem outras causas que expli-
quem o quadro respiratório. Frequentemente, são encontrados sinais de pós-maturidade: pequenos para
idade gestacional, unhas longas e pele amarelada com descamação significativa que podem estar im-
pregnadas de mecônio, inclusive com a tintura do cordão umbilical.
O desconforto respiratório progride com o passar do tempo evoluindo com gemência, batimento de asa
de nariz, retrações intercostais, supra e subesternais e cianose cada vez mais importantes. Nos quadros
com hipertensão pulmonar associada pode haver uma labilidade para manter a oxigenação e cianose
importante. Além disso, observa-se aumento no diâmetro anteroposterior do tórax, devido à hiperinsufla-
ção pulmonar. A ausculta pode ser observada presença de estertores crepitantes e subcrepitantes difu-
sos.
Nos casos de asfixia grave podem ser observados sinais de lesão cerebral: irritabilidade variável até co-
ma, sinais de edema cerebral e convulsões de difícil controle.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Quadro Radiológico
Comprometimento heterogêneo e difuso do parênquima pulmonar
Áreas de atelectasia entremeadas com áreas de hiperinsuflação
Infiltrado alveolar grosseiro
Pneumotórax e Pneumomediastino
Outras: condensações, derrame pleural mínimo, enfisema intersticial, hiperinsuflação pulmonar.
Pneumonite química: estudos recentes mostram que a SAM grave foi associada com aumento significati-
vo da PCR e da relação neutrófilos imaturos/maduros e diminuição de leucócitos e neutrófilos (HOFER et
al, 2016).
Na gasometria arterial podem ser observadas: hipóxia, hipercapnia e acidose, a princípio respiratória e
posteriormente acidose mista: metabólica e respiratória. Em casos mais leves onde predomina a taquip-
neia pode ser observada alcalose respiratória.
O hemograma pode apresentar leucocitose com neutrofilia importante e desvio a esquerda pelo estresse
neonatal e, plaquetopenia decorrente do consumo de plaquetas pelo processo inflamatório pulmonar.
Outras alterações como alterações na função cardíaca, hepática e renal vão depender do quadro de asfi-
xia associado. A hipertensão pulmonar quando presente deve ser confirmada por Ecocardiograma.
Tratamento
Cuidados gerais:
Manipulação mínima: Evitar períodos de hipóxia que pioraram um quadro incipiente ou já instala-
do de hipertensão pulmonar (agitação piora o shunt DE).
Temperatura: Procurar manter a normotermia, evitando a hipertermia. Em casos de asfixia grave
podem ser usados protocolos de Hipotermia.
Estabilização hemodinâmica: Evitar a hipotensão e melhorar o débito cardíaco por meio de uso de
drogas inotrópicas.
Corrigir a acidose: suporte volêmico, estabilização hemodinâmica e melhora da oxigenação.
Hidratação adequada: Nos casos de edema cerebral deve ser feito restrição hídrica.
Nutrição: Nos casos de asfixia grave pode haver necessidade de jejum até normalização do trân-
sito intestinal.
Corrigir outros distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipocalcemia, etc).
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Cateterismo umbilical arterial e venoso central para garantir infusão de drogas e coleta de exa-
mes.
Antibióticos: a profilaxia antibiótica de rotina não está indicada para RN sem fatores de risco.
Quando iniciado antibióticos para RN com fatores de risco, estes devem ser descontinuados assim
que se dispor das culturas negativas (48 horas).
Sedação e analgesia se necessário;
Surfactante: Seu uso está indicado pela deficiência relativa do surfactante (inibição de funções e
alteração na composição) que ocorre na SAM.
Monitorização intensiva;
Fisioterapia respiratória: Uso criterioso na presença de hipertensão pulmonar. Visa remover o
mecônio e prevenir fenômenos obstrutivos.
Oxigenioterapia:
Evitar hipóxia e hiperóxia;
SAM sem HP: tolerar SpO2 ≥ 90% ou PaO2 entre 50 e 80mmHg na fase aguda da doença;
SAM com HP: esses limites ainda não estão bem estabelecidos;
SAM leve pode ser tratada com Hood ou CPAP nasal;
SAM grave (PaO2 < 50mmHg), hipercapnia (PaCO2 > 60mmHg) e/ou acidose (pH < 7,25): está
indicado a ventilação mecânica (principalmente se houver necessidade de Fio2 > 60% e CPAP na-
sal por mais de 2 horas).
Na ventilação convencional usar PEP entre 5 e 8cmH2O e frequência respiratória menor.
Nos casos que necessitam de frequência respiratória maior, a alta frequência está indicada.
Outras terapias:
Surfactante pulmonar: 100 a 200mg/kg;
Óxido nítrico inalatório
Bibliografia
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stained amniotic fluid?), Seminars in Fetal & Neonatal Medicine. p.1-6, 2017.
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mento. In: sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN
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p. 109-40. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.3).
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Apneia da Prematuridade
Definição
A apneia neonatal é definida como parada respiratória por 20 segundos ou por menor tempo quando
acompanhada de bradicardia e cianose.
Classificação
A apneia é classificada em central, obstrutiva ou mista de acordo com a presença de fluxo gasoso nas
vias aéreas:
Apneia central (40%): Não se detecta contração diafragmática, fluxo aéreo nasal ou obstrução de
vias aéreas. O esforço respiratório cessa totalmente.
Apneia obstrutiva (10%): Existe um esforço respiratório, mas não há fluxo aéreo, devido à obs-
trução da passagem de ar.
Apneia mista (50%): Existe pausa do centro respiratório, precedida ou seguida de obstrução ao
fluxo de ar.
Diagnóstico
O diagnóstico da apneia é de exclusão, uma vez que a apneia pode ser decorrente de várias doenças no
período neonatal. RNPT com idade gestacional inferior a 34 semanas ou com peso de nascimento <
1.500g devem ser monitorizados quanto á apneia. Investigação da apneia da prematuridade:
Fazer exame clínico detalhado.
Excluir causas de apneia secundária:
o Monitorar temperatura.
o Avaliar necessidade de oxigênio.
o Corrigir posicionamento do recém-nascido.
o Realizar fita glicêmica e dosar: sódio, potássio, cálcio e magnésio.
o Solicitar: hemograma, PCR, culturas e gasometria.
o Avaliar a necessidade de exames de imagem tais como: RX simples de tórax, USTF, ECO.
Diagnóstico diferencial
Causas de apneia secundária neonatal:
Desconforto respiratório: SDR e pneumonias.
Alterações cardiocirculatórias: choque, insuficiência cardíaca e cardiopatias congênitas.
Desequilíbrios hidroeletrolíticos e acidobásicos.
Distúrbios metabólicos: hipoglicemia e hipocalcemia.
Erros inatos do metabolismo.
Ação de drogas com efeito depressor sobre o sistema nervoso central.
Alterações bruscas da temperatura corpórea.
Estresse.
Refluxo gastroesofágico.
Alimentação enteral oferecida com técnica incorreta.
Sondas de aspiração, por provocarem reflexos vagais.
Anemia e hipovolemia.
Infecção, principalmente, a sepse.
Alterações do sistema nervoso central: convulsão, meningite e hemorragia intracraniana.
Tratamento:
Medidas gerais:
Corrigir hipo ou hipertermia; corrigir hipoglicemia e outros distúrbios metabólicos.
Tratar quadros infecciosos.
Tratar anemia. Manter saturação adequada.
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Tratamento medicamentoso:
O tratamento farmacológico, em nosso meio, consiste na administração de fármacos que estimulem o
SNC e a respiração como as metilxantinas (aminofilina e o citrato de cafeína). A cafeína tem ação mais
eficaz sobre o SNC e o sistema respiratório que a aminofilina. A aminofilina age melhor sobre o débito
cardíaco e é mais eficaz como diurético e broncodilatador. Outros efeitos das metilxantinas são: dilatação
dos vasos pulmonares e sistêmicos e constrição dos vasos cerebrais, estimulação gástrica, distúrbios da
coagulação sanguínea, alteração da homeostase da glicose. É considerado vantajoso utilizar cafeína, por
demonstrar maior efeito estimulante do centro respiratório, efeitos colaterais menos intensos, maior limi-
ar entre níveis terapêutico e tóxico.
Algoritmo
para
Tratamento
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Ataque:
≤29 sem 1ºDV
Citrato de cafeína: 20mg/kg Suspender cafeína quando
Cafeína anidra: 10mg/kg o suporte ventilatório não
for mais necessário e o
Se CPAP/VM Manutenção: iniciar 24h após o ataque. paciente há 5 – 7 dias sem
29 – 32 sem
>24h ou apneias Citrato de cafeína: 5mg/kg apneia.
Cafeína anidra: 5mg/kg
Manter monitorização por
Apneia de difícil controle: a manutenção pode ser 48h após a suspensão
>32 sem Se apneia
aumentada até 7,5 – 10mg/kg/dia
Alta hospitalar:
Considerando a apneia o único impedimento para alta, recomenda-se um período mínimo de 7 dias sem
apneia e sem xantina para alta hospitalar.
Bibliografia
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Prematurity. Pediatrics. 2016. Jan;137(1).
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3. Martin R. Pathogenesis, clinical presentation, and diagnosis of apnea of prematurity. Uptodate.
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4. Martin R. Management of apnea of prematurity. Apr 01, 2016.
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Displasia Broncopulmonar
Definição
A DBP é uma doença pulmonar crônica em geral relacionada e provavelmente causada pela ventilação
mecânica (VM) e pela suplementação de oxigênio no recém-nascido (RN).
Classificação
Momento da avaliação IGC de 36 semanas ou alta hospitalar >28 dias, <54 dias ou alta hospitalar
Severa Oxigênio >30% e/ou pressão positiva Oxigênio >30% e/ou pressão positiva
Fatores de risco
Pré-natais:
o Restrição de crescimento
o Falta de corticoide antenatal
o Corioamnionite
Natais:
o Prematuridade
o Muito baixo peso ao nascer
o Sexo masculino
Pós-natais:
o Ventilação mecânica e Oxigênio suplementar
o Persistência do canal arterial
o Sepse e resposta inflamatória sistêmica
Clássico: RN de extremo baixo peso, suporte ventilatório nas primeiras semanas de vida com
persistente necessidade de suporte ventilatório e suplementação de oxigênio.
Radiografia de tórax: como hiperinsuflação pulmonar, heterogeneidade do parênquima com áreas
de atelectasia, enfisema intersticial e espessamento brônquico.
Tratamento
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o Usar uma pressão expiratória final positiva (PEEP) entre 5 a 7 cm H2O para reduzir a o-
corrência de atelectasia e risco de edema pulmonar.
o Saturação de oxigênio com base em oximetria de pulso (SpO2): manter entre 90 – 95%.
Restrição hídrica leve: em torno de 140 a 150ml/kg por dia. Nos casos graves pode ser neces-
sária restrição mais severa (110 – 120ml/kg/dia).
Nutrição: o aporte calórico ideal seria de 140 – 150kcal/kg/dia e oferta proteica de 3,5 –
4,0g/kg/dia.
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Corticóide inalatório: não é recomendado o uso rotineiro. Reservado para tratamento de re-
cém-nascidos com broncodisplasia excepcionalmente grave, com dependência da ventilação me-
cânica ou alta concentração de O2 ou pacientes com hiperreatividade brônquica.
Bibliografia
1. Bischoff AR, Belik J. Displasia broncopulmonar e hipertensão pulmonar. In: Sociedade Brasileira
de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neo-
natologia: ciclo 15. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. P. 49-77. (Sistema de Educação
Continuada a Distância, v.1).
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3. Stark A, Eichenwald EC. Management of bronchopulmonary dysplasia. www.UpToDate.com Apr
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4. Steven M. Bronchopulmonary dysplasia: Myths of pharmacologic management. Seminars in Fetal
& Neonatal Medicine 22 (2017) 354e358.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.siny.2017.07.003.
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Hipertensão pulmonar
Definição
Persistência anormalmente elevada da resistência vascular pulmonar após o nascimento resultando em
shunt esquerdo-direita, podendo resultar em hipoxemia severa e alta morbimortalidade.
Etiologia
Idiopática.
Transição anormal ao nascimento que resulta em prejuízo da vasodilatação pulmonar: asfixia pe-
rinatal, SDR, TTRN.
Patologia parenquimatosa pulmonar (HPPN secundária): SAM, Pneumonia.
Desenvolvimento pulmonar anormal: hipoplasia pulmonar, hérnia diafragmática.
Hiperviscosidade causando obstrução intravascular: policitemia.
Hipertensão pulmonar do RN pré-termo na fase inicial da SDR.
Hipertensão venosa pulmonar: doenças cardíacas congênitas (atresia mitral, síndrome do coração
esquerdo hipoplásico, e outras).
Quadro clínico
Taquipneia, retrações sub e intercostais, gemência, cianose.
Labilidade de saturação.
Cianose diferencial.
Gradiente de saturação pré e pós-ductal (>10%).
Diagnóstico
O diagnóstico definitivo é feito através de ecocardiografia.
Tratamento
Cuidados gerais que minimizem o consumo de oxigênio:
o Manipulação mínima do RN.
o Cateterização da artéria umbilical para coleta de exames.
o Correção de policitemia, hipoglicemia, hipotensão arterial, se existentes.
o Utilização de antibióticos se o paciente apresentar quadro infeccioso associado.
o Em casos graves pode ser necessário o uso de sedação contínua. Deve-se evitar o uso de
paralisia muscular, exceto se houver muita dificuldade para sedar e consequentemente
ventilar o paciente.
Oxigenioterapia: manter
o PaO2 entre 50 e 80mmHg ou a saturação pré-ductal entre 90e 95%.
o PaCO2 entre 40 e 45mmHg.
o Ventilação mecânica se necessário.
Não havendo condições de alimentação enteral, iniciar nutrição parenteral.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
N Ambalavanan N, Aschner JL. Management of HRF and PH in preterm infants. Journal of Perina-
tology (2016) 36, S20–S27.
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Neonatal Medicine (2017).
Jain A, McNamara PJ, Persistent pulmonary hypertension of the newborn: Advances in diagnosis
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tory failure and pulmonary hypertension in neonates, and the role of oxygen therapy. Journal of
Perinatology (2016) 36, S3–S11.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Hipoglicemia Neonatal
Definição
Ainda existe muita controvérsia a respeito de qual seria a concentração sérica de glicose mínima para se
definir hipoglicemia neonatal. Entretanto, admite-se que hipoglicemia neonatal pode ser definida como
uma concentração plasmática inferior a 30mg/dL nas primeiras 24 horas de vida e inferior a 45mg/dL a
partir de então. É classificada em transitória (até 7 dias de vida) e persistente (mais de 7 dias).
Durante a vida fetal, a glicose é transferida via placenta para o feto. Ele é inteiramente dependente da
mãe e ao nascimento seus estoques de glicogênio hepático, aminoácidos e lipídios são inadequados.
Um período transitório de hipoglicemia logo após o nascimento é comum. Em recém-nascidos a termo e
saudável mesmo quando se posterga a alimentação enteral este fenômeno é autolimitado e os níveis de
glicose aumentam dentro de 2 a 3 h e não deve ser considerado patológico. Além disso, em situações
onde há intervalo de 8h entre o aleitamento, ocorre uma resposta cetogênica onde o cérebro tem capaci-
dade de usar os corpos cetônicos provenientes do seu escasso estoque de glicose, protegendo a função
neuronal. Entretanto, os recém-nascidos prematuros tem limitada habilidade para mobilizar fontes ener-
géticas alternativas. Estudos demonstraram que em casos de hipoglicemia assintomática o tratamento
não mostrou evidencias de benefícios a curto ou longo prazo em comparação com RN normoglicêmicos.
Houve 12% de aumento de anormalidades neurológicas em casos de hipoglicemia sintomática e 50% de
incidência de anormalidades neurológicas quando a convulsão esteve presente.
Sinais e sintomas
A hipoglicemia pode ser assintomática ou assintomática e, ambas podem resultar em efeitos adversos e
prejuízos para o recém-nascido.
Os sinais e sintomas de hipoglicemia incluem:
Sinais e sintomas associados com sistema nervoso central e cardiovascular: dificuldade de ali-
mentação, hipotonia, letargia, apatia, convulsões, cianose, apneia, hipotermia, insuficiência car-
díaca congestiva.
Sinais e sintomas associados com sistema nervoso autonômico: tremores, taquicardia, palidez,
ansiedade e vômitos.
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Diagnóstico:
Laboratorial: glicemia, hemograma e PCR.
Prevenção:
Tratamento
Paciente assintomático
25 – 40mg/dL 35 – 45mg/dL
<25mg/dL <35mg/dL
Realimentar Realimentar
Glicose endovenosa Glicose endovenosa
Glicose EV se necessário Glicose EV se necessário
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Pacientes sintomáticos:
Bibliografia
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Próxima revisão prevista Data: 2020
3. Rozance PJ. Update on Neonatal Hypoglycemia. Curr Opin Endocrinol Diabetes Obes. 2014 Febru-
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13. DIRETRIZES SBP – HIPOGLICEMIA NO PERÍODO NEONATAL
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Hiperglicemia Neonatal
Definição
Define-se hiperglicemia quando o nível de glicose for maior que 125mg/dL em sangue total ou maior que
150mg/dL no plasma.
Quando a glicemia atinge valores acima de 300mg/dL, ocorrem alterações da osmolaridade sérica e diu-
rese osmótica predispondo ao risco de hemorragia cerebral por desidratação das células cerebrais.
Etiologia
Infusão excessiva de glicose por via parenteral.
Estresse/dor/pós-operatório: aumento na liberação de catecolaminas, cortisol e glucagon.
Sepse: redução da utilização periférica de glicose, liberação de catecolaminas.
Asfixia: estimulação alfa-adrenérgica e diminuição da resposta à insulina.
Drogas: corticoide, inotrópicos, teofilina, fenitoína.
Prematuridade: maior resistência periférica à insulina, maior liberação e catecolaminas, maior
produção endógena de glicose.
Nutrição parenteral: a infusão de lipídios pode alterar o metabolismo de carboidratos através da
oxidação lipídica, causando aumento de ácidos graxos e diminuição da atividade insulínica em te-
cidos periféricos, redução da taxa de glicólise e aumento da gliconeogênese. O uso precoce de
aminoácidos em recém-nascidos de muito baixo peso previne a hiperglicemia.
Diabetes melito neonatal (transitório ou permanente).
Manifestações clínicas
Diurese osmótica.
Desidratação.
Perda ou dificuldade de ganho de peso.
Glicosúria, Cetose e acidose metabólica.
Consequências
Hemorragia intraventricular.
Prejuízos no neurodesenvolvimento.
Retinopatia da prematuridade grave.
Enterocolite necrosante.
Displasia broncopulmonar.
Aumento do tempo de permanência hospitalar.
Infecção fúngica.
Morte.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito rotineiramente por meio de fitas reagentes, devendo ser confirmado por dosagem
sérica da glicose. A aferição da glicosuria é valorizada quando acima de 3+ (>1000mg/dL).
Tratamento
Considerar, diagnosticar e tratar situações subjacentes: sepse, dor, estresse, hipóxia, etc.
Otimizar a nutrição: dieta enteral (mesmo que mínima); introdução precoce de aminoácidos na
nutrição parenteral, aumento da oferta de aminoácidos naqueles que já estão em uso.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Reduzir infusão de glicose: não utilizar taxas de infusão (TIG) menores que 4,0mg/kg/min, pois a
restrição de glicose leva a catabolismo e prejuízo do crescimento num período crítico do desen-
volvimento do recém-nascido (principalmente prematuro). Observar que TIG >12mg/kg/min são
consideradas contraproducentes e desnecessárias, pois acarretam lipogênese, maior consumo de
oxigênio e aumento da produção de CO2.
Terapia com insulina: se apesar das medidas anteriores, com o paciente recebendo
4,0mg/kg/min de glicose, a hiperglicemia persiste, proceder da seguinte forma:
o Dose: 0,01 a 0,2 U/kg/h.
o Glicemia < 180mg/dL: manter observação e não iniciar insulina.
o Glicemia entre 180 e 250mg/dL: se não houver glicosuria (≥ 3+) e/ou diurese osmótica e
sem sinais de desidratação manter em observação, porém se surgirem tais alterações, i-
niciar insulina endovenosa contínua.
o Glicemia > 250 – 300mg/dL: iniciar infusão de insulina.
o Suspender infusão quando a glicemia estiver em torno de 200mg/dL.
Observação: alguns autores descrevem a adsorção da insulina às paredes dos equipos de polivinil e
polietileno diminuindo a disponibilidade da droga para o paciente. Orienta-se impregnar o equipo com
uma solução de insulina (5U/ml) durante 20 minutos antes de iniciar a infusão para o paciente. Este pro-
cedimento garante biodisponibilidade de 100% da insulina em até 8 horas. É importante levar em conta
este período para obtenção da resposta terapêutica, pois o aumento excessivo da dose, neste período,
pode levar a episódios de hipoglicemia com alterações repentinas e deletérias na osmolaridade plasmáti-
ca.
Bibliografia
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Hiperbilirrubinemia indireta
Definição
Coloração amarelada da pele e mucosas devido ao depósito de bilirrubina. A icterícia só é observada clini-
camente quando o nível sérico de bilirrubina total excede 5,0mg/dL.
Hiperbilirrubinemia fisiológica
É o tipo mais comum de icterícia. Normalmente surge entre 24 e 72 horas de vida e tem pico máximo por
volta do 4º ao 5º dia de vida nos recém-nascidos a termo e no 7º dia de vida nos prematuros. Desapare-
ce entre 10 a 14 dias normalmente.
Hiperbilirrubinemia patológica
Icterícia de início precoce (nas primeiras 24 horas de vida);
Aumento dos níveis séricos de bilirrubina total > 0,5mg/dL/h ou maior que 5mg/dL em 24 horas;
Bilirrubina sérica total maior que 20mg/dL;
Bilirrubina direta maior que 2mg/dL;
BT > 4,0mg/dL em sangue do cordão;
Outros sintomas associados: vômito, letargia, perda de peso, baixa ingestão oral, apneias, insta-
bilidade térmica;
Icterícia prolongada: mais de 10 dias no RNT e acima de 21 dias no RNPT.
Encefalopatia bilirrubínica
Condições que podem facilitar a impregnação cerebral pela bilirrubina: hipercapnia; acidose; asfixia; hi-
potermia; hipoglicemia; sepse; meningite; convulsão; hipertensão arterial; jejum oral.
Fase aguda
A bilirrubina livre atravessa a barreira hematoencefálica depositando-se principalmente em gânglios da
base (globo pálido e núcleo talâmico) e também a nível de hipocampo, cerebelo e núcleo de nervos cra-
nianos (vestibular, coclear e oculomotor). Causa necrose neuronal e posterior gliose. É uma patologia
exclusiva do período neonatal, com exceção da Síndrome de Crigler-Najjar, onde a encefalopatia bilirru-
bínica pode ocorrer em idades maiores.
A evolução divide-se em três fases:
Fase I: letargia sonolência, hipotonia, movimentos escassos, sucção débil, choro ligeiramente a-
gudo. Em torno do 2º e 3º dia.
Fase II: espasticidade, opstótono, febre, choro agudo.
Fase III: estupor profundo, coma, diminuição da espasticidade, choro estridente. Geralmente no
final da primeira semana.
Investigação da hiperbilirrubinemia
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Tratamento
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Próxima revisão prevista Data: 2020
24 horas 8 10 15 18
48 horas 11 13 17 21
72 horas 13 15 18 22
96 horas 14 16 20 23
5 – 7 dias 15 17 21 24
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Diminuir em 2mg/dL o nível de indicação de fototerapia se houver: doença hemolítica (Rh, ABO,
etc), deficiência de G-6-PD, asfixia, letargia, instabilidade de temperatura, sepse, acidose ou al-
buminemia <3,0mg/dL.
Utilizar sempre a bilirrubina total;
Iniciar fototerapia intensiva e se:
o BT = 17 a 19mg/dL: colher BT após 4 a 6 horas
o BT = 20 a 25mg/dL: colher BT após 3 a 4 horas
o BT >25mg/dL: colher BT em 2 a 3 horas, enquanto se prepara o material para exsangui-
neotransfusão.
o A exsanguineotransfusão deve ser iniciada imediatamente se houver sinais de encefalo-
patia bilirrubínica
o Suspender a fototerapia quando os níveis de BT forem < 8 a 10mg/dL e reavaliar com 12
a 24 horas.
Indicação de exsanguineotransfusão:
o BT > 4mg/dL e/ou hemoglobina < 12g/dL no sangue do cordão;
o Elevação da BT ≥ 0,5 a 1mg/dl/h nas primeiras 36 horas de vida
o Levar em consideração os níveis de BT, o peso ao nascer e a presença de fatores agra-
vantes.
Imunoglobulina imune endovenosa: 0,5 a 1,0g/kg em duas horas nas doenças hemolíticas imu-
nes. Somente se a BT estiver próxima ao nível de exsanguineotransfusão apesar da fototerapia
intensiva.
Indicação de fototerapia
BT (mg/dL)
<1000g 4 5 6 7 8 8
1000 – 1249g 5 6 7 9 10 10
1250 – 1499g 6 7 9 10 12 12
1500 – 1999g 7 8 10 12 13 14
2000 – 2299g 8 10 12 14 15 16
2300 – 2499g 9 12 14 16 17 18
Fonte: Adaptado de OKUMURA et al. PEDIATRICS Volume 123, Number 6, June 2009
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Indicação de exsanguineotransfusão
BT (mg/dL)
<1000g 8 10 12 12 15 15
1000 – 1249g 10 12 15 15 18 18
1250 – 1499g 12 12 15 15 18 18
1500 – 1999g 12 15 18 20 20 20
2000 – 2299g 12 18 20 22 23 23
2300 – 2499g 12 18 20 22 23 23
Fonte: Adaptado de OKUMURA et al. PEDIATRICS Volume 123, Number 6, June 2009
Exsanguineotransfusão
Deve ser utilizado sangue fresco e irradiado para o procedimento (de preferência com menos de 4 dias e
nunca com mais de 7 dias de estocagem). O anticoagulante utilizado com maior frequência é o citrato-
fosfato-dextrose (CPD) que traz o risco de acidose, hipocalcemia, hipomagnesemia e hipoglicemia.
Complicações da exsanguineotransfusão
Cardiovasculares: trombose de veia porta, embolia, sobrecarga de volume, arritmias, PCR;
Metabólicas: hipocalcemia, hipoglicemia, hipomagnesemia, hiponatremia, hiperpotassemia, aci-
dose metabólica, alcalose metabólica;
Hematológicas: anemia, plaquetopenia, reação anafilactóide;
Infecciosas: infecção no sítio de inserção do cateter; bacteremia, sepse, HIV, hepatite, CMV.
Pelo cateter: perfuração de via porta, perfuração de parede cardíaca;
Gastrintestinais: enterocolite necrosante;
Hipotermia.
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Outras patologias:
Síndrome de Crigler-Najjar: deficiência da enzima glicuroniltransferase.
o Tipo I (forma rara; deficiência completa de atividade da glicuroniltransferase; icterícia nos
primeiros dias de vida e risco de kernicterus);
o Tipo II (forma mais comum e benigna; a ocorrência de kernicterus é rara).
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Bibliografia
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Colestase Neonatal
Definição
A colestase neonatal é definida como hiperbilirrubinemia conjugada resultante do prejuízo na formação
da bile pelos hepatócitos ou de obstrução ao fluxo normal da bile.
Hiperbilirrubinemia direta é definida como nível sérico de bilirrubina direta (BD) maior que 1,0mg/dL se o
nível sérico da bilirrubina total (BT) for menor ou igual a 5,0mg/dL, ou se a BD for maior que 20% do
nível sérico da BT quando esta maior que 5,0mg/dL.
A presença de icterícia colestática é sempre patológica e deve ser investigada. O diagnóstico etiológico
tem de ser precoce, pois no caso de atresia de vias biliares extra-hepática, o procedimento cirúrgico
(Portoenterostomia de Kasai) para restabelecimento do fluxo biliar não deve ultrapassar o segundo mês
de vida.
Etiologia
Causas:
Extra-hepáticas (30-40%): obstrução.
Intra-hepática (60-70% dos casos): infecção, metabólica, genética, tóxica/drogas, idiopática, alo-
imune.
Obstrução de ductos: atresia biliar, Síndrome de Alagille, Cisto de colédoco, Doença de Caroli, lama biliar,
colangite neonatal esclerosante, hepatite neonatal idiopática de células gigantes (NGCH), colestase intra-
hepática progressiva familiar.
Desordens metabólicas, doenças de armazenamento e outras: Fibrose Cística, Deficiência de Alfa-1 anti-
tripsina, erros inatos da síntese de ácidos biliares, Doença de Gaucher, Doença de Niemann-Pick tipo C,
Doença de Wolman, desordens mitocondriais, colestase neonatal intra-hepática por deficiência de citrina
(NICCD), desordens peroxissomais (Zellweger e outras), Tirosinemia, Galactosemia clássica, desordens
congênitas de glicosilação.
Desordens endócrinas: hipotireoidismo, pan-hipopituitarismo.
Desordens tóxicas: colestase associada à nutrição parenteral.
Desordens imunológicas: doença hepática gestacional aloimune, Lúpus eritematoso neonatal, linfoistioci-
tose hemofagocítica.
Desordens infecciosas: sepse, infecção urinária, TORCH, hepatites, HIV, Echo, Adeno e Coxsackie vírus,
Parvovirus B19, VZV, sífilis, leptospirose.
Malformação vascular: Shunts porto-sistêmicos, Hemangioma múltiplo, insuficiência cardíaca congestiva.
Miscelânea: desordens genéticas, Síndrome ARC, Síndrome Aagenes, leucemia neonatal.
Quadro clínico
Normalmente associado à patologia de base.
Geralmente apresenta-se com icterícia prolongada, hepatomegalia, colúria e hipocolia ou acolia fecal.
Hepatomegalia e acolia fecal persistente (> 2 semanas) sugerem atresia biliar extra-hepática.
Algumas crianças apresentam coagulopatia secundária à mal absorção e deficiência de vitamina K (san-
gramento gastrointestinal, sangramento em coto umbilical intracraniana).
Doenças metabólicas: vômito, déficit de crescimento, hipoglicemia, convulsão, retardo no desenvolvi-
mento. Infecções intrautero: sífilis (rinite, exantema, lesões ósseas e anemia); toxoplasmo-
se/citomegalovirose (calcificações intracranianas, meningoencefalite, púrpura trombocitopênica neona-
tal); rubéola (catarata, cardiopatia congênita, microftalmia).
Sinais de alarme num paciente com icterícia colestática: letargia, irritabilidade, convulsões, vômitos, má
evolução ponderal, sinais de coagulopatia e ascite.
Outros:
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Diagnóstico
História familiar:
Consanguinidade: aumenta o risco de doenças autossômicas recessivas.
Pais ou filhos que apresentaram colestase neonatal: Fibrose cística, deficiência de Alfa-1 Antitripsina, Síndrome de
Alagille.
História de perdas fetais: hemocromatose neonatal, doença hepática gestacional aloimune.
Doenças hemolíticas e esferocitose na família: agrava a hiperbilirrubinemia conjugada.
Pré-natal:
Achados ultrassonográficos: cisto de colédoco, colelitíase, anormalidades intestinais.
Colestase na gestação: desordens mitocondriais.
Hepatopatia aguda na gestação: deficiência de 3-hidroaxil-coenzima A desidrogenase de cadeia longa.
Infecções maternas: infecções por TORCH.
História do recém-nascido:
Idade gestacional: prematuridade representa risco para hepatite neonatal.
SGA: aumenta risco de colestase neonatal, infecções congênitas, deficiência de G-6-PD; hidropisia fetal
Hemólise autoimune: aumenta o risco de colestase neonatal.
Teste do recém-nascido: pan-hipopituitarismo, galactosemia, defeitos de oxidação de ácidos graxos, fibrose cística.
Nutrição: galactosemia, intolerância hereditária à frutose, nutrição parenteral.
Crescimento: doenças genéticas e metabólicas.
Visão: displasia septo-óptica.
Audição: PFC1, TJP2.
Vômitos: doença metabólica, obstrução intestinal, estenose pilórica.
Fezes: constipação (CF, pan-hipopituitarismo), diarreia (infecções, doença metabólica).
Cor das fezes: acolia fetal (obstrução biliar).
Característica da urina: urina escurecida (doenças metabólicas).
Sangramento excessivo: coagulopatia, deficiência de vitamina K.
Irritabilidade, letargia: doença metabólica ou sepse, pan-hipopituitarismo.
Cirurgia abdominal: enterocolite necrosante, atresia intestinal.
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Achados clínicos: má aparência indica infecção ou doença metabólica; boa aparência é típico de atresia biliar.
Aparência geral: características dismórficas.
Visão: infecções congênitas, doenças de depósito, displasia septo-óptica.
Audição: infecções congênitas, PFIC1, TJP2.
Exame cardíaco: sopros, sinais de ICC (Síndrome de Alagille, malformação esplênica e atresia biliar)
Exame abdominal: ascites, circulação colateral, tamanho e consistência do fígado e do baço, massas abdominais e
hérnia umbilical.
Exame das fezes: acolia e hipopigmentação fecal.
Neurológico: tônus, atividade, apatia, sonolência, etc.
Investigação laboratorial
Investigação para identificar distúrbios tratáveis bem como para definir a gravidade do envolvimento
hepático:
Hemograma completo, PCR;
INR, TGO, TGP, FA, GGT, BT e frações, TAP e TTPA, albumina, glicose;
TSH, T4 livre, cortisol, alfa-1 antitripsina se o resultado do teste do pezinho não estiver disponí-
vel;
Colesterol total e frações, amônia sérica, lactato sérico;
Urina: EAS, cultura, substâncias redutoras.
Culturas: sangue, urina, fezes e LCR;
Checar teste do pezinho.
US abdominal (vias biliares).
Exame de coloração das fezes;
Sorologias maternas e do recém-nascido (TORCHS).
Tratamento Geral:
Tratamento específico da patologia de base;
Aumentar o aporte calórico em 1,2 a 1,5 vezes o basal;
Suplementar calorias com TCM;
Manter aporte proteico e lipídico normalmente.
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Tratamento Específico:
Fórmulas dietéticas especiais para pacientes com diagnóstico de galactosemia, frutosemia e tiro-
sinemia;
Tratamento para CMV, herpes ou toxoplasmose quando houver;
Colestase severa:
o Colestiramina: 250-500mg/kg/dia;
o Ácido ursodesoxicólico: 15 – 20mg/kg/dia;
o Rifampicina: 5-10mg/kg/dia;
o Fenobarbital: 5-10mg/kg/dia.
Tratamento cirúrgico
Para causas extra-hepáticas. No caso de atresia de vias de vias biliares extra-hepáticas, indica-se a por-
toenterostomia de Kasai, de preferência até 60 dias de vida.
Transplante hepático: falha da cirurgia de Kasai.
Bibliografia
1. Fawaz et al. Guideline for the Evaluation of Cholestatic Jaundice in Infants: Joint Recommenda-
tions of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition
(NASPGHAN) and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition
(ESPGHAN). J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2016 Jul 16
2. Dani et al. Italian guidelines for the management and treatment of neonatal cholestasis. Italian
Journal of Pediatrics (2015) 41:69.
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3. BHATIA, et al. Management of Neonatal Cholestasis: Consensus Statement of the Pediatric Gas-
troenterology Chapter of Indian Academy of Pediatrics. Indian Pediatrics. Volume 51: March 15,
2014.
4. Panqueva R, Barberi L. Neonatal and Infantile Cholestasis: An Approach to Histopathological Di-
agnosis. Rev Col Gastroenterol / 29 (3) 2014.
5. Götze et al. Neonatal cholestasis – differential diagnoses, current diagnostic procedures, and
treatment. Frontiers in Pediatrics. June 2015 | Volume 3 | Article 43
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Crise Hipoxêmica
Introdução
Situação clínica onde há importante decréscimo do conteúdo arterial de oxigênio.
Instalação de acidose grave → portanto, trata-se de emergência clínica com complicações catas-
tróficas.
Causas
Complicação pulmonar: retorno de sangue venoso pulmonar insaturado para o AE.
Alteração cardíaca: cardiopatias com desvio direita-esquerda, obstrução ao fluxo ou circulação em parale-
lo.
Alteração sanguínea: normalidades da hemoglobina ou do transporte de oxigênio.
Alteração sistêmica: comprometimento da perfusão tecidual.
Fisiopatologia
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Anemia - dificulta a detecção da cianose (dependendo dos níveis de Hb, será necessária a diminuição da
saturação até 50% para que se possa detectar clinicamente a cianose);
Policitemia - facilita a detecção da cianose;
Cianose com saturação de oxigênio NORMAL = HEMOGLOBINOPATIAS.
Tipos de cianose:
Cianose Periférica (extremidades = frio, má perfusão, etc.)
Cianose Central (HÁ necessidade de se diferenciar distúrbios circulatórios e respiratórios)
3. Acesso venoso central (VEIA UMBILICAL uma boa opção nos recém-nascidos).
a) Nos casos de hipofluxo pulmonar ou obstrução ao fluxo da artéria pulmonar: oferta "GE-NEROSA" de
líquidos ou NO MÍNIMO o basal. Nesses casos a restrição hídrica piora o estado clínico do paciente, por já
haver hipofluxo pulmonar!!
Exemplos: Atresia pulmonar, Tetralogia de Fallot, Transposição das Grandes Artérias, Estenose Valvar
Pulmonar Grave, etc.
b) Pacientes policitêmicos com HT> 60% (há um aumento da viscosidade e distúrbios da coagulação são
frequentes): necessidade de hemodiluição com reposição de plasma ou albumina.
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Nos casos de suspeita de Cardiopatia Canal Dependente – NUNCA usar oxigênio em altas concentrações,
pelo estímulo vasoconstritor e fechamento do canal arterial = MORTE DO PACIENTE!
Justificativas:
Redução da pós-carga
Diminuição do trabalho respiratório
Facilita entrega de oxigênio
Reduz o consumo de oxigênio
1. TESTE DA HIPERÓXIA
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MESMO NA SUSPEITA DE CARDIOPATIA CANAL DEPENDENTE O TESTE DEVE SER REALI-ZADO para que
se possa tentar diagnóstico diferencial.
Falsos negativos:
- Drenagem anômala total de Veias Pulmonares (onde há hiperfluxo pulmonar)
2. SUSPEITA CLÍNICA DE CARDIOPATIA DE CARDIOPATIA CANAL DEPENDENTE = INICIAR INFUSÃO DE
PROSTAGLANDINA IMEDIATAMENTE! NÃO AGUARDAR ECO-CARDIOGRAMA!!!
Com PaO2 > 250mmHg em membros superiores e inferiores praticamente descartamos cardiopatia
congênita cianogênica.
Com paO2 entre 100 e 250 mmHg, não haverá como descartar cardiopatia congênita (sobretudo
cardiopatias em que há mistura intracardíaca como na síndrome do coração esquerdo hipoplásico), fa-
zendo-se necessária a avaliação do cardiologista pediátrico. É importante enfatizar que a avaliação de
pulsos e níveis pressóricos nos quatro membros será imprescindível, pois, identificando-se hipoperfusão
tecidual e baixo débito, poderá ser indicado o uso de prostaglandina e1 para, através do canal arterial,
manter um fluxo sistêmico adequado.
3. Exame físico
Inspeção: fenótipo (Síndrome de Down / Turner/ Williams).
Sinais objetivos de ICC.
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4. Exames laboratoriais (na admissão): Hemograma ou Hb/HT e plaquetas, bioquímica completa, ga-
sometria arterial, radiografia de tórax e ECG.
1. Tetralogia de Fallot
Manifestação clínica heterogenia variando desde hiperfluxo pulmonar com sintomas de ICC até crises de
hipóxia – sintomatologia depende da gravidade das lesões anatômicas e do tamanho da CIV.
Casos com cianose e hipoxemia (fluxo pulmonar < que fluxo sistêmico) – sopro discreto.
CRISES DE CIANOSE: são raras no neonato, porém mais comuns nas crianças maiores.
Tratamento:
Oferecer oxigênio;
Posição “cócoras”;
Infusão de líquidos em bôlus;
Sedação com morfina;
Casos refratários iniciar noradrenalina;
Betabloqueadores:
o Propranolol (VO) 1mg/Kg/dia 8/8 horas.
o Metoprolol (EV) 0,05 a 0,1mg/Kg/dose ataque.
Medidas gerais (11 passos, exceto a Prostaglandina, que só estaria indicada nos casos de Tetra-
logia de Fallot associada a Atresia Pulmonar).
2. Casos com cianose leve e sopro intenso = “Pink Fallot” (fluxo pulmonar > que o fluxo sistêmico) =
provável boa anatomia e evolução sem crises de hipóxia, com clínica de ICC
Necessidade de diferenciar
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Necessidade de diferenciar hipertensão pulmonar persistente neonatal e cardiopatias congênitas com indicação
de intervenção
Referências
1. Emergências em Cardiologia Pediátrica – Antônio Augusto Lopes e Ana Cristina Sayuri Tanaka – Ed.
Atheneu.
2. Cardiopatias Congênitas no Recém-Nascido – Maria Virgínia Tavares Santana – Ed. Atheneu.
3. BlackBook Pediatria – Reynaldo Gomes de Oliveria – Black Book Editora Ltda
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Definição
Choque é um estado clínico patológico marcado por disfunção circulatória com inadequada perfusão teci-
dual e prejuízo na utilização de oxigênio e produção de energia. Consequentemente a remoção de resíduos
metabolizados também é inadequada. O choque pode ser ou não acompanhado de hipotensão arterial.
Hipotensão arterial
Nem sempre é possível correlacionar baixa perfusão sistêmica com pressão arterial no recém-nascido
(principalmente prematuro). Pode ocorrer choque e baixa perfusão sistêmica com pressão arterial normal
ou o inverso: o recém-nascido pode estar hipotenso, porém com adequada liberação de oxigênio para os
tecidos e sem sinais clínicos e/ou bioquímicos de choque, é a chamada “hipotensão permissiva” (Dempsey
e Barrington, 2009).
A definição de hipotensão é controversa no período neonatal (principalmente nos prematuros de muito
baixo peso), não existindo referência a valores absolutos, pois a pressão arterial depende da idade gesta-
cional (IG), do peso de nascimento (PN) e da idade pós-natal (IN). Pode-se dizer que hipotensão seria o
valor de pressão artéria abaixo do qual não se observa o fluxo sanguíneo necessário para suprir os órgãos
vitais. DIAGNÓSTICO DE HIPOTENSÃO EM RNPT
Classificação do choque
1) Choque cardiogênico: diminuição do débito cardíaco decorrente de disfunção cardíaca primária (prin-
cipalmente cardiopatias congênitas) e arritmias cardíacas.
Causas:
Disfunção miocárdica: prematuridade, asfixia perinatal, distúrbio metabólico, acidose, RN de mãe
diabética.
Cardiopatias congênitas: síndrome do VE hipoplásico, estenose aórtica, interrupção do
arco aórtico, anomalia de Ebstein, atresia tricúspide e mitral, drenagem anômala.
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Causas:
Hemorragias (placenta prévia, DPP, transfusão feto-materna, avulsão de cordão, hemorragia in-
traventricular aguda, hemorragia intra-abdominal, úlcera de estresse);
Perda plasmática (sepse, ECN);
Perda de água livre (vômito, perdas evaporativas (RNPT extremos), uso excessivo de diuréticos).
Clínica: Palidez, extremidades frias, tempo de enchimento capilar prolongado (>3 segundos). Pulsos finos,
taquicardia persistente, oligúria. Na fase compensada à pressão arterial ainda pode ser normal.
A hipovolemia provoca uma resposta compensatória marcada por liberação de corticosteroides, adrenalina
e noradrenalina provocando contração do compartimento vascular, aumento da frequência cardíaca e da
contratilidade miocárdica na tentativa de manter o fluxo sanguíneo sistêmico. A perda pode chegar a 30 a
40% do volume circulatório antes que ocorra hipotensão arterial. Esta resposta compensatória é limitada
no recém-nascido prematuro. A avaliação da volemia do recém-nascido é difícil e os indicadores disponí-
veis são imprecisos:
Tempo de enchimento capilar e diferença de temperatura central-periférica.
Pressão arterial: a relação entre pressão e volume sanguíneo é pobre; a PA pode alterar se tardi-
amente.
Frequência cardíaca: não existe relato na literatura que aumento da FC seja marcador de hipovo-
lemia.
Índice cardiotorácico diminuído.
Hematócrito / hemoglobina: analisar juntamente com o quadro clínico.
Acidose: não existe referência na literatura de que acidose seja um marcador claro de volemia.
PVC: é marcador de função miocárdica e não faz diagnóstico de hipovolemia. Pode ocorrer hipovo-
lemia e disfunção miocárdica com PVC alta por transmissão da pressão do respirador.
Acidose lática: níveis aumentados sugerem liberação inadequada de oxigênio para os tecidos, po-
rém deve ser interpretado dentro do contexto clínico e hemodinâmico.
ECO: enchimento ventricular deficiente observado no final na diástole.
Clínica: na fase hiperdinâmica ocorre taquicardia, taquipneia e aumento da pressão de pulso; na fase he-
modinâmica ocorre palidez, oligúria, hipotensão arterial, extremidades frias, pulsos finos, tempo de en-
chimento capilar prolongado (>3 segundos).
O choque é uma alteração primária do fluxo sanguíneo e não da pressão arterial. A ausência de hipotensão
não exclui o choque, pois ela pode ser mantida por mecanismos compensatórios.
Em prematuros extremos sem infecção, especialmente no período de transição existe pouca correlação
entre PAM e fluxo sanguíneo sistêmico. Prematuros saudáveis com PAM menor que a média, podem ter
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débito cardíaco normal e perfusão normal sem ter sinais de choque. Alguns autores sugerem a hipotensão
permissiva em pacientes saudáveis. Isto não se aplica aos prematuros com choque séptico. Nestes casos,
medidas para reestabelecer pulsos distais, PAM > 30 e diurese > que 1 ml/kg/h devem ser instituídas.
No RN a termo não é necessário presença de hipotensão para diagnosticar o choque, porém a sua presen-
ça com sintomas clínicos é confirmatória e deve ser combatida rigorosamente. O método oscilométrico
para avaliar pressão não invasiva é bastante questionado. Técnica de ultrassonografia para estimar fluxo
da veia cava superior e o débito cardíaco é eficaz para substituir a avaliação da PAM, porém não são am-
plamente disponíveis.
Choque séptico
O diagnóstico do choque séptico é clínico e não se pode aguardar nenhum tipo de confirmação laboratorial
para o início do tratamento.
Diagnóstico diferencial:
Choque cardiogênico (fechamento do PCA em cardiopatia canal-dependente).
Erro inato do metabolismo: pode simular choque séptico. Suspeitar em RN que apresenta descon-
forto respiratório, acidose metabólica persistente com cetose e perfusão normal ou alcalose respi-
ratória na ausência de VM, sugerindo hiperamonemia.
Persistência do canal arterial em RNPT extremo.
Hipermagnesemia iatrogênica: paciente pode apresentar hipotensão de difícil controle, apneia, de-
pressão central, quadro semelhante ao choque quente.
Monitorização:
Temperatura; gasometria arterial, débito urinário
Pulso oximetria pré e pós ductal; EEG contínuo;
Pressão arterial e frequência cardíaca; PAM invasiva se possível;
Concentração de glicose e cálcio.
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31 45 30 20
32 46 30 21
33 47 30 22
34 48 31 23
35 49 32 24
36 50 32 25
Tratamento
Objetivos da terapêutica:
Acesso vascular: 2 acessos periféricos até obtenção de acesso central (cateter venoso umbilical, PICC ou
dissecção venosa). O tempo máximo de uso do cateter arterial umbilical não deve exceder 5 dias, e do
cateter venoso umbilical não deve ultrapassar 14 dias.
Reposição de volume: RN de termo ou próximo ao termo sem relato de perdas significativas: SF0,9% a
10 ml/kg em 10 min. Se sinais de hipovolemia por perdas (ex: vômitos, ECN, recusa alimentar) a reposi-
ção deve ser mais vigorosa 20ml/kg em 10 a 15 min. Prematuros extremos (PN < 1000g): a reposição
deve ser cautelosa de 10 ml/kg em 30 minutos. O volume total na primeira hora pode chegar até 60ml/kg.
Observar surgimento de hepatomegalia e piora do padrão respiratório. Manter hemoglobina ≥ 12g/dl.
Corticoides: Hidrocortisona pode ser indicada nos casos de evidencia de insuficiência adrenal.
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Antibioticoterapia: devem ser iniciados antibióticos conforme protocolo da unidade imediatamente (ain-
da na primeira hora do tratamento).
15 min
Choque refratário a fluidos?
Alcançar:
2
PAM / PVC normais, ScvO2 > 70%, fluxo VCS >40ml/kg/min ou IC >3,3L/min/m
Excluir pneumotórax e derrame pericárdico. Iniciar hidrocortisona se insuficiência adrenal absoluta e T3 se houver hipotireoidis-
mo. Iniciar pentoxifilina se RNMBP. Se canal arterial hemodinamicamente significativo, considerar fechamento.
Choque refratário?
ECMO
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Dobutamina Aumenta: contratilidade miocárdica (débito cardíaco), perfusão Diminui o tônus vascular periférico. Não altera a PAM.
renal e fluxo sanguíneo cerebral.
Norepinefrina Aumenta: PAM, resistência vascular sistêmica e débito ventricular Aumenta: isquemia periférica e acidose: dose > 3,3µg/kg/min
esquerdo.
Diminui: requerimento de FiO2 e Taxa de pressão pulmonar para
sistêmica.
Epinefrina Aumenta: Contratilidade miocárdica e PAM e resistência vascular Não muda: Pressão arterial pulmonar (altas doses) / Resistência
sistêmica (alta dose) vascular pulmonar (altas doses).
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Epinefrina Aumenta: contratilidade miocárdica, Aumenta: acidose láctica e isquemia periférica e mesentérica (do-
PAM e resistência vascular sistêmica (altas doses). ses altas)
Norepinefrina Aumenta: contratilidade miocárdica / Aumenta: consumo de O2 pelo miocárdio. O aumento na resistên-
PAM, resistência vascular sistêmica (altas doses) e perfusão teci- cia vascular sistêmica pode prejudicar a contratilidade cardíaca
dual. (altas doses)
Hidrocortisona Aumenta: PAM e resistência vascular sistêmica.
Diminui: necessidade de vasopressor
Vasopressina Aumenta: PAM e resistência vascular sistêmica. O aumento na resistência vascular sistêmica pode prejudicar a
Diminui: necessidade de catecolaminas (dose baixa). contratilidade cardíaca (altas doses)
Tabela 02 - Abordagem sugerida para o manejo com base em achados clínicos e fisiologia da doença.
PCA PD baixa, disfunção Shunt ED Primeira linha: estratégias para limitar o shunt (PCO2: 50 – 60mmHg, minimizar FiO2, otimi-
orgânica zar PEEP e Hb)
Fechamento ductal: medicamentoso ou cirúrgico
PD e PS baixas, Shunt ED com com- Primeira linha: estratégias para limitar o shunt, fechamento ductal.
disfunção orgânica pensação sistólica de Segunda linha: agente inotrópico positivo: dobutamina.
severa, hemorragia VD baixa.
pulmonar.
PCA PS baixa, deteriora- Disfunção sistólica de Primeira linha: agente inotrópico positivo: dobutamina (se PD baixa), ou milrinona (se PD
Pós- ção respiratória, VE e pós-carga alta normal ou alta).
ligadura hipóxia. Segunda linha: hidrocortisona se disfunção de adrenal
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Sepse / Choque quente: PD Vasodilatação, extra- Primeira linha: volume; agente vasopressor: dopamina.
ECN baixa, taquicardia. vasamento capilar, Segunda linha: agente vasopressor: vasopressina, norepinefrina.
hipovolemia relativa
ou absoluta, DC au-
mentado.
Choque frio: PS Vasoconstrição, baixo Primeira linha: volume com moderação; agente inotrópico positivo: epinefrina
baixa / hipotensão DC Segunda linha: hidrocortisona
combinada
LHI PS baixa, oxigena- Disfunção sistólica de Primeira linha: agente inotrópico positivo: dobutamina
ção normal. VD or VE Segunda linha: agente inotrópico positivo: epinefrina / Prostaglandina / Hidrocortisona (se
refratário)
PS baixa, oxigena- Disfunção sistólica de Primeira linha: agente inotrópico positivo: dobutamina
ção diminuída. VE com HPPRN Segunda linha: vasodilatador pulmonar seletivo (iNO) / Prostaglandina
Terceira linha: epinefrina (pode piorar a oxigenação) / vasoconstrição sistêmica e vasodilata-
ção pulmonar (vasopressina, norepinefrina).
HPPRN Hipoxemia, PS bai- Baixa pré-carga de Primeira linha: sedação, relaxante muscular, otimizar VM, vasodilatador pulmonar
xa. VE, shunt ductal DE, Segunda linha: Milrinona (se MAP e PD normais) / Vasopressina (se MAP e PD baixas) / pros-
função sistólica de VD taglandina
e VE normais.
Hipoxemia, PS bai- Baixa pré-carga de Primeira linha: otimizar MAP, reduzir sedação e relaxante muscular se possível / vasodilata-
xa. VE, shunt ductal DE, dor pulmonar / dobutamina (se MAP/PD baixas) / milrinona (MAP /PD normal ou alta)
disfunção sistólica de Segunda linha: Vasopressina (se MAP/PD baixas) / prostaglandina
VD e/ou VE
RNMD Taquicardia, PS bai- Disfunção diastólica Primeira linha: volume para otimizar a pressão de VD / evitar inotrópicos e taquicardia
xa, distress respira- de VE, prejuízo do Segunda linha: aumentar a pós-carga (vasopressina)
tório. enchimento.
PD: pressão diastólica / PS: pressão sistólica / DC: débito cardíaco.
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Bibliografia
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Sepse precoce
Fatores de risco
Trabalho de parto prematuro sem causa.
Amniorrexis ≥ 18 horas.
Amniorrexis prematura.
Corioamnionite ou febre intraparto (>38°C)
Procedimento fetal nas últimas 72h.
Cerclagem uterina.
Infecção materna vigente, inclusive ITU, ou em tratamento < 72h.
Colonização materna vaginal e/ou retal pelo EGB, sem profilaxia adequada*.
Gestação anterior com criança que veio a adoecer pelo EGB*.
Bacteriúria pelo EGB na gestação atual (em qualquer período da gestação) desde que não
tenha sido realizada a profilaxia com antibiótico intraparto conforme regulamentação do
DCD (vide tabela)
Sinais e sintomas
Gestação anterior com RN que adoeceu pelo EGB Colonização por EGB durante gestação anterior com
cultura negativa na gestação atual.
Bacteriúria por EGB em qualquer período da gesta- Bacteriúria por EGB em gestação anterior com urocul-
ção atual. tura negativa na gestação atual.
Cultura positiva para EGB na gestação atual. Cultura negativa (vaginal e retal) para EGB em gesta-
ção atual, independente de fator de risco intraparto.
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Exames alterados
(Escore hematológico Reavaliação
clínica
≥ 3 e PCR ≥ 0,5mg/dL)
Nova HMC. Iniciar Ampicilina + gentamicina e
Sintomático completar investigação diagnóstica (RX de
tórax e LCR)
Tratamento: Tratamento:
7 dias. Sepse: 7 a 10 dias.
Meningite (Cefepime
e Ampicilina) 14 a 21
dias.
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Exames normais
Repetir com
(escore hemato- Considerar manutenção
48 a 72 horas
lógico < 3 e PCR Com melhora de antibióticos e acom-
de vida
< 0,5mg/dL). clínica panhar quadro clínico,
laboratorial e cultura.
Alterado
Considerar troca de
Coletar hemocultura. Sem melhora antibióticos após análise
Sintomas de
Iniciar ampicilina + clínica do quadro clínico e
sepse neonatal
gentamicina. resultado de cultura.
precoce e
Investigação labora-
fatores de
torial com 12 a 24
risco
horas de vida (HMC
/ PCR / RX / LCR).
Exames altera-
dos (escore Repetir com 48
hematológico ≥ 3 a 72 horas de Normal Sem melhora clínica
e PCR ≥ vida
0,5mg/dL).
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Bibliografia
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Profilaxia antifúngica.
Critérios de inclusão:
Recém-nascido com peso de nascimento < 1000g.
Recém-nascido com malformação abdominal cirúrgica, jejum e necessidade de nutrição parente-
ral.
Protocolo:
Iniciar fluconazol nas primeiras 48 horas de vida, desde que o paciente não apresente doença hepática.
Dose: 3,0mg/kg/dose, de acordo com a semana de vida, conforme o esquema abaixo:
1ª e 2ª semanas de vida: 1 dose de 72/72 horas. b. 3ª e 4ª semanas de vida: 1 dose de 48/48
horas c. 5ª e 6ª semanas de vida: 1 dose diária.
Suspender profilaxia ao completar 42 dias de vida, ou assim que o acesso venoso central for retirado. A
profilaxia será suspensa se o paciente apresentar candidíase sistêmica (quando então deverá ser iniciado
tratamento específico com Anfotericina B), ou algum efeito colateral relacionado ao fluconazol.
Bibliografia
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Paulo: APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar, 2011.
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preterm neonates.” New England Journal of Medicine, 2007; 356(24): 2483-2495.
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Fatores de Risco
Imunodepressão relativa associada à prematuridade.
Peso ao nascimento (quanto menor o peso maior o risco de infecção).
Uso empírico de antibióticos.
Uso prolongado de terapia antibiótica empírica.
Necessidade de procedimentos invasivos.
Presença de cateter venoso central.
Tempo prolongado de ventilação mecânica.
Tempo prolongado de internação em unidades de terapia intensiva neonatal.
Exposição a microorganismos multirresistentes (alteração da flora bacteriana).
Uso de nutrição parenteral.
Retardo no início da alimentação por via enteral (particularmente após o 3º dia de vida).
Uso de bloqueador H2.
Uso de antibióticos de amplo espectro como vancomicina, cefalosporinas e carbapenêmicos.
Uso de corticosteroide pós-natal.
Barreira cutânea imatura; quebra da integridade cutânea.
Sinais e sintomas
Insuficiência respiratória.
Apneia
Instabilidade hemodinâmica.
Letargia, hipoatividade, hipotonia.
Sangramento, CIVD
Intolerância alimentar (vômitos, estase biliosa)
Hiperglicemia (>145mg/dL).
Instabilidade térmica (<36,0°C ou > 37,5°C)
Diagnóstico laboratorial
Hemograma.
PCR seriado (valor preditivo negativo 98%).
Hemocultura (volume mínimo de 1ml de sangue por amostra).
Líquor (casos de sepse laboratorialmente confirmada ou quadro clínico grave).
Urocultura (por punção supra púbica ou sondagem vesical estéril).
Radiografia de tórax. Infiltrado novo ou progressivo, cavitação, consolidação ou derrame
pleural e pelo menos um dos seguintes:
o Aumento ou mudança do aspecto da secreção respiratória;
o Hemocultura positiva;
o Isolamento de vírus ou antígeno viral nas secreções respiratórias.
Tratamento empírico
Piperacilina - Tazobactam (ou Oxacilina + amicacina).
Com o objetivo de tratar cocos gram positivos multissensíveis e bacilos gram negativos e anaeróbios
(piperacilina – tazobactam).
Em caso de falha terapêutica com estes esquemas ou quando a hemocultura revelar um coco gram
positivo resistente, associar um glicopeptídeo (teicoplanina ou vancomicina).
Os carbapenêmicos, bem com outros antibióticos (Linezolida, Polimixina) ficarão reservados para os
casos de infecção por germes multirresistentes isolados em hemocultura ou quando indicado pela
CCIH.
Em casos de meningite, dar preferência por cefalosporinas de quarta geração (cefepime).
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E. coli; Klebsiella pneumoniae; Serratia marcescens, Entero- Pode ser sensível à penicilina com inibidor de betalactamase (pipe-
Bacilos gram negati- bacter cloacae; Citrobacter sp. racilina + tazobactam), cefalosporinas e carbapenêmicos.
vos (1/3 dos casos) BGN não fermentadores: Pseudomanas; Stenotrophomonas Cepas produtoras de betalactamases são conhecidas como ESBL;
maltophilia; Complexo Burkholderia; Chryseobacterium. tem mais virulência e podem ser induzidas pelo uso irrestrito de cefa-
losporinas (principalmente de terceira geração).
Cepas produtoras de carbapenemases são mais virulentas e tem
tratamento limitado. A grande maioria é sensível à polimixina e algu-
mas permanecem sensíveis aos aminoglicosídeos.
Tratamento:
- Retirada imediata do cateter venoso central (se necessário, outro
cateter só poderá ser repassado após 48 horas da instituição da
terapia antifúngica).
- Terapia antifúngica específica: Micafungina, Anfotericina B.
A incidência de infusão fúngica na UTI- - O fluconazol fica restrito para o uso profilático; lembrando que
Candidas: albicans / Neonatal está diretamente relacionada pode ser uma opção em caso de meningite. Outros antifúngicos são
parapsilosis / tropical- às medidas de controle de infecção utilizados com menor frequência (caspofungina e voriconazol).
Fungos lis / lusitaniae / gui- hospitalar, à aplicação de protocolo de -pesquisa de candidemia invasiva: ECO (endocardite); FO (endof-
lhermondii / glabrata / profilaxia antifúngica (diminui drastica- talmite); US abdome (bola fúngica em pelve renal), punção lombar.
krusei. mente a incidência de candidemias) e
aos procedimentos invasivos. Duração do tratamento:
-Candidemia associada à cateter: 14 dias da retirada do cateter com
hemocultura negativa.
- candidemia invasiva: 4 a 6 semanas de acordo com a negativação
das culturas e a resposta clínica ao tratamento.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Definição
Síndrome clínico-patológica caracterizada por sinais e sintomas gastrintestinais e sistêmicos de intensi-
dade variável e progressiva, consequente à necrose de coagulação difusa do trato gastrintestinal. Pode
acometer todo o trato digestivo, porém as áreas mais frequentemente envolvidas são o íleo terminal e a
primeira porção do colón (possuem menor vascularização e maior carga bacteriana).
Propensão para a inflama- Redução da flora comensal Alimentação a base de Tônus vascular intestinal
ção intestinal Aumento de bactérias fórmulas lácteas diminuído
Função da barreira intesti- patogênicas Transfusão de concentrado
nal prejudicada Uso prolongado de antibió- de hemácias
Diminuição da motilidade ticos Anemia
intestinal Bloqueadores H2
Quadro clínico
Pode surgir de forma insidiosa (em 24 a 48 horas), com piora progressiva, ou de forma fulminante (em
horas) com deterioração rápida. As manifestações são inespecíficas:
Intolerância alimentar;
Resíduo gástrico aumentado;
Distensão abdominal (70 a 90% dos casos);
Sensibilidade abdominal;
Vômitos biliosos;
Sangues nas fezes.
Com a progressão do quadro surge hipoatividade, apneia, hipotensão arterial, choque, bradicardia, perfu-
são lentificada, instabilidade térmica. O eritema de parede abdominal só é observado em cerca de 10%
dos casos. Nos recém-nascido a termo observa-se mais comumente: hematoquesia, celulite de parede e
pneumatose intestinal.
Quadro laboratorial
Leucocitose ou leucopenia;
Plaquetopenia;
Hiponatremia;
Acidose metabólica;
Instabilidade glicêmica;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Aumento da PCR;
Hemocultura (positiva em 30% dos casos).
Radiografia de abdome:
Níveis hidroaéreos e distensão de alças;
Alças fixas (por mais de 24 a 36 horas);
Pneumatose intestinal;
Gás no espaço porta;
Pneumoperitônio.
A radiografia deve ser realizada na posição supina e com raios verticais e horizontais (preferencialmente
decúbito lateral esquerdo).
Cerca de 20% dos recém-nascidos com enterocolite não têm evidência de gás na parede das alças.
“Sinal de football” ou “bola de rugby”: o ar assume posição central, no RX em decúbito dorsal, abaixo da
parede anterior do abdome.
“Sinal de Rigler”: duplo contorno da parede da alça intestinal pela camada interna e externa de ar.
US de abdome com Doppler: ideal para identificar perfusão de alças e necrose. Intestino mal perfundi-
do pode orientar o cirurgião para uma intervenção cirúrgica antes da perfuração.
Exames laboratoriais
Hemograma completo;
Eletrólitos e função renal
PCR
Gasometria arterial;
Cultura e antibiograma de: sangue e LCR (quando possível).
Controle de TAP, TTPA e fibrinogênio em casos de CIVD.
Tratamento Clínico:
Jejum;
Sonda orogástrica para descompressão do trato gastrointestinal;
Nutrição parenteral com oferta calórica mínima de 90 a 110cal/kg/dia;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
IIIB – Mesmos de IIIA Mesmos de IIIA Mesmos de IIIA mais Mesmos de IIIA mais
doença pneumoperitônio. cirurgia.
avançada
com perfu-
ração
Tratamento Cirúrgico
A ECN é considerada a emergência cirúrgica mais comum no período neonatal. A abordagem operatória
ainda suscita dúvidas, seja quanto ao melhor momento para a intervenção, seja quanto à melhor técnica
a ser utilizada, em função dos diferentes estágios da doença e da grande variabilidade de peso e idade
gestacional dos pacientes acometidos.
Indicação cirúrgica absoluta: perfuração intestinal evidenciada por pneumoperitônio ou por achado positi-
vo na paracentese abdominal (fezes, bile ou presença de bactérias no líquido peritoneal).
Outros achados que podem indicar necessidade de cirurgia: celulite de parede abdominal, ar no sistema
porta, massa fixa abdominal, alça fixa em radiografias seriadas, piora clínica apesar do tratamento clínico
adequado.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Complicações
Retração, prolapso e hérnia paraestomal;
Deiscência de anastomose;
Fístula enterocutânea;
Estenoses;
Abscesso intra-abdominal;
Necrose intestinal progressiva;
Trauma hepático transoperatório;
Hérnia incisional;
Obstrução por bridas;
Hiponatremia;
Má-absorção;
Insuficiência hepática, colestase;
Síndrome do intestino curto (menos de 50% do segmento jejunoileal esperado);
Risco aumentado de sequelas neurológicas.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
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Meningite neonatal
Etiologia
Streptococcus do grupo B
Escherichia coli
Outros bacilos gram negativos
Gram positivos: Enterococcus, Staphylococcus coagulase-negativo, Staphylococcus aureus, Liste-
ria monocytogenes e estreptococo alfa-hemolítico.
Quadro clínico
Instabilidade térmica (hipertermia >38°C / hipotermia <36°C);
Achados neurológicos: irritabilidade, letargia, hipotonia, tremores, convulsões;
Outros achados:
o Fontanela anterior tensa e/ou abaulada;
o Dificuldade de alimentação; vômitos; diarreia;
o Desconforto respiratório: apneia, taquipneia, gemência, batimento de asa de nariz.
Quadro laboratorial
Leucopenia ou leucocitose;
Relação neutrófilos imaturos/neutrófilos totais aumentada;
Plaquetopenia;
Líquido cefalorraquidiano:
o Leucócitos aumentados;
o Proteína aumentada;
o Glicose diminuída;
o O microorganismo pode ser visualizado na bacterioscopia ou isolado na cultura do líquor.
Pré-termo
8 - 28 4±4 68 ± 48 159 ± 77
29 - 84 4±3 49 ± 22 137 ± 61
8 - 28 7 ± 11 59 ± 23 137 ± 46
29 - 84 8±8 47 ± 13 122 ± 47
Termo
Diagnóstico
Suspeita clínica;
Hemograma, PCR, ionograma, glicemia;
Hemocultura;
Punção liquórica
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Tratamento
Medidas de suporte:
o Manutenção do estado de hidratação adequado;
o Suporte nutricional;
o Suporte ventilatório se necessário;
o Manter pressão arterial dentro dos limites da normalidade;
o Controle de glicemia e eletrólitos;
o Tratar convulsões.
Monitorização do tratamento
Repunção lombar após 48 a 72 horas do início do antibiótico;
Exames de imagem:
o USTF
o TC ou RNM.
Complicações
Agudas: ventriculite, hidrocefalia, abscesso cerebral, infarto, efusão subdural.
Crônicas:
o Atraso no neurodesenvolvimento
o Convulsões
o Paralisia cerebral
o Perda auditiva
o Cegueira cortical.
Bibliografia
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Asfixia Perinatal
Definições
Fatores de risco
Durante a gestação: ausência de pré-natal, tabagismo e alcoolismo materno, uso de drogas ilíci-
tas, diabetes mellitus, cardiopatia materna, hipertensão arterial crônica, pré-eclâmpsia, anemias.
Periparto: placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, prolapso (ou nó ou circular) de
cordão, gestação múltipla, trabalho de parto prematuro, trabalho de parto prolongado, apresen-
tações anômalas, macrossomia fetal, tocotraumatismo, líquido amniótico meconial, amniorrexis
prolongada, anestesia geral e/ou analgésicos / sedativos, infecções maternas e/ou fetal.
Imediatamente após o parto: depressão respiratória, malformações de vias aéreas, obstrução de
vias aéreas.
Fisiopatologia
O mecanismo de injúria cerebral pode ser dividido em duas fases: uma de isquemia e outra de reperfu-
são (onde ocorre a maioria das alterações decorrentes da asfixia).
Fase de isquemia: num primeiro momento, a hipóxia e a isquemia causam danos celular irreversível
por falência energética (depleção de ATP). Ocorre despolarização de neurônios, edema citotóxico, libera-
ção de enzimas (protease fosfolipase) e morte celular.
Fase de reperfusão: após a reanimação, com a reperfusão e reoxigenação dos tecidos comprometidos,
há formação de radicais livres e acúmulo de neurotransmissores excitatórios, causando morte celular
secundária (em torno da lesão primária). Esse processo se inicia cerca de 6 a 24 horas após o insulto
inicial e pode durar por dias ou semanas.
O pico máximo do edema cerebral ocorre entre 36 a 72 horas após o insulto e reflete necrose cerebral
prévia extensa.
Nas primeiras seis horas de vida é importante ter conhecimento de certos dados clínicos e químicos, que
podem predizer a evolução do paciente:
Apgar no 5º minuto de vida ≤ 3;
Idade do estabelecimento de respiração espontânea;
Necessidade de reanimação prolongada;
Condições clínicas pós-natais: idade do início das crises convulsivas e nível de depressão da cons-
ciência;
Grau de acidose metabólica;
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Repercussões sistêmicas
Pulmonar: hipertensão pulmonar persistente neonatal; redução do surfactante.
Miocárdio: isquemia miocárdica transitória; redução do débito cardíaco; insuficiência tricúspide
transitória; diminuição da contratilidade do ventrículo esquerdo; arritmias.
Renal: necrose tubular aguda. Pode ocorrer oligúria, porém a insuficiência renal do recém-
nascido asfixiado geralmente é não oligúrica (débito urinário > 1ml/kg/h). Bexiga neurogênica.
TGI: é comum a peristalse diminuída e o retardo no esvaziamento gástrico. A enterocolite necro-
tizante é mais rara.
Alterações hematológicas: tendência à CIVD por lesão vascular secundária à hipóxia; altera-
ção dos fatores de coagulação e plaquetopenia (por destruição).
Alterações hepáticas: elevação de transaminases e de bilirrubina direta.
Alterações metabólicas: hipoglicemia e hipocalcemia.
Alterações endócrinas: SIHAD; hiperinsulinismo; hipoparatireoidismo.
Sistema nervoso central: encefalopatia hipóxico-isquêmica é a principal consequência da asfi-
xia.
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Motilidade gastrintesti-
Normal ou diminuída Aumentada Variável
nal
Baixa-voltagem periódico
Eletroencefalograma Normal Periódico ou isoelétrico
(desperto)
Exames complementares
Hemograma, coagulograma;
Sódio, potássio, cálcio, magnésio, glicemia.
Função renal e função hepática.
Gasometria arterial.
Líquor se houver suspeita de infecção.
Outros:
o EEG: principalmente para avaliar convulsões subclínicas. Útil em pacientes em uso de bloque-
ador muscular e essencial para o monitoramento de pacientes em tratamento com hipotermi-
a.
o USTF: edema cerebral, HPIV, lesões de gânglios da base e tálamo, leucomalácea periventri-
cular, lesões isquêmicas e multifocais. Orienta outros exames mais sofisticados.
o TC de crânio: útil em pacientes nascidos de parto traumático (principalmente). Pode deixar de
diagnosticar lesões de núcleos da base (comum em RNT asfixiados). Determina o grau de e-
dema cerebral (principalmente quando realizada 2 a 4 dias após o insulto).
o RNM de encéfalo: é o exame mais apropriado, identificando inclusive lesões de substância
branca. O diagnóstico é mais preciso e precoce.
Tratamento
5) Suporte metabólico:
o Manter glicemia entre 75 – 100mg/dL
o Tratar hipocalcemia
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6) Suporte renal:
o Manter débito urinário acima de 1,0 ml/kg/h
o Manter restrição hídrica (até 50 - 60ml/kg/dia). Evitar sobrecarga hídrica pelo risco de
edema cerebral.
8) Suporte nutricional: Introduzir dieta assim que possível. Nutrição parenteral a parir de 48 ho-
ras se não for possível alimentação enteral.
Critérios de Sarnat e Sarnat modificados: considerar EHI moderada ou grave se houver um ou mais si-
nais em pelo menos 3 das 6 categorias
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Critérios de Exclusão
Peso ao nascer menor que 1800g
Impossibilidade de inclusão nas primeiras 6 horas de vida
Malformações congênitas maiores (hérnia diafragmática congênita com necessidade de VM, ano-
malias sugestivas de cromossomopatias ou outras síndromes que incluam disgenesia cerebral)
Hipertensão Pulmonar grave (índice de oxigenação maior ou igual a 25)
o IO = FiO2 (%) X MAP / PaO2
Sangramento ativo nas primeiras 6 horas de vida
Choque refratário e/ou bradicardia persistentes (<60bpm)
Método
Manter a incubadora ou o berço desligado na UTI neonatal.
Iniciar o resfriamento corporal total nas primeiras 6 horas de vida, o quanto antes possível.
Instalar o termômetro esofágico ou retal e na parede abdominal.
Aferir a temperatura corporal a cada 15 minutos nas primeiras 4 horas, de hora em hora nas 8
horas posteriores e a seguir de 3/3 horas até o término do tratamento.
Uma vez iniciada, a hipotermia deverá ser mantida por 72h.
Manejo Clínico:
Manter jejum oral com SOG aberta.
Manter aporte hídrico inicial ao redor de 60ml/kg/dia.
Manter normoglicemia (controle de dextros de 6/6h).
Iniciar nutrição parenteral assim que houver estabilidade eletrolítica.
Balanço hídrico de 6/6h.
Manter controle de diurese por sonda vesical de demora.
Manter monitorização cardíaca contínua.
Instalar AVC e cateter umbilical arterial para pressão arterial invasiva e para coleta de exames.
Cuidados com a pele: realizar mudança de decúbito de 3/3h e atentar para sinais de inflamação,
necrose e infecção cutânea. Garantir hidratação cutânea (Dersani® quando o exame clínico indi-
car desidratação importante da pele).
Sedar com morfina ou fentanil, intermitente ou contínuo, mesmo que o paciente não esteja em
ventilação mecânica. Utilizar doses baixas e evitar aumentar as doses devido a diminuição da
função hepática, comprometendo o metabolismo do opioide e promovendo seu acúmulo.
Utilizar avaliação de dor pela escala N-PASS durante todo o procedimento, para ajuste de drogas
analgésicas, a cada 6 horas. Lembrar que valores de FC maiores que 110-120bpm são elevados
para pacientes sob hipotermia, e aliados a irritabilidade e tremores sugerem dor ou desconforto.
Tratar crises convulsivas, conforme rotina do serviço, diante de qualquer suspeita clínica. Se hou-
ver alteração de ureia e creatinina séricos ou do nível de transaminases e bilirrubinemia, deve-se
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Exames Complementares
Eletroencefalograma no início
Pelo menos um ecocardiograma durante o procedimento
USTF diário
Gasometria de 6/6h corrigida pela temperatura corporal
Hemocultura à admissão
Controle de dextros de 6/6h
Eletrólitos, hemograma e glicemia uma vez ao dia, ou mais se necessário
Coagulograma, função renal, TGO, CKMB e lactato no início e ao término do procedimento
Efeitos Adversos
Os efeitos adversos são relacionados ao “overcooling”, quando a temperatura atinge valores inferiores a
33ºC:
Trombocitopenia
Distúrbio de coagulação (sangramento/trombose)
Hipertensão pulmonar? (hipotermia X asfixia)
Bradicardia sinusal (FC < 60bpm)
Arritmia cardíaca
Hipoglicemia, hipomagnesemia, hipocalcemia, hiponatremia
Convulsões durante o reaquecimento rápido
Reaquecimento
Iniciar 72 horas após o início da hipotermia
Aumentar a temperatura corpórea gradualmente, 0,2 a 0,5ºC por hora, em 6 a 12 horas, atingin-
do a temperatura de 36,5ºC.
Monitorar sinais vitais de 30 em 30 minutos durante o reaquecimento
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Próxima revisão prevista Data: 2020
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Procianoy. Presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, ja-
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10) Hipotermia Terapêutica em Neonatologia. Renata de Araújo Monteiro Yoshida e Vera Lúcia Jorna-
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11) Asfixia Perinatal Grave no recém-nascido e o uso de Hipotermia Terapêutica: uma análise crítica.
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12) Potential biomarkers for hypoxic-ischemic enecephalopathy. L. Bennet e col. Seminars in Fetal
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14) Whole body hypothermia for the treatment of perinatal asphyxial encephalopathy; a randomised
controlled trial. BMC Pediatrics, 30(8):17; abril 2008
139
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Convulsão Neonatal
Introdução
A convulsão no período neonatal é um fenômeno de insulto ao sistema nervoso central (SNC) e se carac-
teriza por uma alteração súbita das funções neurológicas, a nível motor, comportamental ou de função
autônoma.
No período neonatal, representa uma emergência neurológica, que reflete significante lesão ao cérebro
imaturo. A crise convulsiva ocorre devido a uma descarga elétrica síncrona e excessiva de um grupo de
neurônios.
Fisiopatologia:
O período neonatal é caracterizado por rápido crescimento e desenvolvimento do SNC, o processo onto-
genético de transformação de SNC imaturo em maduro torna esta estrutura mais vulnerável a insultos
exógenos.
Existe predomínio dos sistemas excitatórios em relação aos inibitórios, o que facilita a ocorrência da ma-
nifestação convulsiva. O acúmulo de potássio extracelular e pequenas alterações de corrente em mem-
branas imaturas resultam em potências de alta voltagem.
A grande propensão para crises epilépticas durante o período neonatal resulta da excitabilidade sináptica
com predomínio de neurorreceptores excitatórios e baixa densidade de inibitórios.
A propagação da atividade epileptogênica ocorre mais facilmente no cérebro imaturo por ausência de
fatores inibitórios restringentes, associada à função amplificadora da atividade epileptogênica relacionada
à substância negra reticulada.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Diagnóstico diferencial:
Eventos motores que podem ser restringidos ou suprimidos por manobras clínicas e eventos que são
desencadeados por estímulos táteis ou proprioceptivos são considerados de natureza não epiléptica.
Diagnóstico encefalográfico:
Um EEG deve ser realizado tão logo se suspeite de uma convulsão e até 24 horas depois. Se o EEG for
normal, principalmente se um evento clínico for capturado durante a gravação do EEG, exames sequenci-
ais serão indicados apenas se os episódios clínicos continuarem a ocorrer.
Manifestações no EEG podem persistir a despeito da ausência de manifestações clínicas após o início de
medicamentos anticonvulsivantes. Crises ocultas: estudos que realizaram avaliação clínico-eletrográfica
das convulsões neonatais revelaram que entre 30 e 70% das crises gráficas não são acompanhadas por
manifestação clínica concomitante.
Avaliação clínica
Anamnese: dados maternos, dados do pré-natal e do parto (uso de drogas, medicamentos e a-
nestesia usada no parto);
Condições de nascimento e necessidade de reanimação;
Exame físico completo do recém-nascido e exame neurológico;
Exames complementares:
Sangue:
o Hemograma, sódio, potássio, cálcio, magnésio, glicemia, função hepática, amônia, lacta-
to, piruvato, aminoácidos, gasometria arterial;
o Teste do pezinho;
o Sorologias: TORCH;
Urina: urina tipo 1 e urocultura, Screen toxicológico;
Análise de líquor: Celularidade total e diferencial, glicose, proteína, Bacterioscopia e cultura, PCR
para HSV1/2;
Num segundo momento considerar pesquisa para erros inatos de metabolismo.
Neuroimagem
USTF / TC / RNM de crânio;
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Tratamento:
A droga de primeira escolha é o fenobarbital, seguido de fenitoína e benzodiazepínicos contínuos para
controle do mal convulsivo, são as medicações que possuem poucos efeitos adversos, menor indução de
apoptose neuronal e potencial de neuroproteção.
Fenobarbital 20mg/kg EV
Convulsão resolvida?
Sim Não
Convulsão persiste
Bibliografia
1. Renee Shellhaas. Clinical features, evaluation, and diagnosis of neonatal seizures. UpToDate. Aug
25, 2017.
2. Renee Shellhaas. Treatment of neonatal seizures. UpToDate. Dec 19, 2017.
3. Renee Shellhaas. Etiology and prognosis of neonatal seizures. UpToDate. Aug 29, 2017.
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treatment. Seminars in Fetal and Neonatal Medicine, 2018; 23 (3), pp. 191-196.
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Hemorragia intraventricular
Recém-nascidos prematuros:
O sangramento se origina, geralmente, de pequenos vasos sanguíneos na matriz germinativa
(MG), localizado entre o núcleo caudado e o tálamo ao nível do forame de Monro. Pode ser uni ou
bilateral.
É mais frequente nos menores de 32 semanas de IG ou menores de 1500g ao nascer.
Grau Descrição
Hemorragia somente a nível da MG ou hemorragia da MG + hemorragia
I
intraventricular em menos de 10% da área ventricular.
Hemorragia intraventricular comprometendo 10 a 50% da área ventri-
II
cular.
Hemorragia intraventricular envolvendo mais de 50% da área ventricu-
III
lar; ventrículos geralmente aumentados.
IV Sangramento parenquimatoso
Adaptado de: Papile LA, et al. J Pediatr 1978; 92:529.
Recém-nascidos a termo:
Os locais de sangramento podem ser:
o Plexo coroide: 35%
o Tálamo: 24%
o Matriz germinativa (MG): 17%
o Parênquima cerebral periventricular: 14%
o Indeterminado: 10%
Pode estar associada com trauma, trombocitopenia aloimune, malformação vascular, trombose,
distúrbios de coagulação.
Fatores de risco
Fatores genéticos.
Fatores do pré-natal:
o Corioamnionite.
o Pré-eclâmpsia, Síndrome HELPP.
o Uso materno de drogas (indometacina, aspirina).
Fatores neonatais e pós-natais:
o Prematuridade.
o Desconforto respiratório com hipocapnia, hipercapnia, hipóxia e/ou acidemia.
o Hipertensão arterial (infusão rápida de fluidos).
o Ventilação mecânica.
o Uso de bicarbonato de sódio.
o Ressuscitação cardiopulmonar.
o Sugere-se ainda: transporte neonatal, hipotermia, pneumotórax e distúrbios de coagula-
ção.
Quadro clínico
Formas de apresentação:
Silenciosa: detectada no USTF.
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Forma de evolução lenta (horas ou dias): caracterizada por achados inespecíficos como alteração
leve da consciência, hipotonia, diminuição dos movimentos espontâneos e mudança sutil no o-
lhar.
Forma de evolução catastrófica (minutos ou horas): estupor ou coma, respiração irregular, ap-
neia, hipoventilação, postura de descerebração, convulsões (principalmente tônicas), flacidez,
anormalidades dos nervos cranianos (pupilas fixas) e outros (fontanela abulada, hipotensão, bra-
dicardia, queda do hematócrito, acidose metabólica, SIHAD).
Momento em que ocorre: a maioria nos primeiros 5 dias de vida (1º dia:50% / 2º dia:25% / 3º dia: 15%
e 4º dia: 10%).
Diagnóstico
USTF: É um exame de baixo custo, de rápida realização, não é invasivo, não possui irradiação e
apresenta boa tolerância pelo recém-nascido. A sensibilidade e a especificidade da ultrassonogra-
fia são altas, quando esse exame é comparado com a necropsia. Suas restrições consistem em
dificuldade de detecção de hemorragias subependimárias e parenquimatosas muito pequenas, ex-
tensão mínima para o sistema ventricular e hemorragias subaracnóideas primárias. Se no exame
inicial não houver alterações, repetir com 1 semana e com 1 mês de vida. Se no primeiro exame
existe evidência de HPIV, o USTF deve ser repetido semanalmente, pelo risco de hidrocefalia pós-
hemorrágica.
TC ou RNM: métodos diagnósticos importantes nas complicações e prognóstico da HPIV, para a-
valiação de eventuais correções cirúrgicas e na suspeita de lesão hipóxico-isquêmica.
Observação: a punção lombar deve ser feita com cautela em pacientes com hemorragia unilateral ou de
fossa posterior devido ao risco de herniação.
Prevenção
Transporte de preferência no útero materno.
Tratamento da corioamnionite.
Corticoide antenatal (atuar no processo de maturação da matriz germinativa).
Cuidados neonatais:
o Manobras de reanimação adequadas seguindo as normas pré-estabelecidas.
o Evitar condições com: hipóxia, hiperóxia, hipocapnia, hipercapnia.
o Evitar oscilações de pressão arterial.
o Manejo do canal arterial patente.
o Evitar administração rápida de fluidos.
o Medidas que minimizam dor e estresse são importantes, como diminuir o barulho do am-
biente, a iluminação e as manipulações desnecessárias do recém-nascido, além de usar
analgesia de forma judiciosa.
o Nos recém-nascidos prematuros, nos primeiros dias de vida, manter a cabeça em posição
neutra e a 30 graus se o quadro clínico permitir. Acredita-se que o segmento cefálico la-
teralizado prejudique o retorno venoso jugular alterando a pressão intracraniana.
Tratamento
Não existe tratamento específico para HIV, somente medidas de suporte:
Manutenção de pressão arterial adequada.
Oxigenação adequada.
Suporte nutricional.
Tratar convulsões.
Monitorizar surgimento de hidrocefalia.
Suporte de fisioterapia, terapia ocupacional.
Seguimento com neurologista.
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Complicações
Hidrocefalia pós-hemorrágica: ocorre em 25% dos recém-nascidos com HPIV, principalmente na-
queles com HPIV graus III e IV. Inicia-se entre 1 e 3 semanas após o evento hemorrágico e pode
evoluir de três formas: resolução espontânea (40%), progressão rápida (10%) e progressão lenta
(50%). Condições que indicam necessidade de intervenção:
o USTF mostrando dilatação significativa de ventrículos laterais.
o Evidências clínicas de aumento da pressão intracraniana.
o Aumento do perímetro cefálico em mais de 2cm em 1 semana.
Infarto hemorrágico periventricular (sinônimo de HPIV grau IV)
Leucomalácea periventricular.
Bibliografia
1. Adcock LM. Clinical manifestations and diagnosis of intraventricular hemorrhage in the newborn.
www.uptodate.com Oct 24. 2014.
2. Adcock LM. Management and complications of intraventricular hemorrhage in the newborn.
www.uptodate.com May 17 2017.
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Definição
A LPV consiste em infarto isquêmico na área da substância branca cerebral adjacente aos ventrículos
laterais (especialmente na área próxima ao trígono e em torno do forame de Monro), com formações
císticas (componente cístico da LPV), ocorrendo comumente em prematuros com idade gestacional inferi-
or a 32 semanas. Possui um componente difuso caracterizado por lesão difusa da substância branca que
acomete principalmente os precursores dos oligodendrócitos e tem como consequência a ventriculomega-
lia (sem formação de cistos).
A incidência também é maior nos prematuros que apresentam HPIV devido à semelhança na patogênese
e, também, devido ao fato de a HPIV liberar íons ferro, favorecendo a formação de radicais hidroxil (lesi-
vo aos preoligodendrócitos).
O período mais crítico para o desenvolvimento da LPV é entre 23 e 32 semanas de idade gestacional pós
concepcional, ou seja, período de maior concentração de preoligodendrócitos (células imaturas precurso-
ras dos oligodendrócitos) na sustância branca. A destruição dos oligodendrócitos resulta em prejuízo da
mielinização.
A forma mais comum é a necrose focal e formações císticas (IG entre 24 e 32 semanas). A forma difusa
é mais frequente nos menores de 28 semanas.
Os recém-nascidos de muito baixo peso (≤1500g) são mais propensos ao desenvolvimento de LPV asso-
ciada com doença neuronal/axonal, chamada de “encefalopatia da prematuridade”.
Fisiopatologia
Fatores vasculares e hipofluxo cerebral: em prematuros com idade gestacional inferior a 30 sema-
nas, os ramos vasculares são mais curtos e têm menos anastomoses entre si, resultando em vasculariza-
ção precária. É neste período que ocorre a lesão difusa cerebral (ou componente difuso da LPV).
Condições que podem estar envolvidas na patogênese da LPV:
Choque séptico com hipotensão sistêmica;
Apneias persistentes;
Acidose importante;
Hipocapnia;
PCA com sepse associada;
Cardiopatia congênita grave com baixo débito sistêmico.
Via inflamatória aguda: as citocinas agem como proteínas sinalizadoras da resposta inflamatória aguda
associada com isquemia e infecção perinatal. Os prematuros expostos à infecção intrauterina são vulne-
ráveis à morte de oligodendrócitos diante de uma lesão isquêmica (mesmo que leve).
Observou-se que a incidência de LPV e paralisia cerebral aumentam na presença de infecção materna,
placentária ou fetal e níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias.
Fatores de risco associados com LPV cística (condições que acionam a cascata de mediadores inflamató-
rios): corioamnionite materna, sepse neonatal precoce, doença pulmonar crônica, hipotensão sistêmica
grave e asfixia perinatal.
A leucomalácia periventricular é uma doença silenciosa do ponto de vista das manifestações clínicas.
Evolui ao longo de dias a semanas mostrando pouco ou nenhum sinal neurológico. A espasticidade pode
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vir a ser detectada somente após meses de evolução. Em alguns casos os sinais surgem na idade escolar
como dificuldades cognitivas. Logo o diagnóstico clínico baseia-se nos fatores de risco.
Os fatores de risco para um recém-nascido a termo apresentar LPV são: genéticos, nutricionais e infecção
durante a gestação e antes de iniciar um trabalho de parto prematuro. A criança nasce a termo, mas com
lesão de substância branca já estabelecida.
US transfontanela: possibilita diagnóstico precoce. É efetivo para o diagnóstico da LPV cística, mas é
limitado no diagnóstico do componente não cístico. Pode mostrar áreas de hiperecogenicidade na subs-
tância branca 24 a 48 horas após o insulto isquêmico, sendo que esta alteração pode desaparecer em
uma semana ou evoluir para formação de cistos após cerca de três semanas do insulto. Logo, a presença
de cistos logo após o nascimento sugere lesão intrauterina.
A ventriculomegalia pode ser detectada após algumas semanas e está associada a risco aumentado de
paralisia cerebral.
Hiperecogenicidade persistente na região da substância branca periventricular nos prematuros extremos
é um achado anormal, porém o aumento da ecogenicidade na região posterior dos ventrículos laterais é
considerado normal.
Ressonância nuclear magnética: define melhor o local, a extensão e o tipo da LPV não cística. Sugere-
se realizar RNM em RNPT com idade gestacional menor que 30 semanas no momento da sua alta hospi-
talar. Achado característico: área de intensidade de sinal excessivamente alta e difusa na região da subs-
tância branca.
Diagnóstico diferencial
HPIV
Malformações
Doenças infecciosas: toxoplasmose, citomegalovirose.
Tratamento
Não existe tratamento específico. É importante a prevenção.
Depois de instalada a LPV, o paciente deve ser monitorizado quanto ao desenvolvimento de paralisia ce-
rebral, déficit congnitivo e anormalidades oculares e visuais.
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Prevenção
Ainda não existe terapia ou medicamento específico para o tratamento da LPV. Enfatiza-se a prevenção.
A medida preventiva principal é a redução das taxas de nascimentos prematuros. Administração de anti-
bióticos às gestantes no intraparto e periparto quando em trabalho de parto prematuro, traz benefícios
indiretos por reduzir a resposta inflamatória fetal.
Medidas de suporte vital são fundamentais para a prevenção da LPV: manutenção da oxigenação e perfu-
são; evitar alterações hemodinâmicas bruscas; manutenção da temperatura corporal; oferta adequada de
glicose e eletrólitos; manutenção do equilíbrio acidobásico; nutrição parenteral precoce e tratamento de
convulsões (se houver).
Medidas de suporte vital necessárias à prevenção da leucomalácia periventricular (LPV):
(Fonte: adaptado de Silveira RC, Procianoy RS. Leucomalácia periventricular. Programa de Atualização
em Neonatologia. 2008; 5(3): 63-89)
Nutrição parenteral precoce: manter nutrição adequada. A deficiência de ácidos graxos essen-
ciais durante o desenvolvimento inicial do cérebro associa-se com redução da mielinização e re-
tardo motor e cognitivo. Ofertar ao menos 3g/kg/dia de aminoácidos até o 5º dia de vida no
prematuro extremo.
Referências:
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Anemia do prematuro
Definição
A anemia caracteriza-se por uma massa eritrocitária anormalmente baixa. Acredita-se que a concentra-
ção de hemoglobina reflita a massa de eritrócitos circulantes, e a presença de uma concentração de he-
moglobina anormalmente baixa defina o estado anêmico.
Laboratorialmente ocorre anemia hipocrômica, microcítica com diminuição da taxa de hemoglobina, he-
matócrito e da reserva de ferro.
Patogênese
Deficiência de eritropoetina: a função da eritropoetina é regular a produção de eritrócitos. É produzida
pelo fígado fetal e não atravessa a barreira placentária. A produção fetal aumenta conforme aumenta a
idade gestacional. Também é produzida pelas células intersticiais do córtex renal em resposta à hipóxia,
porém este aumento de produção é pequeno.
Outros:
Perda sanguínea por flebotomia.
Vida média reduzida das hemácias: RNT (60-80 dias) e RNPT (45-50 dias).
Depleção de ferro: não está envolvida diretamente na patogênese da AP, mas o rápido cresci-
mento do prematuro provoca aumento na utilização do ferro, causando sua depleção, pois cerca
de dois terços da reserva de ferro no feto ocorre durante o terceiro trimestre de gestação.
Observação:
Liberação de oxigênio para os tecidos: os prematuros tem menor habilidade na manutenção da distribui-
ção de O2 devido à:
Doença pulmonar concomitante (SDR, DBP, HPPRN).
Necessidade de limitação na saturação de O2, pois a hiperóxia aumenta o risco de DBP e ROP.
A hemoglobina fetal tem alta afinidade por O2, reduzindo a distribuição para os tecidos.
Quadro clínico
Nos menores de 32 semanas de idade gestacional a anemia ocorre tipicamente entre 3 a 12 semanas
após o nascimento e se resolve entre 3 a 6 meses de vida.
Níveis de hemoglobina entre 7 e 8g/dL são com uns mesmo na ausência de perdas por flebotomias. O
hematócrito pode chegar a 21% nos menores de 1000g e 24% nos RN com peso de 1000 a 1500g.
Muitas crianças são assintomáticas até um nível de hemoglobina de 7g/dL.
Sintomas associados:
Taquicardia
Taquipneia
Apneia
Desconforto respiratório
Aparecimento de sopro cardíaco
Hipoatividade, letargia
Baixo ganho de peso
Sucção débil
Palidez cutaneomucosa
Monitorização laboratorial
No prematuro se preconiza os seguintes exames com 40 semanas de idade pós-conceptual: he-
matócrito, porcentagem e número de reticulócitos, nível de ferritina sérica e se possível saturação
de transferrina.
Manter níveis de ferritina sérica entre 50 e 200mcg/L e saturação de transferrina > 16%. Se
houver deficiência de ferro, aumentar a oferta de sulfato ferroso para 6mg/kg/dia.
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Bibliografia
1. Jakacka N, Snarski E, Mekuria S. Prevention of Iatrogenic Anemia in Critical and Neonatal Care.
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2. Garcia-Prats J. A. Anemia of prematurity. UpTodate. Dec 18, 2017.
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Policitemia
Definição
Hematócrito venoso periférico ≥ 65%.
O hematócrito venoso médio no recém-nascido a termo é de 53% no sangue do cordão, 60% com 2 ho-
ras de vida, 57% com 6 horas e 52% com 12 – 18 horas.
Incide em 1 a 5% dos recém-nascidos saudáveis e a termo.
Quadro clínico
A maioria dos pacientes é assintomática. Os recém-nascidos PIG são os de maior risco para apresenta-
rem sintomas. A sintomatologia não é específica e sim comum a muitas patologias neonatais.
A policitemia leva à hiperviscosidade que provoca redução do fluxo sanguíneo para diversos órgãos cau-
sando disfunção orgânica e os sinais clínicos.
A hiperviscosidade aumenta com o valor do hematócrito mantendo uma relação linear até 65%.
Acima do hematócrito de 65%, o aumento da viscosidade é exponencial.
O comprometimento do sistema nervoso central é menos frequente, porém quando presente indica mau
prognóstico.
Sinais e sintomas mais frequentes:
Hipoglicemia
Hiperbilirrubinemia
Intolerância alimentar
Pletora
Letargia
Cianose
Disfunção respiratória
Irritabilidade
Hipotonia
Sopro cardíaco
Pode ocorrer ainda: plaquetopenia, ECN, hemorragia intracraniana.
Diagnóstico
Recém-nascidos de risco:
PIG
Mãe diabética
GIG
Gêmeos monocoriônicos
CIUR
Determinar hematócrito venoso periférico dos recém-nascidos de risco com 2 horas de vida. Coletar san-
gue, preferencialmente, da fossa antecubital.
Se o hematócrito for maior que 65% repetir a dosagem com 12 e 24 horas de vida.
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Tratamento
Medidas de suporte: para RN com hematócrito de 70 a 75% assintomáticos.
Hidratação adequada
Corrigir alterações metabólicas
Corrigir hipóxia
Fototerapia precoce
Exsanguineotransfusão parcial:
Em recém-nascidos sintomáticos e com hematócrito venoso > 65%; ou
Recém-nascidos assintomáticos com hematócrito venoso > 75%.
Cálculo do volume de troca:
Soluções utilizadas:
Cristaloides (SF 0,9%): atualmente mais indicados.
Bibliografia
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Trombocitopenia neonatal
Definição
Tanto para recém-nascidos a termo com para prematuros, se define trombocitopenia como contagem de
plaquetas inferior a 150000/mm3.
A maioria dos casos de trombocitopenias de início precoce refere-se a recém-nascidos prematuros, nasci-
dos após gestações complicadas por insuficiência placentária ou hipóxia fetal (DHEG, diabete materno).
As plaquetas caem logo após o nascimento, atingindo valor mínimo com cerca de 4 a 5 dias de vida e
ocorrendo recuperação com cerca de 7 a 10 dias de vida. Raramente atinge valores inferiores a
50000/mm3. Na pré-eclâmpsia a trombocitopenia (inclusive com neutropenia) pode durar até 21 dias.
Nos casos de hipertensão pulmonar associada à asfixia perinatal, pode ocorrer queda de plaquetas e ge-
ralmente não há necessidade de tratamento específico. Dentre as trombocitopenias de início tardio a
causa mais frequente é a infecciosa, principalmente a sepse e a enterocolite necrotizante. Nestes casos a
queda das plaquetas é rápida (dentro de 24 horas) e a recuperação é lenta (em 5 a 7 dias após o contro-
le da sepse). Recém-nascidos em fototerapia por período superior a 4 dias podem desenvolver plaqueto-
penia. Após a exsanguineotransfusão ocorre plaquetopenia devido à pequena quantidade de plaquetas
viáveis no sangue do doador. Normalmente eleva-se 2 a 3 dias após o procedimento e normaliza ao redor
de 7 dias.
Diagnóstico
História familiar;
Antecedentes clínicos e obstétricos maternos;
Intercorrências clínicas de gestação atual;
Trabalho de parto e parto;
Evolução clínica e exame físico do recém-nascido.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Nas trombocitopenias precoces, avaliar riscos para infecção, HMG, PCR e hemocultura, para não haver
demora no diagnóstico de infecção que possa complicar a evolução do paciente. É necessário sorologias
para rubéola, toxoplasmose, sífilis e pesquisa de CMV na urina.
Tratamento
Cerca de 75% dos recém-nascidos com plaquetopenia não necessitam de tratamento, pois são transitó-
rias e de baixo risco para sangramento. O risco de hemorragia associado à plaquetopenia é difícil de ser
avaliado, pois está intimamente ligado à idade gestacional, idade pós-natal e à causa e gravidade da
redução no número de plaquetas.
Dentre os hemocomponentes, a infusão de plaquetas é a que apresenta maior risco de infecções, reações
hemolíticas febris e sobrecarga hemodinâmica em prematuros extremos. Com exceção das causas imu-
nológicas, as plaquetopenias precoces geralmente são transitórias e não requerem tratamento.
Definição
O recém-nascido possui antígeno plaquetário de origem paterna (que é ausente na mãe). Ocorre passa-
gem de anticorpos maternos contra as plaquetas do feto ou recém-nascido.
Ocorre já na primeira gestação em 50% dos casos e, geralmente, provoca queda acentuada da contagem
de plaquetas (< 20000/mm3) e risco de sangramento. A contagem materna de plaquetas é normal.
Quadro clínico
Recém-nascido a termo com plaquetopenia inesperada. As manifestações cutâneas (equimoses e exan-
tema petequial) podem ser as únicas anormalidades ao exame físico. O hemograma revela plaquetopenia
grave com hemoglobina e leucócitos normais. Existe risco de hemorragias graves, principalmente de SNC
(estudos estimam que até 25% dos casos ocorra ainda intraútero).
Muitos recém-nascidos apresentam apenas plaquetopenia que regride em 1 semana e sem sequelas.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Diagnóstico
Recém-nascido com plaquetopenia com ou sem sangramento, cuja mãe apresenta anticorpos contra an-
tígenos plaquetários presentes nas plaquetas do pai e do filho, identificados por fenotipagem das plaque-
tas e genotipagem. Os antígenos mais envolvidos são: HPA1a, HPA5b e HPA15b.
Tratamento
Transfusão de plaquetas:
o Ideal: plaquetas compatíveis com o tipo materno
o Plaquetas maternas lavadas e irradiadas
o Plaquetas HPA1a e HPA5b negativos
o Plaquetas padrão: em caso de falta de plaquetas compatíveis + imunoglobulina endove-
nosa 1g/kg/dia (1 a 3 doses).
Tratamento complementar:
Imunoglobulina endovenosa + metilprednisolona, 1mg, EV a cada 8 horas.
Corticóide isolado não tem evidência científica.
Definição
Passagem transplacentária de anticorpos maternos antiplaquetários que se ligam também às plaquetas
da mãe e ambos vão apresentar plaquetopenia.
Na maioria dos casos, a doença de base é a púrpura trombocitopênica idiopática. Pode estar associada
ainda a lúpus eritematoso disseminado, doenças linfoproliferativas ou hipertireoidismo materno.
Às vezes, o diagnóstico de púrpura trombocitopênica idiopática na mãe é feito a partir do achado inespe-
rado de plaquetopenia no recém-nascido.
Se a mãe for esplenectomizada as plaquetas podem ser normais.
Quadro clínico
Geralmente apresenta quadro de plaquetopenia leve, com incidência de hemorragia intracraniana inferior
a 1%, porém podem ocorrer casos graves com necessidade de transfusão de plaquetas.
É necessário determinar a contagem de plaquetas de todos os recém-nascidos de mães com doença au-
toimune ao nascimento e, novamente, com 24 horas de vida. Nos pacientes que apresentarem plaqueto-
penia, o valor mínimo deverá ser atingido por volta do 3º ou 4º dia de vida e, geralmente se resolve es-
pontaneamente em torno do 7º dia.
Tratamento
Imunoglobulina endovenosa: 2g/kg/dose por 2 a 5 dias, nos casos em que a plaquetopenia persistir por
várias semanas e atingir valores inferiores a 30000/mm3.
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Medicação Dose
Imunoglobulina anti-D
75microg/kg dose única OU 25microg/kg/dia por 2 dias seguidos
Intravenosa
Bibliografia:
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Distúrbios de coagulação
Etiologia
o Distúrbios quantitativos:
Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI), trombocitopenia aloimune neonatal
(TAIN);
Pré-eclâmpsia materna ou síndrome HELPP, insuficiência uteroplacentária grave;
Consumo de plaquetas em coágulos ou lesões vasculares;
Outras causas: causas vasculares (hemorragia no SNC, hemorragia pulmonar, hemangiomas,
malformações arteriovenosas), ruptura de fígado ou baço no parto pélvico, sangramento retrope-
ritoneal ou intraperitoneal, hematoma subdural, céfalo-hematoma, etc.
Investigação
Anamnese: história familiar; história materna, gestação e parto, uso materno de medicamentos,
distúrbio hemorrágico em filhos anteriores; história de nascimento e procedimento realizados no
recém-nascido.
Exame físico: definir se o paciente tem aspecto saudável ou enfermo; presença de petéquias, e-
quimoses, sangramento de mucosas, icterícia, esplenomegalia, etc.
Laboratório:
o Hemograma com plaquetas;
o TAP, TTPA,
o Fibrinogênio
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Tardia Acima da Mal absorção (atresia biliar, fibrose cística, deficiência de α1-antitripsina); uso de
primeira nutrição parenteral; raramente por antibióticos ou baixa ingesta.
Semana Pode ocorrer hemorragia intracraniana aguda (geralmente fatal), sangramento cutâ-
de vida neo, digestivo, em incisões cirúrgicas, etc
Quadro laboratorial
TAP e TTPA aumentados
Plaquetas e fibrinogênio normais
Em casos de forma tardia, investigar doença hepática.
Tratamento
Recém-nascido que não recebeu vitamina K ao nascimento, mesmo sem quadro de doença he-
morrágica, administrar vitamina K 1mg IM.
Recém-nascido recebendo nutrição parenteral total por mais de duas semanas, ou em uso de an-
tibióticos prolongados (duas semanas ou mais), administrar vitamina K semanalmente.
Na presença de sangramento pequeno e grande suspeita de doença hemorrágica, administrar 1 a
2mg de vitamina K IV.
Sangramento importante com aumento de TAP e TTPA, fazer vitamina K e administrar plasma
fresco congelado 10ml/kg (até de 8/8h) para reposição rápida de fatores de coagulação.
Após a administração da vitamina K, o sangramento deverá cessar em até 4 horas.
Recém-nascido de mãe que faz uso de anticonvulsivantes deve receber profilaxia com 1mg de vi-
tamina K IM e repetir a dose após 24 horas. Se houver sinais de sangramento, colher plaquetas,
TAP e TTPA.
Profilaxia
Todo recém-nascido deverá receber vitamina K 1mg IM ao nascimento. É eficaz na prevenção da doença
hemorrágica de quadro clássico. Os prematuros menores de 1000g administrar 0,3mg IM.
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É uma síndrome caracterizada pela ativação sistêmica da coagulação causando depleção de plaquetas,
redução do fibrinogênio e consumo dos fatores de coagulação. Ocorre como um evento secundário a uma
série de condições: asfixia acidose metabólica, síndrome do desconforto respiratório, infecções congêni-
tas, sepse (principalmente por gram negativos), enterocolite necrosante, aspiração de mecônio, hipoter-
mia, hemangioma gigante, trombose, complicações obstétricas, etc.
Laboratório
Prolongamento de TAP e TTPA
Diminuição do fibrinogênio
Plaquetas normais ou diminuídas
Produtos de degradação do fibrinogênio aumentados
Fatores II, V e VIII diminuídos
Tratamento
Tratar doença de base;
Vitamina K 1mg endovenosa;
Concentrado de plaquetas (manter plaquetas > 50000/mm3);
Plasma fresco congelado se houver sangramento ativo. Pode ser administrado 10ml/kg de
12/12h;
Crioprecipitado para corrigir hipofibrinogenemia, em casos de sangramento persistente.
A anticoagulação só está indicada se houver CIVD associada à trombose de grandes vasos:
o Heparina 10 – 15 U/kg/h em infusão contínua;
o Manter inicialmente a infusão de plaquetas e plasma fresco;
o Manter plaquetas ≥ 50000/mm3;
o Contraindicação: hemorragia intracraniana.
Indicações:
Deficiência adquirida de fatores de coagulação
Deficiência congênita de fatores de coagulação (na ausência de fator específico)
Coagulação intravascular disseminada
Doença hepática
Efeitos colaterais:
Reações transfusionais agudas,
Hemolíticas agudas,
Alérgicas,
Sobrecarga de volume,
Hipotermia,
Lesão pulmonar aguda associada à transfusão (LPAAT),
Hipocalcemia,
Reações febris,
Doença enxerto-hospedeiro.
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Recém-nascidos a termo
Prova Tempo de vida
1º dia 5º dia 30º dia 90º dia
TAP (segun- 10 - 15 10 - 15 10 - 14 10 - 14
dos)
TTPA (segun- 31 - 54 25 - 60 32 - 55 29 - 50
dos)
RNI 0,5 – 1,6 0,5 – 1,4 0,5 – 1,6 0,5 – 1,6
Fibrinogênio 1,6 – 3,9 1,6 – 4,6 1,6 – 3,7 1,5 – 3,7
(g/L)
Plaquetas 100 – 450 mil 100 – 450 mil 100 – 450 mil 100 – 450 mil
(/mm3)
Bibliografia:
1) Davila, J. Coagulation Disorders in the Newborn. NeoReviews 2018; v.19, n.11, p. 11-19.
2) Wong W, Glader B, Disseminated intravascular coagulation in infants and children. UpToDate. Jan
19, 2016.
3) Pazirandeh S. Overview of vitamin K. UpToDate. Apr 13, 2016.
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Toxoplasmose Congênita
A toxoplasmose congênita (TC) ocorre como consequência de primoinfecção materna, com parasitemia
seguida de infecção placentária e fetal. Mães com imunodepressão adquirida podem reativar infecção
latente e infectar o feto.
Pode resultar em aborto, retardo de crescimento intrauterino, prematuridade e morte fetal. O risco de
infecção fetal é proporcional à idade gestacional (17%, 25%, 65% no primeiro, segundo e terceiro tri-
mestre respectivamente), porém a gravidade da lesão é inversamente proporcional à idade gestacional
na época da infecção materna.
Quadro clínico
Manifesta-se de quatro formas:
Doença neonatal: forma mais severa, generalizada e/ou neurológica (convulsões, abaulamento
de fontanela, nistagmo, hidrocefalia).
Doença sintomática nos primeiros meses de vida.
Sequela ou reativação de infecção não diagnosticada (infância ou adolescência).
Infecção subclínica.
A maioria dos pacientes é assintomática (88%) sendo a coriorretinite a sequela mais frequente (até
95%).
A tríade clássica: hidrocefalia, coriorretinite e calcificações intracranianas nem sempre está presente. A
hidrocefalia pode ser a única manifestação neurológica. A forma subclínica ocorre em 70 a 90% dos casos
de TC, sendo que 85% desses pacientes desenvolverão coriorretinite na infância e adolescência e 50%
apresentarão sequelas neurológicas. Na verdade ocorre um reconhecimento tardio da doença e não mani-
festação tardia.
Mais de 70% desses RN desenvolverão novas lesões oftalmológicas ao longo da vida.
Os sinais e sintomas geralmente se apresentam aos dois meses nos RNT e no terceiro mês nos RNPT:
Sinais de infecção generalizada: hepatomegalia, esplenomegalia, icterícia prolongada (principal-
mente por aumento de BD), linfadenopatia. Anemia, plaquetopenia, petéquias, distermias, san-
gramentos.
Cardiopulmonar: pneumonite intersticial, miocardite, endocardite e pericardite.
Comprometimento do SNC: encefalite, hidrocefalia, microcefalia, atraso mental e psicomotor,
convulsões, opstótono, instabilidade térmica e surdez. Somente a presença de calcificações intra-
cranianas não é sinal indicativo de alterações neurológicas.
Comprometimento ocular: coriorretinite, estrabismo e cegueira. Microftalmia, catarata, glaucoma,
nistagmo.
Diagnóstico
o Índice de avidez de IgG: estima o momento em que ocorreu a infecção aguda. Índice ele-
vado de avidez (geralmente >60%) indica que a infecção aguda ocorreu há mais de três
a quatro meses. Quando colhido entre 12 a 16 semanas de gestação, um índice de avidez
elevado indica apenas baixo risco de transmissão vertical, porém maior chance de dano
ao feto. Índices entre 31 e 59% não permitem qualquer tipo de conclusão, devendo ser
repetidos.
Comprovada:
Soroconversão gestacional
Detecção do DNA do Toxoplasma em líquido amniótico pela PCR
Provável:
IgG+, IgM+, baixo índice de avidez (colhido em qualquer idade gestacional)
Aumento progressivo nos títulos de IgG, IgM
IgM+ e história clínica sugestiva de toxoplasmose aguda gestacional
Possível:
IgG+, IgM+, índice de avidez alto (colhido após 12 semanas de gestação) ou indeterminado
IgG+, IgM+, em amostra única colhida em qualquer idade gestacional, sem realização de índice de Avidez
Improvável:
Ausente:
• IgG- e IgM- durante toda a gestação
• IgG+ antes da concepção
• IgM+, sem aparecimento de IgG
Ministério da Saúde, 2011
Detecção de anticorpos da classe IgG: deve ser acompanhada ao longo do primeiro ano de vida, pois
ocorre transferência transplacentária que pode persistir por 6 a 12 meses. A persistência além de 12
meses é sugestiva de toxoplasmose congênita.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
A produção de anticorpos IgM pode ser retardada nos pacientes que receberam tratamento precoce (in-
trautero) ou quando a transmissão ocorreu no final da gestação.
O hemograma pode mostrar anemia, plaquetopenia, reticulocitose, leucocitose com eosinofilia que pode e
ceder os 30%.
LCR: xantocromia, hipoglicorraquia, hiperproteinorraquia, pleocitose com predomínio de células linforreti-
culomonocitárias e quantidade elevada de eosinófilos.
Situações especiais
Recém-nascidos assintomáticos cujas mães foram identificadas como tendo possível toxoplasmose aguda
na gestação (presença de IgM, alta avidez no primeiro trimestre ou não realizada, PCR negativa no líqui-
do amniótico ou amniocentese não realizada, títulos de IgG estáveis durante a gestação): a probabilidade
de infecção congênita é baixa. Solicitar os exames previstos para o RN:
Se IgM negativa, IgG com títulos ≤ aos maternos: não iniciar tratamento e repetir IgG com 30
dias. Se IgG estável ou em decréscimo, acompanhar a cada dois meses até a negativação. Se tí-
tulos crescentes, instituir tratamento e repetir fundoscopia.
Crianças sintomáticas, cujas mães tenham sofrido infecção primária comprovada durante a
gestação, associada a PCR positiva no líquido amniótico: solicitar exames inclusive TC de crânio e
líquor e iniciar tratamento (mesmo se exames forem normais e independente do resultado da IgM
e da IgG. O quadro se definirá durante o acompanhamento.
Diagnóstico diferencial
Doença de inclusão citomegálica, rubéola, doença de Chagas, sífilis e infecção por herpes simples.
Tratamento
Pirimetamina: 2mg/kg/dia (dose única) durante 2 dias e após 1mg/kg/dia por 2 a 6 meses. A se-
guir 1mg/kg/dia três vezes por semana até completar 1 ano de uso do medicamento.
Ácido folínico: 5mg três vezes por semana no primeiro mês. Após este período ou se peso ≥
4500g, aumentar para 10mg. O ácido folínico deve ser mantido até uma semana após o final do
tratamento com pirimetamina. Ajustar a dose de acordo com a contagem absoluta de neutrófilos
no sangue periférico:
o Se entre 750 a 900 neutrófilos/mm3: 10mg diariamente;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Todas as crianças com toxoplasmose congênita comprovada devem receber tratamento durante 12 me-
ses, independentemente da presença de sinais e/ou sintomas da doença.
Acompanhamento
Referências:
1. Marba ST; Mezzacappa F. Manual de neonatologia UNICAMP. 2.ed.-Rio de Janeiro: Revinter,
2009.p.305 – 307
2. Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN) / Sociedade Brasileira de Pediatria. Atualiza-
ção em toxoplasmose congênita. Porto Alegre: Artmed/Panamericana, 2006; ciclo4, módulo1
3. Schwartsman B, Maluf PT. Coleção pediatria do Instituto da Criança do HC-FMUSP: Neonatologia.
São Paulo: Manole; 2011.p.303 - 315.
4. Vieira MB. Toxoplasmose congênita – relato de um caso atípico e revisão bibliográfica. Disponível
em: www.paulomargotto.com.br
5. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Intervenções comuns,
Icterícia e Infecções.
6. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Es-
tratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Citomegalovirose Congênita
Exame físico
o PIG
o Microcefálico
o Petéquias ou púrpura que persistem por semanas
o Rash tipo blueberry muffin
o Icterícia
o Hepatoesplenomegalia
Exame neurológico:
o Letargia
o Hipotonia
o Convulsões
o Reflexo de sucção prejudicado
Alterações em exames:
o Laboratoriais:
Anemia
Trombocitopenia
Leucopenia; neutropenia isolada.
Aumento das transaminases
Colestase
o Teste auditivo:
Perda auditiva neurossensorial uni ou bilateral;
o Líquor:
Parâmetros alterados, com identificação do DNA de CMV;
o Neuroimagem:
Calcificações, cistos periventriculares, dilatação ventricular, pseudocisto subepen-
dimal, cistos germinolíticos, anormalidades de substância branca, atrofia cortical,
distúrbios de migração, hipoplasia cerebelar, vasculopatia da área lenticuloestria-
da;
o Fundoscopia:
Coriorretinite, hemorragia retiniana, atrofia óptica, estrabismo, catarata;
Classificação da infecção
Doença leve:
o Presença de 1 ou 2 achados clínicos, como petéquias, hepatoesplenomegalia leve, anor-
malidades em exames bioquímicos ou PIG sem microcefalia;
Doença grave:
o Envolvimento de SNC;
o Envolvimento severo de um único órgão ou sistemas;
o Doença que ameaça a vida.
A indicação para triagem é baseada na presença de uma ou mais alterações comumente encon-
tradas nos pacientes acometidos;
o Fetos com US ou RNM consistente com afecção pelo CMV;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Quais os sintomas que indicam necessidade de triagem para infecção por cmv
Observação: Outras crianças com surdez neurossensorial comprovada também devem ser testadas.
Investigação complementar
• Após confirmação laboratorial da infecção, são necessários alguns exames para verificar gravida-
de da doença e avaliar prognóstico:
• Hemograma completo
• Dosagem de enzimas hepáticas
• Bilirrubina total e frações
• Função renal
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Tratamento
Observação: Alterações como déficit auditivo e doença moderada devem ser tratadas na opinião de uma
maioria de especialistas, mas ainda não é consenso.
Efeitos colaterais
Acompanhamento
Hemograma completo, transaminases, função renal e Avaliação auditiva a cada 3 - 6 meses no primeiro ano, a
eletrólitos SEMANALMENTE cada 6 meses até os 3 anos de idade e 1 vez ao ano até
atingir 6 anos de idade
Ajuste da dose conforme ganho de peso semanalmente Acompanhamento por infectopediatra até os 2 anos de
vida, no mínimo
Carga viral no início do tratamento e a cada 2 ou 4 sema- Acompanhamento neurológico com 1 ano
nas
Monitorar dose terapêutica em caso de suspeita de toxici- Avaliação oftalmológica ao iniciar tratamento e anualmen-
dade ou aumento da carga viral te até os 5 anos
Bibliografia
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Hepatite B
Logo após o nascimento, os RN de mulheres com HBV (HBsAg reagente) devem receber imunoglobulina
humana anti-hepatite B (IGHaHB) e a primeira dose do esquema vacinal para HBV. As demais doses se-
rão feitas aos 2, 4 e 6 meses. A avaliação da soroconversão deve ser realizada mediante anti-HBs e HB-
sAg entre 30 a 60 dias após a última dose da vacina para hepatite B. Idealmente, a dose da vacina ao
nascimento deve ser dada em até 24 horas após o parto, preferencialmente na sala de parto, embora a
dose da vacina possa ser efetiva, ainda que parcialmente, quando dada após 24 horas (Cui, 2010).
Proceder com banho em água corrente ainda na sala de parto, imediatamente após o nascimento.
Quando não for possível, limpar com compressas macias todo o sangue e secreções visíveis no
RN e proceder ao banho em água corrente logo em seguida;
Utilizar aspiração gástrica para a remoção de secreção infectada;
Aplicar a vacina hepatite B ainda na sala de parto ou, o mais tardar, nas primeiras 12 horas após
o nascimento, na dose de 0,5mL no vasto lateral;
Administrar a imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) ao neonato ainda na sala de par-
to ou dentro das primeiras 12 a 24 horas de vida, para RN de qualquer peso ou idade gestacio-
nal, na dose de 0,5mL no vasto lateral do membro oposto ao da vacina da hepatite B;
Administrar concomitantemente a primeira dose da vacina e a IGHAHB em locais de aplicação di-
ferentes.
Para as crianças expostas ao HBV que não receberam seguimento adequado durante o período pós-natal,
com vacina e IGHAHB, deverá ser realizada investigação quanto à infecção pelo HBV. Esse fluxo também
necessita ser seguido por aquelas crianças expostas que chegam tardiamente ao serviço de saúde e para
as quais não há registro da profilaxia para hepatite B após o nascimento.
As crianças expostas que não receberam IGHAHB no nascimento deverão realizar HBsAg como rastreio
assim que chegarem ao serviço. As que tiverem HBsAg não reagente deverão seguir esquema vacinal. O
anti-HBs deverá ser realizado nas crianças 30 a 60 dias após o termino do esquema vacinal.
Crianças com HBsAg reagente confirmam infecção pelo HBV e deverão realizar demais exames como
HBeAg, CV-HBV e dosagem sérica das enzimas TGO e TGP, além de ultrassonografia de abdome superior
para avaliação hepática inicial, conforme Figura.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Se HBsAg
REAGENTE
realizar:
Essas crianças deverão ser encaminhadas aos serviços de referência para seguimento e definição de te-
rapêutica.
Bibliografia
1. Protocolo Clínico E Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção Da Transmissão Vertical De HIV, Sífilis
E Hepatites Virais. Brasília – DF 2017.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Sífilis congênita
Quadro clínico
Hepatomegali- Primeiras 8 semanas Ocorre em aproximadamente 20% dos casos e pode persistir
a/esplenomegalia por anos
Linfadenopatia Ocorre em aproximadamente 5% dos casos
Neurossífilis Pode estar presente ao Ocorre em aproximadamente 50% dos casos - geralmente,
nascimento ou surgir mais assintomática.
tardiamente
Envolvimento muscu- Osteocondrite ou pericondrite, vistas na radiografia inicial
loesquelético em 25% dos casos. Posteriormente, pseudoparalisia, que
pode ser confundida com abuso infantil, já que há mudanças
ósseas e teciduais.
Desenvolvimento posterior da fronte olímpica, hipodesenvol-
vimento das maxilas, nariz em sela, deformidade de escapu-
las e tíbia em lamina de sabre.
Artropatia recorrente e derrame assintomático de joelhos
(articulações de Clutton) ocorrem após os 2 anos de idade
Diagnóstico
A associação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais deve ser a base para o diagnóstico da
sífilis congênita, devendo ser avaliada a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança
e os resultados dos exames laboratoriais e radiológicos.
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Testes treponêmicos (TPHA, FTA-Abs, EQL, ELISA ou testes rápidos): são testes que detectam
anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do Treponema pallidum, mas de uso limitado em
RN, em decorrência das imunoglobulinas do tipo IgG maternas que ultrapassam a barreira placentária, as
quais podem ser detectadas na corrente sanguínea da criança.
Testes não treponêmicos (VDRL, RPR ou TRUST): são indicados para diagnóstico e seguimento te-
rapêutico. Devem ser realizados no sangue do neonato, evitando-se o uso do sangue do cordão umbilical.
É importante ressaltar que um único teste não reagente não exclui o diagnóstico de sífilis congênita.
Pesquisa
Testes imunológicos
Direta
Treponêmicos
Não treponêmicos
(TPHA, FTA-Abs, EQL, ELISA, testes
(VDRL, RPR, TRUST).
rápido).
Exames complementares
Sangue: hemograma, perfil hepático e eletrólitos;
Punção liquórica: celularidade, proteinorraquia e teste não treponêmico quantitativo;
RX de ossos longos;
Avaliação oftalmológica e audiológica.
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Parâmetro LCR Normal Pré-Termo LCR Normal a Termo LCR Sugestivo de Sífilis no RN
Diagnóstico diferencial
Toxoplasmose congênita
Rubéola congênita
Citomegalovirose congênita
Infecção congênita por herpes vírus
Sepse neonatal
Hepatite neonatal
Hidropsia fetal
Anormalidades ósseas / fraturas
Tratamento:
A – Para todos os RN de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada, independentemente do resultado
do teste não treponêmico (ex.: VDRL) do RN, realizar: hemograma, radiografia de ossos longos e punção lombar (a),
além de outros exames, quando houver indicação clinica.
A1 – Presença de alterações clinicas e/ ou Penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única diária, IM, durante 10
imunológicas e/ ou radiológicas e/ou he- dias, ou
matológicas Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos primei-
ros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante 10
dias
A2 – Presença de alteração liquórica Penicilina cristalina(b), 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos pri-
meiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (apos 7 dias de vida), durante 10
dias.
A3 – Ausência de alterações clínica, radio- Penicilina G benzatina(c), na dose única de 50.000 UI/kg, IM.
lógicas, hematológicas e/ ou liquóricas, e O acompanhamento e obrigatório, incluindo o seguimento com teste não
teste não treponêmico não reagente no treponêmico sérico após conclusão do tratamento.
sangue periférico. Sendo impossível garantir o acompanhamento, o RN deverá ser tratado
com o esquema:
Penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única diária, IM, durante 10
dias, ou
Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos primei-
ros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante 10
dias.
B – Para todos os RN de mães adequadamente tratadas, realizar o teste não treponêmico (ex.: VDRL) em amostra de
sangue periférico do RN. Se reagente e com título maior em duas diluições quando comparado ao título materno e/ou
na presença de alterações clinicas, realizar HMG, RX de ossos longos e analise do LCR.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
B1 – Presença de alterações clinica e/ou Penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única diária, IM, durante 10
radiológica e/ou hematológica, sem altera- dias, ou
ções liquóricas. Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos primei-
ros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante 10
dias.
B2 – Presença de alteração liquórica Penicilina cristalina(b), 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos pri-
meiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante 10
dias.
C – Para RN de mães adequadamente tratadas, realizar o teste não treponêmico em amostra de sangue periférico do
RN.
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
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Bibliografia
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Toda crianças nascida de mães HIV positivo deverá receber ARV como umas das medidas de profilaxia
para transmissão vertical.
O RN deve receber AZT solução oral, preferencialmente ainda na sala de parto, logo após os cuidados
imediatos, ou nas primeiras quatro horas após o nascimento, devendo ser mantido o tratamento durante
as primeiras quatro semanas de vida.
Para mães com CV-HIV maior que 1.000 cópias/ml registrada no último trimestre ou com CV-HIV desco-
nhecida, a (Nevirapina) NVP deverá ser acrescentada ao AZT de acordo com os cenários descritos no
quadro a seguir, e deve ser iniciada até 48 horas após o nascimento.
Indicação
Uso de ARV Duração com ARV
Cenários de ARV – Posologia de ARV para RN
-gestante no pré-natal para RN
RN
Excepcionalmente, quando a criança não tiver condições de receber o medicamento por VO, pode ser
utilizado o AZT injetável, nas seguintes doses:
RN com 35 semanas de idade gestacional ou mais: 3mg/kg/dose IV 12/12h, por quatro semanas;
RN entre 30 e 35 semanas de idade gestacional: 1,5 mg/kg/dose IV 12/12h nos primeiros 14 dias
de vida e 2,3mg/kg/dose IV 12/12h a partir do 15o dia, por quatro semanas;
RN com menos de 30 semanas de idade gestacional: 1,5 mg/kg/dose IV 12/12h, por quatro se-
manas.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Nos casos de impossibilidade de deglutição e se houver indicação de NVP, poderá ser avaliada adminis-
tração por sonda nasoenteral, pois esse medicamento não apresenta formulação injetável.
O acompanhamento deve ser mensal nos primeiros seis meses e, no mínimo, bimestral a partir do 1º ano
de vida.
Exames laboratoriais
Hemograma
PCR
Bioquímica
Função hepática e renal
Bibliografia
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Osteopenia da Prematuridade
Definição
Define-se como osteopenia da prematuridade (OP) uma diminuição do tecido ósseo, com redução do
número das trabéculas ou da espessura do córtex ósseo. Não ocorre ainda alterações radiológicas ao RX,
porém, alterações bioquímicas já são detectáveis.
Na doença metabólica óssea (DMO) ocorre uma mineralização insuficiente da matriz óssea em decorrên-
cia de uma deficiente oferta mineral, onde estão presentes alterações tanto metabólicas quanto radiológi-
cas.
Perpetua a hipo-
Aumenta a calcemia
fosfatemia
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RN <1800g
FA e fósforo sérico.
*Cálcio, fósforo e creatinina uriná-
ria.
3ª – 4ª semanas
Considerar dosagem de
PTH e vitamina D.
*Caᵤ > 4 mg/kg/d e/ou Pᵤ > 1mg/kg/d e /ou Ca/Cr > 0,6 (urina de 6 horas): deficiência
mineral.
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Tratamento
Adequar ingestão de Ca e P utilizando fortificante do leite humano ou fórmula para recém-nascido
pré- termo. A suplementação do leite humano deve ser feita com fortificante do leite humano e
iniciada quando a ingesta oral atingir 80ml/kg/dia (1g/20 ml de leite). A dose de tratamento com
fosfato tricálcico 12,9% em uso do FM 85 será de 2,0ml/kg/dia, com novo controle após 2 sema-
nas.
Na ausência do aditivo do leite humano a suplementação pode ser feita com fosfato tricálcico
12,9%. A dose para suplementação de Ca e P com fosfato tricálcico a 12,9% na ausência do FM
85 será de 2 ml/kg/dia de 6/6 horas, e a dose de tratamento de 4 ml/kg/dia de 6/6 horas, com
novo controle após 2 semanas.
Suplementar vitamina D na dose de 400 - 1000UI por dia.
O tempo de suplementação de cálcio e fósforo é até 40 semanas de idade pós-concepcional. Dú-
vidas na literatura persistem quanto a duração da suplementação de cálcio e fósforo nas crianças
que desenvolvem deficiência mineral.
Bibliografia
1. Leone CR, Matalourn MMGB. Ainda deve-se tratar osteopenia da prematuridade? In: Socie-
dade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de
Atualização em Neonatologia: Ciclo 12. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2015.p. 9-58.
(Sistema de Educação continuada a Distância, v.3)
2. Mimouni FB, Mandel D, Lubetzky R, Senterre T Calcium, phosphorus, magnesium and vitamin
D requirements of the preterm infant. World Rev Nutr Diet. 2014; 110:140-51. Epub 2014
Apr 11. Department of Neonatology, Shaare Zedek Medical Center, Jerusalem, Israel.
3. Nehra D, Carlson SJ, Fallon EM, Kalish B, Potemkin AK, Gura KM, Simpser E, Compher C,
Puder M; . A.S.P.E.N. clinical guidelines: nutrition support of neonatal patients at risk for
metabolic bone disease. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013 Sep; 37(5):570-98. Epub 2013
May 17.
4. Gaio P, et al., Incidence of metabolic bone disease in preterm infants of birth weight <1250 g
and in those suffering from bronchopulmonary dysplasia, Clinical Nutrition ESPEN (2017),
https://doi.org/10.1016/j.clnesp.2017.09.008
5. Anderson-Berry A, Thoene M, Wagner J, Lyden E, Jones G, Kaufmann M, et al. (2017) Ran-
domized trial of two doses of vitamin D3 in preterm infants <32 weeks: Dose impact on
achieving desired serum 25(OH)D3 in a NICU population. PLoS ONE 12(10): e0185950.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0185950 dx.doi.org/10.1891/0730-0832.35.2.95
6. Yuet-ling Tung J, Calabria AC, Kelly A (2017) Vitamin D Status in Premature Infants at Risk
of Metabolic Bone Disease of Prematurity. Matern Pediatr Nutr 3: 121.
7. Abrams SA. Management of Neonatal bone health. Aug 30, 2017. www.uptodate.com.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Definição
Alteração brusca da função renal com incapacidade de manter a homeostase dos fluídos corporais (dis-
túrbios hidreletrolíticos, acidobásicos e retenção de produtos nitrogenados), caracterizada por diminui-
ção da taxa de filtração glomerular (TFG) e alterações da função tubular. De múltiplas etiologias sendo
que algumas são irreversíveis.
Critérios diagnósticos de lesão renal aguda KDIGO (Kidney Diseases: Improving Global
Outcomes) Modificada para o período neonatal
- ↑Cr sérica >1,5 – 1,9 X a menor Cr sérica em 1 semana, ou
Estágio 01 - ↑ Cr sérica ≥ 0,3mg/dl em 48h
- DU < 0,5ml/kg/h por 6 – 12h
Fonte: The path to chronic kidney disease following acute kidney injury: a neonatal perspective.
Pediatr nephrol, January, 2016
A avaliação de oliguria nas primeiras 24 a 48 horas de vida tem limitações, pois o volume de diurese
neste período é normalmente baixo. Alguns recém-nascidos apresentam a primeira diurese com até 24
horas de vida. Lembrar também que cerca de 50% dos pacientes com lesão renal aguda não apresen-
tam oliguria.
Nos recém-nascidos a termo a creatinina sérica atinge valores de 0,7-1,0mg/dl no 1º dia de vida, com
redução posterior até 0,35-0,40mg/dl, ao fim da primeira semana.
Nos prematuros o pico de creatinina é mais tardio (entre o 1º-2º dia de vida em RN >28 semanas e
entre o 2º- 4º dia em RN <28 semanas), por reabsorção tubular, atingindo valores mais elevados que
no RNT. Posteriormente, os valores diminuem até 0,35-0,40mg/dl, a um ritmo inversamente proporcio-
nal à IG.
Pico de creatinina
A ureia não é considerada útil para o diagnóstico de LRA por sofrer influência de vários fatores, como:
Hipercatabolismo;
Quantidade de proteínas da dieta;
Presença de sangramento gastrointestinal;
Reabsorção tubular elevada em casos de hipoperfusão renal;
Uso de corticoide, tetraciclina e estímulos inflamatórios que aumente a síntese de ureia.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Manifestações clínicas
A clínica está associada, geralmente, à doença de base.
Alteração do débito urinário; hematuria; edema, hipervolemia, edema agudo de pulmão;
Palidez, pulsos finos, hipotensão, taquicardia (hemorragia, desidratação);
Hipertensão arterial sistêmica;
Distúrbios neurológicos, convulsão, encefalopatia urêmica;
Distúrbios metabólicos; náusea, vômito, sonolência e letargia associadas à uremia;
Massa abdominal palpável.
Diagnóstico
História clínica
o História familiar de doença renal.
o História obstétrica: parto prolongado, circular de cordão, asfixia grave, oligoâmnio, des-
colamento prematuro de placenta, polidrâmnio, uso materno de medicações como AI-
NES, IECAS e aminoglicosídeos.
o História neonatal: prematuridade, asfixia, SDR, sepse, cateterismo umbilical, uso de me-
dicações nefrotóxicas.
Exame físico completo: observar existência de massas abdominais, ascite, globo vesical pal-
pável, presença de malformações de genitália, fácies sindrômica, pressão arterial.
Exames complementares
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Ureia: tem pouca utilidade na determinação da função renal, pois sofre influência de diversos fa-
tores: hipercatabolismo, quantidade de proteína na dieta, sangramento gastrintestinal, estados
de hipoperfusão, uso de corticoides, presença de estímulo inflamatório.
Creatinina: reflete os níveis maternos de creatinina, na primeira semana de vida.
Eletrólitos: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo.
Gasometria
Hemograma: hematócrito, hemoglobina e plaquetas.
PCR
Urina tipo I: proteinuria, cilindros granulosos, hematuria.
Urocultura: suspeita de infecção.
Exames de imagem:
o Ultrassom de rins e vias urinárias
o Cintilografia (MAG3): informações sobre trato urinário, parênquima renal e permeabili-
dade dos vasos renais.
o Uretrocistografia miccional: causas pós-renais
Tratamento
Restrição hídrica
Na LRA pré-renal, ajustar a oferta hídrica de acordo com o balanço hídrico diário.
Na LRA intrínseca, restringir às perdas insensíveis + perdas urinárias e outras se houver (gas-
trintestinais e perdas para o terceiro espaço).
Manter um volume intravascular normal e o balanço hídrico nulo: monitorizar o balanço hídrico,
diurese, peso.
Diuréticos
A furosemida é geralmente utilizada na tentativa de converter LRA oligúrica em não oligúrica. Usual-
mente inicia-se com 1mg/kg/dia de 12/12h e avalia-se a resposta diurética. Alguns pacientes necessi-
tam de até 6mg/kg/dia. O uso contínuo só deve ser utilizado após uma dose carga com resposta positi-
va.
Se não houver resposta diurética com a furosemida, suspender o fármaco devido ao risco de ototoxici-
dade e nefrotoxicidade.
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Hipertensão arterial
Normalmente associa-se à hipervolemia. Se o paciente fizer uso de cateteres umbilicais, avaliar
o risco de trombose de vasos renais.
Restrição hídrica e uso de diuréticos.
Emergência hipertensiva: nitroprussiato de sódio.
Captopril: usar com precaução, pois pode piorar o quadro de insuficiência renal. Contraindicado
em pacientes com estenose unilateral de artéria renal.
Nifedipina: também deve ser usado com cuidado devido ao risco de queda rápida da pressão ar-
terial e prejuízo neurológico.
Manitol não deve ser usado em recém-nascidos devido ao risco de hemorragia intracraniana.
Inotrópicos
Se necessário usar de preferência dopamina em doses baixas (1,0 – 5,0 mcg/kg/min). Melhora
o fluxo sanguíneo renal e a natriurese.
Em RNPT, mesmo em doses baixas, pode causar vasoconstrição e aumento da resistência vas-
cular renal.
Nutrição
Oferta de aminoácidos: se não houver catabolismo (sepse, por exemplo) oferecer 0,8 –
1,0g/kg/dia; na presença de catabolismo administrar até 1,5g/kg/dia.
Oferta de lipídios: 1 0, - 1,2g/kg/dia.
Oferta energética: aumentar oferta em 30 a 50%.
As necessidades de vitaminas hidrossolúveis estão aumentadas.
Equilíbrio Eletrolítico
Manter um volume intravascular normal e o balanço hídrico nulo: monitorizar o balanço hídrico, diurese,
peso.
Hiponatremia: se houver perda de peso e oligúria, manter a hidratação e ofertar sódio. Se hou-
ver hipervolemia, oligúria e edema, fazer restrição hídrica. Porém se o sódio for menor que
120mEq/L ou na presença de sintomas, corrigir o sódio conforme rotina (monitor ICC e edema
agudo de pulmão).
Hipercalemia: suspender o aporte de potássio, corrigir hipocalcemia e acidose metabólica se
houver. Tratar a hipercalemia conforme rotina.
Hipocalcemia: quando associada à hiperfosfatemia, potencializa a hipercalemia.
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Equilíbrio acidobásico
Acidose metabólica: tratar a causa básica. Nos casos graves corrigir a acidose conforme rotina. Lembrar
que a correção da acidose provoca diminuição do cálcio ionizado, logo na presença de hipocalcemia se
faz necessário corrigir o cálcio antes da correção da acidose metabólica.
Diálise peritoneal
Sobrecarga hídrica
- Hipertensão arterial grave ou sintomática
Contraindicação
- Oligoanúria > 24 horas com limitação da oferta
- Enterocolite necrosante
hídrica e calórica
- Hérnia diafragmática
- Hiponatremia grave ou sintomática
- Cirurgias abdominais recentes
- Hipercalemia grave ou sintomática
- Defeitos de parede abdominal
- Hiperfosfatemia e/ou hipocalcemia grave ou sinto-
- Derivação ventrículo-peritoneal
mática
- Distúrbios de coagulação
- Sintomas urêmicos (vômitos, sangramento, peri-
- Comprometimento respiratório grave
cardite, convulsão)
- Acidose metabólica grave
- Aumento progressivo de ureia e creatinina
Complicações:
- Hiperglicemia
- Peritonite
- Perfuração e sangramento de vísceras abdominais Solução mais utilizada:
- Aderência do epiplon à ponta do cateter - Glicose a 1,5% com lactato
- Deslocamento do cateter - Heparina 250 - 500U/L
- Vazamento
- Hipo / hipervolemia
- Hérnias
- Desnutrição
Referencias
1. Selewski et al. Neonatal acute Kidney Injury. Pediatrics v136, n2, august 2015.
2. Mammen et al. the path to chronic kidney disease following acute kidney injury: a neonatal per-
spective. Pediatr nephrol. January, 2016.
3. Jetton & Askenazi. Acute kidney injury in the neonate. Clin perinatal 41 (2014).
4. Carmody et al. recognition and reporting of AKI in very low birth weigth infants. Clin J Am Soc
Nephrol 9 (2014)
5. Gupta et al. A new approach to define acute kidney injury in term newborns with hypoxic is-
chemic encephalopathy. Pediatr nephrol. February, 2016.
6. Guignard JP, Oh W, Baumgart S. Nephrology and Fluid/Electrolyte Physiology, 2012.
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O canal arterial é uma comunicação entre a artéria aorta e o ramo esquerdo da artéria pulmonar.
O canal arterial deve fechar-se funcionalmente em algumas horas após o nascimento. Nos recém-
nascidos a termo ocorre nas primeiras 72 horas de vida sendo que o fechamento anatômico ocorre entre
6 e 7 dias de vida. Nos prematuros (principalmente menores de 30 semanas de idade gestacional) a o-
clusão funcional ocorre mais tardiamente: em torno de 96 horas após o nascimento. A persistência do
canal arterial nos primeiros três dias de vida nos RNT saudáveis e nos RNPT é fisiológico. A persistência
além de três dias nos RNT geralmente é consequência de malformação da parede muscular do vaso. Nos
prematuros menores de 30 semanas de idade gestacional e principalmente nos de muito baixo peso ao
nascer (<1500g), a incidência de persistência do canal arterial é elevada. Não existe uma definição uni-
versalmente aceita para canal arterial hemodinamicamente significativo, mas os seguintes critérios são
sugeridos: necessidade de oxigênio suplementar > 30% ou necessidade de ventilação mecânica e diâme-
tro ductal ≥ 2,5mm.
Fatores de risco
Fatores estabelecidos:
o Prematuridade;
o Baixo peso ao nascer;
o Síndrome do desconforto respiratório;
o Sepse;
o Administração de líquidos em excesso;
o Hipotensão arterial precoce;
o Necessidade de IOT e pressão nas vias aéreas;
o Falta de corticoide pré-natal;
o Diabetes materno;
o Nascimento em altitudes elevadas;
o Rubéola congênita;
o Hipotireoidismo.
Outros fatores que podem estar associados: RCIU; uso de ventilação de alta frequência; sexo
feminino; rotura prematura de membranas; gemelares; estresse perinatal; fototerapia; apresen-
tação pélvica; condições genéticas (trissomias 21, 18 e 13, síndromes de DiGeorge, Noonan e
CHARGE); drogas utilizadas pela mãe (anti-histamínico, magnésio, inibidores da ECA, anticonvul-
sivantes, bloqueadores dos canais de cálcio e cocaína).
Quadro clínico
Precórdio hiperdinâmico;
Ictus desviado para esquerda;
Pulsos amplos nos quatro membros;
Frêmito sistólico ou contínuo no segundo espaço intercostal esquerdo e supraclavicular esquerdo;
Sopro de ejeção sistólico audível em todo o precórdio, mais alto na borda esternal superior es-
querda (segundo e terceiro espaços intercostais) e região infraclavicular esquerda, com irradiação
para o dorso. Em prematuros o sopro contínuo (em maquinaria) é mais raro;
Em recém-nascidos muito pequenos com canal arterial amplo, o sopro pode estar ausente e, ao
exame os achados mais frequentes são o precórdio hiperdinâmico e os pulsos amplos.
Na presença de hemorragia pulmonar sempre investigar a existência de canal arterial.
Quando existe um alto grau de hipertensão pulmonar (sem gradiente importante entre o territó-
rio sistêmico e o pulmonar), o sopro pode não estar presente: é o chamado canal arterial silen-
cioso.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Clinicamente ainda pode ser encontrado: taquicardia, taquipneia, dispneia, fadiga, rebaixamento
de fígado, piora clínica ou não melhora em RN com doença de membrana hialina, edema agudo
de pulmão sem outras manifestações de ICC grave, dificuldade de ganho de peso.
Achados Escore
0 1 2
Frequência cardía- < 160 160 – 180 >180
ca
Sopro Ausente Sistólico Contínuo
Íctus Normal Palpável Visível
Pulsos periféricos Normais Amplos em MMSS Amplos nos 4
membros
RX de tórax (rela- <0,6 0,6 – 0,65 >0,65
ção cardiotorácica)
Escore > 3 está relacionado com shunt esquerda – direita importante.
Diagnóstico
Ecocardiograma com Doppler e mapeamento de fluxo em cores.
Classificação do canal arterial de acordo com o seu tamanho:
o Pequeno: < 1,5mm
o Médio: entre 1,5 e 2,0 mm
o Grande > 2,0 mm
Avaliação das cavidades cardíacas: normalmente observa-se aumento do diâmetro do átrio es-
querdo, aumento da espessura do septo interventricular e aumento da parede posterior do VE in-
terventricular.
Medida do débito cardíaco: o DC em RNPT é de cerca de 250 ml/min/kg. Valores acima de 350
ml/min/kg estão associados a grandes shunts.
Avaliação do fluxo diastólico na aorta descendente: roubo de fluxo na diástole.
Medida do gradiente aórtico – pulmonar através do canal arterial.
Outros exames:
RX de tórax: aumento de área cardíaca e da trama vascular pulmonar.
ECG: em casos com repercussão prolongada, ocorre desvio do eixo para a esquerda, sobrecarga
de câmaras esquerdas; pode haver sobrecarga de ventrículo direito por hipertensão pulmonar
importante.
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Diagnóstico diferencial
Patologias que podem apresentar sopro contínuo e pulsos amplos: fístula arteriovenosa pulmonar, sistê-
mica ou coronária, vasos colaterais, estenose pulmonar e defeito do septo ventricular com regurgitação
aórtica.
Tratamento
Suporte:
Restrição hídrica: devido os sinais de hipervolemia e ICC; manter o paciente com volume em tor-
no de 60 - 70% das necessidades basais. Cuidado com restrição calórica e sinais de desidratação.
Diuréticos: furosemida 1 – 2 mg/kg/dia conforme necessidade do paciente.
Inotrópicos (dopamina e dobutamina) se houver ICC refratária, choque e sinais de baixo débito
(canal arterial hemodinamicamente significativo).
Manutenção de oxigenação adequada (PaO2 entre 70 e 80 mmHg ou SO2 entre 90 e 95%).
Manter hematócrito ≥ 40%.
Corrigir distúrbios eletrolíticos e acidobásicos (com critério).
Tratamento Medicamentoso
Ibuprofeno
Dose: 10mg/kg de ataque e mais duas doses de 5mg/kg a cada 24 horas via oral. Solução oral
(50mg/ml): diluir 1ml em 4ml de água destilada, imediatamente antes do uso e administrar a
dose calculada (1 hora antes da dieta).
Contraindicações:
o Oliguria: débito urinário ≤ 0,6 ml/kg/h;
o Sangramento ativo nas últimas 24 horas;
o Plaquetopenia < 60000/mm3;
o Creatinina sérica ≥ 1,6 mg/dL;
o Bilirrubina sérica maior do que 12 mg/dl;
o Evidência radiológica ou clínica de enterocolite;
o Cardiopatia congênita dependente de canal;
o Evidência de aumento da hemorragia intraventricular.
O ibuprofeno tem menos efeitos colaterais renais transitórios, menor toxicidade gastrintestinal e hipoper-
fusão cerebral, mas pode elevar os níveis de creatinina. Tem sido associado a aumento da incidência de
hipertensão pulmonar e displasia broncopulmonar.
Tratamento cirúrgico
Indicação de tratamento cirúrgico em RNPT com PCA com repercussão hemodinâmica
Contraindicações do tratamento farmacológico;
Insucesso do tratamento farmacológico;
Necessidade de tratamento imediato por deterioração do estado cardiopulmonar.
Síndrome cardíaca pós-ligadura do canal: após o fechamento cirúrgico do canal arterial ocorre súbita
queda do débito do ventrículo esquerdo com hipotensão e deterioração hemodinâmica entre 6 e 24 horas
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Bibliografia
1. Sallmon et al. Recent Advances in the Treatment of Preterm Newborns Infants With Patent
Ductus Arteriosus. Clin Perinatol 43 (2016) 113–129.
2. Simon et al. Platelet Counts and Patent Ductus Arteriosus in Preterm Infants: A Systematic Re-
view and Meta-Analysis. Neonatology 2015;108:143–151.
3. Van der Laan et al. A Hemodynamically Significant Patent Ductus Arteriosus Does Not Affect Cer-
ebral or Renal Tissue Oxygenation in Preterm Infants. Neonatology 2016;110:141–147.
4. Mitra et al. Effectiveness and safety of treatments used for the management of patente ductus
arteriosus in preterm infants: a protocol for a sistematic review and network meta-analysis. BMJ
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5. Jain A, Shah P. Diagnosis, Evalution and Management of Patent Ductus Arteriosus in Preterm Ne-
onates. JAMA Pediatric. 2015;169(9):863-872.
6. Elhoff et al. Potential Unintended Consequences of a Conservative Management Strategy for Pa-
tent Ductus Arteriosus. Congenit Heart Dis. 2016 January ; 11(1): 52–57.
7. Oncel MY et al. Oral medications in the management of PDA. World J Clin Pediatr 2016 February
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8. Dornelles et al. Comparison of two dose regimens of ibuprofen for the closure of patente ductus
arteriosus in preterm. J Pediatr (Rio J).2016;92(3):314-318.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Analgesia e Sedação
Possíveis consequências da dor inadequadamente tratada: alcalose, atelectasia, retenção hídrica, distúr-
bios de eletrólitos, maior risco de infecções e prejuízo do funcionamento gastrointestinal, íleo.
Devido ao caráter subjetivo da dor, na sua avaliação devem ser usadas ferramentas multidimensionais
(escalas de avaliação da dor), com indicadores fisiológicos e comportamentais.
Prevenção da dor:
Planejar e organizar os procedimentos;
Manipulação mínima;
Ambiente acolhedor;
Reduzir ou eliminar os ruídos;
Reduzir a incidência de luz sobre o paciente;
Promover ciclos dia/noite na UTI;
Agrupar as coletas de sangue;
Utilizar o mínimo possível de esparadrapo e outras fitas adesivas;
Acomodar o recém-nascido em ninho;
Monitorização não invasiva quando possível;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Frequência de avaliação
A avaliação deve ser realizada pelo menos 1 vez por turno (8/8h);
Pacientes em ventilação mecânica ou recebendo analgesia devem ter o escore calculado a cada 6
horas;
Paciente em ventilação mecânica prolongada: calcular o escore de 8/8h;
O escore deve ser calculado antes e 30 minutos após qualquer procedimento doloroso;
No pós-operatório: o escore deve ser avaliado imediatamente após a chegada à UTI e a cada 2
horas nas primeiras 24 horas. Passar para 4/4h nas 24 horas seguintes.
Tratamento farmacológico
Paracetamol
Dipirona
Opioides
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Cetamina
Intravenoso 0,25 – 1mg/kg (induz sedação, preserva reflexos de vias aéreas e controle respiratório)
1– 2mg/kg (procedimentos mais dolorosos)
Benzodiazepínicos
Relaxantes musculares
Procedimento Manejo
Punção venosa ou arterial Sucção não-nutritiva / estimulação multissensorial / contenção com cueiros / solução
glicosada.
Coleta de exames (punção Sucção não-nutritiva / estimulação multissensorial / contenção com cueiros / solução
venosa ou arterial) glicosada.
Pacientes em ventilação mecânica: fentanil (0,5 – 1,5mcg/kg) ou morfina (0,05-
0,2mg/kg).
Inserção de PICC ou CVC Sucção não-nutritiva / estimulação multissensorial / contenção com cueiros / solução
glicosada.
Pacientes em ventilação espontânea: fentanil (0,5 – 1,0mcg/kg) ou morfina (0,05 –
0,1mg/kg).
Pacientes em ventilação mecânica: fentanil (1,0 – 1,5mcg/kg) ou morfina (01 –
0,2mg/kg).
Inserção/remoção de dre- Sucção não-nutritiva / estimulação multissensorial / solução glicosada.
no torácico Lidocaína 0,5% sem vasoconstritor para infiltração local: 5,0mg/kg (1ml/kg)
Pacientes em ventilação espontânea: fentanil (0,5 – 1,0mcg/kg) ou morfina (0,05 –
0,1mg/kg).
Pacientes em ventilação mecânica: fentanil (1,0 – 1,5mcg/kg) ou morfina (01 –
0,2mg/kg).
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Alimentação deficiente 2
trintestinais
Regurgitação 2
Vômitos em jato 3
Fezes amolecidas 2
Fezes aquosas 3
Deve ser avaliada a cada 4 horas. Pacientes que necessitam de tratamento: média de três medidas con-
secutivas ≥ 8, ou duas medidas consecutivas ≥ 12.
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Boca está relaxada. Mínima expressão com estí- Ausência de sedação. Qualquer expressão de dor Qualquer expressão de dor
Expressão Facial
Ausência de expressão. mulos. Ausência de sinais de dor. intermitente. contínua.
Ausência da preensão pal- Fraca preensão palmar ou Mãos cerradas ou espalma- Mãos cerradas ou espalma-
Ausência de sedação.
Tônus dos Membros mar ou plantar; plantar; das de forma intermitente. das de forma contínua.
Ausência de sinais de dor.
Flacidez. Tônus diminuído. Tensão corporal ausente. Tensão corporal presente.
Ausência de variação com 10-20% dos sinais vitais > 20% dos sinais vitais
estímulos. iniciais. iniciais (FC, FR e/ou PA).
Sinais Vitais (FC, FR, Hipoventilação ou apneia. Variação < 10% dos sinais Ausência de sedação. Dessaturação de mínima a SaO2 75% com estímulo,
PA, SaO2) Criança em ventilação: au- vitais basais com o estímulo. Ausência de sinais de dor. moderada (SaO2 76-85%) com recuperação lenta.
sência de respiração espon- com estímulo, porém com Ventilação assincrônica /
tânea. recuperação rápida Briga com o ventilador.
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Referências
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Patologias Cirúrgicas
Atresia de Esôfago
Definição
Interrupção da luz esofágica podendo haver fístula traqueoesofágica distal (mais frequente) ou proximal
(mais rara).
Malformações associadas
Cinquenta a 70% dos casos de atresia de esôfago estão associados a outras malformações e metade
destes casos pode ser agrupada em síndromes, sendo as mais frequentes:
Síndrome de Edwards, Síndrome de Down;
VACTERL: defeitos de corpos vertebrais, anomalias anorretais, malformação cardíaca, fístula tra-
queoesofágica (FTE), defeitos renais e defeitos de extremidades (principalmente do lado radial do
braço e da mão);
CHARGE: coloboma do olho, defeitos cardíacos, atresia de coanas, retardo do crescimento ou de-
senvolvimento, anormalidades genitais e/ou urinárias, anormalidades da orelha e surdez.
SCHISIS: combinação de duas ou mais malformações, incluindo defeitos do tubo neural (anence-
falia, encefalocele, espinha bífida), fendas orais (fissura de lábio e / ou do palato, fenda palatina
posterior), onfalocele, e hérnia diafragmática.
Anemia de Fanconi, Síndrome de Opitz G, etc.
Cardiovasculares: 24%
Urogenitais: 21%
Digestórias: 21%
Musculoesqueléticas: 14% (malformações de costelas e vértebras)
Sistema nervoso central: 7% (hidrocefalia)
Graus variáveis de traqueomalácea.
Classificação
Diagnóstico
Clínica:
Salivação abundante
Engasgo
Cianose
Desconforto respiratório
Impossibilidade de progressão de sonda gástrica
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Radiografia:
Sonda encurvada (enrolada) no coto proximal esofágico
Presença de ar no abdome define a existência de FTE distal
Atresia de esôfago
Conduta
Cuidados pré-operatórios
Jejum;
Hidratação venosa;
Oxigenioterapia conforme necessidade (se necessário IOT, fazê-lo com COT de maior calibre pos-
sível e locada o mais distalmente possível na tentativa de tamponar a FTE distal e evitar disten-
são abdominal e perfuração gástrica);
Decúbito elevado;
Aspiração contínua do coto proximal com baixa pressão;
ECO pré-cirúrgico: confirmar posição da aorta. Algumas cardiopatias congênitas necessitam cor-
reção prévia: estenose pulmonar, PCA com grande repercussão, coartação grave de aorta.
Cuidados pós-operatórios
Jejum;
Nutrição parenteral;
Ventilação mecânica;
Cuidado com aspiração traqueal;
Não repassar sonda orogástrica (se houver perda);
Extubação quando possível;
Não curarizar o paciente (somente se houver muita tensão);
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Analgesia adequada;
Introdução da dieta após constatação de perviedade da anastomose e impermeabilidade da pare-
de esofágica;
Geralmente o dreno é retirado no dia seguinte à introdução da dieta;
US de abdome.
Complicações
Lesão de nervo vago e laríngeo recorrente;
Disfagia;
Estenose de anastomose;
Refluxo gastroesofágico;
Traqueomalácea;
Sibilância e hiperreatividade brônquica;
Infecções respiratórias de repetição;
Hérnia diafragmática
Definição
Malformações associadas
Quadro clínico
Em 10% dos casos pode ser assintomática ao nascimento;
Taquipneia;
Retração subcostal;
Insuficiência respiratória;
Cianose;
Palidez;
Abdome escavado;
Ictus cardíaco desviado para o lado contralateral;
Ausculta de ruídos hidroaéreos intratorácicos;
Diagnóstico
Quadro clínico;
Radiografia: presença de imagem compatível com alças intestinais no tórax e pouco gás em ab-
dome. Nas hérnias à direita, o fígado intratorácico pode ser confundido com tumoração.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Conduta
Jejum;
Sonda orogástrica aberta para descompressão;
Hidratação venosa nas primeiras 24 horas de vida;
Nutrição parenteral após 24 horas de vida;
Surfactante pulmonar somente se o paciente for prematuro;
Ecocardiograma;
US de abdome;
IOT e ventilação mecânica: tolerar saturação pré-ductal de 75 – 85% nas primeiras 2 horas de
vida e após esse período, 88 – 94%.
Para ajustes ventilatórios utilizar sempre gasometria e oximetria pré-ductal. Manter, sempre que
possível, PaO2 entre 50 e 70mmHg e PaCO2 entre 45 e 60mmHg e pH entre 7,25 e 7,4. Manter
saturação de O2 pré-ductal entre 85 e 90%; não exceder 95%.
Tratamento da hipertensão pulmonar:
o Milrinona: 0,25-0,75mcg/kg/min
o Sildenafil endovenoso se disponível. O uso oral (1-2mg/kg/dia) só será possível num fase
mais tardia em que o paciente esteja recebendo dieta enteral;
o Prostaglandina E1: em paciente com HP e falência VD para manter o canal arterial aberto
e reduzir a pós-carga de VD;
o Óxido nítrico se disponível;
Drogas vasoativas:
o Dopamina: 5-10mcg/kg/min
o Noradrenalina: 0,1-1,0mcg/kg/min
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o Adrenalina: 0,1-0,5mcg/kg/min
Correção cirúrgica
Geralmente após 48 – 72h de vida quando se consegue estabilidade clínica. Alguns casos podem
necessitar de mais tempo.
Condições sugeridas para cirurgia:
o Débito urinário > 1,0ml/kg/h;
o Necessidade de O2 < 50%;
o Saturação pré-ductal entre 85-95%;
o Pressão arterial média normal para a idade;
o Lactato sérico < 3,0mmol/L;
o Pressão arterial pulmonar < que a sistêmica;
Complicações
Gastrosquise
Definição
Gastrosquise é um defeito da parede abdominal anterior, geralmente localizada à direita do funículo um-
bilical normal (raramente à esquerda) por onde se exteriorizam as vísceras (principalmente estômago,
intestino delgado e colon) sem saco herniário ou membrana recobrindo-as.
Os defeitos variam de 2,0-5,5cm de diâmetro geralmente. Defeitos com menos de 1,5cm de diâmetro
podem estar associados com estrangulamento e necrose de segmento intestinal.
Malformações associadas
Conduta
Jejum;
Hidratação venosa nas primeiras 24 horas de vida dando atenção para as perdas insensíveis que
estão especialmente aumentadas antes da correção cirúrgica;
Nutrição parenteral após 24 horas de vida;
Evitar perda de calor;
Ecocardiograma;
US de abdome;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Proteção das vísceras exteriorizadas: saco plástico estéril (evitar compressas úmidas pelo risco
de hipotermia);
Sonda gástrica para descompressão;
Acesso venoso central para infusão de líquidos, nutrição parenteral e medicações;
Sonda vesical e controle do débito urinário;
Suporte ventilatório se necessário;
Iniciar antibioticoterapia conforme protocolo da unidade;
Monitorar glicemia e eletrólitos
Tratamento cirúrgico:
o Conforme decisão da equipe cirúrgica;
Complicações
Síndrome compartimental;
Retardo no estabelecimento da função intestinal;
Intolerância alimentar;
Síndrome do intestino curto;
Refluxo gastroesofágico;
Sepse;
Bridas;
Enterocolite.
Onfalocele
Definição
Onfalocele é um defeito da parede abdominal, na linha média, podendo ser central, epigástrica ou hipo-
gástrica, com diâmetro variando entre 4 a 12cm. As vísceras se exteriorizam recobertas por membrana
peritonioamniótica, na qual se insere o funículo umbilical. O saco herniário pode conter apenas alças in-
testinais, porém em 50% dos casos estão herniados também fígado baço, testículos ou ovários. Associa-
se a onfalocele a uma falha de dobramento da parede abdominal.
Malformações associadas
Conduta
Jejum;
Hidratação venosa nas primeiras 24 horas de vida dando atenção para as perdas insensíveis que
estão especialmente aumentadas antes da correção cirúrgica;
Nutrição parenteral após 24 horas de vida;
Evitar perda de calor;
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Proteção das vísceras exteriorizadas: saco plástico estéril (evitar compressas úmidas pelo risco
de hipotermia);
Decúbito lateral direito;
Sonda gástrica para descompressão e redução do risco de aspiração;
Decúbito lateral direito para retificação do mesentério e diminuição do edema de alças;
Acesso venoso central para infusão de líquidos, nutrição parenteral e medicações;
Sonda vesical e controle do débito urinário;
Suporte ventilatório se necessário;
Iniciar antibioticoterapia conforme protocolo da unidade;
Monitorar glicemia e eletrólitos
Tratamento cirúrgico:
o Conforme decisão da equipe cirúrgica;
o Utilizar medida de pressão intra-abdominal durante o procedimento e até a estabilização
clínica;
Complicações
Síndrome compartimental;
Retardo no estabelecimento da função intestinal;
Intolerância alimentar;
Síndrome do intestino curto;
Refluxo gastroesofágico;
Sepse;
Bridas;
Enterocolite.
Atresia de duodeno
Diagnóstico pós-natal: RX simples de abdome usando ar como contraste. Evidencia-se o “sinal de du-
pla-bolha” – dilatação do estômago e da porção proximal do duodeno.
Em 85% dos casos a atresia é distal a ampola de Vater (vômitos biliosos). Nos casos de atresia acima da
ampola de Vater os vômitos não são biliosos.
Anomalias associadas
Conduta:
Jejum;
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Complicações
Bibliografia
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genital diaphragmatic hernia: a clinical practice guideline. CMAJ 2018 January 29;190:E103-12.
5. Boechat PR. Anomalias Congênitas da Parede Abdominal. PROACI, Ciclo 5, Volume 4.
6. Martins JL et al. Alterações Congênitas de esôfago. PROACI, Ciclo 10, Volume 1.
7. Brunato PMS. Abdome Agudo do recém-nascido. PRORAD, Ciclo 1, Volume 4.
8. Fraga JC. Urgências Cirúrgicas no Recém-nascido: Detecção e Conduta. PRORN, Ciclo 2, Volume
3.
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Visão geral
As transfusões deverão ser indicadas com base em critérios restritos considerando seus efeitos colaterais (inibição da
eritropoiese; risco de infecções virais e bacterianas; doença do enxerto-hospedeiro; lesão renal aguda; sobrecarga
hídrica; efeitos tóxicos dos anticoagulantes e conservantes das bolsas e aumento da morbimortalidade).
Utilizar sempre concentrado de hemácias leucodepletado (filtrado) e se disponível hemácias irradiadas (previne a do-
ença do enxerto- hospedeiro) e testadas para CMV (doadores soronegativos para CMV)
Volume: 10 – 20ml/kg em 2 a 4 horas.
Perda sanguínea aguda
Bibliografia
1. Patel R M. Association of Red Blood Cell Transfusion, Anemia, and Necrotizing Enterocolitis in
Very Low-Birth-Weight Infants. JAMA.2016;315(9):889-897.doi:10.1001/jama.2016.1204.
2. Colombatti R, et al., Anemia and transfusion in the neonate, Seminars in Fetal & Neonatal Medi-
cine (2015), http://dx.doi.org/10.1016/j.siny.2015.12.001
3. Ohls R. Red blood cell transfusions in the newborn. UpToDate. Jan 12, 2017.
208
Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Microcefalia No diagnóstico
Traumatismo No diagnóstico
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Fatores de risco:
Baixa idade gestacional
Baixo Peso
Ventilação mecânica prolongada
Outros fatores:
Deficiência de vitamina E
Exposição à luz intensa
Hipocapnia
Acidose
Alcalose
Hemorragia intraventricular
Sepse
Doença da Membrana Hialina
Displasia Broncopulmonar
Persistência do Canal Arterial
Múltiplas transfusões sanguíneas
Flutuação nas tensões de O2
O primeiro exame deverá ser realizado entre 4 e 6 semanas de vida, pelo oftalmologista do serviço.
Os exames seguintes deverão ser agendados conforme programação do oftalmologista responsável.
Bibliografia
1. Nota técnica nº 11/2015. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Pro-
gramáticas Estratégicas. Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento.
210
Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
As indicações de ecocardiograma são estratificadas pela faixa etária e por diretrizes para o uso da eco-
cardiografia na prática clínica, sendo subdivididas em Classe I (quando há consenso sobre a indicação do
exame, com valor diagnóstico comprovado); Classe IIa (quando há aprovação da maioria, porém com
algumas discordâncias na indicação); Classe III (quando há consenso de que o exame é desnecessário,
ou quando não for aplicável). Vide lista abaixo:
Cianose, desconforto respiratório, insuficiência cardíaca ou alterações do pulso periférico – Classe
I
Anormalidades cromossômicas ou anomalias extracardíacas com possibilidade de coexistir com
cardiopatias – Classe I
Ausência de melhora esperada da função cardiopulmonar em prematuro com doença pulmonar –
Classe I
Doença materna sistêmica associada à morbidade neonatal – Classe I
Sopro intenso ou outra anormalidade cardíaca ao exame físico - Classe I
Síndrome associada à cardiopatia congênita com transmissão genética dominante ou incidência
em múltiplos membros da família – Classe I
Síndrome associada à cardiopatia congênita, com ou sem anormalidade cardíaca ao exame clíni-
co, para a qual o tratamento é urgente - Classe I
Cardiomegalia na radiografia de tórax - Classe I
Dextrocardia, anormalidade do situs abdominal ou pulmonar pelos exames clínico, eletrocardio-
gráfico ou radiográfico - Classe I
Arritmias e/ou distúrbios de condução elétrica - Classe I
Hidropsia fetal não imunológica - Classe I
Seguimento de recém-nascido após o tratamento clínico e/ou cirúrgico para fechamento do canal
arterial - Classe I
Sopro suave em borda esternal esquerda baixa - Classe IIa
Dificuldade de crescimento na ausência de anormalidade clínica definida - Classe IIa
Síndrome associada à cardiopatia congênita sem alterações clínicas e/ou necessidade de decisões
terapêuticas urgentes - Classe IIb
História de ectopia fetal não sustentada na ausência de arritmia pós-parto - Classe III
Alteração no teste do coraçãozinho
Suspeita clínica de endocardite bacteriana em paciente sob cuidados intensivos, séptico, na pre-
sença de cateter vascular central
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Cateterismo umbilical
Indicações
Ressuscitação hídrica ou medicamentosa de emergência (principalmente na sala de parto);
Recém-nascidos gravemente doentes necessitando de drogas vasopressoras, nutrição parenteral,
etc;
Realização de exsanguineotransfusão;
Monitorização hemodinâmica (pressão venosa central – PVC).
Tamanho do cateter
RN < 1500: 3,5F
RN ≥ 1500: 4,0F
Localização do cateter
Entre T8 e T11, logo acima do diafragma.
Tempo de uso
7 dias (máximo de 10 dias).
A retirada deve ser lenta e, se houver sangramento, aplicar fazer compressão sobre o cordão.
Contraindicações
Onfalite
Onfalocele
Enterocolite necrosante
Peritonite
Complicações
Infecção (o risco aumenta a partir do 5º dia da introdução do cateter);
Enterocolite necrosante;
Necrose hepática; hipertensão porta;
Hidrotórax;
Derrame pericárdico, tamponamento cardíaco;
Arritmias cardíacas, endocardites;
Embolia pulmonar, renal, hepática e cerebral;
Perfuração de colón.
Indicações
Pacientes gravemente doentes que necessitem de coletas frequentes de sangue, inclusive gaso-
metria;
Necessidade de monitorização de pressão arterial invasiva.
Tamanho do cateter
RN < 1200: 3,5F
RN ≥ 1200: 4,0F
Localização do cateter
Posição alta: entre T6 e T9;
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Tempo de uso
3 dias (máximo de 5 dias).
A retirada deve ser lenta e, se houver sangramento, aplicar fazer compressão sobre o cordão.
Contraindicações
Onfalite
Onfalocele
Enterocolite necrosante
Peritonite
Insuficiência renal
Comprometimento vascular de membros inferiores ou região glútea.
Complicações
Perfuração de vasos;
Hipoglicemia refratária (ponta do cateter no eixo celíaco);
Perfuração peritoneal;
Acidente vascular: trombose, embolia, vasoespasmo, hipertensão arterial, paraplegia, ICC, em-
bolia gasosa;
Hemorragia (desconexão do cateter);
Infecção;
Enterocolite necrosante;
Necrose ou perfuração intestinal.
Cateterismo umbilical
Referências:
1. Práticas e procedimentos em neonatologia: rotinas do instituto Fernandes Figueira – Fio-
cruz/Carlos Alberto Bhering... [et al.]. Rio de Janeiro: Revinter, 2011; 118-144.
2. http://www.adhb.govt.nz/newborn
3. http://emedicine.medscape.com
4. http://www.uihealthcare.com
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Endovenoso:
Via oral:
≤de 28 dias:
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
≤ 2000g:
Dose e inter- 0-7dias: 40mg/kg/dia de 12/12h
0-7dias: não
valo 8-28dias: 60mg/kg/dia de 8/8h
8-28dias: 900mg/m2/dia de 8/8h
>2000g:
>2000g: 0-28dias: 900mg/m2/dia de 8/8h
0-28dias: 60mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 900mg/m2/dia de 8/8h
29 – 60dias: 60mg/kg/dia de 8/8h
<30semanas:
0-14dias de vida: 15mg/kg/dose de 48/48h
>14dias de vida: 15mg/kg/dose de 24/24h
30-34semanas:
0-10dias de vida: 15mg/kg/dose de 24/24h
Dose e intervalo >10dias de vida: 15mg/kg/dose de 24/24h
> 60 dias de vida: pode ser usado 15 a 20mg/kg/dia de 24/24h.
≥35semanas:
0-7dias de vida: 15mg/kg/dose de 24/24h
>7dias de vida: 17,5mg/kg/dose de 24/24h
> 60 dias de vida: pode ser usado 15 a 20mg/kg/dia de 24/24h.
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão Em 1 hora
Concentração para infu-
5,0mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
Intervalo de administração com cefalosporinas: 1 hora.
Observação
Intervalo de administração com penicilinas: 1 a 2 horas.
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
0-7dias: 200mg/kg/dia de 12/12h
Dose e intervalo 8-28dias: 300mg/kg/dia de 12/12h
>2000g:
0-28dias: 300mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 300mg/kg/dia de 6/6h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão Em 30 minutos
Concentração para infu-
30mg/ml SG5% ou SF0,9%
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 a 2 horas.
<37 semanas:
Dose e intervalo 0-7dias: 75mg/kg/dia de 12/12h
>7dias: 150mg/kg/dia de 12/12h
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Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
≥37 semanas:
0-7dias: 75mg/kg/dia de 12/12h
>7dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
30mg/ml AD ou SG5% ou SF0,9%
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 a 2 horas.
Caspofungina: Frasco ampola de 50mg ou 70mg + 10ml água estéril para injeção ou SF0,9%
215
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
0-28dias: 50mg/kg/dia de 12/12h EV
Dose e intervalo >2000g:
0-7dias: 50mg/kg/dia de 12/12h EV
8-28dias: 75mg/kg/dia de 8/8h EV
29 – 60dias: 75mg/kg/dia de 8/8h EV
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30minutos
Concentração para infu-
20mg/ml SG5% ou SF0,9%
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 hora.
≤de 28 dias:
≤1 000g:
0-14dias: 100mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
1000-2000g:
Dose e intervalo
0-7dias: 100mg/kg/dia de 12/12h EV
8-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h EV
>2000g:
0-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h EV
29 – 60dias: 150mg/kg/dia de 8/8h EV
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
40mg/ml SF0,9% ou SG5%
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 hora.
≤de 28 dias:
≤1 000g:
0-14dias: 100mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo
>1000g:
0-7dias: 100mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 200mg/kg/dia de 6/6h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
40mg/ml SF0,9% ou SG5%
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 hora.
≤de 28 dias:
≤1 000g:
0-14dias: 70mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 100mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo 1000-2000g:
0-7dias: 70mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 100mg/kg/dia de 8/8h
>2000g:
0-28dias: 100mg/kg/dia de 8/8h
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
≤de 28 dias:
≤1 000g:
0-14dias: 100mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo
>1000g:
0-7dias: 100mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 150mg/kg/dia de 8/8h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
40mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 hora.
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
0-28dias: 15mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo >2000g:
0-7dias: 21mg/kg/dia de 8/8h
8-28dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 1 hora
Concentração para infu-
18mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
≤de 28 dias:
Dose e intervalo 0-7dias: 20mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
≤2000g: não
Dose e intervalo
>2000g: 12mg/kg/dia de 12/12h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 1 hora
Concentração para infu-
5mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
<de 30 semanas:
0-14 dias:5,0 mg/kg/ds de 48/48h
>14dias: 5,0mg/kg/de 36/36h
30-34 sem:
Dose e intervalo 0-10dias: 4,5mg/kg de 36/36h
>10 dias: 5,0mg/kg 36/36h
≥35sem:
0-7dias: 4,0mg/kg de 24/24h
>7 dias: 5,0mg/kg 24/24h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30minutos a 1 hora
Concentração para infu-
10mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
Intervalo de administração com cefalosporinas: 1 hora.
Observação
Intervalo de administração com penicilinas: 1 a 2 horas.
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
0-7dias: 20mg/kg/dia de 12/12h
Dose e intervalo 8-28dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
>2000g:
0-28dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 30mg/kg/dia de 8/8h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 1 hora
Concentração para infu-
2,0mg/ml (Não é necessário rediluir)
são
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
são
≤de 28 dias:
≤ 1000g:
0-14dias: 50mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 75mg/kg/dia de 12/12h
>1000-2000g:
Dose e intervalo 0-7dias: 50mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 75mg/kg/dia de 12/12h
>2000g:
0-7dias: 75mg/kg/dia de 8/8h
8-28dias: 100mg/kg/dia de 6/6h
29 – 60dias: 150mg/kg/dia de 6/6h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30minutos
Concentração para infu-
30mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 a 2horas.
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Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Penicilina Procaína: Frasco ampola 300000 UI + 2ml água estéril para injeção
≤de 28 dias:
≤ 2000g:
0-7dias: 300mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo 8-28dias: 320mg/kg/dia de 6/6h
>2000g:
0-28dias: 320mg/kg/dia de 6/6h
29 – 60dias: 320mg/kg/dia de 6/6h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
30mg/ml (SF0,9% ou SG5%)
são
Observação Intervalo de administração com aminoglicosídeos: 1 a 2horas.
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Ticarcilina/Clavulanato: Frasco ampola 3,1g + 13ml água estéril para injeção ou SF0,9%
≤de 28 dias:
≤ 1000g:
0-14dias: 150mg/kg/dia de 12/12h
15-28dias: 225mg/kg/dia de 8/8h
Dose e intervalo
>1000g:
0-7dias: 150mg/kg/dia de 12/12h
8-28dias: 225mg/kg/dia de 8/8h
29 – 60dias: 300mg/kg/dia de 6/6h
Via de administração Endovenosa Tempo de infusão 30 minutos
Concentração para infu-
10 – 100mg/ml (SG5% ou SF0,9%
são
≤28semanas: >28semanas:
Cr <0,5: 15mg/kg/dose de 12/12h Cr<0,7: 15mg/kg/dose de 12/12h
Cr de 0,5 a 0,7: 20mg/kg/ds de Cr de 0,7 a 0,9: 20mg/kg/ds de
24/24h 24/24h
Cr de 0,8 a 1,0: 15mg/kg/ds de Cr de 1,0 a 1,2: 15mg/kg/ds de
Dose e inter-
24/24h 24/24h
valo
Cr de 1,1 a 1,4: 10mg/kg/ds de Cr de 1,3 a 1,6: 10mg/kg/ds de
24/24h 24/24h
Cr >1,4: 15mg/kg/ds de 48/48h Cr >1,6: 15mg/kg/ds de 48/48h
Para maiores de 60 dias de vida: 45-60mg/kg/dia de 8/8h.
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Referência:
1. Nelson’s Pediatric Antimicrobial Therapy, 2016, 22ª Ed.
2. Blackbook – Pediatria, 2011, 4ªEd.
Bibliografia
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Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
Introdução
Preparar os responsáveis durante a internação, como parte do processo de parentalidade, especial-
mente considerando a gestação abreviada do RN pré-termo. Ver, tocar, cuidar do bebê, com o apoio da
equipe de saúde, contribuirá para diminuir a distância entre a imagem do bebê desejado e a do bebê
real, formando e fortalecendo laços afetivos, refletindo em melhores cuidados após a alta hospitalar.
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Emissão Otoacústica Evocada (EOA): realizar nos primeiros dias de vida, desde
que sem antibiótico, fototerapia e peso maior que 1700gr - repetir em 4 a 6 me-
ses.
Indicações de Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE= BERA):
uso de antibióticos ototóxicos, síndrome genética, peso de nascimento menor
Triagem auditiva
que 1500g, hiperbilirrubinemia próxima a níveis de exsanguineotransfusão, Ap-
gar menor que 6 no quinto minuto ou menor que 4 no primeiro minuto, anorma-
lidades craniofaciais, história familiar de hipoacusia, sepse, meningite, uso de
ventilação mecânica por mais de 5 dias, internação na UTI por mais de 48 horas,
convulsão, espinha bífida, hemorragia intracraniana, TORSCH.
Alimentação
Em caso de aleitamento materno misto ou exclusivamente artificial, solicitar orientação de alta ao serviço
de nutrição do HRMS.
Administração de medicamentos
Orientar quanto à dose do medicamento administrado, horário, frequência e possíveis efeitos colaterais.
Imunizações
Vacinas Recomendações
BCG ID Aplicar em RN > ou = 2000gr. Aplicar após a alta hospitalar
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Próxima revisão prevista Data: 2020
Pneumocócica Iniciar o mais precocemente possível (Aos dois meses), respeitando a idade cro-
conjugada nológica. Três doses: aos 2, 4 e 6 meses e um reforço entre 12 e 15 meses
Poliomielite Utilizar somente vacina inativada (VIP) em RN internados em unidades neonatais
Não utilizar a vacina em ambiente hospitalar. Respeitar a idade limite para a ad-
ministração da primeira dose ( 3 meses e 15 dias); Contra indicada em RN sub-
metidos à procedimentos cirúrgicos gastrointestinais e pacientes que apresenta-
Rotavírus ram quadro de enterocolite. Não deve ser administrada a crianças com conhecida
imunodeficiência primária ou secundária, incluindo-se aquelas HIV positivas, ou
que tenham uma doença hereditária rara que afeta o sistema imunológico (Imu-
nodeficiência Combinada Grave (SCID)).
Haemophilus in- A combinação da vacina tríplice bacteriana acelular ( DPTa) com a Hib e outros
fluenza tipo B antígenos são preferenciais - permitem aplicação simultânea e se mostram efica-
(HiB) zes e seguras aos RNPT.
Profilaxia do vírus RN < de 29 semanas (dose mensal no período sazonal até 1 ano de idade) e/ou
sincicial respirató- BDP e/ou cardiopatia congênita sintomática e/ou doenças neuromusculares gra-
rio (VSR) ves – (dose mensal no período sazonal até 2 anos de idade)
7 valente ( DPTa
+ Haemophilus
influenzae B + Deve ser evitada pelo risco de convulsão. Realizar as vacinas separadamente
Pneumocócica
conjugada
Observações:
- UBS – As vacinas comuns são oferecidas pelo Sistema único de Saúde via UBS;
-Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)- Recém nascidos menores ou igual 30 se-
manas ou 1000gr ou com comorbidades neurológicas, cardiopatias, doenças imunossupressoras.
-**Pacientes com indicação de Palivizumabe, entregar:
- Ficha de solicitação da SES devidamente preenchida;
- Receituário com a prescrição da vacina constando quantas doses com intervalo de 30 dias o paciente
deverá receber;
- Receituário de encaminhamento ao local com orientações de documentação e agendamento da vacina.
A primeira consulta deve ser realizada na primeira semana após a alta no Follow-up de puericultura
quando prematuro, ou ambulatório de puericultura para os bebês de termo.
Os prematuros com peso menor que 2500gr deverão retornar na 3ª etapa para reavaliação na Unidade
(UCINCA) compartilhando atendimento com Unidade Básica ( programa de saúde da família) a cada 2 ou
3 dias, conforme necessidade individual.
Os cuidadores poderão buscar esclarecimento de dúvidas a qualquer momento, mantendo um contato
telefônico do setor disponível.
Ambulatório de especialidades
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Rotinas da Unidade Neonatal
Elaborado por: Equipe da Unidade Neonatal Data: 07/2018
Revisado por: Tânia Parpinelli e Caroline Arinos Data: 07/2018
Aprovado por: Alberto Cubel Brull Júnior Data: 08/2018
Próxima revisão prevista Data: 2020
OS encaminhamentos para subespecialidades serão de acordo com hipóteses diagnósticas que surgiram
durante a internação. As consultas já deverão estar agendadas no momento da alta, no EGRESSO do
HRMS.
RN abaixo de 33 semanas de nascimento e/ou com sequelas neurológicas, síndromes, erro inato do metabo-
lismo, deverão ser encaminhados ao ambulatório de neuropediatria, follow-up de fisioterapia e terapia
ocupacional;
Os Recém-nascidos de muito baixo peso ou prematuros extremos deverão ser encaminhados ao ambulató-
rio de endocrinopediatria;
Relatórios de alta
**Iniciar Resumo de internação no momento em que o paciente for admitido na Unidade, sendo este
atualizado de acordo com evolução do paciente (Check list, O2, antibioticoterapia, diagnósticos, exames
complementares, dieta etc).
Para a documentação da alta hospitalar, é importante preparar para o cuidador:
- Orientações de alta – Imprimir 2 vias, entregando 1 via ao responsável, e manter uma via assinada
pelo responsável de maior, no prontuário. Explicar cada item esclarecendo dúvidas.
- Resumo de internação - Imprimir 3 vias, mantendo 1 cópia assinada pelo responsável de maior, no
prontuário, entregar uma via ao responsável e arquivar 1 cópia na pasta da Unidade.
- Orientar sobre a providência do cartão SUS, vacinas, resultado e agendamento de exames pendentes.
- Receita médica em 2 vias, contendo os medicamentos e suplementos vitamínicos a serem utilizados
pelo bebê;
- Ressaltar que toda a documentação de alta médica deve ser trazida junto ao bebê durante os atendi-
mentos.
- Salvar arquivo de alta do paciente, na pasta de altas gerais da UCINCO.
Conclusão
A alta hospitalar não deve configurar apenas um ato administrativo, mas deve preparar os pais ou
responsáveis para o acompanhamento do paciente, de forma individualizada e adaptada às condições
existentes em cada família, promovendo e mantendo a saúde do recém-nascido. Para tanto, as orienta-
ções devem ser apresentadas de forma clara e objetiva; contendo as principais recomendações e suges-
tões sobre a forma de cuidado do bebê; antecipar e prevenir problemas por meio de orientações educati-
vas e ser factível.
Bibliografia
1. MIYAKI, MITSURU; SARQUIS, ANA LÚCIA; SCHMIDTKE, DANIELA CARREIRO; BECKER, ALES-
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Técnico/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programá-
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4. PRORN – Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 14/ Volume 1. / I- Sociedade Brasileira
de Pediatria; II-Procianoy, Renato S.; III – Leone, Cléa R. ;IV- Série
5. Fluxo e Protocolos de acompanhamento de pacientes do HRMS, do CRIE, do Estado de MS, e da
Secretaria de Saúde.
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