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CIÊNCIA
INTRODUÇÃO
1. ENQUADRAMENTO GERAL
Qualquer ser humano necessita de assegurar, desde a nascença, certos cuidados e condições de
vida, tais como a alimentação, a educação, os cuidados de saúde, a integridade física, segurança,
defesa, entre outras necessidades (primárias ou não), sem as quais dificilmente sobreviveria.
Assim, esta situação a que o ser humano se mostra sujeito, devido as necessidades de
sobrevivência, implica necessariamente um relacionamento com o meio ambiente e com os
demais seres naturais. É esta necessidade que dita com que em diversos momentos a satisfação
desta, não seja de uma forma pacífica, podendo até gerar conflitos.
Segundo Aristóteles, “o Homem é um animal social”. E com isso fá-lo com que em diversos
momentos tenha que interagir, conjugando esforços em prol de uma vida comum, baseada na
solidariedade e na divisão social do trabalho, concorrendo desta forma para a sua plena
realização.
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Sumários sistematizados e compilados por António Paiaze, relativos a Cadeira de Direito Económico. Estes não
substituem, em situação alguma, as obras de consulta obrigatória recomendadas e são passíveis a todas as críticas,
tendo em vista ao seu melhoramento.
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Por outro lado, o Direito pode ser entendido como uma emanação da vivencia social, uma
necessidade do Homem. Desta forma importa ressaltar que o Direito se mostra fundamental no
ordenamento jurídico, como reservatório de princípios gerais e fundamentais, os quais, através
das suas normas jurídicas e características, se traduzem na imperatividade, generalidade,
abstracção e coercibilidade.
O direito e a economia não podem se ignorarem, pois a actividade económica gera ou conhece
conflitos de interesse de natureza patrimonial respeitante a bens escassos, entre os agentes do
processo económico; a necessidade de dirimi-los e a sua efectiva aplicação aos casos concretos
levará ao estabelecimento de um regime jurídico. Estamos perante uma valoração jurídica das
relações socioeconómicas e subsequentemente, diante do estabelecimento das atinentes regras de
conduta social.
Assim, o Homem necessita de consumir alimentos, vestir, habitação, entre outros bens materiais,
os quais devem ser produzidos ou fabricados, embora outros se encontrem na natureza já
disponíveis para o consumo imediato. Mas, porque nem todos os produtos que concorrem para a
satisfação das suas necessidades se mostram prontos e disponíveis, eis que este é obrigado a
trabalhar com vista a sua transformação, no que pretende.
Segundo Benjamim Alfredo na sua obra “noções gerais do direito económico”, antes da I Guerra
Mundial era desconhecida a expressão “Direito Económico”. Contudo, por volta de 1917 o
conceito de Direito Económico é delimitado, passando a ser este ano o marco mais visível que
assinala o início do desenvolvimento deste ramo do Direito. Foi no século XIX que surgiu a
chamada economia do mercado clássico ou liberal, diferentemente da época clássico-liberal
(anterior), o direito nada tinha a ver com a economia, aí existia uma separação perfeita entre o
Direito e a Economia.
Por isso, a confluência de oferta e a procura formava o preço e esta circunstância decidia as
possibilidades e determinações dos sujeitos que participavam na economia.
Ainda que os indivíduos actuassem por motivos egoístas, não se lhes deveria privar a sua
liberdade, dado que segundo ADAM SMITH, uma mão invisível tratava do seu egoísmo e, por
outro lado, o princípio da livre concorrência cuidaria das árvores para que não atingissem o céu.
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Essa mão, seria na verdade que o Estado que se comportaria como se de um árbitro se tratasse,
estando atento para situações de excessos em prejuízo dos outros intervenientes.
Antes da I Guerra Mundial, principalmente ao longo das duas grandes revoluções, a liberal e a
industrial, marcaram o desenvolvimento do capitalismo em que as regras jurídicas não eram
relevantes, mas sim o poder das burguesias, eram estas que ditavam as regras de jogo.
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Já no final da Segunda Guerra Mundial, mais constituições reflectiram sobre a economia, como é
o caso da francesa de 1946 e a italiana de 1947, o que veio a ditar com que a ordem
constitucional da economia servisse dois propósitos: garantir o livre funcionamento do mercado,
por um lado, e o de enunciar as diversas formas de regulação necessárias ao equilíbrio.
Seguindo a França, veio os EUA onde floresce com muita nitidez a questão de análise
económica.
Na ordem jurídica moçambicana, o desenvolvimento desta área jurídica encontra-se ainda numa
fase embrionária, por razões evidentes, natureza juvenil do Estado Moçambicano. A República
de Moçambique só no dia 25 de Junho de 1975 se afirma internacionalmente e no seio das
nações como Estado independente e soberano, facto este que implica a ruptura com o anterior
ordenamento jurídico instituído, gerando-se a necessidade de implementação de um novo sistema
jurídico, que traduzisse a vontade soberana da República Popular de Moçambique. Especial
destaque teve neste momento a emanação de normas de Direito económico uma vez que a
afirmação da independência coincidiu com a afirmação de Políticas que implicassem a
instituição de um sistema económico Socialista.
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Recente: porque só se manifesta a partir do momento em que o Estado toma a seu cargo a
Economia (a partir de 1914).
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sensível às mudanças sociais, económicas e políticas, e por outro lado, se verificar com
frequência a existência de normas de actuação imediata e pontual.
Misto (heterogéneo): esta heterogeneidade tem a ver com o facto de as normas do Direito
Económico serem de diversa proveniência (várias fontes) como pública (parte
constitucional, Estado dotado de iuris imperi) e privado (contratos económicos de
financiamento, ex. contratos de leasing), com o realce para o crescente aparecimento de
fontes negociadas (mistas), e até fontes não estaduais.
Sendo o Direito Económico um ramo do Direito em formação, cuja natureza ainda hoje é
amplamente discutida, não espanta que prossiga também certa querela sobre o objecto, o sentido
e os limites da disciplina. A autonomia deste ramo do Direito, resulta de um processo que ainda
se encontra em curso, não tanto quanto ao núcleo das áreas normativas que o compõem, mas sim,
quanto aos seus contornos, especificamente quanto ao traço de fronteiras relativamente a outros
ramos de Direito. Todavia, isto não equivale a negar a autonomia deste ramo de Direito, até
porque este aspecto se verifica também em outros ramos de Direito em relação aos quais existe
unanimidade consolidada na afirmação da sua autonomia.
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Dada a dificuldade decorrente da vastidão da matéria que o compõe que leva a ter um carácter
muito concreto e fragmentário e ainda a impossibilidade de elaborar uma teoria geral do Direito
Económico, defende-se concepções que correspondem a afirmação da autonomia do Direito
Económico.
Entende-se que o Direito Económico, é um sub-ramo do Direito Público por ser o Estado que
traça a Política económica, por esta interessar à colectividade e por, não poucas vezes,
restringi-lo à intervenção do Estado ou normas Públicas relativas ao Plano.
O Direito económico, confrontado com as disciplinas jurídicas tradicionais, tem uma autonomia
com fraco grau de nitidez e completude que as disciplinas clássicas ganharam numa
sedimentação de séculos e prejudicada por não ser seguida ou ditada pela independência da
codificação.
Porém, várias são as concepções que se debruçam sobre a natureza do Direito Económico, sendo
consensual que este é um ramo de direito público, mas não negam a parte privada, nas situações
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em que intervém particulares dotados de capacidade para editar ou contribuir para a edição de
regras com carácter geral, vinculativas dos agentes económicos.
Uma corrente doutrinária representada por J. Hamel e G. Lagarde, identifica o direito económico
com todo o direito relativo à economia. Esta noção é enferma à partida, das incertezas ligadas à
definição de economia, ainda que se convencione que a economia será toda a actividade dirigida
à produção, distribuição e consumo de bens. A identificação do direito económico como direito
de toda a economia, é demasiado extensa e incapaz de exprimir a sua especificidade, reduzindo-o
ao ponto de encontro de todas as regras de Direito Privado e Direito Público atinentes à
actividade económica.
Esta noção, a ser adoptada, alargaria demasiado o âmbito do Direito económico, tendendo
abranger todos os aspectos económicos do Direito Privado - os direitos reais de gozo, direito de
propriedade, garantias reais das obrigações, as obrigações patrimoniais, transferência de direitos
sobre as coisas e, de igual modo, as zonas de Direito Público que tenham incidência económica.
Uma noção demasiado extensiva do Direito Económico é ainda agravada pela dificuldade em
determinar a fronteira que separa o económico do financeiro.
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O direito económico, pode ser apresentado como um sistema de normas ou como a disciplina
jurídica que estuda as normas reguladoras de: organização da economia definindo o sistema e
regime económico; a condução superior da Economia pelo Estado; e disciplina dos Centros de
decisão económica não estaduais. Do que pode concluir-se que o Direito Económico é
constituído por um corpo orgânico de normas condutoras da interacção de poder económico
público e de poder económico privado destinado a reger a política económica, entendida como
um conjunto normativo de medidas encetadas pelo Estado.
a) Necessidade
b) Interesse
O interesse, é uma espécie de impulso do sujeito para a coisa em virtude da necessidade a ser
satisfeita. O interesse pode ser legítimo ou ilegítimo e pode ser submetido a normas que lhe
servem de limite no sentido de maleabilidade e flexibilidade que permite a aplicação da
jurisprudência de interesses.
c) Bens
Os bens têm utilidade para a satisfação das necessidades e podem ser de variados tipos como:
bem moral, bem político, liberdade e bem económico o que cria necessidade pela escassez.
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Os bens, pela sua individualidade podem ser corpóreos e incorpóreos, móveis e imóveis,
fungíveis e não fungíveis, consumíveis e não consumíveis, divisíveis e indivisíveis ou simples e
colectivos.
O valor reflecte também o cálculo económico, a racionalidade económica que devendo ser a
tradução de atitudes reflectidas não acontecem por negação do direito.
A primeira fonte do Direito, é por excelência, a Constituição da República, pois é ela que contém
um conjunto de preceitos basilares que se referem directamente à economia e que constitui a
essência da Constituição económica. As Leis ordinárias da Assembleia da República, os
Decretos-leis, as Resoluções da Assembleia da República com relevância económica, os
Decretos do Governo que, directa ou indirectamente, regem determinados aspectos de ordem
económica são fontes imediatas do Direito Económico, o costume (enquanto não contrárias as
leis), a doutrina e jurisprudência.
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A Lei da Assembleia da República, é uma das mais importantes fontes de Direito, em geral, e do
Direito Económico em particular, pois, em última instância, ela representa a vontade do Povo
manifestada através deste órgão colegial, que se repercute na produção de normas, especialmente
as de cunho económico.
Encontramos na CRM referências a este poder legislativo, especialmente no que diz respeito ao
Direito Económico. Desde logo, o n.º 2 do art.º 169 da CRM e n.º 1 do art.º 179 onde compete à
Assembleia da República legislar sobre questões básicas da Política interna e externa,
nomeadamente sobre o Plano Económico.
Um aspecto que merece especial atenção, é o papel da concertação económica. Embora seja um
aspecto que não é exclusivo deste ramo do Direito, a concertação económica pode assumir-se de
relevo na emanação de normas jurídicas conformadoras da actividade económica na medida em
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Em matéria Económica, o Conselho de Ministros, tem competência para emitir normas que
visem promover o desenvolvimento económico, tais como; preparar o plano económico e Social,
alínea e) do n.º 1 do art.º 204 da CRM, promover e regulamentar a actividade económica e dos
sectores sociais, garantir o correcto funcionamento e desenvolvimento das empresas de
propriedade Estatal e sua expansão de acordo com as necessidades da economia, etc.
Embora seja de entender que os decretos presidenciais são fontes de normas jurídicas apenas no
âmbito das competências conferidas pela CRM ao Presidente da República, nas quais não se
inclui a competência para definir o quadro jurídico da actividade económica, serão de considerá-
los fonte de direito, por exemplo quando definem competências económicas a agentes da
Administração, ou atribuição de Ministérios.
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A regulação jurídica da organização e Direcção da actividade económica será fruto não só das
normas jurídicas internas, constitucionais ou infraconstitucionais, mas também, primariamente
das normas jurídicas que constam do tratado instituidor, e em segundo plano, das normas
emanadas dos órgãos da SADC. Para além das normas regionais, destacam-se os tratados, os
acordos, as convenções, os contratos internacionais entre outras.
4. Constituição Económica
Esta ideia, começou a colocar-se como resultado da evolução da ordem liberal onde diversos
factores levaram a que o Estado se visse na necessidade de intervir na Economia, tendo sido
concretamente com a promulgação da Constituição de Weimar de 1919.
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Porém, Weimar foi a constituição que trouxe uma reforma mais aturada na ordem económica
liberal, sem, contudo, acarretar uma quebra revolucionária com o modelo liberal, que na verdade
serviu de inspiração das constituições que surgiram posteriormente como a espanhola que foi
mais longe, ao consagrar a socialização da propriedade, expropriação por interesse público entre
outras limitantes económicas liberais.
Weimar foi bastante aflorado em momentos anteriores, foi apenas o marco mais visível, tendo-se
seguido outras constituições (inspiradas por aquele), como a portuguesa (1933) e a brasileira de
1934.
Entende-se por Constituição, o texto jurídico superior donde decorrem e retiram validade todas
as leis ordinárias, este texto contém um conjunto de regras jurídicas definidoras de relações do
poder político, do estatuto do governante e dos governados. Esta pode ser em sentido formal e
em sentido material (matérias amplamente abordadas em Direito Constitucional).
Sendo uma Constituição o repositório de normas que norteiam a vida de um determinado Estado,
quando nela se consagra normas com cunho numa determinada área, essa área vai se assumir
segundo as normas constitucionais como Constituição dessa área. É o que acontece com a
Constituição Económica, assim denominada porque na Constituição no geral sem encontram
impregnadas normas de âmbito económico.
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É neste contexto que se entende por sistema económico a forma típica de organização e
funcionamento da Economia, esta forma típica de organização e funcionamento da Economia é
baseada num conjunto de princípios fundamentais.
Os sistemas abstractos são tipos ideais de organização da Economia baseada em princípios que
vão orientar a actividade económico no sentido de resolver os três problemas económicos
fundamentais como seja, o que produzir, como produzir e para quem produzir.
Como sistemas ideais temos o sistema de direcção central da economia e o sistema de economia
livre.
O sistema de direcção central parte do princípio de que todas as decisões económicas deverão
ser tomadas por uma mesma entidade central, os problemas económicos fundamentais que no
referimos, são resolvidos por aquela entidade central, pois é quem interpreta as diversas
necessidades da sociedade e decide o que produzir, determina quais serão as técnicas e que
combinações de técnicas que serão empregues na produção, resolvendo assim, a questão de
como produzir e por a entidade central decide quais as quantidades de produto que serão
distribuídos por cada indivíduo, ou por cada sector.
Qualquer economia funciona com base na articulação entre os elementos que a integram e os
respectivos processos (produção, distribuição e consumo). É a articulação entre esses elementos
e processos que nos dá a ideia de sistema económico.
Na verdade, qualquer sistema económico obedece a regras e funciona com base numa articulação
intrínseca entre os elementos e os processos. É assim que:
b) Ordem pública da economia – que é aquelas cujas normas fundamentais estão inseridas
na Constituição Económica (normas vinculativas no seu exercício, sendo obrigatórias a
todos).
Não é pensável que uma constituição possa conter um sistema político contrário ao sistema
económico, tem que haver sempre numa constituição, uma dinâmica entre os sistemas, visto que
esta é um todo articulado.
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É neste entendimento que podemos encontrar numa constituição, três realidades ou universo de
normas, designadamente:
Normas imperativas;
Normas fundamentais; e
Normas concretizadoras.
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A constituição económica vai fixar a ordem fundamental da economia, sendo através das normas
programáticas e estatutárias que se concretiza através de dois instrumentos fundamentais:
Existência do mercado com regulador da economia (visto ser o mercado que dita a
projecção da economia).
Definir o tipo de reformas que devem ser introduzidas no sistema económico, tendo em
vista a revitalização e modernização da economia.
Porém, existem elementos de referência que permitem uma avaliação e uma fiscalização da
execução da constituição, e ocorrem em dois momentos:
Definição dos elementos jurídicos do sistema económico, que ajudam na realização dos
objectivos jurídicos.
Definição dos modelos que devem corporizar as reformas caso assim se justifique
(podendo ser no domínio fiscal, na desconcentração e ou na descentralização).
A Constituição, mesmo que se faça um estudo autónomo, representa um todo, pois reflecte nele
uma coerência em relação aos diversos capítulos.
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Não se pode pensar que a parte política da constituição obedece a uma forma diferente da parte
económica.
O mercado supõe que haja direito de propriedade, segundo o qual as pessoas podem usufruir dos
seus bens, tem uma livre disposição dos seus bens, bem como deve estar presente o critério da
concorrência.
Dada a ruptura com os ideais do Estado Português, devido a independência que Moçambique
acabava de alcançar, a economia Moçambique tomou outro rumo, esta é a primeira grande
ruptura. No seu art.º 2 a Constituição de Tofo diz “A República Popular de Moçambique é um
Estado de democracia popular em que todas as camadas patrióticas se engajam na construção
de uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem” e que na RPM “… o poder
pertence aos operários e camponeses” com o objectivo fundamental (art.º 4) de eliminar as
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Através do art.º 8 parte final, da CRPM, o legislador constituinte moçambicano estabeleceu que a
RPM reconhece a Carta dos Direitos e Deveres Económicos dos Estados aprovada pela 29ª
Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Esta posição do legislador constituinte, parece estar a concorrer para a abolição da separação
entre os detentores e não detentores dos meios de produção, o que com o sistema marxista ora
em vigor compreenderia a criação de condições para a socialização dos meios de produção e a
sua socialização. A Constituição de 1975 tem carácter proclamatório e se tornou bastante rígida.
Contudo, a partir de 1977, embora de sendo de carácter marxista, esta começa a moderar a sua
posição através da prática legislativa e governamental. Contudo ficou patente a questão do rigor
da intervenção do Estado na economia e também verificam se as nacionalizações, que visavam
necessariamente a colectivização dos meios de produção, a chamada intervenção democrática
dos trabalhadores.
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A segunda ruptura verifica-se em 1990 como modelo anterior, o de 1975. Antes, em 1975,
qualquer iniciativa que houvesse tinha que passar pelo Estado, contrariamente à actual que diz
que as diversas forças do mercado actual em concorrência, isto para demonstrar que a filosofia
do legislador ordinário deve seguir o princípio de que o sistema económico moçambicano
obedece a 4 formas de propriedade, conforme resulta do disposto no n.º 2 do art.º 41 da CRM.
Propriedade privada
Tem beneficiado das privatizações as quais procuram o seu alargamento económico, este Sector
dimensiona-se a partir da verificação da propriedade ou de gestão privadas, com natural
excepção das empresas Cooperativas.
Propriedade familiar.
Propriedade pública
Formado pelo núcleo estadual em resultado das privatizações realizadas nos últimos anos, por
isso os bens que encontramos dentro do Sector Público, registam propriedade e gestão do Estado
ou de outras entidades públicas.
O Sector Público, nos termos do n.º 2 do artigo 99 da CRM é constituído pelos meios de
produção cuja propriedade e gestão pertence ao Estado ou a outras entidades públicas.
Representa o conjunto das actividades económicas de qualquer natureza exercida pelas entidades
públicas (Estado, Associações e Instituições Públicas, quer assentes na representatividade e na
descentralização democrática, quer resultantes da funcionalidade - tecnocrática e da
concentração por eficiência). Ou subjectivando, o conjunto homogéneo de agentes económicos
que as desenvolvem.
Através do Sector Público, o Estado produz bens ou prestações e serviços ora em concorrência
com empresas privadas ou Cooperativas ora em monopólio natural ou legalmente protegido.
O Domínio Público, são os poderes directos ou imediatos sobre os bens de que o Estado é titular
enquanto munido de “imperium”.
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Pela Lei n.º 6/2012, Lei das Empresas Públicas, este diploma define os princípios fundamentais a
que devem obedecer os estatutos das Empresas Públicas, constituindo, por assim dizer uma
moldura dentro da qual se admite a diferenciação desses estatutos, em ordem a permitir a sua
adaptação às características da actividade de cada empresa.
São Empresas Públicas, as empresas criadas pelo Estado, com capitais próprios ou fornecidos
por outras entidades públicas, para a exploração de actividade de natureza económica ou social,
de acordo com o planeamento económico nacional, tendo em vista a construção e
desenvolvimento de uma sociedade democrática.
São também Empresas Públicas e estão, portanto, sujeitas aos princípios consagrados no presente
diploma as empresas nacionalizadas. As Empresas Públicas gozam de personalidade jurídica e
são dotadas de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. A capacidade jurídica das
Empresas Públicas abrange todos os direitos e obrigações necessários à prossecução do seu
objectivo, tal como este é definido na respectiva Lei.
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A luz da CRM, são notáveis dois tipos de propriedades que se complementam mutuamente:
Propriedade Estatal, Propriedade cooperativa, Propriedade Mista e Propriedade Privada. O art.º
42 da CRPM realça o papel fundamental do sector familiar, enquanto o art.º 45 realça a aberto da
economia nacional para investimentos estrangeiros em todos os sectores, exceptuando para
aquelas áreas cuja propriedade de exploração é exclusivamente reservada para o Estado (vide o
art.º 14).
Actualmente (Constituição de 2004) se tem dado maior ênfase ao sector privado, sendo que esta
situação decorre dentro do postulado na Constituição, o quer dizer que nenhuma das áreas poderá
ser suprimida.
Assim, o artigo 96 CRM de 2004, refere que “A política económica do Estado é dirigida à
construção das bases fundamentais do desenvolvimento, à melhoria das condições de vida do
povo, ao reforço da soberania do Estado e à consolidação da unidade nacional, através da
participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente dos recursos humanos e materiais”.
Já no art.º 99 da mesma CRM fala dos sectores de propriedade dos meios de produção, que são
eles o público (constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertence ao Estado
ou a outras entidades públicas), o privado (constituído pelos meios de produção cuja propriedade
e gestão pertence a pessoas singulares ou privadas) e cooperativo e social que compreende,
especificamente, os meios de produção comunitários, possuídos e geridos pelas comunidades
locais, e os meios de produção destinados a exploração exclusiva por trabalhadores e, os meios
de produção geridos e possuídos por pessoas colectivas, sem carácter lucrativo, que tenham
como principal objectivo a solidariedade social, designadamente as entidades de natureza
mutualista.
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Na valorização do trabalho;
Nas forças do mercado;
Na iniciativa dos agentes económicos;
Na coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social;
Na propriedade pública dos recursos naturais e dos meios de produção, de acordo com o
interesse colectivo;
Na protecção do sector cooperativo e social; e
Na acção do Estado como regulador e promotor do crescimento e desenvolvimento
económico e social.
A ordem jurídica, é o conjunto das normas e princípios que regulam as relações no contexto do
Estado de Direito. A ordem jurídica da Economia é a formada pelas regras jurídicas e pelos
princípios aplicáveis à esfera económica.
A história económica conheceu dois grandes sistemas (modelo Socialista e modelo Capitalista),
sendo o elemento comum que os caracteriza é a intervenção do Estado. A história do Direito
Económico está ligada desde a sua origem, ao contexto da intervenção do Estado na vida
económica, por entender-se uma atitude positiva (actos) do Estado, ou seja, uma determinada
acção. Esta intervenção pode se verificar sob vários prismas (tipos).
Todos os fenómenos (e relações) sociais são totais, sendo os económicos e jurídicas apenas duas
das facetas, sem dúvida muito relevantes, que os fenómenos (e relações) sociais comportam.
O nível jurídico é, dentro da moldura formada pelo Direito que se vai desenrolar a dinâmica
económica protagonizada pela empresa.
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A atitude do Estado pode revestir um amplo leque de atitudes, que vai desde a era da tomada de
decisões económicas por via administrativa, até ao espartilhamento da actividade económica
privada, através da apropriação colectiva dos principais meios de produção, em que o Estado
domina uma economia centralizada e planificada.
Entre destes dois (Estado-polícia e Estado-único ou principal agente económico), existe uma
multiplicidade de regimes económicos, cuja matriz vai ser dada pela relação de forças
estabelecida entre a autoridade estadual e a actuação dos operadores privados, ou, por outras
palavras, pela forma e medida da intervenção do Estado na vida económica.
A intervenção do Estado visa por um lado dar direcção ao rumo da economia, permitindo ainda a
sua planificação. Outrossim, verificando-se a existência sectores que por excelência a sua
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Embora todos sejam levados a cabo pelo Estado, pode se estabelecer uma diferença entre
eles, podendo ser qualitativo ou quantitativo.
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b) Bilateral: esta é notável quando se opta por formas contratuais para o exercício
da autoridade, procurando consensos com os parceiros, o que dá azo a maior
eficácia da intervenção do Estado, contribuindo para uma paz social. Nesta
intervenção há acordos anteriores entre o Estado e os diferentes intervenientes no
processo produtivo.
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Neste modelo, o papel do Estado alargou-se a todas as esferas da actividade, com destaque para a
economia, e a sua actividade assumiu finalidades próprias, distintas das dos indivíduos. A
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actividade económica deixa de ser mais um sector indiferente da actividade privada geral,
passando a ser objecto específico conformador dos poderes públicos, de tal forma que a ciência
económica deixa de ter por objecto o simples estudo do contemporâneo económico do indivíduo
e passa a abranger também o Estado.
A necessidade de regular o mercado foi os elementos essenciais que ditaram com que o Estado
interviesse na economia com vista a corrigir, controlar e conformar o funcionamento espontâneo
da decisão económica e descentralizada.
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A intervenção dos poderes públicos é ditada por considerandos de justiça distributiva ou mesmo
social numa tentativa de controlo e conformação dos resultados do mercado. O mercado deve ser
corrigido pelas instituições políticas, sendo a norma jurídica o instrumento dessa tarefa. Esta
tarefa pode não ser de mera correcção, mas de controlo do mercado pelo Estado.
A dimensão dos valores prosseguidos pelo Estado na sua tarefa conformadora da vida social e
económica deve exprimir, a querer ser legítima, as preferências colectivas manifestadas pelo
texto constitucional e na legislação ordinária. Tais preferências exprimem a primazia a
colectividade dá certos valores em detrimento de outros, para o segundo plano ou mesmo
ignorados.
Os objectivos que presidem a estas funções do Estado podem ter a ver com a redistribuição do
rendimento, que pode ser obtido através da produção directa pelo Estado e sua colocação no
mercado a preços mais baixos que os do mercado, podendo ser através de subsídios a outros
produtores ou aos consumidores ou mesmo pela fixação de preços máximos.
Quando o Estado produz ou distribui bens ou serviços, retira do mercado certas actividades,
reservando para si o seu exercício ou concorre com os agentes económicos privados ou
cooperativos na mesma actividade. Intervém, assim, por via directamente económica, ao passo
que o Estado regulador possibilita e condiciona positiva (incentivando) ou negativamente
(proibindo a actividade de terceiros), na qualidade de agente exterior ao mercado. Nesta função o
Estado usa meios de natureza político-legal, ou, em certas circunstâncias, meios contratuais.
A questão que se coloca é como aplicar os recursos escassos na satisfação das necessidades
públicas, o modo como se faz a produção e aplicação dos recursos (bens) escassos. Porém, pode
se avançar as seguintes soluções:
A questão que se coloca ao nível da satisfação das necessidades, é o facto de estas poderem ser
feitas através de:
Bens que são resultado da combinação de três factores: o capital, mobilização do capital e
maior técnica, bens naturais que não são oferecidos pela natureza – estamos a falar do
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esforço humano conjugado e que vai dar lugar a bens com uma mais-valia e vai-se
criando bens mais duradoiros.
Tem-se desta forma cada vez mais serviços oferecidos, representando uma parcela fundamental
da economia, que é na verdade a produção de bens e serviços.
Na época liberal, a actividade económica do Estado – distinta, por natureza, da função própria do
Estado como legislador e como administrador da coisa pública – era, então, entendida como
excepcional.
A doutrina liberal defendia que os poderes públicos deviam se abster de actuar como agentes do
mercado sob a pena de falsearem as leis do mercado. Defendiam que o Estado devia actuar como
agente económico sempre que justificasse, como forma de corrigir as falhas do mercado.
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Uma empresa é uma unidade económico-social, integrada por elementos humanos, materiais e
técnicos, que tem o objectivo de obter utilidades através da sua participação no mercado de bens
e serviços. Nesse sentido, faz uso dos factores produtivos (trabalho, terra e capital).
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As empresas podem ser classificadas de acordo com a actividade económica que desenvolvem.
Deste modo, deparamo-nos com as empresas do sector primário (que obtêm os recursos a partir
da natureza, como é o caso das empresas agrícolas, pesqueiras ou pecuárias), as empresas do
sector secundário (dedicadas à transformação de matérias-primas, como acontece com as
industriais e as da construção civil) e as empresas do sector terciário (empresas que se dedicam
à prestação de serviços ou ao comércio).
Outra classificação igualmente possível para as empresas é de acordo com a sua constituição
jurídica. Existem empresas individuais (que pertencem a uma única pessoa) e societárias
(constituídas por várias pessoas). Neste último grupo, as sociedades, por sua vez, podem ser
anónimas, de responsabilidade limitada e de economia social (as chamadas cooperativas), entre
outras.
As empresas também podem ser definidas de acordo com a respectiva titularidade do capital.
Assim, mencionaremos as empresas privadas (cujo capital está nas mãos de particulares), as
públicas (controladas pelo Estado), as mistas (o capital é partilhado por particulares e pelo
Estado) e as empresas de autogestão (o capital é propriedade dos trabalhadores).
A gestão de empresas, no que lhe diz respeito, é uma ciência social que se dedica ao estudo da
organização destas entidades, analisando a forma como são geridos os seus recursos, processos e
os resultados das suas actividades.
Por definição, a propriedade consiste na apropriação de bens criados pelo homem no processo
produtivo. A noção de propriedade estava relacionada com as coisas reais e tangíveis, de uso ou
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A um determinado nível e estado das forças produtivas da sociedade corresponde uma forma de
propriedade que lhe é inerente. A diversidade das formas de propriedade que se sucederam no
decurso da história é uma consequência da evolução das relações entre os homens e não apenas o
produto da evolução entre as sociedades humanas e os produtos da natureza. Existe, portanto,
uma relação estreita entre as formas de propriedade e o desenvolvimento das relações sociais.
Poderá dizer-se que o principal indício a distinguir uma sociedade encontra-se no seu regime de
propriedade.
As relações de apropriação compõem-se de tantas formas quantos os elementos que existem num
processo de trabalho. Podem distinguir-se as seguintes formas de apropriação: dos recursos
naturais e dos objectos de trabalho; dos instrumentos e meios de trabalho; do próprio homem ou
da sua força de trabalho; dos bens de consumo tangíveis e intangíveis; das mercadorias; dos
conhecimentos científicos e técnicos; do dinheiro e documentos financeiros.
Quando os meios de produção e os produtos do trabalho se encontram nas mãos duma parte da
sociedade, a propriedade adquire um carácter privado. Então, o controlo dos bens de consumo,
de produção ou ambos, pode ser conferido a um indivíduo ou entidade. A propriedade privada
aparece quando as forças produtivas atingem um nível que permite criar mais produtos do que o
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mínimo dos necessários para satisfazer as necessidades prementes. Quando semelhante nível foi
atingido, tornou-se vantajoso para as classes dominantes utilizar e explorar o trabalho alheio. A
propriedade privada isola e opõe os homens uns contra aos outros e torna-se uma fonte de
alienação.
A propriedade privada apresenta-se sempre sob uma forma historicamente determinada e amplia-
se quando começa a verificar-se a separação efectiva entre os produtores de bens e os detentores
dos meios de produção desses mesmos bens, dependendo o seu conteúdo e a sua forma do modo
dominante de produção. Apresenta-se como uma relação fundamental entre classes sociais que se
modifica com as mudanças das condições económicas e sociais da sociedade humana. Não
podiam existir classes sociais antes do aparecimento da propriedade privada.
No regime de comunidade primitiva, onde o nível das forças produtivas era extremamente baixo,
a posse dos instrumentos de produção e dos produtos do trabalho era colectiva. Com a
decomposição deste regime surge a propriedade privada sobre os meios fixos de produção, assim
como sobre o próprio trabalhador convertido em escravo.
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O art.º 10 da CRPM consagra ainda o que sector estatal dever o dominante na economia do país.
Na fase de transição para o socialismo em que se encontrava Moçambique, era de máxima
importância o papel a desempenhar pelas empresas estatais.
Neste contexto, as empresas estatais assumiam uma função primordial na construção da base
material para a edificação de uma nova sociedade e para o acelerado desenvolvimento
económico planificado (art.º 9).
Pretendia-se que a empresa estatal fosse um instrumento essencial através do qual o Estado
assumiria a função dirigente e impulsionadora da economia nacional. Esta constituía a forma
jurídico-institucional da actividade empresarial do Estado, o que caracterizou o importante peso
económico, político, e social do sector empresarial do Estado pós-independência. Este era
constituído essencialmente por empresas directa ou indirectamente nacionalizadas.
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Com a política de privatizações e liberalização de certos sectores, levada a cabo a partir de 1989
e continuada, mercê da revisão constitucional em 1990, veio alterar o rumo da economia no que
concerne ao papel do Estado como produtor ou detentor do sector produtivo.
O Estado como produtor de bens e serviços surgiu num contexto do sistema socialista, como
foi amplamente dito anteriormente.
Na verdade, as autoridades que tomam decisões ou apostam no Estado como produtor, tem em
frente duas opções:
Opção por um Estado dimensionado, equilibrado, que se rege e se orienta pelo mercado.
É na última opção que Moçambique se orienta (ou), o que ditou ao surgimento do sector público
empresarial (empresas públicas). Esta opção foi condicionada por dois factores:
O primeiro, que tem a ver com a realização do Projecto Constitucional: o Estado era o
dinamizador, o impulsionador da economia (art.º 10 da CRPM de 1975). Esta
constituição determinou o modelo socialista assente no sector produtivo nas mãos do
Estado.
Segundo, o facto de a economia ter sofrido um processo transformador, não lhe restando
outra alternativa que não fosse assegurar o sistema económico. A transformação em
referência, está ligada ao abandono e sabotagem que deixou o Estado sem qualquer outra
alternativa senão assumir o seu funcionamento integral. No caso das empresas que ainda
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Em qualquer dos casos, o Estado tinha que intervir no sector empresarial. É assim que o Estado
tomou conta das empresas privadas, denominando este processo de intervenção na gestão das
empresas/ intervenção na gestão do sector empresarial. Na reforma do sector empresarial o
Estado usou como instrumentos:
b) Reversão das quotas dos sócios que tinham perdido a residência (por abandono) a favor
do Estado, através do Decreto n.º 18/77.
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A criação de sectores empresariais com peso significativo nas economias nacionais encontra-se
historicamente ligada à experiência das nacionalizações, como é o caso das nacionalizações.
Contudo, não se deve deixar de lado a necessidade em que o Estado se encontrava no pós-
independência, o que concorreu para a presença maciça do Estado na economia, é a intervenção.
6.5.3. As nacionalizações
A nacionalização é um acto político que implica a passagem de empresas privadas para a esfera
jurídica estatal, isto é, passam para a propriedade do Estado. A expropriação pode ser feita a
favor de outras entidades públicas territoriais ou não (regiões, municípios, universidades) ou até
entidades particulares, como por exemplo, através da concessão de serviços públicos.
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O acto de nacionalização é sempre um acto do Estado, no qual se manifesta o ius imperium, que
aliás, se manifesta também na possibilidade de este dar o destino que lhe aprouver a esses bens,
com a excepção de não atribuir essa titularidade a determinados sujeitos dos órgãos do Estado.
É assim que o sector empresarial do Estado foi sempre caracterizado por empresas estatais
(muitas delas resultantes da nacionalização e depois transformadas em estatais) e
intervencionadas.
A expropriação limita-se ao direito de propriedade, nos termos do art.º 82/2 da CRM, cabendo a
justa indemnização. A nacionalização também dá lugar a indemnização, embora não sendo
consensual. Ver o Decreto n.º 5/75, de 17 de Maio, DL n.º 53/75, de 15 de Março (ver também o
art.º 8 da CRPM e o art.º 109 da CRM).
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dos particulares a coberto da prevalência do interesse público. Diferem-se, no entanto, para além
da essência de cada uma, pelo grau de interferência do Estado.
6.5.4.1. Intervenção
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Em alguns casos a intervenção pode consistir uma primeira fase do processo que culminará na
nacionalização, dificultando desta a forma a distinção. Contundo, são notáveis algumas
diferenças significantes, tais como:
Ver a Lei n.º 1/92, de 3 de Julho, Lei Orgânica do Banco de Moçambique e a Lei n.º 15/99, de 1
de Novembro, Lei das instituições de crédito e sociedades financeiras, concretamente os art.º s
83 e 84, o DL n.º 16/75, de 13 de Fevereiro (regime jurídico da intervenção do Estado nas
empresas privadas), a Lei n.º 13/91, de 3 de Agosto e o DL n.º 18/77, de 28 de Abril, que previa
a transformação das empresas intervencionadas pelo Estado em empresas estatais.
Segundo o nº art.º 82 da CRM “A expropriação só pode ter lugar par causa da necessidade,
utilidade ou interesse públicos, definidos nos termos da lei e dá lugar a justa indemnização”. Este
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A expropriação incide sobre bens sobre bens imobiliários, enquanto a nacionalização incide
sobre uma universalidade de bens. Na expropriação cabe indemnização, vide o n.º 2 do art.º 13
do da Lei n.º 3/93, de 24 de Junho, Lei de Investimentos.
6.5.4.3. Requisição
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6.5.4.4. Confisco
Este tem carácter sancionatório, e consiste na perda, a favor do Estado, da totalidade ou em parte,
do património em virtude do cometimento de certos actos ilícitos.
O confisco só é possível quando se verifica um crime que envolve a própria coisa objecto de
confisco.
Estão são próprias da época contemporânea, finais do Sec. XX. Elas apareceram primeiro na ex-
URSS, em resultado da Revolução Russa de 1917.
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Porém, é nos pós Segunda Guerra Mundial, que o fenómeno nacionalização começa a ganhar
espaço no Ocidente europeu, embora o leste europeu tenha as adoptado com mais relevo devido
as influências soviéticas.
No mundo extraeuropeu, concretamente nos chamados país do terceiro mundo, com suas
independências, incluindo a necessidade da também chamada independência económica,
encetaram movimentos de nacionalização tendente a colocar sob controlo político, sectores
económicos estratégicos, até a essa altura sob controlo de fiéis aos colonizadores, tendo a década
60, período em que a África as popularizou.
Moçambique, com o advento da sua independência, e pôr a maior parte de sectores ditos
estratégico este nas mãos de particulares, aliados a colonização, não tardou a entrar em processo
de nacionalizações como uma das ferramentas de democratização da sociedade e do Estado e de
modificação da estrutura económica para que a servir de base à fase de “transição para o
socialismo”. É assim que é executado um longo processo de nacionalizações, desde a terra, os
recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas territoriais e na plataforma continental.
Tanto as Constituições de 1975 e de 1990, não previam de forma expressa a figura das
nacionalizações, tão-somente o art.º 8 da CRPM conferia ao Estado o direito de propriedade da
terra, dos recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas territoriais e na plataforma
continental, o que não se mostrava irrelevante a despeito das implicações directas e imediatas da
proclamação da independência, uma vez que transfere clara e distintamente a titularidade da terra
para o Estado moçambicano. Contudo, nas constituições de 1990, (art.º s. 35, 46 e 47) e de 2004
(art.º s. 98, 109, 110 e 111), vieram estender o espírito do art.º 8 da CRPM.
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Pela timidez constitucional sobre o termo nacionalização, são aprovados o DL n.º 16/75, de 13
de Fevereiro (regime jurídico da intervenção do Estado na gestão das públicas, intervenções
essas que serviram de pressuposto para as nacionalizações) e a Lei n.º 13/91, de 3 de Agosto.
Ainda no mesmo cenário, é aprovada a Lei n.º 3/93, de 24 de Junho, Lei de Investimentos, onde
segundo o n.º 2 do art.º 13, abriu a possibilidade de nacionalizações na área industrial. Esta lei
foi regulamentada pelo Decreto n.º 14/93, de 21 de Junho, e no seu artigo 26, fixa o prazo de 90
dias para eventuais reclamações da titularidade de certos empreendimentos por investidores cujas
empresas tenham sido intervencionadas.
6.5.5. As privatizações
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A privatização pode verificar-se por via da colaboração entre entidades privadas na execução de
tarefas públicas. Destas formas atrás enunciadas pode ocorrer em vários sentidos:
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As privatizações surgem como uma forma de encontrar soluções de para tornar as empresas
outrora pertencentes ao Estado mais competitivas e agressivas no mercado modernizando as
infra-estruturas, reduzindo a estrutura de custos fixos e elevando a qualidade de serviços
prestados.
As privatizações são tidas como a base para a transformação da economia do país para uma
economia de mercado onde o sector privado vai desempenhar um papel preponderante na
dinamização do mercado, através de um processo que toca em muitas ou quase em todas as
esferas da dinâmica das empresas gerando mudanças estruturais, tecnológicas e nas pessoas.
Elas designam uma técnica pela qual o Estado reduz ou modifica a sua intervenção na economia
a favor do sector privado, implicando, por isso, a redução do domínio económico do sector
público.
Com vista ao alcance deste objectivo, o Estado recorre a várias formas que variam em função das
políticas públicas e económicas por ele definidas. A privatização pode significar:
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Formal ou legal: esta pressupõe, apenas, o recurso pelo Estado de regimes jurídicos
de direito privado, não obstante manter a respectiva titularidade e direcção de gestão;
Material: que se traduz na transferência da propriedade ou da gestão dos meios de
produção do sector público para o sector privado. A privatização material pode
subdividir-se em:
i. Organizativa, quando compreende essencialmente a figura de concessão; e
ii. Funcional, segundo a qual a função empresarial em causa é coordenada pelos
sujeitos privados.
A privatização funcional pode ainda ser parcial, quando o sujeito privado detém mais
da metade do capital social, ou total dos serviços.
Económica financeira: esta traduz-se na abertura das empresas ao capital privado,
contudo, sem que Estado abdique do controlo jurídico que lhe advêm de uma
participação maioritária.
São vários os motivos que ditam com que o Estado tome a necessidade de reduzir o seu papel
interventor ou de agente económico, sendo de destacar:
A ineficiência das empresas públicas provocada, em parte, pela sua gestão de dar a
primazia aos objectivos políticos e sociais, ao invés dos objectivos económico-
financeiros e comerciais;
A redução das tarifas e de preços;
Os aspectos ligados ao modelo de gestão; e
A interferência do sistema político partidário na nomeação dos gestores.
Na verdade, há que assinalar que as privatizações visam reduzir o papel do Estado empresário
para melhorar a eficácia e eficiência da economia, incentivando a livre concorrência, tendo como
objectivos:
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6.5.5.6. Objectivos
De acordo com a Lei n.º 15/91, de 3 de Agosto, constituem objectivos das privatizações:
É assim que foi aprovado o Decreto n.º 21/89, de 23 de Maio, que veio estabelecer os
mecanismos processuais para as privatizações.
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No tocante a pequenas e médias empresas, a selecção é feita pelo Ministério de Tutela ao que se
segue a reestruturação a cargo da Comissão Nacional de Avaliação e Alienação (CNAA), sendo
o PM que emana a decisão final.
Quando a venda não precede de um concurso público a decisão é emanada pelo Ministro de
tutela e pelo Ministro da Economia e Finanças, tratando-se de empresas de âmbito nacional, ou
pelo Governador Provincial, tratando-se de empresas de âmbito provincial.
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A intervenção indirecta do Estado é uma constante nas Economias de mercado com forma de
regulação dos agentes económicos, condicionando-os através das formas seguintes:
a) Leis e outros instrumentos normativos;
b) Contratos económicos;
c) Política Económica;
d) Concessão de subsídios fiscais ou financeiros.
A regulação económica é por isso, uma alternativa ao desempenho pelo Estado do papel de
agente económico.
Nas Economias menos desenvolvidas, surge frequentemente a coexistência de duas atitudes de
intervenção: directa e indirecta.
O modelo moçambicano actual desenvolve um conjunto de princípios de organização económica
fixados no art.º 96 da CRM, se por um lado encontramos um desenvolvimento do mercado de
uma frequência do Estado pelas formas de intervenção indirecta, a verdade é que subsiste o
Sector Público por imposição constante do n.º 2 do art.º 99.
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7. Planificação da economia
Planificar não é questão ideológica. Para se chegar a esta conclusão basta pensar que quer os
EUA, quer a URSS pós primeira grande guerra, tiveram necessidade de planificar.
Progressivamente, foi substituída pela pax americana que procurou saciar a ânsia humana com a
produção crescente que conduziu à concentração da riqueza nas mãos da maioria em detrimento
do bem-estar da maioria.
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substituem, em situação alguma, as obras de consulta obrigatória recomendadas e são passíveis a todas as críticas,
tendo em vista ao seu melhoramento.
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A vontade de intervir cria a paz social, que, com o fito de buscar a coexistência pacífica no plano
legal e material com uma justiça distributiva, leva a que se introduzissem os planos económicos
num contexto de linguagem sob a tríplice concepção mitológica, metafísica e programática.
O Plano é um mito que se revestia de uma previsão instrutiva, fora dos conceitos discursivos e
técnicos, que cria uma nova realidade e propõe um dever-ser miticamente aureolado, parte de
uma cosmogonia mítica que envolve o povo num círculo mágico.
A URSS foi a pioneira na aplicação e execução da planificação económica, quando dirigida por
Stalin, elaborou um sistema de metas com duração estipulada de cinco anos, os chamados planos
quinquenais, e dando ênfase ao sector energético e da indústria pesada de bens de capital.
Porém, a planificação económica, da forma como foi implementada, não produzia uma
quantidade de riqueza suficiente para melhorar o padrão de vida dos cidadãos soviéticos,
deixando em segundo plano a produção de bens de consumo, que para além de pouca oferta,
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“Planificar significa criar as condições para que cada trabalhador sinta o projecto que constrói
como uma obra que lhe pertence, para que conheça os benefícios dessa obra.
Moçambique conquistou a sua Independência em 1975 depois de 10 anos de luta armada anti-
colonial e revolucionária. Portugal ocupava o território moçambicano desde os princípios do
Século XVI. Contudo, a presença portuguesa só foi efectiva a partir da segunda metade do
Século XIX, depois da conferência de Berlim, e as últimas batalhas contra a resistência do povo
moçambicano tiveram lugar já nos princípios do século XX.
A colonização portuguesa caracterizou-se, até meados do Século XX, por uma exploração
mercantilista, tráfico de escravos e exploração de mão-de-obra. Portugal, ele próprio um país
colonizado na Europa, praticou um colonialismo de “segunda mão” com pouquíssimos
investimentos em infra-estruturas ou sectores não imediatamente reprodutivos. As grandes fontes
exploradas foram a exportação de mão-de-obra para as minas da África do Sul e os portos
marítimos que serviam os países vizinhos (RSA, as Rodésias do Sul e Norte e o Malawi).
Os recursos agrários, florestais, piscatórios e mineiros não foram mais que incipientemente
desenvolvidos e, mesmo assim, só rentabilizados através da exploração quase esclavagista da
mão-de-obra. Só nos últimos anos no domínio colonial se começaram a estabelecer as primeiras
indústrias transformadora, têxteis, alimentares, metalomecânicas. A rede energética servia e
serve apenas os centros urbanos e muito deficientemente. Aina hoje não um rodoviário
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completamente transitável do Norte a Sul, incluindo o ferroviário, embora esforços venham a ser
envidados.
Por outro lado, a existência de uma classe de operários que alternam o trabalho industrial na
RSA e o trabalho predominantemente agrário em Moçambique, cria condições de grande
ambiguidade e dependência económica que provoca desequilíbrios sociais, criam uma classe de
consumidores sem possibilidade de satisfação, agrava o contraste entre uma sociedade
industrializada e economicamente em vias de desenvolvimento, com expectativas e hábitos de
consumo de país industrializado.
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luta pela sua independência política ainda à procura de identidades nacionais, em exploração
directa por potências capitalistas e, em geral, ele próprio de aspiração capitalista.
Um ano após a independência, o país conheceu uma deserção em termos de capacidade técnica e
administrativamente. a direcção é corajosamente assumida por quadros políticos tecnicamente
inexperientes ajudados pelos primeiros cooperantes e técnicos estrageiros de inspiração
internacionalista ou mais ou menos assumida.
A administração tinha que ser substituída por quadros políticos leais e esclarecidos. Um sistema
de segurança pública e um exército regular estabelecido e implementado no terreno. Tudo com
base num fundo de analfabetismo enorme, numa reserva de quadros de lealdade duvidosa, numa
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A estrutura da FRELIMO assumiu efectivamente o poder em todo o país. Foram os quadros que
haviam participado na luta, mutas vezes sem grande profundidade de compreensão política, e
quase sem preparação técnica, que tiveram que assumir a responsabilidade pela tomada
quotidiana das decisões. Não se era “do Governo”, era-se “da FRELIMO”.
Moçambique é um país extenso com mais de 800 mil quilómetros quadrados, cerca de 2.400
quilómetros de costa e 4.300 de fronteira terrestre confinado com 5 diferentes países. Um vasto
território desprovido de uma rede de transportes e comunicações minimamente eficazes para o
uso interno, mas servindo os países do interland, sem uma rede de distribuição de energia, mas
exportando electricidade, sem infraestruturas industriais, mas exportando matérias-primas sem
um sector agrário desenvolvido, mas com algumas das cidades mais modernas de África, tal era
o panorama a data da independência.
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Na definição da natureza dos planos moçambicanos, há que dizer que eles não são imperativos,
mas, por outro lado, são mais do que meramente indicativos, sendo necessário situá-los em seu
contexto.
Contudo, dois critérios podem ser usados para evidenciar a sua natureza jurídica:
O primeiro, que seria o de, com base numa definição a prior, de acto jurídico, indagar se
o Plano é um acto jurídico;
O segundo, partiria do estudo de características intrínsecas do Plano, para descobrir se
aquelas lhe permitem ser classificado como um acto jurídico.
Resulta igualmente que o Plano está dotado, tanto quanto a generalidade dos actos jurídicos, de
normatividade.
Com estes argumentos se pode chegar a conclusão de que o Plano é um conjunto de actos
colectivos, no sentido de que resulta da vontade comum do Estado.
Porém, outros negam esta posição, assumindo que o Estado se compromete perante a
generalidade da sociedade, tomar um conjunto de medidas, a cumprir certas tarefas e a realizar
um conjunto de objectivos em determinado período. Para estes, o Plano é tido como um conjunto
de normas objectivas.
A eficácia do plano decorre do sopro da vontade geral, imperium, mas do tal consentimento e
adesão dos administrados contidos no aço colectivo que é o Plano.
Para Laubadère, o Plano é definido como um documento adoptado pelos poders públicos,
destinado a analisar as probabilidades de evolução económica e definir as orientações
consideradas desejáveis e em cuja direcção se pretende impulsionar aos agentes económicos.
Actualmente os planos moçambicanos são indicativos, em oposição aos anteriores (de economia
centralizada), de natureza imperativa. Estes não estabelecem ordens e prescrições, mas sim,
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Planificar é uma tendência dos tempos modernos, é um imperativo democrático que deflui do
contexto internacional.
O Plano como contrato social assume um papel pedagógico, mobilizador de energias e criador de
vontade colectiva.
Ainda, o Plano abandona a rigidez das figuras jurídicas clássicas, pela sua elasticidade e
informalidade, flexibilidade, fluidez e temporalidade. É juridicamente relevante quando se
transforma em acto administrativo para a orientação político-económico.
Entende-se que a planificação pode desempenhar um papel central se concebido não como
simples quadro previsional das possibilidades de risco futuro, mas como instrumento de acção
susceptível de reorientar a economia, graças à condenação de múltiplas intervenções de poderes
públicos e a evolução profunda que se traduz na escolha de um novo modelo de
desenvolvimento.
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Os planos económicos devem ser entendidos como planos económicos e sociais, técnico-
administrativos. Estes podem ser:
Indicativos: próprios das economias competitivas, tem uma execução em que o princípio
é o da liberdade dos sujeitos económicos;
Maleáveis: são aqueles que permitem uma modificação e adaptação flexível ao longo da
sua execução, sempre que as circunstâncias assim o dita;
Mistos: estes são parcialmente imperativos e parcialmente indicativos.
Ainda, os planos podem ser, quanto ao horizonte temporal, de longo, médio e curto prazos.
A análise jurídica do plano implica, antes de mais, na distinção entre o Plano e o Direito da
planificação e do planeamento.
Entre o Plano e a sua execução interpõem-se uma série maior ou menos de formas executórias.
Nos planos de planificação centralizada ou direcção central, o plano é uma super lei, dotada de
força jurídica especial, na medida que ele é um instrumento primordial da vida económica, tendo
implicações quer no Direito Público quer no Direito Privado, donde as regras de
responsabilidade civil são retiradas para evitar as obrigações de indemnizar por perdas e danos
que dificultariam a sua aplicação,
O Plano é uma super norma, superior a lei ordinária e capaz de promover a invalidade oficiosa de
certas normas e contratos, e serve uma função positiva de base imperativa das normas e os actos
administrativos. O Plano é uma norma especial e um princípio constitucional actuante, não
meramente programático.
A super legalidade do Plano não é de natureza legislativa, mas reside nas prerrogativas dadas a
Administração.
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Os dois sistemas tendem a coincidir: doutro modo, o Estado iria abdicar de regular entidades
que, materialmente, se ocupam do dinheiro – hipótese dum sistema formal mais restrito do
que material – ou iria tratar como financeiras entidades estranhas ao fenómeno subjacente,
confundindo o mercado e prejudicando os operadores. Haverá, porém, sempre disfunções.
Segundo Teodoro Waty na sua obra Direito Bancário, o sistema financeiro representa o
conjunto de normas estruturadas por lei de modo a garantir a formação, captação e a
segurança das poupanças, bem como a aplicação dos meios financeiros necessários para o
desenvolvimento económico e social.
Fazem parte do sistema financeiro as instituições que actuam no mercado monetário, financeira
e cambial, que prosseguem actividades de natureza bancária e/ou financeira.
As famílias e as empresas além de consumirem, poupam. Ainda as empresas usam parte dos seus
lucros para investir ou reinvestir, comprando bens de capital e outra parte depositam em banco,
uma forma de poupança. Estas poupanças são caracterizadas através do mercado financeiro e do
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sistema bancário, que para além de aceitar tais poupanças, também concede crédito mediante
pagamento de juros.
O mercado monetário entendido como mercado de capitais a curto prazo, em que se enfrentam
uma procura provavelmente dos devedores privados e do Estado e uma oferta dos particulares,
das empresas e das instituições financeiras.
O mercado monetário tem como finalidade permitir a troca de valores com diferentes graus de
liquidez e por seu turno, o mercado financeiro trata de capitais disponíveis a longo prazo.
2ª fase: 1974-1977 – com os Acordos de Lusaca ficou determinado que Moçambique podia constituir o
seu Banco Central, sendo que a supervisão foi confiada ao Ministério da Coordenação Económica,
através do Decreto nº 23/74, de 23 de Novembro. Neste período surge efectivamente o Banco Central
através do Decreto nº 2/75, de 16 de Maio, definido como empresa pública.
Foram absorvidos pelo banco que acaba de nascer o pessoal do Banco Ultramarino. Em 1977 é
nacionalizada a banca através do Decreto nº 5/77, de 31 de Dezembro (BNU, BPD e BST).
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3ª fase: início da implementação do PRE. Nesta fase o escudo foi desvalorizado, tendo-se mantido uma
valorização administrativa do escudo em Moçambique de forma forçada, as políticas de crédito foram
em função das perspectivas políticas.
4ª fase: 1987 até hoje: com a introdução do PRE houve a implementação das reformas, aperfeiçoam-se
as negociações com o Banco Mundial e o FMI (iniciado em 1984) com vista a abertura do mercado
(abandonando a política de centralização), o quadro legal sobre a matéria financeira foi alargado.
b) Bolsa de Valores
A Bolsa de Valores permite a mobilidade de capital num determinado mercado cuja a função e
mobilizar as poupanças dos agentes económicos num determinado mercado cuja a função é
mobilizar as poupanças dos agentes económicos a fim de reunir e melhorar os meios de
produção, para além da sua capitalização (rendimento do capital investido).
Na Bolsa de Valores, um dos mercados financeiros trocam-se valores mobiliários que podem ser
agrupados em duas categorias, as obrigações e as acções.
Obrigação é o título de crédito emitido por uma sociedade comercial, um organismo público ou
Estado em resposta a necessidade de um empréstimo de capital, devendo os portadores do título
a receber, regra geral, um juro anual até o reembolso do valor.
A acção é um título de crédito que representa uma parte da propriedade de uma sociedade
anónima, a SA, emitida no momento da constituição. O portador de uma acção tem direito a
dividendo fixado anualmente em função dos lucros da empresa.
A emissão das obrigações e das acções designam-se de mercado primário, da mesma forma
acontece com a emissão de notas de moedas através do Banco Central. O Mercado primário
implica a emissão de moedas.
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Procurando sintetizar o sentido geral do regime geral das instituições de crédito, dir-se-á que
ele visou, essencialmente quatro objectivos:
Receber, na ordem interna, diversas regras comunitárias;
Simplificar o sistema de fontes;
Codificar as regras existentes;
Introduzir soluções mais aperfeiçoadas.
O regime geral das instituições de crédito não se limitou a simplificar as fontes bancárias
institucionais, compilando regras antes dispersas nos numerosos diplomas revogados: ele
introduziu um tecido normativo elaborado em função de critérios jurídico-científicos. Noutros
termos: o regime geral das instituições de crédito tem um papel codificador.
Trata-se duma dimensão a entender em termos de razoabilidade uma vez que falta, no direito
bancário institucional, uma ciência madura que permita maiores aprofundamentos. Mas ela
existe. Para tanto, bastará atentar em três pontos:
A sistematização ordenada do geral para o especial;
A confecção de regimes gerais aplicáveis às diversas instituições de crédito e
sociedades financeiras;
A subordinação das diversas rubricas às regras dos sectores normativos a que
pertençam.
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A Integração Económica refere-se ao conjunto de esforços dos Estados com vista ao alcance dos
seus objectivos, através de uma união entre eles. Esta pode resultar da união de vários Estados,
num todo.
A integração representa um processo onde os integrantes devem decidir com muito cuidado o
que pretendem realizar, a forma como pretendem fazer, assim como os objectivos a alcançar.
O Prof. Bela Balassa, na referência de Benjamim Alfredo, na sua obra Noções Gerais do Direito
Económico, considera que a teoria da integração económica está ligada aos efeitos económicos
da integração nas suas diversas formas e com problemas resultantes das divergências entre as
políticas monetárias e fiscais nacionais, entre outras.
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Nestas verifica-se:
b) União aduaneira
Nesta verifica-se a livre circulação de mercadorias, a pauta aduaneira é comum, não precisa a
prova da origem dos produtos, as regras são comuns.
c) Mercado comum
Esta abarca a união aduaneira e também exista a livre circulação de trabalhadores, livre prestação
de serviços, as políticas económicas são comuns, verifica-se a harmonização da legislação fiscal
das sociedades e outras, a produção e a comercialização observa um quadro legal comum.
d) União económica
O mercado é único, onde circulam pessoas, mercadorias, serviços e capitais, uma política de
concorrência entre outras medidas, tendo em vista ao reforço de mecanismos do mercado, as
políticas são comuns com vista a mudanças estruturais e desenvolvimento regional.
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Nesta verifica-se uma integração plena, no que tange as políticas monetárias, fiscais, aduaneiras
e sociais comuns. Embora os Estados membros tenham ambições individuais, estes são
vinculados pelas decisões tomadas em comum e parte da sua soberania é alienada em prol da
integração económica. É o caso da União Europeia.
g) Vantagens da integração
As relações entre os Estados são aquelas que se desenvolvem no âmbito do Direito Internacional,
podendo estas serem conflituosas ou pacíficas, sendo que estas últimas são amigáveis e se
desenvolvem de acordo com a normalidade internacional reconhecida e aceite pelos Estados
membro e expressas em convecções e tratados baseados no Direito consuetudinário, e
categorizam-se em:
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São diversos os factores que conduzem com que os Estados optem por uma integração
económica ou uma união, podendo ser económicos, políticos, culturais e geográficos, analisados
aqueles que são as vantagens e as desvantagens.
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