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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS - ESUDA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

MARIA MYLLENA GONÇALVES DE ARRUDA

MINDFULNESS E PSICOTERAPIA

RECIFE
2019
MARIA MYLLENA GONÇALVES DE ARRUDA

MINDFULNESS E PSICOTERAPIA

Atividade avaliativa para composição de nota no


Curso de Pós-graduação em TCC, na disciplina
de Mindfulness, ACT, Neurofeedback e
Biofeedback em Terapia Cognitiva
Comportamental na turma 06 da Faculdade de
Ciências Humanas - ESUDA.

Profª: CARMEM LUCIANE SOUZA REGIS

RECIFE
2019
Germer, Christopher K. Siegel, Ronald D. Fulton, Paul R. Mindfulness e
psicoterapia. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016.

Diante da complexidade da mente humana a Psicologia vem buscando


através das diversas abordagens que possui delinear formas de psicoterapia que se
tornem cada vez mais eficazes na minimização do sofrimento, seja qual for o fator
causador deste, visualizando o ser humano de maneira biopsicossocial e espiritual.
Por meio da visão holística é possível compreender o mindfulness como uma
maneira do indivíduo se relacionar com a experiência sem precisar evitá-la para
sentir-se melhor.
O livro Mindfulness e psicoterapia é escrito pelos autores Christopher K.
Germer, Ronald D. Siegel e Paul R. Fulton, que iniciam em seus dois primeiros
capítulos a busca para trazer conceitos de mindfulness, como sua prática acontece,
e também argumentos que comprovam sua importância no exercício da
psicoterapia. Germer é psicólogo clínico especializado em psicoterapia em
mindfulness e orientada à compaixão dentre outras atribuições. Siegel é professor
assistente de psicologia na Harvard e estudioso de meditação mindfulness. Fulton é
psicoterapeuta em Newton, Massachusetts, também instrutor clínico de psicologia
na Harvard. Nos capítulos um e dois nos deparamos com uma ferramenta
imprescindível para aqueles que possuem a intenção de evoluir nesta área de
conhecimento.
“A dor é inevitável, o sofrimento é opcional.”, esta frase dita por diversos
autores apresenta boa ligação com a proposta do mindfulness em intensificar a
nossa habilidade de ser menos reativo ao que está acontecendo, seja algo positivo,
negativo ou neutro. Ter atenção plena no que está sendo vivenciado no aqui e no
agora. Entretanto, a sociedade segue o movimento da proatividade e multitarefa,
como por exemplo, quando uma pessoa nos realiza uma indagação, antes mesmo
que este encerre seu questionamento já estamos pensando em como trazer a
resposta e nossas justificativas para ela. Este tipo de condicionamento faz com que
muitas vezes estejamos alvejando apenas os acontecimentos passados ou futuros,
corroborando em pensamentos, emoções e comportamentos disfuncionais.
Seguindo a etiologia da palavra mindfulness e a psicologia budista que a
envolve chegamos ao termo atenção plena, estar atento. Segundo Kabat-Zinn
(1990), mindfulness é considerado como o aposto de agir através do piloto
automático, vivenciando plenamente o momento presente. Aplicar sua concentração
no momento atual fala sobre estar em contato apenas com o hoje e não estar
envolto a lembranças ou a pensamentos sobre o futuro.
Quando pensamos no ambiente terapêutico em que o psicoterapeuta e
paciente desdobram-se atentamente a demanda trazida naquele momento,
podemos enxergar a importância da utilização do mindfulness no setting. Porém, a
qualidade desta atenção que é depositada, do estar alerta, faz-se de extrema valia,
à medida que esta qualidade implica na aceitação, ausência de julgamentos, amor-
bondade e compaixão. E quando nos referimos a aceitação, não significa
necessariamente que estou concordando com aquilo que é disfuncional, mas,
estarei reconhecendo o incômodo e me tornando pessoa agente de mudança.
A prática do mindfulness pode acontecer até mesmo durante nossas
atividades de vida diária, não é exigência que só funcione se estivermos em locais
extremamente silenciosos, sentados em uma posição de conforto. Porém, a
habilidade de realizar com facilidade em qualquer ambiente advém da construção do
hábito de forma contínua. Por meio da definição de estar atento e alerta, o
mindfulness é caraterizado por momentos de atenção, sendo eles como não
conceituais; não verbais; centrados no presente; sem julgamentos; participativos;
libertadores; todas estas características se fazem presentes sincronicamente
durante a prática do mindfulness.
Na medida em que ocorre um aprofundamento no mindfulness qualidades
como sabedoria e compaixão surgem e conduzem a uma libertação psicológica. A
sabedoria é entendida como a compreensão da impermanência e de como
distorcemos cognitivamente nossa realidade vivenciada no momento ocasionando
em sofrimento psíquico. Já a compaixão diz respeito a nossa capacidade de nos
relacionarmos com o sofrimento aliado a motivação de aliviá-lo. Tais qualidades são
de necessidade para um terapeuta que tem pretensão em estabelecer uma aliança
terapêutica com seu paciente e consequentemente obter progressos no processo.
Os autores dão prosseguimento ao primeiro capítulo percorrendo uma linha
histórica da presença do mindfulness na psicoterapia, como também como prática
que está no centro da psicologia budista, refletindo sobre os ensinamentos originais
de Buda como base teórica para a prática do mindfulness, referenciando Buda como
essencialmente psicólogo. O mindfulness pode ser praticado de maneira formal e
informal. A primeira refere-se à meditação em seus níveis mais profundos, já a
segunda é a aplicabilidade na vida diária como caminhar e comer consciente. A
prática budista tradicional é postulada em quatro princípios: o corpo, incluindo
respiração e postura; sentir o tom; estados da mente; objetos mentais. Esta
meditação é ensinada no Ocidente através de três tipos: atenção focada;
monitoramento aberto; amor-bondade e compaixão.
A atenção focada no processo terapêutico é uma forma de centralizar a
mente de uma pessoa quando ela é atingida por emoções fortes, ajudando a cultivar
uma mente calma, fixando e relaxando a mente que está atraída por um único
objeto, desviando-se das preocupações. No monitoramento aberto a atenção deixa
de ser a um único objeto e se amplia ao externo à medida que eles surgem na
consciência, notando o que surge no campo de percepção momento a momento.
Amor-bondade e compaixão como já citado anteriormente refere-se à qualidade da
atenção prestada.
O psicoterapeuta que adere o mindfulness como prática clínica e realiza um
treinamento clínico para isto, obtém com o passar do tempo efeitos favoráveis que
envolvem a diminuição de estresse e ansiedade, tal como o aumento de habilidades
de aconselhamento, rodeados de empatia, assertividade e resolução de problemas.
O psicoterapeuta pode ser utilizar de maneira orientada, informada e baseada do
mindfulness. Todas, exercidas diferentemente, porém, fornecem resultados positivos
em comum.
É valido salientar que mindfulness não é um modelo de terapia, como a
cognitivo-comportamental, psicodinâmica/psicanalítica, humanista/existencial ou
sistêmica. Mas sim, um processo curativo subjacente a todas as terapias.
Geralmente, os modelos de terapias incluem visão de mudo, entendimento sobre
patologia e saúde, uma abordagem á pratica da terapia, um entendimento de
relação terapêutica, mecanismos de ação, como aplicar o modelo durante o
tratamento, considerações éticas, e apoio de pesquisas. O mindfulness está inserido
nas abordagens psicológicas citadas acima de maneira específica em cada uma
delas, fornecendo as contribuições necessárias para o tratamento no processo
terapêutico.
Enquanto visão de mundo o mindfuness se referência no contexto, este
corrobora em pressupostos como a natureza da realidade, como conhecemos a
realidade, causalidade e personalidade. Entende a patologia como consequência do
modo como construímos nossas realidades que se faz de maneira ilusória,
elaborando os acontecimentos do presente, baseados em experiências passadas e
desejos futuros, gerando erros, comportamentos, emoções e pensamentos
disfuncionais. A abordagem da prática da terapia em mindfulness é orientada na
relação do paciente com a dor e o sofrimento, primeiramente conceituar
especificamente que sofrimento está sentindo e posteriormente encontrar uma
relação alerta, receptiva e compassiva com este sofrimento. Ao nos referirmos a
relação terapêutica compreendemos que acontece de forma única a cada indivíduo
fundamentado em suas particularidades, de maneira personalizada.
O livro continua em sua pretensão de examinar como a própria prática de
mindfulness pode ser considerada um fator comum que contribui para a eficácia da
psicoterapia ocidental e da meditação formal, psicologia budista. Um ponto em
comum entre estas psicologias é denotado na estrutura básica que se utilizam para
compreensão dos transtornos psicológicos. Ambos identificam os sintomas,
descrevem sua etiologia, sugerem um prognóstico e prescrevem um tratamento.
Cada qual à sua maneira, o que pode demonstrar divergias, porém os pontos em
comum são notórios.
No que diz respeito ao insight, nas duas tradições envolve ver como
passamos a acreditar equivocadamente que os pensamentos e as percepções são
mais reais do que são. Envolve diminui nosso apego a convicções rígidas e a
posições fixas, pois estar poderiam estar agindo sobre nós de maneira ilusória
ocasionando em distorções e consequentemente em sofrimento. A adesão a
pensamento fixos, encarados como verdades absolutas, surgem na Terapia
Cognitivo-comportamental através do conceito de crenças geradoras de
pensamentos, emoções e comportamentos distorcidos e disfuncionais. Onde a TCC
busca a ressignificação e restruturação de tais crenças substituindo-as por ideias
que permitam maior flexibilidade.
A primeira parte do livro que se configura nos primeiros dois capítulos possui
leitura agradável, clara, simples e de caráter didático, trazendo tanto o arcabouço
histórico visualizando desde o surgimento do mindfulness a exemplos de
intervenções planejadas para auxiliar o terapeuta em seu setting como o paciente a
atingir suas metas alterando sua relação com a experiência interna. Apresenta um
equilíbrio entre detalhes clínicos práticos, conhecimentos oriundos de pesquisas e
da literatura empírica. O livro está longe de ser um “receituário”, pois procura, ao
longo de seus capítulos, tratar das mais diversas implicações teóricas que envolvem
a prática do mindfulness no ambiente terapêutico, em especial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Germer, Christopher K. Siegel, Ronald D. Fulton, Paul R. Mindfulness e


psicoterapia. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016.

 Kabat-Zinn, J. (1990).  Usando a sabedoria do seu corpo e mente para


enfrentar o estresse, a dor e a doença. Nova Iorque: Delta.

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