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Engenharia de Tráfego 32

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TRECHOS DE ENTRELAÇAMENTO E RAMOS DE
ENTRADA E SAÍDA - FUNDAMENTOS
Nos trechos de entrelaçamento de tráfego e nos ramos de entrada e saída das vias de múltiplas
faixas, o fluxo é contínuo, porém com perturbações que modificam as características do tráfego quando
comparadas com as vias normais. Daí a razão de serem estudados em separado.

4.1. DEFINIÇÃO DE ENTRELAÇAMENTO

Entrelaçamento é definido como o cruzamento de duas ou mais correntes de tráfego num mesmo
sentido ao longo de um trecho de via com comprimento significativo sem a ajuda de dispositivos de
controle, conforme mostrado na figura 4.1.

Figura 4.1 – Esquema do entrelaçamento do tráfego de veículos. Fonte: HCM-2000.

Os fluxos A-D e B-C são referidos como fluxos entrelaçantes. Os fluxos A-C e B-D são referidos
como fluxos não entrelaçantes.
No trecho de entrelaçamento ocorre uma certa turbulência no tráfego devido ao grande número de
manobras de mudança de faixas, fazendo com que o trecho apresente características operacionais distintas
dos trechos normais de vias.

4.2. TIPOS DE ENTRELAÇAMENTO

São três os tipos básicos de entrelaçamento.


No tipo A (figura 4.2), todos os veículos que se entrelaçam necessitam fazer uma mudança de
faixa.
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Figura 4.2 – Entrelaçamento do tipo A . Fonte: HCM-2000.

No tipo B (figura 4.3), um dos movimentos de entrelaçamento pode ser realizado sem mudança de
faixa e o outro com pelo menos uma mudança de faixa.

Figura 4.3 – Entrelaçamento do tipo B . Fonte: HCM-2000.

No tipo C (figura 4.4), um dos movimentos de entrelaçamento pode ser realizado sem mudança de
faixa e o outro movimento necessita efetuar duas ou mais mudanças de faixa.
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Figura 4.4 – Entrelaçamento do tipo C . Fonte: HCM-2000.

4.3. COMPRIMENTO DE ENTRELAÇAMENTO

Quanto maior o trecho de entrelaçamento, menor a turbulência no tráfego, pois os veículos têm
mais distância (tempo) para mudar de faixa. Assim, o comprimento do trecho de entrelaçamento é um
parâmentro de fundamental importância na definição das características do tráfego no trecho, sendo
mensurado conforme mostrado na figura 4.5.

Figura 4.5 – Comprimento do trecho de entrelaçamento. Fonte: HCM-2000.

Em geral, o comprimento do trecho de entrelaçamento varia entre 200 e 600 metros, dependendo
do volume das correntes entrelaçantes, do nível de serviço que se deseja na operação e da disponbilidade
de recursos para a construção.

4.4. NÍVEL E VOLUME DE SERVIÇO NOS TRECHOS DE ENTRELAÇAMENTO

A avaliação da qualidade da operação nos trechos de entrelaçamento é feita através de modelos


relativamente complexos, como o apresentado no HCM – 2000.
A tabela 4.1 fornece os valores do volume de serviço e, portanto, o nível de serviço em função do
fluxo, para os vários tipos de entrelaçamento, num caso típico. Utilizar os valores desse caso particular em
outras situações constituem aproximações grosseiras.
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Tabela 4.1 – Nível e volume de serviço nos trechos de entrelaçamento. Fonte: HCM-2000.

4.5. DEFINIÇÃO DE RAMO

Um ramo é definido como um trecho relativamente curto de via com uma faixa de tráfego (duas
quando o fluxo no ramo é maior 1500 veíc/h) que liga duas outras vias. Nas vias de múltiplas faixas, é
comum o emprego de ramos de entrada (acesso) e saída para facilitar essas manobras, que podem ser
realizadas com velocidades altas de modo a perturbar o mínimo possível o fluxo de veículos na via
principal. A figura 4.6 mostra a configuração usual dos ramos de entrada e saída de uma via de múltiplas
faixas.

Figura 4.6 – Representação esquemática dos ramos de entrada e saída. Fonte: HCM-2000.
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4.6. COMPRIMENTO DAS FAIXAS DE ACELERAÇÃO E DESACELERAÇÃO

Na figura 4.7 são mostrados os comprimentos das faixas de aceleração e desaceleração, para que
os veículos cheguem ou saiam da via principal com velocidade alta, de modo a perturbar o mínimo
possível o tráfego na mesma.

Figura 4.6 – Comprimento dos trechos de aceleração e desaceleração. Fonte: HCM-2000.

Em geral, o comprimento da faixa de aceleração gira em torno de 180m e o de desaceleração em


cerca de 40m.

4.7. NÍVEL E VOLUME DE SERVIÇO NOS RAMOS DE ENTRADA E SAÍDA

A avaliação da qualidade da operação nos ramos de entrada e saída é feita através de modelos
relativamente complexos, como o apresentado pelo HCM – 2000.
A tabela 4.2 fornece os valores do volume de serviço e, portanto, o nível de serviço em função do
fluxo, para ramos de entrada e de saída, num caso típico. Utilizar os valores desse caso particular em
outras situações constituem aproximações grosseiras. Inclusive, nesse caso particular, é admitido um fluxo
intenso na via principal (situação crítica); quando o fluxo na via principal é menor, as condições de
operação nos ramos de entrada ou saída são melhores.
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Tabela 4.2 - Nível e volume de serviço nos ramos de entrada e saída. Fonte: HCM-2000.

4.8. EXERCÍCIOS

1. Em um trecho de entrelaçamento tipo A com 3 faixas de tráfego, foram observados os seguintes


fluxos nas horas de pico: manhã = 4.300 veíc/h, tarde = 3.700 veíc/h, demais períodos = 2.500 veíc/h.
Pede-se estimar o nível de serviço nas horas de pico nesses diversos períodos e a capacidade do
trecho.

2. Num ramo de acesso de uma via de 2 faixas por sentido, foram observados os seguintes fluxos nas
horas de pico: manhã = 1.500 veíc/h, tarde = 1.200 veíc/h, demais períodos = 7.00 veíc/h. Pede-se
estimar o nível de serviço nas horas de pico nesses diversos períodos e a capacidade do trecho.

3. Refazer o exercício 2 considerando o ramo como de saída.

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