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A arte paleocristã seleciona e toma do mundo romano, tanto ocidental quanto oriental,
múltiplos elementos para criar uma nova linguagem que se adapte e corresponda às
exigências da crença cristã.
Os romanos testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma nova era
e uma nova filosofia. Com o surgimento de um “novo reino” espiritual, o poder romano
viu-se extremamente abalado e teve início um período de perseguição não só a Jesus,
mas também a todos aqueles que aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos
seus princípios.
Esta perseguição marcou a primeira fase da arte paleocristã: a fase catacumbária, que
recebe este nome devido às catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os
primeiros cristãos secretamente celebravam seus cultos. Ainda hoje, podemos visitar as
catacumbas de Santa Priscila e Santa Domitila, nos arredores de Roma.
Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313 o imperador Constantino
legaliza o Cristianismo, dando início à segunda fase da arte paleocristã: a fase basilical.
Em 395, o imperador Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos:
Honório e Arcádio. Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, tendo Roma
como sua capital, e Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, com a capital
Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).
ARQUITETURA
O preceito de que o cadáver do cristão devia ser inumado e não incinerado, assim como
a ideia de que a terra onde recebia a sepultura era sagrada, por abençoar e receber em
depósito um corpo destinado à ressurreição fez aparecerem os cemitérios cristãos.
A partir do século II, a catacumba ou cemitério subterrâneo apresenta a seguinte
disposição: uma série de galerias subterrâneas ou corredores (ambulacri), extremamente
estreitos para aproveitar o terreno ao máximo, cujas paredes se destinam a abrir várias
filas de nichos em sentido longitudinal. Estes corredores alargam-se de vez em quando
formando uma pequena câmara (cubiculum ou cripta) para nela reunir algumas
sepulturas. Em alguns casos, o cubiculum encontra-se no final de uma galeria, com um
banco comprido, como presidência, o assento para o bispo, o que indica que realizavam
reuniões comunitárias. Nas galerias superiores situam-se os lucernários abertos para o
exterior, que proporcionam a luz e ventilação de que carecem as inferiores.
As primeiras basílicas tiveram influência da casa romana e dos templos de culto
oriental. Tinha uma planta estruturada em três partes: parte pública, semi-pública e
privada. A parte pública consta de um grande pátio com fonte no centro. O pátio tem
galerias à sua volta que dão para o corpo do templo. A parte semi-pública da basílica é
constituída pelo corpo da igreja, que pode constar de uma, três ou cinco naves,
separadas por filas de colunas que suportam as arcadas. Como o templo está orientado,
ou seja, com a cabeceira ou presbitério para Leste, uma nave encontra-se ao Norte – e
destina-se às mulheres e a outra ao Sul, onde se situam os homens, denominando-se ,
respectivamente, nave do evangelho e da epístola, porque na sua direção se dirigiam as
correspondentes leituras da missa. Na nave central situa-se o coro menor, para cantores
e clérigos menores. Toda essa parte semi-pública está separada da parte privada
mediante uma parede com portas que é o septum: daí que a nave transversal que está
atrás (nave do cruzeiro) receba o nome de transeptum ou transepto.
A parte privada da basílica é complexa, evoca nas suas formas o edifício funerário, visto
que tudo se relacionava com a câmara subterrânea onde se encontrava a relíquia, corpo
ou lugar venerado que justificava a construção da basílica nesse local.
Além das características pictóricas parecidas com as da pintura romana dos séculos III e
IV, os temas, talvez por precaução perante as perseguições, talvez como meio mais
adequado para penetrar nas consciências, os primeiros cristãos utilizaram motivos
correntes na arte pagã os quais, depois de esvaziar de conteúdo, dotaram uma nova
simbologia, e assim o tema das estações passou a ser considerado símbolo da renovação
da vida, Orfeu com os animais converteu-se em reflexo de Cristo como pastor de almas
e este foi figurado com os tributos de Apolo como “luz do mundo”.
Nos finais do século IV, e coincidindo com novo período de energia que o reinado de
Teodósio supôs a Igreja, as decorações dos templos aparecem já bem definidas.
Primeiro, há um evidente afã de riqueza, que leva a preferir o mosaico à pintura mural
para recobrir as paredes dos templos. Depois, um incremento de valores narrativos.
Finalmente, constata-se agora um evidente aumento da qualidade formal das
representações. Quanto ao aspecto temático, deve-se recordar, à margem de que agora
começam a estenderem-se as representações de santos e mártires.
MOSAICO
O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o material escolhido para o
revestimento interno das basílicas, utilizando imagens do Velho e do Novo Testamento.
Esse tratamento artístico também foi dado aos mausoléus e os sarcófagos feitos para os
fiéis mais ricos e eram decorados com relevos usando imagens de passagens bíblicas.
Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por um peixe, pois a palavra
peixe, em grego ichtus, forma as iniciais da frase: “Jesus Cristo de Deus Filho
Salvador”. Outra forma de simboliza-lo é o desenho do pastor com ovelhas “Jesus
Cristo é o Bom Pastor” e também, o cordeiro “Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus”.
Ao longo do século V e em boa parte do VI, Ravena converteu-se na capital artística da
Itália graças às obras da família imperial, e, sobretudo ao programa empreendido pelo
rei ostrogodo Teodorico (493-536) e às realizações dos bizantinos após a conquista da
Itália pelos generais Justiniano. Da primeira metade do século V são dois edifícios de
plano central (a pia batismal da catedral ou dos Ortodoxos e do mausoléu de Gala
Placídia , filha de Teodósio), cuja sobriedade exterior contrasta com o rico revestimento
interno de mosaicos.