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CURSO DE PSICOLOGIA
Goiânia-GO
2020
Maria Fernanda D. Teixeira – N6242F3
Pamela Yakabe – N556668
Maria Luisa Barbosa Ribeiro – N574JE2
Laryssa Gyovanna P. G. Alves – N6432J0
Livia de Assis Macedo – N599JJ6
Bheatriz Rawanny Martins Gouveia – D87EBC2
Goiânia-Go
2020
1. INTRODUÇÃO
A Psicologia não é uma ciência terminada, ela está em constante construção e
produção de conhecimento. Sendo construída sob diferentes influências sociais,
culturais, políticas e históricas. Figueiredo usa a expressão “matrizes do conhecimento
psicológico”, pois ele as define como “grandes conjuntos de valores de normas, crenças,
concepções epistemológicas e metodológicas que subjazem às teorias e às práticas
profissionais dos psicólogos”. (FIGUEIREDO,1992)
A psicologia não tem um único objeto de estudo, e possui várias abordagens.
Dentre esses objetos está a consciência, o inconsciente, o comportamento etc. Desse
modo, podemos dizer que a psicologia é marcada pela diversidade. Sendo mais de mais
fácil entendimento, a psicologia é basicamente o estudo científico da mente e do
comportamento.
Vamos agora a uma linha do tempo da Psicologia. Wilhelm Wundt foi o
fundador da psicologia acadêmica formal, e deu início a psicologia experimental como
ciência, construindo o primeiro laboratório experimental. Edward Titchener foi
discípulo de Wundt, e criou sua própria abordagem, o estruturalismo, dando ênfase nos
elementos estruturais da mente e consciência. Como forma de protesto a psicologia
experimental e ao estruturalismo, fundou-se o funcionalismo por William James, essa
abordagem tinha como objetivo estudar a função da mente. Essa foi a abordagem que
deu ênfase no comportamento humano, e talvez a principal influência para a psicologia
contemporânea.
Conforme iam passando os anos, a psicologia ia evoluindo cada vez mais. Novas
escolas do pensamento psicológico se desenvolvendo, novas abordagens sendo criadas.
A ciência psicológica estava em constante evolução. Após a Psicologia Experimental, o
Estruturalismo e o Funcionalismo, veio o Behaviorismo, Psicologia Gestalt, Psicanálise,
Psicologia Humanista etc.
Este trabalho irá apresentar uma pesquisa bibliográfica sobre os seguintes temas:
Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise, Psicologia Humanista, Fenomenologia e Psicologia
Sócio-histórica. O objetivo deste trabalho é dissertar de forma coesa e de fácil
entendimento os pontos importantes e as principais ideias de cada tema.
2. BEHAVIORISMO
2.1 O que é e quando surgiu o Behaviorismo?
O behaviorismo ficou dividido em três estágios, sendo o Behaviorismo Clássico
por Watson, neobehaviosrismo por Skinner, Tolman e Hull e neo-neobehaviorismo por
Bandura e Rotter.
O Behaviorismo foi fundado por John Watson nos Estados Unidos em 1913. Ele
nasceu por uma crítica a Wundt e Titchener, e as suas ideias mentalistas. É uma
abordagem focada no comportamento observável e na sua interação com o ambiente, e
que pudesse ser descrito em termos objetivos e diretos. É a Psicologia Comportamental.
Foram várias as tendências que influenciaram a criação dessa escola de
pensamento, uma delas sendo o fisiologista Ivan Pavlov. Foi influenciado e
familiarizado pelo conceito mecanicista por Jacques Loeb. Watson queria saber se
conseguia produzir uma resposta emocional condicionada. Ele tem seu primeiro ponto
de estudo no comportamento animal, e desenvolve estudo na psicologia comparada e na
psicofísica.
O behaviorismo tem seu início com a publicação do artigo “Manifesto
Behaviorista”, que consistia na apresentação de uma psicologia científica. Nesse artigo
ele defende uma psicologia objetiva, empirista, antimentalista. E apresenta uma crítica a
introspecção, como sendo um método não confiável para produção de conhecimento.
Sua proposta era substituir o estudo da mente pelo do comportamento, pois esse era
objetivo, mesurável, observável, controlável e previsível.
Segundo Watson, o comportamento é um conjunto de respostas observáveis à
estímulos observáveis, resultante do meio que o indivíduo está inserido. Ele mantinha
sua a tradição mecanicista e atomista em sua abordagem, tendo assim o ser humano
como uma máquina. Ele tinha a finalidade de prever e controlar o comportamento.
O Behaviorismo Radical é a segunda fase do behaviorismo, ele é apresentado
por B. F. Skinner em 1950, sendo uma psicologia norte-americana. Ele foi um seguidor
do behaviorismo de Watson, e assim como seu mestre, ele também possuía a natureza
mecanicista em sua abordagem. Após uma leitura sobre as experiências de
condicionamento de Pavlov e a teoria do comportamento de Watson, despertou nele um
interesse científico pela conduta humana. Desse modo, ele passa a estudar a natureza
humana, e ele acredita ser possível explicar a conduta humana como um conjunto de
respostas condicionadas, e propôs que o reflexo é uma correlação de estímulo e
resposta.
Skinner foi mais radical com suas abordagens behavioristas, ele ia contra toda
ideia mentalista para explicar a conduta humana. Por ele não se importar com o
organismo interno, sua abordagem recebeu o nome de “organismo vazio”. Para ele o
homem é um ser homogêneo, de modo a negar a teoria dualista de Watson. Sua visão
era que o organismo era operado e controlado por forças externas, ambientais. O
comportamento é entendido como uma relação de organismo e ambiente, no qual, o
organismo age sobre o ambiente provocando modificação no todo.
Behaviorismo Social é a terceira e última fase do behaviorismo, ele tem como
representantes Albert Bandura e Jullian Rotter, tem seu começo em 1960 nos Estados
Unidos. Eles começam questionando a negação aos processos cognitivos e mentais,
propunham uma aprendizagem social, ou seja, uma reflexão sobre o movimento
cognitivo. São criadas as teorias de aprendizagem.
2.2 Os objetos de estudo do Behaviorismo
O objeto de estudo behaviorismo é o comportamento, ou melhor, no
comportamento observável. Contudo, no Behaviorismo Social além do estudo do
comportamento observável, tem sua associação com os processos cognitivos, tornando-
se também um objeto de estudo a interação entre processos cognitivos e o
comportamento.
2.3 Os métodos usados
No behaviorismo o método de estudo utilizado era a observação e a
experimentação, envolvendo apenas o comportamento público observável, esses
métodos incluíam:
- observação com ou sem o uso de instrumento
- métodos de teste
- método de relato verbal
- método de reflexo condicionado
No Behaviorismo Radical Skinner também utilizada do método de observação,
mas esse não aceita relato verbal dos participantes, o relato válido é apenas dos
pesquisadores que são observadores treinados, seus métodos incluíam:
- observação com ou sem uso de instrumento
- método de teste
- método de condicionamento operante
Já no Behaviorismo Social é também utilizado o método de observação objetiva
e direta, e acontece em laboratório sendo uma pesquisa rigorosa e bem controlada, faz o
uso de testes.
2.4 Conteúdos específicos do Behaviorismo
Ivan Pavlov apresentou o papel do condicionamento na psicologia
comportamental, que seria o reflexo condicionado. Ele percebeu que poderia
condicionar um comportamento através de um estímulo, e desse modo obteria uma
resposta condicionada. O reflexo é uma relação entre estímulo e resposta, onde o
estímulo elicia uma resposta.
Críticas:
Muitos criticavam Watson por seu estilo provocativo, pela falta de dados
empíricos e o radicalismo apresentado em seus referentes teóricos.
Skinner recebia críticas centradas em torno de seu positivismo e sobre sua
oposição a teoria, por extrapolar os dados. E alguns críticos afirmavam que alguns
comportamentos são inatos.
Já Bandura e Rotter recebia as críticas centradas na alegação de que os processos
cognitivos não alteravam o efeito do comportamento.
Contribuições:
As contribuições do behaviorismo de Watson foi tornar a metodologia e a
terminologia da ciência psicológica mais objetivas.
O behaviorismo radical de Skinner também trouxe grande contribuições para à
ciência, e suas teorias foram utilizadas em programas para melhoria de vida da
sociedade.
O behaviorismo sobrevive com a intenção de modificar o comportamento para
melhor.
3. GESTALT
3.1 O que é e quando surgiu a Gestalt?
Gestalt é uma palavra de origem alemã, que significa ´´forma´´, ´´todo´ ´ou
´´configuração´´; o termo teve seu significado ampliado para ´´todo unificado´´, ou seja,
percepção da unidade de vários elementos.
Seu fundador foi Max Wertheimer, em 1910, na Alemanha, e foi a partir de uma
pesquisa que ele estava realizando, sobre a visão de movimento. Ela eclodiu na mesma
época que acontecia a revolta behaviorista nos Estados Unidos, e ambas tinham o
mesmo objeto de crítica, que era a psicologia wundtiana, contudo, elas eram escolas
com ideais diferentes, e acabavam por se opor uma a outra.
A Psicologia Gestalt surgiu como uma forma de crítica ao atomismo, a natureza
elementar do trabalho de Wundt. A pesquisa de Max Wertheimer consistia na percepção
de um movimento diante de duas luzes rápidas e estáticas em localizações diferentes,
separadas por um tempo relativamente curto. Se a luz se acendesse e se apagasse em
uma figura e a seguir se acendesse e se apagasse na outra, com um intervalo de mais ou
menos 60 milissegundos, iriam-se enxergar apenas a figura indo de um lugar para o
outro. Esse experimento foi chamado de fenômeno Phi (ilusão de movimento).
Principais teóricos da Gestalt:
- Max Wertheimer (1880-1943)
Max Wetheimer era o mais velho dos três primeiros psicólogos da Gestalt, e
também era líder intelectual do movimento. Ele deu início a psicologia da Gestalt por
meio do seu estudo da percepção de movimento aparente.
- Wolfgan köhler (1887-1967)
Wolfgang Kohler era o mais jovem entre os três e o porta-voz do movimento
- Kurt Koffka (1886-1941)
Kurt Kolffka foi o mais inventivo dos fundadores da Gestalt.
3.2 Objetos de estudo da Gestalt
O objeto de estudo da Gestalt é a percepção, sensação do movimento, a mente e
consciência. O seu estudo começa por tudo que envolve a mente. É uma teoria da
psicologia que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo,
indivisível e articulado.
3.3 Os métodos usados
Os métodos utilizados pela Gestalt, era de compreender o ser humano como um
ser uno, ele o considera como um todo. Ele utiliza de suas manifestações afetivas,
corporais, intelectuais, sociais. Utiliza-se dos métodos descritivos, experimentais e a
introspecção.
3.4 Conteúdos específicos da Gestalt
Os gestaltistas aceitam a consciência como modo de estudo, mas eles não
aceitam o conceito de que ela seja estudada em fragmentos/elementos, para eles, a
consciência é composta do todo. Para eles quando os elementos sensoriais são
combinados, surge um novo padrão.
As influências da Gestalt foram Immanuel Kant, que propunha que a percepção
durante seu processo, a mente cria e molda dados originais da percepção. Franz
Brentano, que propôs o ato da experiência como estudo, ele se opunha a introspecção de
Wundt, defendia uma observação menos rígida e estudá-la da forma como ocorria. Ernst
Mach, ele propunha que as sensações de forma do espaço e de forma do tempo não
dependem dos elementos individuais, ou seja, nossa percepção de algo não muda por
acontecer de forma mais lenta ou de ser branca ou preta, mesmo que mudemos nossa
orientação sobre ele, esse ainda continuará do mesmo jeito, tendo a mesma forma. Teve
influência da Fenomenologia, abordagem baseada na descrição imparcial da experiência
imediata, em como ela ocorre, e não reduzida ou analisada a elementos.
A psicologia da Gestalt é um movimento que atua na área da teoria da forma.
Ela propõe que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar a imagem em
diferentes partes e organizá-las de acordo com formas, cores semelhanças e texturas,
que por sua vez, serão agrupadas novamente em um conjunto que possibilite a
compreensão do significado exposto. O princípio básico da teoria gestaltista é que o
inteiro é interpretado de maneiras diferentes que a soma de suas partes.
A organização do nosso universo perceptual ocorre de espontâneo e é inevitável,
pois ela acontece sempre que ouvimos ou vemos algo. E ela decorre de unidades
completas e não agrupamentos de sensações individuais. Os gestaltistas perceberam que
há uma subjetividade na nossa percepção, de modo que cada indivíduo possui uma
percepção diferente do outro, com traços e detalhes apenas seu. Para formar a percepção
é usada algumas leis ou regras, que são:
1. Proximidade:
Ela afirma que os sujeitos tendem a agrupar objetos que estão perto uns dos
outros. Na figura apresentada nota-se os 16 círculos, ou quatro grupos de círculos?
Fonte: Pinterest.
Ex: Se você visualizar um número de pessoas em pé juntas, logo poderá pensar que são
todas do mesmo grupo social.
2. Continuidade:
Ela estabelece que os sujeitos tendem a achar o caminho mais ameno quando os
pontos parecem conectados por linhas, curvas ou retas. Estas, em vez de elementos
individuais, aparecem como se pertencessem umas às outras.
Fonte: RNDG.
3. Semelhança:
Ela afirma que os sujeitos tendem a agrupar itens que são semelhantes. Se um
número de objetos em uma cena são semelhantes uns aos outros, naturalmente serão
agrupados e percebidos como um todo. Na figura a seguir os círculos parecem formar
uma classe e os pontos outra; e o indivíduo tende a perceber fileiras de círculos e fileiras
de pontos em vez de colunas.
Fonte: Nerdweb.
Ex: Exercício de ligar os pontos, antes de terminar o desenho já dava para imaginar
como ficaria quando terminasse.
5. Simplicidade:
Objetos em um ambiente são vistos da forma mais simples possível, quanto mais
simples, mais facilmente pode ser assimilada. Segundo essa lei todo estímulo é
percebido primeiro em sua forma mais simples, e geralmente a forma mais simples já é
o todo o conjunto.
4. PSICANÁLISE.
4.1 O que é e como surgiu a Psicanálise?
A Psicanálise tem como seu criador Sigmund Freud (1856-1939) um
neurologista que se interessou a estudar e investigar tudo aquilo que, em sua época, a
medicina não conseguia compreender. Começou a procurar uma resposta que pudesse
dar uma solução aos casos de histeria que até então, não havia uma cura e os pacientes
eram isolados em clínicas psiquiátricas e submetidos a dolorosos “tratamentos”.
Surgindo antes das grandes escolas da Psicologia (Behaviorismo, Gestalt e entre outras),
a Psicanálise analisava os processos ocultos da mente como os sonhos, esquecimentos,
fantasias, medos, etc. Desta maneira, Freud alterou o modo de enxergar a vida psíquica.
Nesta época a psicologia procurava espaço para se tornar uma ciência, tinha seu
foco nas percepções, comportamento e sua funcionalidade, estava em um contexto mais
acadêmico e experimental além de desconsiderar o inconsciente. Desse modo, a
Psicanálise nasce fora desse círculo mantendo o foco no problema (Como distúrbios,
personalidade, etc) e sua solução, portanto, não sendo considerada psicologia.
Freud não foi o pioneiro a abordar a existência do inconsciente, no entanto, foi o
primeiro a conseguir ferramentas para acessá-lo baseando seus estudos em Gustav
Fechner (ideia em que a maior parte da mente permanecia submerso, como um iceberg),
no princípio do prazer (onde um indivíduo sempre irá procurar coisas que geram um
prazer para si e evitar o desagradável), teorias do limiar da consciência e nos estudos de
Darwin no que se refere à irracionalidade. Em 1885, Freud vai estudar em uma
universidade em Viena, onde aprendeu hipnose com o médico francês Jean Martin
Charcot, e assim auxiliar no tratamento de pacientes do médico Josef Breuer utilizando
essa mesma técnica.
4.2 Objeto de estudo da Psicanálise
O foco e consequentemente o objeto de estudo da psicanálise era tudo aquilo
considerado “anormal” no comportamento, distúrbios gerais além da compreensão e
busca de tratamento para pessoas em sofrimento mental abordando e considerando a
influência do inconsciente em cada indivíduo.
4.3 Métodos Utilizados.
Por considerar que as emoções exerciam mais importância do que o físico, a
hipnose começou a ser utilizada para tratar pacientes em casos de histeria e assim
tratando os sintomas físicos como a paralisia, distúrbios de fala e entre outros. Certa
vez, uma paciente de Breuer começou a apresentar inúmeros sintomas de histeria
enquanto cuidava do pai que estava doente (tinha perdas de memória, náuseas,
paralisias) e não conseguia ingerir água pois lhe causava uma forte aversão e nojo, essa
paciente ficou conhecida como Anna O.
Josef Breuer em parceria com Freud, iniciaram o tratamento com base hipnótica
e assim Anna conseguia recordar de situações que até então eram a causa de todos os
sintomas dolorosos, ou seja, ao sair do estado hipnótico, os mesmos sintomas
diminuíam. Esse tratamento passou a ser chamado de Método Cártico, onde havia uma
certa descarga de afetos que não puderam ser manifestados durante a situação
traumática. Durante uma das sessões, Anna recordou-se da imagem em que sua dama de
companhia dava água para seu cachorro de seu próprio copo e aquilo havia lhe causado
vários sentimentos como nojo e raiva, porém, por um ato de educação guardou para si e
aquele conteúdo foi enviado para o seu inconsciente, sendo de certa forma “apagado” de
sua consciência para evitar gerar mais desconforto e após de descarregar esse conteúdo,
Anna O. conseguiu voltar a ingerir líquidos sem mais nenhuma interferência.
No entanto, Freud começou a ficar insatisfeito com o uso da hipnose tendo em
vista que muitas vezes o seu uso não era efetivo, alguns pacientes retornaram a
apresentar os sintomas anteriores a hipnose chegando ao resultado que essa tática não
poderia ser considerada uma cura, e alguns casos, os pacientes não conseguiam ser tão
“hipnotizáveis”. Em decorrência disso, Freud passou a utilizar uma técnica chamada de
Livre Associação que consistia em deixar o paciente guiar e expor suas ideias por mais
aleatórias que fossem, acreditava que assim era possível acessar os conteúdos contidos
no inconsciente e que tudo o que era descrito, deveria ter um sentido.
Em contrapartida, chegava em um momento no qual o paciente não conseguia
mais expor tudo o que sentia pois causava um desconforto e uma certa resistência,
geralmente onde estava o centro do problema. Freud enxergou isso como uma forma de
proteção psíquica para evitar a dor e a chamou de repressão, sendo assim, uma exclusão
das ideias inaceitáveis para a consciência até o inconsciente como uma forma de
esquecer o que causava o sofrimento e gerando assim, um sintoma. Essa foi a única
explicação em que Freud dizia ter para desenvolver uma resistência, que era evitar que a
dor se torne consciente.
4.4 Conteúdos Específicos da Psicanálise.
Freud começou a analisar os sonhos de seus pacientes, pois dizia que os mesmos eram
uma ótima forma de coletar e analisar as emoções, sendo também uma boa opção de
estudar os sintomas que eram apresentados uma vez que os sonhos eram manifestações
dos desejos do inconsciente. Dessa forma, Freud dividiu os sonhos em duas
características:
• Manifesto: É a história descrita no sonho, mesmo que de forma fantasiosa.
• Latente: É uma mensagem de significado subliminar, sendo isso o que Freud
buscava compreender.
Freud nomeou de Recalque toda a censura de uma ideia que não deveria se
tornar consciente e permanecer esquecido, sendo manifestado de forma modificada
através de um sonho ou algum sintoma. Em 1900, Freud publica seu livro “A
Interpretação dos Sonhos” onde apresenta a Primeira Tópica da estrutura da
personalidade, onde a divide em 3 partes:
1° Consciente: Órgão responsável de recepcionar as informações conscientes no
momento, no presente. Está entre o mundo interno e externo, e as informações
nele contidas podem ser acessadas a qualquer momento além de ser a menor
parte da mente humana.
2° Pré-consciente: Localizado entre o consciente e o inconsciente, dentro de si
acumula informações que alcançam a parte consciente e serve como uma
barreira para conter os conteúdos do inconsciente.
3° Inconsciente: Representa os instintos e pulsões, todos os conteúdos obscuros
foram censurados para não chegarem até a consciência e é a maior parte da
mente humana.
Anos mais tarde Freud elabora a Segunda Tópica pois dizia que a primeira não era mais
suficiente para explicar a mente humana. Em 1923, ele divide mais 3 partes sobre o
assunto:
1° Id: É a energia psíquica (libido). Segue o princípio do prazer, totalmente de
forma impulsiva e irracional, busca de maneira imediata o prazer e evita ao
máximo o que é indesejável, não segue nenhuma lógica, não utiliza a moralidade
e ética, não condiz com a realidade na maioria das vezes e não considera a
possibilidade de consequências desagradáveis.
2° Ego: É influenciado pelo Princípio da Realidade e se forma a partir do Id. Tenta
conciliar a realidade com os desejos do Id e quando é forçado, resulta em
ansiedade. É formado por conteúdos conscientes e pré-conscientes, além de ter o
dever de conter os impulsos do Id.
3° Superego: É onde todas as regras, limites, proibições e moralidade estão
gravadas, é onde o indivíduo tem a noção do certo e errado, bem e mal. Sendo
assim, uma lei primária e herdado do Complexo de Édipo.
Para complementar suas ideias, Freud diz que a maioria dos distúrbios
psicológicos surgiam durante a infância, e que a personalidade era moldada ali sendo
finalizada por volta dos 5 anos de idade. No que diz respeito a evolução humana, a
psicanálise destaca a Evolução Psicossexual através de Estágios do Desenvolvimento
Humano, tendo em cada estágio uma quantia determinada de energia sexual coligada a
uma certa área do próprio corpo. Essa energia serve para o organismo conseguir ir atrás
de seus objetivos, demonstrando um padrão de comportamento e/ou personalidade.
1° Fase Oral (0 aos 2 anos): A zona erógena centra-se na boca e lábios, a criança
mantém sua atenção e curiosidade no prazer em que a sua boca é capaz de
oferecer. Ex: Ato de mamar e sugar.
2° Fase Anal (2 aos 3 anos): A libido da criança está nos processos de eliminação e
retenção, descendo a zona erógena da boca até se centrar no ânus. A criança
passa a ter um controle de seu próprio corpo durante a evacuação pois causa um
prazer em perceber a importância em que seus pais dão a aquilo, sendo
compreendida como uma forma de afeto.
3° Fase Fálica (3 aos 5 anos): Fase na qual a criança passa a ter desejos hostis e
amorosos para com os pais. O prazer desloca-se até o órgão genital e quando a
criança percebe a diferença entre os sexos. Movida pela curiosidade com o
próprio corpo, a masturbação passa a ser uma nova fonte de prazer. Além de ser
a fase em que é desencadeado uma série de rivalidades, ressentimentos, ciúmes e
atração erótica. É onde ocorre o Complexo de Édipo (Meninos) e o Complexo de
Electra (Meninas), sendo essencial para a identificação sexual e absorção de
características dos pais correspondente ao seu sexo.
4° Fase de Latência (5 aos 12 anos): Nesta fase fica marcado quando a criança
transfere sua libido para outras atividades sociais como exemplo, a escola e
demais tarefas.
5° Fase Genital (Puberdade até a Maturidade): Onde ocorre uma volta aos impulsos
sexuais e a procura de um parceiro fora de seu núcleo familiar pelo adolescente,
também há a perda de sua identidade infantil, e posteriormente, assumir sua
personalidade adulta.
Dessa forma, a psicanálise assume uma postura mais global, onde possui a
necessidade de compreender o homem em todos seus aspectos e buscar soluções para
seu sofrimento mental.
5. PSICOLOGIA HUMANISTA:
5.1 O que é e quando surgiu a Psicologia Humanista?:
A psicologia Humanista surgiu no início da década de 60, era conhecida como a
terceira força que se desenvolvia dentro da psicologia norte-americana. Ela apareceu
com o objetivo de descontentamento manifesto pelas pessoas contra os aspectos
mecanicistas e materialistas da cultura ocidental. A contra cultura da época era
constituída pelos hippies, principalmente estudantes universitários (a maioria
abandonava os estudos na faculdade). Alguns grupos de pessoas para expandir as
experiências conscientes usavam drogas alucinógenas.
Já na Psicologia, o Humanismo veio crescendo com abordagens de alguns
psicólogos interessados em uma nova abordagem. Alguns deles, eram psicanalistas e
teóricos da personalidade, porém começam a discordar de Freud sobre o domínio
exercido pelas forças inconscientes do indivíduo. Eles eram Alfred Adler e Karen
Horney que almejaram pelo conhecimento de Erich Fromm, outro psicanalista que foi
importante para a formação da Psicologia Humanista.
A Psicologia Humanista tem como características gerais o enfoque no sujeito, ou
seja, ela tem ênfase às relações interpessoais, à vida psicológica e emocional, a
personalidade e processo de crescimento do indivíduo. O conhecimento é construído na
experiência pessoal de cada um, ou seja, algo mais subjetivo. Há uma educação
democrática, uma aprendizagem de autocapacidade, pessoas mais independentes, uma
ação crítica e consciente. Isto é, a Psicologia Humanista tem como um objetivo acima
de todos, que é a crença na perfeição humana.
5.2 Os objetos de estudo da Psicologia Humanista:
Os objetos de estudo são:
- as experiências conscientes
6. FENOMENOLOGIA
6.1 O que é a Fenomenologia e quando surgiu?
A Fenomenologia surgiu na filosofia, na segunda metade do século XIX na
Alemanha, no contexto de revoluções sociais, como exemplo as revoluções industriais,
e crises ideológicas ocorridas mundialmente, ou seja, cenário no qual o mundo estava
tornando-se mais competitivo e globalizado. A Fenomenologia, espalhou-se, em
primeiro momento no Japão e na Rússia, e pelas áreas de psicologia (momento de
afirmação dessa ciência) e psiquiatria.
O termo, de origem filosófica, Phänomenologie, foi empregado primeiramente
em 1764 por Lambert (1728-1777), matemático e filósofo prussiano. A palavra pode ser
dividida em duas: fenômeno, isto é, aquilo que aparece para a consciência, e -logia, que
tem seu significado como estudo ou investigação; trata-se do estudo dos fenômenos.
6.2 O objeto de estudo
O principal objetivo dessa ciência é descrever e investigar os fenômenos
enquanto experiência consciente, ou seja, experiência que a consciência tem do mundo,
a relação entre a consciência do saber humano e o mundo exterior a ela. Como ciência
de fenômenos puro, a fenomenologia estuda o que é percebido pela experiência
imediata, isso quer dizer que a consciência não é passiva e os objetos da mesma não são
vistos como prontos e acabados. Para os fenomenologistas, só existe um objeto se
também houver um sujeito para percebê-lo, como por exemplo, se uma árvore cair
numa floresta e não houver um indivíduo para testemunhar esse fato é como se essa
mesma árvore nunca tivesse existido.
6.3 Os métodos usados
Edmund Husserl (1859-1938), matemático e filósofo alemão, estabeleceu as
bases da fenomenologia, tendo como influência os pensamentos de Platão. Ele
desenvolveu uma forma crítica de pensar para os objetos existentes na mente dos
indivíduos. A primeira direção que Husserl deu à fenomenologia foi de ir às coisas
mesmas. A descrição fenomenológica é fundamental, devido ao olhar habitual dos
indivíduos não permitir refulgir o fenômeno em si mesmo. Dessa forma, na tal
abordagem o pesquisador considera a experiência como sendo sua própria, permitindo-
lhe questionar o fenômeno cujo qual deseja compreender.
Em relação à fenomenologia enquanto ciência, Husserl a designa como um
método e uma atitude referente ao intelecto, no qual seja método especificamente
filosófico. Enquanto método, designa etapas estabelecidas como redução
fenomenológica ou eidética, isto é, processo pelo qual tudo que é informado pelos
sentidos é transformado em uma experiência de consciência, em um fenômeno cujo qual
se consiste em estar ciente de algo, sendo, portanto uma redução à essência das coisas.
Dessa forma, a fenomenologia interroga a própria definição do ser: o “ser” é aquilo que
“é”, buscando através disso, a relação entre sujeito e objeto.
Ainda quanto a esta etapa de redução transcendental (percepção mediatizada dos
objetos e da realidade), Husserl mostra quais são as estruturas universais da vida
intencional. Segundo ele, a Epoché - deriva do grego antigo e significa “interrupção” ou
“suspensão de juízo - significa a suspensão do mundo, como que parado no tempo,
embora com todas as situações presentes e, por isso, sendo passíveis de serem
analisadas e investigadas “de fora” por um observador exterior. A Epoché descrita por
Husserl permite a quem medita conhecer a si próprio e arrebatar sua própria essência, e
a autoconsciência é o seu “eu” puro. Assim, existe um desprendimento espiritual em
relação às coisas mundanas, ou seja, priorizar a essência em detrimento delas.
6.4 Conteúdos específicos
Método Heideggeriano:
Heidegger acredita que o fenômeno não se mostra diretamente e sim, se mantêm
velado frente ao que se mostra, isso quer dizer que se mostra até a constituição de um
sentido. Assim sendo, pode ocorrer a possibilidade de um fenômeno encobrir-se ao
ponto de tornar-se esquecido. Ele pontua, também, a fenomenologia como o retorno à
ontologia que se dirige ao ser em geral, no qual o indivíduo é considerado como ser
existente, denominado de “ser-aí”, o Desain, é a capacidade de questionar a sua
presença no mundo e sua compreensão sobre ele.
De acordo com esse autor, a questão do “ser” foi esquecida e vulgarizada devido
a preconceitos que conduziram a dissimulação da problemática ontológica fundamental.
Dessa forma, Heidegger denomina preconceito:
A) O ser é o conceito mais geral: universalidade do ser enquanto transcendendo a
todos os gêneros e enquanto incluída na apresentação intelectual de qualquer ente.
B) O ser é indefinível: dedução lógica ao que se refere à sua absoluta generalidade.
Ele é colocado acima de tudo e de todos os gêneros; o ser não se compadece com uma
definição que somente é possível mediante as determinações de gênero e espécie.
C) O ser é um conceito evidente: Não passível de definição, o ser está incluso,
portanto, em todo enunciado a propósito de qualquer ente.
Outros dos principais nomes:
Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) - Filósofo francês que foi influenciado
pelas ideias de Husserl. Em sua obra principal (A Fenomenologia da Percepção, 1945)
encontra-se uma investigação da relação entre a subjetividade e o corpo.
Jan Patocka (1907-1977) - Um dos principais intelectuais da Europa Ocidental,
foi aluno de Heidegger e Husserl. Para Patocka, o sujeito é um resultado de uma união
inescapável dele com o mundo, a realidade e o eu são uma coisa só, uma unidade.
Na prática:
A utilização de diversos modos de práticas fenomenológicas é vista
principalmente na psicologia, uma das áreas mais influenciadas pela fenomenologia. A
mais importante delas dá-se na área clínica cuja principal ideia é trabalhar as angústias
do paciente por meio de uma reconstrução fenomenológica, a experiência interna da
doença seria um fator importante para chegar-se à cura. Assim, várias linhas de atuação
fenomenológicas estão presentes até os dias de hoje.
7. PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
7.1 O que é e quando surgiu a Psicologia Sócio-Histórica?
A Psicologia Sócio-Histórica surge no início do século XX, na União Soviética,
destaca-se o nome de Lev Vygotsky (1896-1934) e dois seguidores fiéis Alexander
Romanovich Luria (1902-1977) e Alexei Leontiev (1903-1979). Teve como ponto
inicial a reconstrução das teorias científicas a partir do referencial marxista.
Durante toda a história da psicologia percebe-se nessa uma eterna dicotomia
entre objetividade/subjetividade. Vieram várias escolas famosas que trouxeram consigo
teorias e abordagens para explicar o ser humano, seja no quesito interno/externo;
consciência/inconsciente; psíquico/orgânico; natural/social, de modo que a compreensão
psicológica ficará sempre incompleta, pois sempre faltará algo do outro lado. Vigotsky
estava insatisfeito com essa psicologia, então propôs criar uma psicologia orientada
pelos princípios e métodos do materialismo dialético.
(...) É preciso saber o que se pode e o que se deve buscar no
marxismo. Não se trata de adaptar o indivíduo ao sábado, mas o sábado ao
indivíduo; o que precisamos encontrar em nossos autores é uma teoria que
ajude a conhecer a psique, mas de modo algum a solução do problema da
psique, a fórmula que contenha e resuma a totalidade da verdade científica.
(...) O que sim pode ser buscado previamente nos mestres do marxismo não é
a solução da questão, e nem mesmo uma hipótese de trabalho (porque estas
são obtidas sobre a base da própria ciência), mas o método de construção [da
hipótese – R.R]. Não quero receber de lambuja, pescando aqui e ali algumas
citações, o que é a psique, o que desejo é aprender na globalidade do método
de Marx como se constrói a ciência, como enfocar a análise da psique.
(VIGOTSKI, 2004, p.395)
Essa psicologia tem base a teoria de Vygotsky, na qual ele afirma que o
desenvolvimento humano acontece pelas relações sociais que perdura durante sua vida.
Entende-se que desde que nascemos dependemos socialmente de outras pessoas. Além
disso, tem o processo histórico pelo qual passamos, nos é mostrado o que o mundo tem
a oferecer e as visões sobre ele, e através dessa informação podemos construir a nossa
própria visão do mundo em que vivemos.
A vertente dessa psicologia se dá pelas propostas direcionadas ao conhecimento
do homem e de sua subjetividade. Apoia-se na concepção Materialista dialética.
7.2 Objetos de estudo da Psicologia Sócio-Histórica
Construção e desenvolvimento do psiquismo e comportamento humano, a partir
das funções psicológicas superiores, que são:
- Pensamento
- Linguagem
- Consciência
E essas eram guiadas pelo princípio da gênese social da consciência.
7.3 Os métodos usados
O método utilizado por Vygotsky se baseia no método do materialismo dialético,
que consiste a visão da teoria do conhecimento que se desenvolve pela explicação
dialética da realidade apresentada por Hegel, empregando-se uma concepção
materialista, assim sua perspectiva é materialista dialética, na qual sugere a
compreensão da sociedade, do homem e da realidade.
Segundo a teoria marxista, o homem age conscientemente e objetivamente sob a
natureza, de modo a saciar os seus desejos, e visando o seu bem estar e o seu
favorecimento. De modo que ele produz o seu próprio meio de existência, atuando
assim sobre a natureza e o próprio homem. Assim, ele estuda o homem com a interação
social, no qual ele transforma e é transformado por ela.
A contradição, é a sua própria negação. De modo que, há sempre uma
substituição do velho pelo novo, como o ser humano é um ser mutável, então assim,
acredita-se que ele está em constante mudança e isso o possibilita o sujeito aprender
mais sobre si e sobre o mundo que está inserido.
A metodologia utilizada para coleta da pesquisa é a qualitativa em detrimento
dos procedimentos e orientações quantitativas.
7.4 Conteúdos específicos
Com sua teoria, Vygotsky trouxe grande contribuição para a educação e
aprendizagem, de modo que percebe que a cultura e história do sujeito pode interferir no
processo de aprendizagem. E demonstra que a aprendizagem se dá através das
interações socais que o indivíduo desenvolve no decorrer de sua vida. Ou seja, o sujeito
constrói a si e o seu conhecimento, ele não é um ser passivo.
A psicologia demonstra que o homem é um ser biopsicossocial, e a Psicologia
Sócio-Histórica defende que o fenômeno psicológico se desenvolve ao longo do tempo,
não é pertencente a natureza humana, refletindo a condição social econômica e cultural
do período em que acontece. Sendo assim, a subjetividade adquirida do homem surge
do momento em que está vivendo, da relação de seu mundo social e material.
Ela trás que o ser humano não é um ser que nasce com a essência pronta, que ele
não é imutável, pelo contrário, ela demonstra que o ele se constrói, se molda através as
relações que estabelece com o meio que está inserido e com outros sujeitos. Desse
modo, o homem é um ser ativo, histórico e social.
A partir das relações que o homem estabelece em seu meio de produção e social,
surge aí a sociedade, perante a qual se constrói como espelho dos indivíduos que nela
estão inseridos. Com o passar do tempo essa estrutura vai sofrendo alterações e
mudanças conforme a mudança dos indivíduos e conforme suas vontades. E é assim que
vai se construindo a história de uma sociedade, na qual há a política, economia,
atividade de produção e relações sociais envolvidas.
A partir dessa concepção, entende-se que o homem e o meio não podem existir
separadamente, pois um interage com o outro, contudo, o homem e o meio são
diferentes. Assim, o homem é moldado de acordo com o meio, com a realidade que está
inserido, e age sobre ela, modificando-a de acordo com sua atuação.
Vigotsky afirmava que a linguagem era a principal característica do homem que
o tornava diferente dos demais animais, que o torna ser racional, pois é através dela que
se pode representar a realidade, usá-la para interagir com outros indivíduos. Assim,
pode-se dizer que a matéria prima da consciência é a linguagem, pois não a pensamento
sem linguagem, não tem maneira de expressá-lo.
É através das experiências que o homem vivencia que é construída sua
consciência, sendo essa o fator importante para ele ter conhecimento sobre suas formas
de sentir, agir e pensar. Desse modo, o psiquismo se constrói pela transformação do
plano social em plano psicológico.
A história da psicologia está ligada ao grupo dominante da sociedade, de modo a
refletir seus interesses. Assim, surge a ideologia, que consiste na transformação de
ideias e na persuasão sobre a sociedade, de modo a impor suas ideias dominantes sobre
ela, sendo na verdade tudo ilusório. Pois acaba sendo uma alienação da sociedade sobre
o que as classes dominantes querem construir ao seu agrado.
Essa abordagem tem uma perspectiva crítica, pois não tem como se pensar na
realidade social como algo externo, já que o social e o psicológico andam juntos. Assim,
ela reivindica uma definição de ética e visão política sobre a realidade.
A Psicologia Sócio-Histórica chegou ao Brasil e foi incorporada na Psicologia
Social. E essa durante muito tempo esteve sinalizada por caráter e tradição pragmática.
Nesse momento, Profa. Dra. Silvia Lane busca consolidar a proposta da psicologia
social com bases materialista-históricas que é voltada para trabalhos comunitários.
Contudo, essa adquiriu uma visão política, por conta do contexto em que se encontrava
o Brasil, com as ditaduras militares, a repressão e a opressão vividas da época.
Lane esclarece o que queria para a nova tendência:
“É dentro do materialismo histórico e da logica dialética que
vamos encontrar os pressupostos epistemológicos par a reconstrução de um
conhecimento que atenda à realidade social e ao cotidiano de cada indivíduo
e que permita uma intervenção efetiva na rede de relações sociais que define
cada indivíduo – objeto da Psicologia Social”. (LANE, 1984)
A Psicologia Sócio-Histórica veio com a proposta de ser uma abordagem crítica,
que abandona a neutralidade da corrente positivista, a objetividade da ciência e o
idealismo. E tem o objetivo de melhorar as condições de vida da sociedade,
promovendo a saúde psicológica da sociedade.
CONCLUSÃO
A Psicologia foi sendo formada por diversas escolas, muitas delas com ideias e
abordagens contrárias umas as outras. Sendo assim, a psicologia pode ser explicada na
verdade como psicologias, pois essa é composta por diferentes matrizes, abordagens,
teorias, e sendo construída em diferentes influências culturais, sociais e econômicas.
Contudo, todas essas escolas e abordagens tinha um mesmo objetivo que era
compreender o ser humano, e dessa forma, gerar bem-estar a sua vida e a sociedade.
Desse modo, conclui-se que a psicologia nunca será uma ciência acabada e
completa, pois, essa estuda o ser humano, o homem e seu comportamento. De maneira
que tenta compreendê-lo e ajudá-lo com suas dificuldades interiores. Sendo assim,
possuindo o homem como seu objeto de estudo, um ser que é mutável, está sempre em
constante transformação, ela também está o acompanhando, sempre trazendo novas
teorias, abordagens, para que assim possa continuar à alcançar seu objetivo que é gerar
o bem-estar do indivíduo e da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS