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UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE PSICOLOGIA

Maria Fernanda D. Teixeira - N6242F3 - (PS3A42)


Pamela Yakabe - N556668 - (PS3A42)
Maria Luisa Barbosa Ribeiro - N574JE2 – (PS3B42)
Laryssa Gyovanna P.G. Alves - N6432J0 – (PS3A42)
Livia de Assis Macedo- N599JJ6 - (PS3B42)

ANÁLISE- PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA

Goiânia-GO
2020
Maria Fernanda D. Teixeira - N6242F3 - (PS3A42)
Pamela Yakabe - N556668 - (PS3A42)
Maria Luisa Barbosa Ribeiro - N574JE2 – (PS3B42)
Laryssa Gyovanna P.G. Alves - N6432J0 – (PS3A42)
Livia de Assis Macedo- N599JJ6 - (PS3B42)

ANÁLISE- PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA

Trabalho de atividade prática supervisionada,


apresentado à Universidade Paulista – UNIP,
sob a perspectiva de desenvolver e adquirir
conhecimento acerca da Psicologia
Construtiva.
Orientador: Professora Grisiele Silva.

Goiânia-GO
2020
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1. INTRODUÇÃO:
Este trabalho é dividido em duas partes. Nesta primeira parte iremos apresentar e
discutir sobre diversos assuntos da Psicologia Construtivista relacionado ao filme
indiano “Como Estrelas na Terra”. Este filme possui 02:42:24, dirigido por Aamir
Khan, no qual também faz parte do elenco. O filme aborda o período da terceira
infância de Ishaan, um garoto que apresenta dificuldades no âmbito social (entre sua
família e a escola). Ele está na fase operatório concreto e demonstra possuir problemas
de aprendizagem.
Segundo Jean Piaget (1932), o conhecimento vem de uma construção da
inteligência e do juízo moral no desenvolvimento humano. Portanto, este trabalho trará
conhecimento ao leitor através de textos que abrirão mais a compreensibilidade em
relação à Ishaan. Demonstrando uma reflexão sobre as fases de desenvolvimento de
uma criança, e a inclusão dela no contexto familiar e estudantil em relação ao seu
desenvolvimento cognitivo.
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2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO:
2.1 Terceira Fase da Infância:
A terceira infância, também conhecida como meninice, é marcada pela faixa
etária entre os 6 aos 12 anos. A partir dessa idade, as mudanças são mais lentas, mas é
bastante notável. Essa é a fase marcada pela operação concreta (mencionaremos mais a
frente sobre esse tema), no qual é o período dedicado à educação formal, pois aqui as
habilidades intelectuais necessárias para a aprendizagem estão mais afloradas. As
crianças nessa idade estão recém começando a adquirir as habilidades linguísticas,
lógicas e de processamento de informações necessárias para a aprendizagem acadêmica
(BOYD; BEE, 2011). É também nessa fase em que as crianças apresentam grande
criatividade.
Nessa idade as crianças demonstram uma grande resistência física, e por isso
apresentam grande entusiasmo por brincadeiras e atividades mais físicas. Em
decorrência disso, precisam de uma dieta rica em frutas, verduras, vegetais e
carboidrato, uma alimentação saudável é importante, pois aqui estão em sua principal
fase de crescimento. Por ser um período importante para seu desenvolvimento
necessitam de atenção e auxílio dos pais, inclusive no que tange aos assuntos escolares.
Por começar o período de escolaridade regular, as crianças podem apresentar
certas dificuldades, o que requer ajuda dos pais. Nesse momento começam a interagir
com outras pessoas, saindo apenas na interação com seu seio familiar, na qual
relacionam-se com pares de sua idade, e por isso, nessa fase apresenta-se diminuição do
egocentrismo. A criança começa a interagir no seu meio de forma mais independente,
adquirindo novas experiências e conhecimentos.
Há também uma maturação das habilidades motora, refletindo em suas
brincadeiras e atividades físicas. Nesse período, é importante que as crianças continuem
visitando periodicamente os consultórios médicos, para acompanhamento de seu
crescimento e prevenção de qualquer doença.
“O crescimento cognitivo que ocorre durante a terceira infância permite à
criança a desenvolver conceitos mais complexos e ganhar compreensão e controle
emocional” (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p.351). Nesse período as crianças atingem o
último estágio de autoconceito, no qual os julgamentos sobre si tornam-se mais rígidos,
conscientes e realistas, pois aqui começam a adquirir sua própria identidade. É também
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nesse período, em que entram na fase do desenvolvimento psicossocial que Erik Erikson
chamou de produtividade vs inferioridade, o que acaba inferindo diretamente em sua
autoestima.
Em decorrência de seu crescimento e desenvolvimento, elas aprendem a lidar
com seus sentimentos, e começam a perceber e identificar as emoções alheias de
pessoas a sua volta. Mas, é de extrema importância nessa fase à forma que lidam com
seus sentimentos e quais estão presentes em sua vida, pois eles têm influência direta
com sua construção da autoestima e autoconceito de si. “Por volta dos 7 ou 8 anos, as
crianças têm consciência de que sentem vergonha e orgulho, e têm uma ideia mais clara
da diferença entre culpa e vergonha. Essas emoções afetam a opinião que elas têm de si
próprias “(PAPALIA; FELDMAN, 2013, p.352).
As influências mais importantes desse período vêm ainda de sua família, pois é
essa que ainda transmitem suas crenças e valores para a criança. Por esse motivo, é
significativo a presença e atenção dos pais nesse período. Principalmente, no que tange
assuntos escolares e emocionais da criança.

2.2 Estágio Operatório Concreto:


De acordo com Jean Piaget, a partir dos 7 aos 11 anos em média, inicia-se no
desenvolvimento da criança o Estádio Operatório Concreto. Caracterizando uma fase na
qual a criança começa a lidar com diversos conceitos entre as relações e números,
abandoando um ser pré-lógico à um ser operatório concreto.
Em tese, essa fase é marcada quando a criança está iniciando no ambiente
escolar, ensino fundamental, onde é mais perceptível suas relações sociais e em como o
seu egocentrismo vai diminuindo, abrindo espaço para a visão do outro em uma
linguagem mais abrangente e mais lógica, sendo capaz de realizar operações
mentalmente (não apenas com ações físicas) e as interiorizar.
No entanto, a criança precisa experimentar e observar objetos concretos –
chamado de pensamento indutivo: do particular para uma causa geral – ou seja, suas
reflexões são sempre baseadas em situações concretas e lógicas, tendo uma comparação
com o que ela acabou de aprender juntamente com a sua bagagem de experiências ou
dispondo de uma presença física, além de que possivelmente irá apresentar uma
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dificuldade em pensar de maneira abstrata (consegue imaginar, mas não de maneira


lógica).
Suas relações sociais e linguagem melhoram, a criança passa a entender as
regras sociais e o seu papel aprimorando a comunicação com pares de sua idade e com
adultos uma vez que compreende seus pensamentos e sentimentos diferentes –
denomina-se descentração – garantindo uma maior flexibilização.
Portanto, durante o operatório-concreto o processo de cognição necessita de
meios e objetos que sejam concretos na realidade do indivíduo para que posteriormente
– chamado de operatório formal – em sua adolescência, seja possível pensar e formular
ideais abstratos sem dificuldade, além de desenvolver melhor seus valores éticos e
morais.

2.3 Perspectivas Epistemológicas:


Conforme descrito no texto de Afonso (2007), a inteligência tem diversos
significados conforme o constructo que o pesquisador for investigar. Ela pode ser
aplicada muito no potencial cognitivo humano, por exemplo, como ele vai aprender algo
pela experiência, como ele tomará decisões, como ele vai compreender a linguagem
falada e a aptidão verbal, se ele terá uma linha de raciocínio lógico, quais são as suas
competências sociais, entre outras definições. Nas quais, estão ligadas ao contexto
cultural, social e histórico de uma sociedade.
As perspectivas epistemológicas têm como papel fundamental de investigar a
origem do conhecimento humano, ou seja, ela estuda o conhecimento em si. E nesta
busca, é fundamental compreender as concepções epistemológicas: o empirismo, o
inatismo (racionalismo) e o construtivismo (interacionismo). Nas quais serão
representadas pela pesquisa de Jean Piaget, um psicólogo e epistemólogo bastante
conhecido.
De acordo com as informações passadas por Darsie (2015), a Concepção
Empirista tem como seus fundadores John Locke e David Hume, nos quais usaram para
descrever o empirismo como o indivíduo sendo uma lousa limpa, onde, na medida em
que este sujeito crescesse, ele passaria a limpo na lousa suas experiências com o mundo.
Sendo assim, o conhecimento vem a partir de uma informação sensorial, transmitida do
exterior para o interior.
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Este tipo de ensino aprendizagem foi adotado como modelo definitivo nas
escolas. Por mais que este ensino seja bastante criticado, professores e educadores
continuam a usá-lo no sistema educacional, são poucas escolas que usam outros
métodos de ensinos. Aqui o ensino-aprendizagem é adquirido pelo professor, no qual o
aluno é o receptor de informações. Os alunos acumulam o conhecimento de fatos
científicos e informações isoladas numa concepção de memória associacionista, logo
este conhecimento é armazenado e quando for necessário será recuperado.
Em relação ao inatismo, Beatriz Santomauro (2015) explica que a busca por
respostas vem a partir de Filósofos da Antiga Grécia, eles queriam entender sobre como
era possível obter conhecimento, se era algo de forma inata ou aprendida por
experiências. O inatismo é uma corrente, na qual explica que os indivíduos carregam
consigo aptidões, habilidades e conceitos, em outras palavras, o conhecimento vinha por
meio dos genes hereditários. Essa corrente influenciou algumas escolas a
compreenderem que o aluno aprende por si só, e o professor interfere apenas quando
preciso, como na organização do aluno. Para Fernando Becker (Becker, 1995), “o
professor não-diretivo acredita que o aluno aprende por si mesmo. Ele pode, no
máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno, despertando o conhecimento que já existe
no aluno.”
Darsie (2015) explica que Piaget era um interacionista relativista, no qual seus
preceitos eram baseados na interação do meio físico e social, ou seja, uma experiência
sensorial e da razão. Para Piaget, ser inteligente em uma perspectiva interacionista é
saber coordena ações do seu corpo em direção da solução de problemas. Podendo,
então, o indivíduo concluir o seu desenvolvimento a partir dos estádios de
desenvolvimento cognitivo, motor, físico, sensorial e afetivo. Piaget concluiu que todo
indivíduo funciona por meio do processo de adaptação, no qual está relacionado ao
equilíbrio entre a assimilação e a acomodação.
“Assimilação - quando o sujeito entra em contato com o meio, retira a
informação dele, se organiza à sua maneira e interpreta.
Acomodação - conceito contrário ao senso comum, às estruturas
mentais se modificam para dar conta da singularidade do objeto.” -
NADIA PATRÍCIA RIBEIRO (Portal Educação).
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Portanto para conhecer um objeto você o assimila. Mas, se caso, obtiver


resistência, o indivíduo terá uma modificação na organização mental ao processo de
conhecer o objeto, denominado acomodação.

2.4 Problemas de Aprendizagem:


Sabe-se que o processo de aprendizagem tem importância imprescindível para
um indivíduo, independente da fase na qual ele se encontra. A aprendizagem para Piaget
(1976) é definida como “equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado
de menos equilíbrio para um estado de equilíbrio superior... ocorre pela ação da
experiência do sujeito e pelo processo de equilibração.” Essa afirmação demonstra que
tal processo nunca ocorre do zero, mas sim de experiências anteriores de interações com
o ambiente, fazendo assim, o indivíduo desenvolver sua capacidade de assimilação por
meio da organização de esquemas cognitivos. Em vista desse processo de
aprendizagem, é necessário salientar e discutir que em qualquer época da vida as
pessoas podem apresentar problemas e dificuldades no aprendizado, tanto por fatores
internos (cognitivos, neurológicos ou emocionais) quanto por fatores externos
(culturais, sociais, políticos etc.).
Os problemas de aprendizagem referem-se à incapacidade de adquirir, reter ou
utilizar informações e habilidades gerais, que podem afetar a capacidade de aprender
efetivamente, ocasionando, na maioria das vezes, um baixo desempenho escolar. Muitas
vezes, esses problemas são confundidos com certos estigmas como preguiça, falta de
interesse ou compromisso, prejudicando e gerando assim, limitações e desmotivações
da criança que poderiam ser evitadas com um acompanhamento efetivo. Além disso,
deve-se salientar que nem todas as dificuldades de aprender configuram algum distúrbio
(tópico cujo qual será trabalhado).
No que diz respeito aos fatores externos no contexto de problemas de
aprendizagem, é preciso compreender que a aprendizagem ocorre nas interações sociais
e é fruto de um processo histórico (VYGOTSKY, 1934). Isso significa que ao olhar
para as dificuldades é necessário olhar também para esses fatores. É necessário analisar
o contexto no qual esse processo ocorre, levando em consideração o ambiente escolar
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no qual o indivíduo está inserido, a relação familiar e social, condição financeira, a


relação e visão em si que o aluno tem sobre os estudos. Neste sentido, é imprescindível
ressaltar a importância de observar e analisar o problema de aprendizagem
contextualizado visto que, na maioria das vezes, ele remete uma dificuldade na relação
ensino-aprendizagem.
Pode-se inserir também que as dificuldades de aprendizagem podem ser ligadas
a fatores internos, como distúrbios, que afetam e prejudicam o aprendizado dos
indivíduos. A noção dos distúrbios de aprendizagem está ligada ao desempenho
acadêmico, que afeta também o desempenho em fazer certas tarefas em casa ou em
outros lugares, contudo, é na situação escolar de ensino formalizado que essa
problemática se manifesta claramente. Esses problemas refletem diretamente na
diminuição da diligência acadêmica, principalmente nas áreas de cálculo, escrita e
linguagem, e muitas vezes, esses transtornos estão acompanhados de falta de motivação,
imaturidade e problemas comportamentais. Assim infere-se que os principais tipos de
problemas de aprendizagem são:
- Disgrafia: dificulta a percepção e capacidade de escrita dos indivíduos
levando-os a cometerem com frequência diferentes erros ortográficos. De acordo com
especialistas, o transtorno pode estar ligado a problemas psicomotores, levando as
pessoas a apresentarem dificuldades em formar palavras, reconhecer e diferenciar letras
maiúsculas de minúsculas etc.
- TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade): O transtorno
do déficit de atenção e hiperatividade não é um transtorno de aprendizagem, mas uma
condição que pode interferir negativamente nos processos de aprendizagem do
indivíduo. Esse déficit neurobiológico caracteriza-se por falta de atenção,
hiperatividade, impulsividade, inquietação.
- Dislexia e Discalculia: sendo abordados adiante.

2.5 Dislexia e Discalculia:


Dislexia:
É um transtorno específico de aprendizagem que afeta habilidades básicas como
a leitura e a escrita. Ela tem suas raízes no sistema cerebral responsável pelo
processamento fonológico, o que resulta na dificuldade para processar os sons das
palavras e associá-las com as letras ou sequência de letras que as representam. Além
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disso, outro fator que pode estar relacionado são déficits nas funções executivas como
dificuldade no processamento visual ou auditivo e desenvolvimento psicomotor. A
dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem porque seus sintomas
normalmente afetam o desempenho acadêmico. Geralmente, é identificado na
alfabetização, onde se inicia o processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Sintomas que podem estar presentes:


➢ Na linguagem oral
- Atraso no desenvolvimento da fala.
- Problemas para formar palavras de forma correta, como trocar a ordem dos
sons.
- Dificuldades em nomear letras, números e cores.
- Dificuldade em atividades de aliteração e rima.
- Dificuldade em se expressar.
➢ Na escrita:
- Falha na ortografia e na soletração.
- Inversões, omissões e substituições de sílabas ou de letras.
- Dificuldade na produção de textos.
➢ Na leitura:
- Dificuldade para decodificar palavras.
- Falha no reconhecimento de palavras, mesmo sendo elas as mais frequentes.
- Leitura oral lenta e incorreta.
- Vocabulário reduzido.
- Dificuldade na compreensão de textos.

Discalculia:
É um transtorno causado por uma má formação neurológica que se manifesta
como uma dificuldade no aprendizado dos números. Quem possui discalculia apresenta
dificuldade para assimilar a quantidade das coisas e por isso à dificuldade de entender
os números e o que eles representam. Assim, o indivíduo é incapaz de identificar sinais
matemáticos, classificar números, símbolos matemáticos, montar operações e relacionar
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o valor de moedas. É perceptível desde muito cedo, mas é na escola que os sinais e
dificuldades se expressam de maneira clara e explícita, porque as exigências são
maiores e a sequência de tarefas que envolvem aritmética e proporções serão rotineiras.
Não existe remédios e nem cura, porém o indivíduo aprende a lidar com o transtorno.
Segundo Ladislav Kosc (1974), existem seis tipos de discalculia, são elas:
- Discalculia verbal: dificuldade em nomear quantidades matemáticas, números,
termos e símbolos;
- Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;
- Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos
numéricos;
- Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;
- Discalculia practonóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e
comparação de objetos reais ou imagens;
- Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no
entendimento de conceitos matemáticos.
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3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO FILME:


Com base no entendimento e compreensão dos textos anteriores - de acordo com
a fase da infância de Ishaan Awasthi (Terceira Infância), em relação ao seu
desenvolvimento físico, sensório e motor de Piaget (Operatório Concreto), conceitos de
análise das perspectivas epistemológicas (Inatismo, Empirismo e Interacionismo), e
problemas de aprendizagem (entrando mais na parte de Discalculia e Dislexia) -
analisaremos a descrição do filme “Como Estrelas na Terra”.
“O filme retrata sobre a vida, tanto no âmbito familiar quanto estudantil, de um
garoto de 9 anos de idade chamado Ishaan Awasthi, cujo qual apresenta dificuldades
de aprendizagem, mais precisamente na escrita e leitura.”.
Conforme no texto da Terceira Infância, Ishaan está na fase da meninice. As
crianças nessa idade estão recém começando a adquirir as habilidades linguísticas,
lógicas e de processamento de informações necessárias para a aprendizagem acadêmica
(BOYD; BEE, 2011). E Ishaan nesta fase apresenta limitações na aprendizagem e nestas
habilidades, demonstrando que ele possui mais dificuldades que as outras crianças da
sua turma.
“Durante o longa-metragem, ele recebe várias críticas dos profissionais do
colégio no qual estuda, sendo taxado como “problemático” e “bagunceiro” por
possuir baixo desempenho nas provas e “perturbar” seus colegas de classe.”.
“Ishaan para muitos é um menino “bagunceiro”, ele brinca com seus pais e muitas
vezes não corresponde aos seus chamados.”.
“(...) a mãe, acolhedora mesmo sem ter conhecimento do que ocorre com o
filho, porém submissa a um pai intolerante a erros e exigente, que compara os dois
filhos inúmeras vezes e concebe as dificuldades escolares de Ishaan como preguiça e
falta de vontade de aprender.”
Podemos notar que Ishaan, por mais que esteja na fase da meninice, é visto
como o “garoto-problema” tanto na escola, quanto dentro do seu seio familiar. Ele é
mais acolhido pela mãe, por mais que seja diferente, e “difícil de lidar”. Já o pai, por
mais que Ishaan tente obter atenção dele, não consegue e é visto da pior forma possível.
“Em um momento, durante a aula, a professora solicita que ele lesse a frase de
certa página do livro, com isso, Ishaan ficou imóvel sem saber o que fazer relatando
que não sabia ler e que as letras à sua frente eram dançantes.”
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Ishaan tem problema tanto na leitura quanto na escrita. Ele menciona que as
palavras dançavam para ele. Mas, a escola e seus pais mesmo sabendo deste problema,
não quiseram solucionar, nem tão pouco procuraram saber o que ele tinha. No texto do
desenvolvimento teórico, em relação aos problemas de aprendizagem, o leitor pode
compreender que Ishaan não era um “garoto-problema”, ele apresentava dificuldades
que ninguém da sua família e da sua escola queriam compreender e que também tinham
conhecimento, ou de fato aceitá-lo. Ele tinha a Dislexia, um transtorno de aprendizagem
que pode afetar muitos, mas que poucos querem compreendê-la, e tem conhecimento
desse assunto, apenas os rotulam como problemáticos, doentes mentais ou até mesmo
de burros, e isto é demonstrado muito ao decorrer do filme.
Observação feita por aqueles que assistiram ao filme: Além da Dislexia,
mencionamos também no desenvolvimento teórico um pouco sobre a Discalculia.
Ishaan ao fazer uma prova de matemática, não consegue calcular e nem consegue
escrever os números, por isso trazemos está observação, de que talvez ele não tivesse
apenas a Dislexia, mas também a Discalculia.
“A única coisa na qual Ishaan se concentrava com mais afinco era em pintar,
onde sua imaginação tomava conta e ele podia ficar em seu próprio mundo. Essa
última parte é visível quando Ishaan resolve não ir às aulas e fica andando pelas ruas
indianas. Ele observa várias pessoas exercendo suas funções, enxerga várias cores e
assim colorindo as histórias em sua imaginação. E às vezes nem percebia algumas
situações na qual ele se colocava em perigo”.
Visto no primeiro parágrafo do texto sobre a Terceira Infância: “É também nessa
fase em que as crianças apresentam grande criatividade.”. Porém, de acordo com a fase
Operatória Concreta por mais que a criança tenha grande imaginação, ela tem uma
imaginação focada em coisas mais lógicas. Ishaan ao contrário tem o seu próprio
mundo, e muitas vezes imagina coisas surreais, e ele prefere viver neste mundo, onde
não há ninguém que o critique e o veja de uma maneira ruim. Mas, pela falta de noção
de perigo, isso o colocou diversas vezes em risco, como por exemplo, no filme, mostra
ele passando em frente aos carros sem se preocupar com eles vindo em sua direção.
“Tal dia, seus pais são chamados pela diretoria para irem até a escola para
conversarem sobre os testes de Ishaan, quando chegam lá se deparam com notas
extremamente baixas e inúmeras reclamações dos professores. Tal ocorrido faz com
que o
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pai dele tome a decisão de colocá-lo em um colégio interno com o objetivo de


´´consertá-lo``.”
“Enquanto Ishaan está no internato, o filme mostra críticas a respeito desse
sistema cruel, repressor e excludente de ensino: punições quando um resultado que o
professor requer não é alcançado, palmatória, falta de aproximação do professor com
o aluno e desinteresse do próprio professor ao que acontece com os alunos, além da
sala de aula e metodologias que geram desinteresse ao aluno.”.
Como mencionado no texto sobre as “Perspectivas Epistemológicas” sobre a
Inteligência, este tipo de ensino mostrado no colégio interno e no colégio anterior de
Ishaan é adotado pela corrente da concepção empirista em seu ensino-aprendizagem.
Nos quais os professores apenas apresentavam o mesmo ensino para Ishaan, onde o
aluno é o receptor de informações. Os alunos acumulam o conhecimento de forma
isolada, depois ela é armazenada e quando preciso recuperada.
No colégio interno, sua vida não é mais a mesma, seus pais apenas o visitam nos
finais de semana. Desse modo, acaba sentindo-se abandonado. Além disso, continua
sem obtém sucesso nos estudos. Seu desenvolvimento decai mais ainda e ele não possui
mais motivação para nada:
“Os seus pais o visitam para saber, o porquê dele continuar com mesmos
comportamentos e com baixo rendimento escolar. Porém, agora é diferente, Ishaan não quer
vê-los, ele apenas os ignora. Eles conseguem a permissão do diretor para levar o filho por um
tempo e Ishaan não sente mais prazer nas coisas que ele gostava como pintar e fazer desenhos.
Ele sente constantemente insegurança, medo, dores no corpo, ansiedade e estresse emocional.
Porém, os pais o deixam novamente no colégio interno”.
Os pais continuam não compreendendo o seu filho. No sétimo parágrafo do texto da
Terceira Infância, é mencionado:
“As influências mais importantes desse período vêm ainda de sua família, pois é essa que ainda
transmitem suas crenças e valores para a criança. Por esse motivo, é significativo a presença e
atenção dos pais nesse período. Principalmente, no que tange assuntos escolares e emocionais
da criança.”.
Ishaan está abalado tanto emocionalmente quanto psicologicamente, ele se sente
abandonado e não sente mais amado pela própria família. E com a falta do apoio da
escola, ele não sente mais motivação para nada.
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Em uma parte do filme ele fica isolado em um local da escola, que parece um
grande penhasco. No filme não é mostrado que ele tinha algum desejo de acabar com o
seu sofrimento pulando dali, ou se realmente, não tinha noção do perigo que estava
passando.
O filme tem um desfecho incrível:
“Contudo, tal realidade felizmente será mudada com a chegada de um professor
de artes substituto, Ram. Ele chega com uma metodologia de ensino totalmente
diferente do docente anterior que tinha regras rígidas de ensino e punição com
palmatória, dando aos alunos diversões durante as aulas e tornando possível a relação
professor-aluno.”.
O novo professor parece usar bastante a corrente tanto inatista quanto a
abordagem interacionista. Ele se prende aos dons inatos das crianças, como por
exemplo, os desenhos de Ishaan que são como dons. E a abordagem interacionista,
pedindo ao diretor da escola para ensinar ao Ishaan, com o processo de adaptação, na
qual está relacionado ao equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, através de
outras formas de ensino, por meio de desenhos.
“Todos os comportamentos de desaprovação dos professores, foram mudados. Ishaan
aprende a cada dia mais e mais, e começa a fazer até as tarefas mais simples e básicas que
antes eram impossíveis a ele. O aprendizado se torna parte de sua vida, e seu desenvolvimento
cognitivo melhora cotidianamente como todas as outras crianças.”
“Por fim, o professor propõe um concurso de pintura que engloba tanto
professores da instituição quanto alunos, propiciando um momento de muita
descontração e diversão no filme a fim de ser um ambiente de aprendizagem mútua.”.
“E ele está querendo mostrar a toda turma o talento inato de Ishaan. Quadro de Ishaan:
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“Porém, Ishaan é surpreendido por seu professor. E esta surpresa o faz perceber o amor e o
carinho que seu professor tem por ele, ou seja, ele era importante para alguém:”

“Ishaan foi aplaudido por todos e recebeu inúmeros elogios de seus professores; seus
pais ficaram muito orgulhosos e agradecidos; ele concluiu o terceiro ano com sucesso
mostrando assim que cada criança tem suas próprias capacidades.”.
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4. CONCLUSÃO:
Como abordado anteriormente no trabalho com os temas: Terceira Infância,
Operatório Concreto, Construção da Inteligência – com as subdivisões que são as
abordagens empirista, inatista e interacionista – e os Problemas de Aprendizagem –
Discalculia e Dislexia- podem ser observados em uma análise com o personagem Ishaan
e toda sua trajetória em seu contexto escolar, pessoal e social.
O filme “Como estrelas na Terra” nos apresenta um tópico pouco abordado,
porém de extrema importância conhecido como problemas de aprendizagem. Isshan é
um menino que possuí dislexia, na qual ninguém tinha conhecimento ou compressão,
nem mesmo seus pais e professores, justamente por não ser um assunto frequentemente
discutido pela sociedade. Com isso o filme nos faz refletir que atualmente muitas
crianças sofrem em decorrência desse transtorno e pela falta de apoio por parte dos pais
e escola, e somente após muito sofrimento por parte da criança é que provavelmente
haverá alguma interferência pelos responsáveis para suprir suas necessidades.
Portanto, igual abordado no filme como uma forma simples de se resolver o
“problema” - o diretor querendo encaminhar Isshan há escola especial, e de certa forma,
o excluindo da oportunidade de ser tratado como uma criança normal – visto que isso
também acontece na realidade. Poucas são as escolas que realmente tem o preparo de
incluir alunos especiais em seu ensino. Sendo desse modo, um assunto que ainda é um
considerado sensível para a sociedade, no qual é ignorado a inclusão, pois método de
ensino tradicional das escolas impossibilita esses alunos em questão de terem a
oportunidade de uma inclusão social adequada.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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<https://www.netflix.com/search?q=como%20estrelas&jbv=70087087 >
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º PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento psicossocial na terceira
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º BOYD, D.; BEE, H. Unidade Quatro – Meninice. A Criança em Crescimento. Porto
Alegre, 2011. p. 298-391.
º AFONSO, Maria João Inteligência Humana: do Conceito ao Construto-
Repositório da Universidade de Lisboa, 2007.
<https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3987/97/ulsd053435_td_cap1.pdf>28/04/2021
(16:53) <https://repositorio.ul.pt/handle/10451/3987> 28/04/2021 (16:53)
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1-nov-2010.pdf> 28/04/2021 (17:50)
º BECKER, Fernando- Matemática e os Números Naturais, 1995.
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º CAMPOS, LEONOR N. MEDEIROS -Discalculia: Sintomas, causas e tratamento –


Tudo que você precisa saber - blog.psicologiaviva
<https://blog.psicologiaviva.com.br/discalculia/ >
º TATIANA, PIMENTA -Discalculia: quando a dificuldade com a matemática é um
distúrbio de aprendizagem- Vittude <https://www.vittude.com/blog/discalculia-
dificuldade-matematica/>
º PIAGET, JEAN – Seis estudos de psicologia. – Editora Forense Universitária, 1999.
<http://atividadeparaeducacaoespecial.com/wp-content/uploads/2014/11/SEIS-
ESTUDOS-DE-PSICOLOGIA-JEAN-PIAGET.pdf >
º RODLER, PÂMELA - Estágios cognitivos de Jean Piaget (Operatório-concreto e
Operatório-formal). PsicoSaber – YouTube 6 de nov. de 2020.
<https://www.youtube.com/watch?v=KrJ4jdFJ5T0>
º DIDATICS - PIAGET (4) – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO |
CONSTRUTIVISMO didatics – YouTube 10 de jun. de 2019
<https://www.youtube.com/watch?v=CRokAZi_RWM>
º PIAGET, JEAN - A Infância de sete a doze anos_Piaget,
<http://pedagogia.comunidades.net/a-infancia-de-sete-a-doze-anos-piaget>
º Publicado por: Flavimilton Leal - AS DIFICULDADES DO ENSINO E
APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL I -FACULDADE
EVANGÉLICA CRISTO REI – FECR CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM
PEDAGOGIA. <https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/as-
dificuldades-ensino-aprendizagem-no-ensino-fundamental-i.htm>
º PIAGET, J. Equilibração das Estruturas Cognitivas. Trad. Marion M.S. Penna. Rio
de Janeiro: Zahar, 1976.
º Vygotsky LS. Pensamento e linguagem. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
° Instituto ABCD © 2021 - Transtorno Específico da Aprendizagem-
<https://institutoabcd.org.br/transtorno-de-aprendizagem/ >
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1. INTRODUÇÃO:
Este trabalho é dividido em duas partes. Nesta segunda parte será abordado o
conteúdo estudado sobre os estádios da teoria de desenvolvimento de Piaget, e as fases
do desenho de Lowenfeld e Luquet. Para melhor compreensão iremos mostrar os
desenhos de 09 crianças de faixa etária entre 2 à 15 anos correlacionando com o
presente conteúdo estudado.
As crianças avaliadas foram identificadas como letras de A até I, por questões de
ética não foi apresentado o nome. Fizeram apenas 02 desenhos representativos, sendo
um em relação à família (identificado como desenho 1) e de forma livre (identificado
como desenho 2), portanto, serão analisados 18 desenho no total. Os desenhos ficarão
no trabalho junto com o relato de cada criança.
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2. DESENVOLVIMENTO:
Piaget (1964), a partir de seus estudos procurava compreender como um adulto
chegava ao pensamento lógico-científico e como o indivíduo conseguia adaptar-se ao
ambiente. A partir disso, desenvolveu um campo de investigação denominado
epistemologia genética, isto é, teoria centrada no desenvolvimento natural da criança.
Ele pretendeu compreender como se desenvolvem não só os conhecimentos, como
também a capacidade de conhecer.
De acordo com Piaget, o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o
meio, ou seja, a interação do organismo com o meio no qual ele está inserido. Tais
trocas são responsáveis pela construção da capacidade de conhecimento. Assim, por
meio desse pressuposto, Piaget definiu quatro “estádios” do desenvolvimento cognitivo
da criança, cujos quais expressam as etapas pelas quais se dá a construção de mundo
pela criança:
1. Estádio Sensório-motor (0 a 2 anos): o período sensório motor é
imprescindível para o desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a base de
todo o processo cognitivo do indivíduo, e os esquemas sensório-motor desse período
são as primeiras formas de pensamento e expressão. A evolução cognitiva desse estádio
pode ser explicada e descrita em seis subestádios:
1.1 Subestádio I (até 1 mês) - formação dos primeiros esquemas por meio de
comportamentos reflexos: respostas aos estímulos externos (Ex.: sucção, preensão). Os
esquemas reflexos caracterizam a atividade cognitiva do bebê no primeiro mês de vida.
1.2 Subestádio II (1 mês a 4 meses e meio) - formação das primeiras estruturas
adquiridas (hábitos), perda momentânea do equilíbrio dos esquemas-reflexo, assim os
reajustes vão obter um equilíbrio momentâneo novo; coordenação entre os esquemas
olhar e pegar; transição entre o orgânico e o intelectual a fim de preparar a inteligência.
1.3 Subestádio III (4 meses e meio a 8/9 meses) - surgimento das reações
circulares voltadas a objetos. Após ter aplicado isso ao próprio corpo, a criança irá,
pouco a pouco, utilizar esses procedimentos sobre objetos exteriores. Reações circulares
secundárias: passagem entre a atividade reflexa e a propriamente inteligente. A criança
interage com o meio e a assimilação com objetos é muito ativa.
1.4 Subestádio IV (8/9 meses a 11/12 meses) - coordenação dos esquemas
secundários e sua aplicação às situações novas. Nesse subestádio, a criança já é capaz de
coordenar vários esquemas para obter resultados desejados, tornando perceptível a
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presença do comportamento intencional. Ela é capaz de variar os meios para chegar ao


objetivo desejado, sendo capaz de dissociar os meios e os fins.
1.5 Subestádio V (11/12 meses a 18 meses) - imitação deliberada e atividade
lúdica: apresenta a reação circular terciária, na qual a criança explora os objetos
desconhecidos por meios que já conhece: pegar, levantar, sacudir, e repetição destes. A
criança nesse subestádio já considera os deslocamentos sucessivos do objeto presente no
seu campo visual: se o objeto é escondido, ela passa a procurá-lo no último local em que
foi escondido.
1.6 Subestádio VI (1 ano e meio a 2 anos) - invenção de meio novos por
combinação mental e a representação. Essa etapa é marcada pela representação mental
dos acontecimentos; é capaz de representar objetos ausentes; representar o mundo
exterior mentalmente a partir de imagens, símbolos, memórias. Ela é capaz de “fingir de
conta”, fazer “como se” na atividade lúdica.
2. Estádio Pré-Operatório: transição entre a inteligência propriamente
sensório-motora e a inteligência representativa (transformações lentas e sucessivas).
Estádio dominado pela representação simbólica. O mundo para a criança não se
organiza em categorias lógicas reais, mas, distribui-se em elementos particulares
baseados em sua própria experiência pessoal. O egocentrismo intelectual é a principal
forma de pensamento nesse estádio; há forte presença da fantasia: representação mental
dos objetos e eventos através da linguagem (palavras como símbolos); as crianças
tendem a confundir fenômenos psicológicos, como sentimentos e emoções, com a
realidade física: atribuem, por exemplo, sentimentos a brinquedos.
3. Estádio Operatório-Concreto: aplicações de operações lógicas centradas no
aqui e agora: verificação das operações mentais; aquisição da reversibilidade lógica;
conservação de comprimento, volume massa; conceitos abstratos e hipóteses são
conceitos difíceis para a criança lidar; equilíbrio das trocas cognitivas entre a criança e
realidade torna-se mais estável e sólido. Nesse estádio, a criança percebe que seu ponto
de vista não é compartilhado e está sujeito ao erro.

4. Estádio Operatório-Formal: nesse estádio o adolescente consegue raciocinar


de forma hipotética e dedutiva, ou seja, ele poderá chegar a conclusões a partir de
hipóteses, sem ter a necessidade de observações reais. Começa a pensar mais sobre
questões éticas, sociais, morais e políticas que exigem raciocínio teórico e abstrato;
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aumento da lógica, na capacidade de usar o raciocínio dedutivo e compreensão de ideias


abstratas; aparecimento de novas estruturas intelectuais e, consequentemente, de novos
invariantes cognitivos.

O DESENHO INFANTIL:
O ato de desenhar não se trata apenas de um gesto mecânico ao acaso, cada
movimento que as crianças fazem são atos simbólicos que as fazem expressar e
experimentar de uma maneira única a realidade que elas enxergam e vivem, bem como
seus sentimentos, ideias, emoções desejos e pensamentos. O desenho para a criança é
um ato de prazer muito significativo que transita entre o real e o imaginário. Dessa
forma, iremos abordar estágios do desenho infantil definidos e estudados por Luquet
(1969) e Lowenfeld (1977).
Estágios do desenho infantil de acordo com Luquet
Luquet (1969) começou seus estudos observando seus filhos e percebeu o ato de
desenhar como um ato de representação da realidade e imitação do real, ou seja, o
“realismo” do desenho é a característica principal. Dessa forma, ele compreende o
grafismo infantil em quatro etapas que sofre modificações ao longo do desenvolvimento
infantil:
Realismo Fortuito (2 a 3 anos):
Desenho involuntário: a criança desenha linhas sem intenção ou significado e
traceja pelo prazer do movimento e do que vê no papel.
Desenho voluntário: a criança desenha sem intenção, mas enxerga em seus
traçados semelhanças com objetos que conhecem, e depois surge a intenção de
desenhar, no entanto, as interpretações de seus desenhos podem variar.
Realismo Mal- Sucedido (3 a 4 anos): a criança desenha objetos sem ter
relações entre eles, ou seja, são independentes. Ela aprende a representar e pode obter
fracassos e sucessos, pode exagerar ou omitir partes. Ocorre o início da representação
humana: badamecogirino (os braços e as pernas saem da cabeça) badameco (os braços e
as pernas saem do corpo).
Realismo Intelectual (4 a 8 anos): a criança representa os objetos pelo seu
conhecimento intelectual, ela reproduz os objetos que estão no seu campo de visão e,
também, os ausentes. Dá transparência a alguns objetos e conseguem representar
distâncias, profundidade e posições.
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Realismo Visual (9 a 12 anos): nessa fase a criança representa o que vê. Faz
uso de perspectiva, opacidade e sobreposição para simbolizar o objeto. Com a perda da
espontaneidade para desenhar, a criança vai diminuindo a produção dos desenhos.
Estágios do desenho infantil de acordo com Lowenfeld:
Lowenfeld (1977), afirma que a transformação no grafismo infantil inicia na
infância e vai até a adolescência percorrendo diversas fases do desenvolvimento. Para
ele não é fácil perceber a transição dessas etapas, além de não ocorrerem na mesma fase
e da mesma maneira para as crianças. Dessa forma, ele definiu 4 fases do
desenvolvimento:
Garatujas (2 a 4 anos): nessa fase os desenhos são desordenados e não
respeitam o limite da folha, a criança rabisca sem intenção e sem controle e aos poucos
vai percebendo seus movimentos, controlando e organizando melhor seus traçados.
Explora e experimenta os movimentos de seu corpo e o espaço.
Pré-esquemática (4 a 7 anos): ocorre o início da representação da figura
humana. A criança adquire consciência da forma e começa a fazer tentativas de
representar o real de maneira desproporcional e desordenada.
Esquemática (7 a 9 anos): aparecimento da linha de base para melhor organizar
e coordenar os desenhos. A criança já desenvolveu o conceito de forma e os desenhos
são representativos, descritivos e organizados; os desenhos são dispostos em linha reta.
Realismo (9 a 12 anos): preocupação com a perspectiva, profundidade,
sobreposição e detalhes. Nessa fase a criança sabe representar melhor o real, embora
ainda haja presença da simbologia. A autocrítica em relação aos desenhos é bem maior
e, muitas vezes, ela perde a espontaneidade para desenhar.
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3. DESENHOS
Desenho 1A: Desenho da família

Relatos do sujeito 1A:


Sujeito: “Aqui sou eu, a mamãe, o papai, meu irmão, e meu outro irmão”.
Parou, viu que tinham outros traçados e continuou...
“Aqui é a vovó e o vovô. Eles moram em outra casa, mas é da família, né?!” (parecendo
pedir confirmação).
“A gente tá na casa da titia, na piscina.
A vovó me ensina a nadar...
O vovô faz churrasco.
A gente tá brincando.
Minha tia é legal, eu gosto de ir na casa dela.”
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Bom, foi legal.”
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isso mesmo”.
Observação do grupo
Grande imaginação no desenho e analogia entre o traço e o objeto nomeando-os,
e isso ocorre ao acaso. Ela conta em detalhes o que a sua família está fazendo, por meio
de vários rabiscos que respeitam o limite do papel. Dispôs de um sentimento agradável
da companhia de sua família. Ela está com um pensamento pré-lógico, com dúvidas
pedindo para que a psicóloga confirmasse para ela que seus avós são da família.
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Desenho 2A: Desenho Livre

Relato do sujeito 2A
Sujeito: “ Aqui é a praia. Tem castelo de areia. Tem picolé. A gente tá andando de
banana (se referindo a banana boat, uma embarcação para passeio no mar).
Foi muito legal.
Aqui (apontando para um traçado), eu comprei um chapéu. Ficou bonito, a mamãe até
tirou foto”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observações:
A criança pensou bastante antes de começar a falar do desenho.
Obsservação do grupo:
Vasta imaginação no desenho e analogia entre o traço e o objeto sempre
intitulando-os, ocorrendo igualmente ao acaso. Ela cita sobre um passeio mas não diz
com quem estava, se era seus pais, seus avós, tios ou irmãos. O desenho é controlado e
nomeado.

Pelos estudos de Luquet, e dispondo como base os relatos e desenhos, a criança


está passando pela fase do Realismo Fortuito (2-3 anos). E pela perspectiva Lowenfield,
na fase das garatujas (2-4 anos), nas quais o desenho foi nomeado e esteve dentro dos
limites do papel.
E conforme o estádio de desenvolvimento de Piaget, está criança se encontra no
Estádio Pré-Operatório (2-6anos), apresentado um pensamento por justaposição e
sincretismo onde ela pede uma afirmação à Psicóloga, para que que confirmasse se
mesmos os avós dela morando em outra casa continuam sendo parte da família.
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Desenho 1B – Desenho da familía

Relato do sujeito 1B:


Sujeito: “Aqui sou eu, minha mãe, meu pai e meu irmão” (apontando para os traçados).
“Nós estamos brincando de balança caxão– minha mãe me pega assim ó (mostrando
com as mãos) e meu pai pega no pé – eles me balançam e a gente canta assim:
Balança caxão, balança você, dá um tapa na bunda e vai se econdê (cantando).
Aí meu irmão bate na minha bunda e a gente coe pra econdê do papai e da mamãe.
Eu gosto de brincar de balança caxão, é legal ... o papai nunca me acha (risos)”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isso”.

Observações:
Na palavra caxão, lê-se caixão, na palavra econdê, lê-se esconder, na palavra coe, lê-se
corre.
A criança demonstrou muita satisfação ao desenhar e ao falar sobre o desenho. Contou a
história com muitos gestos e expressões, parecendo estar se divertindo.
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Desenho 2B – desenho livre

Relato do sujeito 2B:


Sujeito - “Este foi o dia que eu estava andando de bicicleta. Aqui é a bicicleta
(apontando para traçado amarelo), não, não, é aqui a bicicleta, eu tinha esquecido
(apontando para o traçado preto).
Psicóloga: Quem está neste desenho?
Sujeito: “Eu, meu pai, minha mãe e meu irmão.
Meu irmão me empurrou, minha mãe bigou com ele, quase que eu cai.
Meu irmão chutou a bola e meu pai tava no gol – foi legal”.
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Foi muito legal, mas eu fiquei com frio, porque choveu, aí a gente foi
embora”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observações:
Na palavra bigou, lê-se brigou, na palavra tava, lê-se estava.
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho. Começou falando com
entusiasmo, depois demonstrou certa tristeza ao falar do empurrão do irmão.
Análise:
Segundo os estudos de Lowenfield a criança se encontra na fase das garatujas (2
a 6 anos), faz parte da fase sensório-motora e da parte pré-operacional, a criança
demonstra prazer em desenhar e a figura humana ainda é desconhecida, há somente
rabiscos. Está na fase da garatuja controlada onde o limite do papel é respeitado e
também a garatuja desordenada onde os movimentos são amplos e sem coordenação
motora, os traços têm características de círculos e vai e vêm, não importando se passam
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uns em cima dos outros. Pela visão dos estudos de Luquet, a criança se encontra no
realismo fortuito (2 a 3 anos), onde o traço e o objeto são nomeados, fazendo por acaso.
E conforme o estádio de desenvolvimento de Piaget a criança está no estádio pré-
operatório (2-6anos), pois passa a desenvolver a inteligência representativa.

Desenho 1C: Desenho da família

Relatos do Sujeito 1C:


Sujeito: “É a minha família.
Eu, o papai, meu irmão, e a mamãe.
A gente tá esperando o ônibus.
A gente adora andar de ônibus.
O papai me carrega no colo.
Eu levei minha boneca, ela gosta de passear, mas ela ficou cansada, aí eu guardei ela na
mochila.
A gente tava indo pra viajar, lá longe.
Mas eu fiquei cansada e dormi no colo do papai.
Foi legal.
Eu gosto de viajar, mas fico cansada”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não”.
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Desenho 2C: Desenho Livre:

Relato sujeito 2C
Sujeito: “ É a gente de novo (referindo-se a família).
A gente tá brincando. Eu levei minhas bonecas, aqui elas (mostrando as 2 figuras
menores).
Agente foi no play (referindo-se a área de recreação), lá é legal.
Minha mãe brincou comigo, eu corri bastante e fiquei suada, mas foi legal.
Eu gosto de brincar.
Mas minhas bonecas só queriam colo, aí eu fiquei cansada, elas são pesadas.
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Eu corri muito, e fiquei cansada”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho:
Sujeito: “Não, já falei”.
Análise
Segundo os estudos de Lowenfeld, a criança está na fase do desenvolvimento
pré-esquemática (4 a 7 anos), no qual ocorre o início da representação da figura
humana, há justaposição dos componentes do desenho onde a linha do chão é
inexistente. Pela concepção dos estudos de Luquet, a criança possivelmente encontra-se
em transição do realismo fortuito (2 a 3 anos) para o realismo mal-sucedido (3 a 4anos),
pois ela dá nome aos traços, e começa a aprender a representar, com fracassos e
sucessos.
Pela interpretação dos estudos de Piaget, a criança encontra-se no estádio pré-
operatório (2 a 6 anos), possuindo um pensamento egocêntrico e transdutivo partindo do
seu
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próprio eu para julgar a realidade e o outro sem se preocupar com o verdadeiro fato
acontecido, com o raciocínio primitivo com um pouco de centração onde o seu
pensamento é centralizado para si.

Desenho 1D: Desenho da família

Relatos do SUJEITO 1D
Sujeito: “Mais um dia normal da família.
Pai, irmã 1, mãe, irmã 2 e eu (com fone de ouvido).
A família está curtindo o dia do lado de fora – a irmã e o papai estão jogando bola.
A outra irmã e a mamãe estão conversando. A irmã está com um livro.
E eu estou dentro de casa, cantando e dançando (não quis sair)”.
Psicóloga: Como você descreve esta família?
Sujeito: Feliz. A gente é bem unido, dá muita risada, tem muitas brincadeiras e muito
Amor.
Psicóloga: O que você mais gosta na sua família?
Sujeito: As risadas, a gente se diverte muito. Eu não queria que mudasse nada. Eu sou
muito sortuda. Adoro minha família.
E é mais maravilhoso porque eles me deixam cantar e dançar.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observação do grupo:
A criança consegue já desenhar pessoas, com a representação em palitos, mas
com pescoços, pernas, braços e troncos. Ela descreve a ação de cada participante do
desenho, principalmente o dela, na qual se encontra dentro da casa. Apresenta uma
preferência de estar
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sozinha dentro de casa, podendo ser uma linguagem egocêntrica da fase da criança. Ela
comenta o laço que tem com sua família sendo amoroso, feliz e unido. Além disso, ela
comenta que seus pais permitem de fazer as coisas que ela deseja.
Desenho 2D: Desenho Livre

Relato do sujeito 2D
Sujeito: “Me inspirei na estória da séria A Garota conhece o mundo.
Um episódio onde o pai de uma das personagens está dando aula (ele é professor), e está
revoltado com o fato da tecnologia estar afastando as pessoas.
Aí ele recolhe os celulares dos alunos e manda todos para a biblioteca para fazerem
pesquisa a moda antiga.
Uma aluna tem dificuldades financeiras.
Um colega estava lendo um livro pra ela e achou que ela estivesse anotando..., mas ela
estava fazendo um desenho de uma cidade.
Na hora da apresentação da escola, o colega mostrou o desenho dizendo que o tinha
guardado no mesmo lugar que guardaria o celular.
É um episódio lindo”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto”.
Observações:
Enquanto desenhava, a menina falou de sua paixão, que descreve como “Amor
verdadeiro” por um cantor famoso.
A menina dobrou todo o desenho para explicar como foi feito no seriado citado.
Enquanto falava do desenho, a menina se emocionou (enchendo os olhos de lágrimas).
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Observação do grupo:
Este desenho com o relato mostrou o lado emocional da criança, na qual ela
ficou emocionada e inspirada na série relatada. Descrevendo a cena com alguns cortes,
para detalhar de onde veio sua inspiração. O pensamento é de forma lógica, com a
espontaneidade da criança. Ela tenta imitar os fatos ocorridos da série.

Segundo os estudos de Luquet, e pelo que pode ser observado pela análise dos
desenhos provavelmente a criança está numa transição de Realismo Intelectual (4 a 8
anos), primeiro desenho para o Realismo Visual (9 a 12 anos) segundo desenho. E pela
perspectiva nos estudos de Lowenfeld, está passando por uma transição da fase pré-
esquemática (4 a 7 anos) para a esquemática (7 a 9 anos).
Esta criança se encontra dentro do Estádio Pré-Operatório (2 a 6 anos) para o
Operatório Concreto (07 à 11 anos), visto que no segundo desenho é observado que ela
tem um pensamento simbólico, expressou o significado que desenho trazia a ela, sendo
inspirada por uma série. No relato do primeiro desenho, ela menciona que quis ficar
sozinha em casa enquanto sua família estava em comunhão, é possível que este tipo de
comentário possa fazer parte de uma linguagem egocêntrica.

Desenho 1E: Desenho da família

Relato do SUJEITO 1E
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Sujeito: “A gente tá no Vaca Brava tomando água de coco. A gente gosta de ir lá. Só
que agora não pode, né? (referindo-se ao distanciamento social por conta da pandemia e
corona vírus).
Mas antes podia, e depois vai poder de novo.
Aqui (apontando para o desenho) tá calor.
É meu pai, eu, minha mãe e minha irmãzinha (vixi, ela ficou feia aqui, mas ela é bonita
de verdade). Eu gosto da minha irmã.
A gente foi pra lá de carro – não, não... a gente foi de bicicleta.
Eu gosto de andar de bicicleta, mas eu ainda não sei andar sem rodinha, tenho medo.
Minha prima ri de mim, aí eu fico triste.
Mas meu pai disse que eu vou aprender, ele vai me ensinar, mas agora não tem jeito,
porque a gente não pode sair, e a quadra do condomínio tá fechada.
Minha prima é legal, mas ela gosta de rir de mim, e eu nem dou risada dela...mas meu
primo não ri, e ele “dana” com ela.
Ele (o primo) é mais legal que ela.
Mas eu gosto de brincar com eles”.
Psicóloga: Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre este desenho?
Sujeito: Eu amo a minha família!
Observações:
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho. Começou falando com
alegria, depois demonstrou certa tristeza ao falar da prima.

Observação do grupo
A criança desenha algo real, algo que aconteceu dentro de sua história. Ela conta
em detalhes o dia do passeio, e vai além mencionando sobre querer aprender andar de
bicicleta. Narrando sobre sua nova experiência, o isolamento social. Além disso, ela
menciona sobre outras pessoas de sua convivência, mas que uma dessas pessoas traz um
certo desconforto a ela.
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Desenho 2E: Desenho Livre

Relato do sujeito 2E
Sujeito: “É um castelo. É a princesa e o príncipe – eles se casaram. Eles são tão
apaixonados (sorrindo).
O castelo é lindo e muito grande. Ele fica numa linda floresta. É um lugar bonito e
calmo. Eles gostam de lá.
A princesa cuida do príncipe, e ele protege ela..
Ela quer ter um bebê. Acho que vai ser lindo.
Ela adora bebês. Eles são tão fofos...
Eles têm muitos empregados, mas eles são bonzinhos, e o povo gosta muito deles.
O rei e a rainha morreram - eles eram velhinhos, agora o príncipe e a princesa vão tomar
conta do reino. Eles são bem legais. As pessoas vão ficar bem felizes com eles”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, só isso”.
Observação do grupo
O desenho livre é caracterizado pela sua imaginação e espontaneidade. Ele
descreve uma história inventada com enredo feliz em seu desenho adicionando vários
detalhes.

Em conformidade pelos estudos de Luquet, este desenho tem um caráter da fase


Realismo Intelectual (4 a 8 anos), em que ela desenha por emoções. A criança mostrou
sua família em um lindo dia, no qual todos estavam livres e se divertindo, e não foi
desenhado no presente momento, pois ela está passando por um processo que não a
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agrada, o isolamento social. Ela diz que ama sua família, e que adora brincar com seus
primos, mesmo quando sua prima ri dela diversas vezes gerando desconforto e tristeza.
Igualmente o outro desenho possui essas mesmas características, a criança expressa
bastante suas emoções em sua fantasia, ela desenha o que sabe não o que vê. Mas, que
talvez ela esteja passando por um processo de transição para o Realismo Visual, pois
seu desenho não possui seres inanimados, e talvez o segundo desenho ela tenha tirado
um pouco de desenhos animados da televisão. Pelos estudos de Lowenfeld, ela está na
fase esquemática (7 a 9 anos), posiciona seus desenhos nos lugares certos: as pessoas no
chão, e as aves e o sol no céu.
É bem possível que esta criança esteja em transição do estádio pré-operatório (2
a 6 anos) para o operatório concreto (7 a 11 anos). Em razão de seu segundo desenho
ainda possuir muita imaginação, entretanto, o primeiro é de maneira mais perceptível o
mundo a sua volta, de como ela reage aos seus primos e a sua família. Ela apresenta um
pensamento lógico e indutivo, com a reversibilidade das operações mentais, e seu
relacionamento social é efetivo com seus primos e sua família. Seus sentimentos estão
descentrados, por mais que ele esteja em isolamento social, ele não demonstra
contrariedade, compreendendo-os.

DESENHOS 1F E 2F
DESENHO DA FAMÍLIA DESENHO LIVRE

Relato do sujeito 1F – DESENHO DA FAMILIA


Sujeito: “É a minha família.
Eu, minha avó, meu avô, minha mãe.
A gente tá jantando. Minha avó fez cachorro quente.
Hummmm... eu adoro cachorro quente.
Minha vó é muito legal, ela faz um monte de coisas gostosas pra mim.
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Minha mãe também é legal, mas ela não faz cachorro quente.
Meu vô não gosta muito, mas ele come, mas não coloca cat chup, ele fala que é ruim,
mas é bom.
Eu só posso comer um pouquinho, minha mãe não deixa eu colocar muito (se referindo
ao cat chup).”
Psicóloga: Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre este desenho?
Sujeito: “Eu adoro cachorro quente! Só isto”.~

Relato do sujeito 2F – DESENHO LIVRE


Sujeito: “ Aqui é a minha brinquedoteca. Tem muito brinquedo lá.
Aqui é o meu carrinho (desenho X), aqui é meu urso de pelúcia (desenho y).
O urso tá sujo coitado.
Aqui é o avião (desenho Z), ele não voa de verdade, mas parece que voa.
Eu gosto de viajar de avião. Mas outro dia fiquei com medo, porque o avião balançou.
Mas meu pai disse que não tinha problema, ele pegou na minha mão e a gente rezou, e o
Vento parou de balançar o avião.
O papai do céu ajudou a gente. Ele sempre ajuda, mas as vezes Ele fica triste, quando eu
fico deselegante – depois eu fico elegante de novo e Ele fica feliz”.
Psicóloga: O que significa ficar deselegante?
Sujeito: “É quando eu desobedeço a mamãe, quando demoro pra comer, ou não como
tudo. Aí ela fica triste, porque ela tem que ir pro trabalho, e me deixar na escola, mas
agora não, a gente tá fazendo tudo em casa...Eu tô de parabéns agora, tô elegante”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.

Análise
Segundo a perspectiva de Luquet, conjectura-se que a criança está em uma
transição entre o realismo mal-sucedido (3-4 anos) e o realismo intelectual (4-8 anos).
Que enquadra as representações fracassadas das feições humanas, que tem como
referencial o badameco e badamecogirino, que são os membros fluindo do corpo e da
cabeça sem uma delimitação adequada. No qual também, ela começa a representar em
seus desenhos o que conhece e não o que vê, usando técnicas de plano deitado,
rebatimento e transparência.
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Em concordância com Lowenfeld, possivelmente a criança encontra-se na fase


pré-esquemática, que apresenta faixa etária dos 4 aos 7 anos. No qual, começa a retratar
a figura humana, porém sem a perspectiva de chão e há a coincidência de elementos.
Por exemplo, em que o carro e o avião aparecem na mesma altura no desenho, e
também pelos bonecos que representam sua família aparentemente estarem avulso na
folha.
Segundo os estudos de Piaget, a criança apresenta estar em uma transição entre o
pré-operatório (2-6 anos) e o operatório concreto (7-11 anos). O estádio pré-operatório é
conceituado pela capacidade representativa da criança, de um objeto ausente através de
um significado. A criança apresenta um pensamento egocêntrico e faz referência a
justaposição, percebido no relato da criança 1F no qual ela fala sobre o avô não gostar
de Ketchup, no entanto, deixa sempre claro sua própria preferência. E o operatório
lógico, a criança apresenta a característica de passar de um pensamento pré-lógico ao
pensamento operatório, ampliando suas habilidades de coordenar diferentes ocasiões de
maneira lógica. Sendo explícitos no relato quando o sujeito fala sobre em como
elegância e deselegância afetaria suas relações sociais em casa, sendo duas observações
que Piaget usou em seu estudo, denominando-os como Linguagem e Reversibilidade
das operações mentais, respectivamente.

DESENHO 1G E 2G
DESENHO DA FAMILIA DESENHO LIVRE

Relato do sujeito 1G – DESENHO DA FAMILIA


Sujeito: “É a minha família.
A gente foi no jogo do meu irmão. Ele adora jogar bola, e a gente torce muito, eu grito
até.
Ele é bom, até faz gol...Neste dia eles ganharam o jogo.
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Na verdade, eles estavam perdendo, aí meu irmão correu bastante e fez uma jogada
incrível, até driblar o goleiro e fazer um golaço. Ele ficou muito feliz, e a gente também.
Depois o amigo dele fez outro gol (não foi um golaço, mas foi um gol muito
importante...aí eles viraram o jogo.
Minha família é muito legal, a gente cuida um do outro.
Às vezes eu brigo com meu irmão, mas a gente se ama muito.
Neste desenho, eu era pequena, adorava laços e não saia de casa sem a minha boneca
Paty.
Agora eu não brinco mais de boneca, mas ainda tenho a Paty, ela é muito linda...ela tá
guardada, foi a minha avó que me deu.
Bom, falando da família... minha mãe e meu pai são ótimos, mas trabalham muito,
ficam bem cansados, coitados!
Também a escola é cara, né?!
E tem muita conta pra pagar.
Eu ajudo lavando as vasilhas e cuidando do meu quarto, que fica arrumado...mais ou
menos arrumado (risos).
O meu irmão faz muita bagunça, deixa tudo jogado, aí a minha mãe fica bem brava.
O meu pai não é muito bravo não, ele é bem calmo e adora comprar sorvete (risos).
Enfim, eu amo a minha família”!
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.

Observações:
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho.
Ficou empolgada ao contar os fatos e mostrou satisfação ao mencioná-los.

Relato do sujeito 2G – DESENHO LIVRE


Sujeito: “Ah! Eu tava lá na chácara da minha tia. Tem um lugar bem gostoso lá perto do
balanço.
Esta aqui sou eu lendo (apontando para o desenho). Eu adoro o livro O Diário de uma
Garota nada popular – tem muita estória legal.
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Eu, igual a menina do livro, não sou muito popular, então me identifico com as coisas
que ela passa.

Esta árvore é uma mangueira enorme que tem lá...dá muita manga...às vezes até cai na
cabeça da gente.
Eu adoro este lugar”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de dizer sobre o desenho?
Sujeito: Eu só quero pedir desculpas por não saber desenhar muito bem. Mas foi legal
de fazer. Obrigada.

Análise
Segundo a interpretação de Lowenfeld, a criança está na fase esquemática, na
faixa etária dos 7 aos 9 anos. Nesse período apresenta-se uma maior coordenação dos
objetos desenhados, no qual objetos terrestres ficam no chão e objetos aéreos no céu,
ainda há uma utilização do plano deitado. Essas características podem ser demonstradas
no fato dos bonecos que representam sua família, ela, a árvore, as flores e o balanço
estarem no chão e o sol e as nuvens no céu.
Segundo o panorama de Luquet, a criança se encontra no período do realismo
intelectual, fazendo parte da faixa etária dos 4 aos 8 anos. No qual, ela demonstra em
seus desenhos o que conhece e não o que vê, representando assim a sua família e a
chácara de sua tia. Usando em suas representações as técnicas de plano deitado,
rebatimento e transparência.
Por conseguinte, dentro da teoria de Piaget, a criança está em transição entre o
pré-operatório (2-6 anos) e operatório concreto (7-11 anos). Fato que se pode observar
devido ao pensamento animista ao atribuir características humanas a objetos
inanimados, exemplo deste, é conjuntura da atribuição do rosto ao sol. No estádio
operatório concreto a criança já apresenta maior expressão de seus pensamentos,
contudo, ela necessita do objeto material em suas experiências para conseguir
representá-lo. Podendo ser observado que ela apresenta um pensamento lógico, fato que
pode ser visto em seu relato no qual ela fala que se identifica com a personagem do
livro em que a menina também não é popular. Há também a diminuição de seu
egocentrismo social e a ocorrência da descentração, captado pela sua assimilação com
os sentimentos da personagem fictícia do livro “Diário de uma garota nada popular”.
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Podendo ser percebido também características como pensamento lógico, reversibilidade


das operações mentais, relacionamento social e uma linguagem mais socializada, sendo
comprovado quando ela cita constantemente sua família e amigos do irmão durante o
relato.

DESENHO 1H E 2H
DESENHO DA FAMILIA DESENHO LIVRE

Relato do sujeito 1H – DESENHO DA FAMILIA


Sujeito: “É a minha família. Eu, meu irmão, minha mãe e meu pai.
A gente tá num estádio de futebol.
A gente está se sentindo bem feliz, muito alegre porque a gente gosta de futebol.
A mamãe não gosta muito do jogo, mas ela se diverte com a gente”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de dizer sobre o desenho?
Sujeito: Não, só que foi legal, e que eu amo a minha família.

Observações:
A criança foi acrescentando novos elementos enquanto estava falando sobre o desenho,
depois de já ter finalizado a atividade.
A criança disse que não ia colorir porque ficou com preguiça e também por não pintar
muito bem.

Relato do sujeito 2H – DESENHO LIVRE


Sujeito: “ Eles estão jogando futebol, um cara rolou a bola e fez gol.
O que fez gol é do Palmeiras (time), e quem tá zero é o São Paulo.
Foi um jogo legal, emocionante. O Palmeiras ganhou.
Eu gosto muito de futebol, e gosto de ir ao estádio, porque eu vejo os jogadores ao vivo,
e lá eu posso falar palavrão pro outro time.
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Eu sou palmeirense.
Eu gosto muito de futebol, e jogo lá na escolinha, no prédio e na minha escola. Eu sou
mais ou menos bom. Sou atacante, e as vezes eu faço gol.
Quando eu faço gol, eu fico muito emocionado e feliz. É muito bom”.
Psicóloga: Tem mais algum lugar que você pode falar palavrão?
Sujeito: “Não, só lá, mas quando eu tô muito pistola, aí escapa”...
Psicóloga: O que é estar pistola?
Sujeito: “É quando eu fico bravo, nervoso com alguma coisa”.
Psicóloga: E o que te deixa pistola?
Sujeito: “Não tem assim um motivo certo. É quando alguma coisa me irrita. Não sei
explicar direito, mas às vezes isto acontece. Quando escapa a mamãe e o papai falam
que não pode.
Eu sou calmo e alegre, e só as vezes fico nervoso ”.

Análise
Utilizando-se da visão de Lowenfeld, a criança supostamente está em uma
transição da fase esquemática (7-9 anos) ao realismo (9-12 anos). A fase esquemática
pode ser observada pela criança desenhar aquilo que representa e simboliza algo para si
tirado de seu meio, fato dela desenhar o campo de futebol em que sempre vai com sua
família e ,também por ele apresentar omissões de detalhes no primeiro desenho. Sendo
capaz de perceber a transição no fato do segundo desenho o garoto já apresentar
levemente a fase do realismo, no qual pode ser captado pelo seu desenho já possuir uma
linha de base, apresentar uma preocupação com a perspectiva, profundidade, detalhes e
a sátira ao representar os jogadores, sua especificidade ao representar o gol e também o
placar.
Na perspectiva de Luquet, a criança presumivelmente situa-se na fase do
realismo visual que engloba a faixa etária dos 9 aos 12 anos. Fato que pode ser
observado pela ocorrência da criança desenhar o que vê, em que ele apenas representa
sua família, campo de futebol e o jogo que assistiu. Pode ser observado a falta de
espontaneidade ao desenhar, e por seu desenho representar a realidade fiel, de modo
como ele a enxerga, contando com uma grande diminuição artística.
De acordo com a obra produzida por Piaget, a criança demonstra estar na fase do
estádio operatório concreto, aproximadamente entre as idades de 7 a 11 anos. As
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características destes fatos podem ser observadas em seu relato no qual apresenta o
pensamento indutivo e pensamento lógico mais avançado ao citar o estádio de futebol, o
que assistiu, um relacionamento social mais evoluído, quando ele diz sobre os
sentimentos dele próprio e de sua família, ao mencionar que sua mãe não gosta de
futebol, mas que se diverte por estar com a família, e também ao relatar sobre as suas
aulas de futebol e ao jogar na sua escola e no prédio com seus amigos. Mostra a queda
do egocentrismo e o aumento de suas relações sociais ao comunicar sobre sua
irritabilidade e em como isso afeta sua relação com a família. Além de apresentar um
aperfeiçoamento da linguagem ao explicar que as vezes ele solta alguns palavrões, mas
que é porque está “pistola” palavreado usado pelo sujeito que significa ficar bravo, e
que sabe que usar palavrões não é muito bem aceito socialmente.

DESENHO 1I E 2I
DESENHO DA FAMILIA DESENHO LIVRE

Relatos do sujeito 1I – DESENHO DA FAMILIA


Sujeito: “É uma família qualquer.
Eles estão num universo paralelo. Eles gostam de ir lá, mas não tem absolutamente
nada.
Eles tavam andando na rua, e do nada deram um passo e entraram neste universo.
São uma família normal, que se gostam muito.
Fim”.
Psicóloga: O que significa estes desenhos (apontando para os traçados fora as figuras
humanas)?
Sujeito: “Ah, não é nada importante. Foi só pra encher um pouco a folha que estava
muito vazia.
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São coisas do desenho Naruto, mas não tem haver com esta família. É desenho
alheatório mesmo”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre o desenho?
Sujeito: “Não, nada.”.

Relato sujeito 2I – DESENHO LIVRE


Sujeito: “Este desenho é do Naruto, personagem de uma série/desenho japonês.
No desenho eu coloquei alguns clãs que tem olhos com poderes – 03 desses existem, os
outros 03 eu inventei”.
A criança apontou para a primeira faca e disse: “esse desenho ficou muito realista”, e
sorriu.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre o desenho?
Sujeito: “Só que eu gosto muito de assistir o Naruto, é muito legal”.

Observações: A criança se mostrou preocupada na escolha das cores, para ser fiél a cor
do objeto. Se dedicou bastante a pintura.

Análise
Pelo ângulo de Luquet, a criança está na fase do realismo visual sendo a faixa
etária dos 9 aos 12 anos. Em que a criança agora desenha o que vê e está em seu meio,
no qual em seu relato ele diz ser o os detalhes a ver com o desenho do Naruto e também
por seus desenhos representarem os personagens do desenho japonês Naruto. Sendo
observado pela psicóloga sua vontade e sua ânsia em desenhar, pelo fato de seu
capricho exagerado ao escolher as cores que mais fossem fieis ao objeto. E pela falta de
espontaneidade ao desenhar demonstrando menor interesse nesse.
Pela síntese das obras de Lowenfeld, a criança mostra-se estar na fase do
realismo, faixa etária de aproximadamente entre 9 aos 12 anos. Em que o sujeito
apresenta preocupação pelos detalhes, profundidade e perspectiva em seus desenhos. No
qual há a perda da espontaneidade de desenhar em que a criança desenha por vontade
própria e opção, podendo ser demonstrado através dos detalhes dos desenhos e também
escolha de cores e capricho ao pintar.
Segundo as obras de Piaget, a criança possivelmente encontra-se na fase
operatório formal, sendo a faixa etária dos 12 anos em diante. O sujeito apresenta
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pensamento e ideia abstrata, no qual a lógica dedutiva começa a fazer parte da vida
dessa criança, percebe-se pelo relato no qual indica que a família está em um universo
paralelo, e ao citar ter criado três novos clãs em seu desenho. Ele também apresenta a
justificativa lógica, ao ser perguntado sobre o que significa os detalhes do desenho
Naruto, e ele afirma que é uma família qualquer e que são apenas desenhos aleatórios
para preencher a folha, pode ser visto aqui uma tentativa de justificativa ao dar essa
resposta, igualmente apresenta a justificativa ao ficar feliz e orgulho de si próprio ao
dizer que seu desenho ficou muito realista. Apresentando autonomia e identidade ao
dizer que gosta do desenho japonês Naruto, expondo seu gosto e preferência.
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CONCLUSÃO:
Em síntese o trabalho aborda sobre os temas, teoria do desenvolvimento de
Piaget, desenvolvimento do grafismo infantil segundo Luquet e desenvolvimento do
desenho infantil segundo Lowenfeld. Sendo traçado uma análise correlacionada entre as
abordagens dos três autores em relação ao grafismo apresentado nos desenhos e relatos
das crianças de A à I. Podendo ser verificado todas as fases do grafismo de Luquet,
Lowenfeld e os estádios de Piaget, e em como uma criança pode estar em transição
entre fases.
Em virtude dos fatos mencionados podemos concluir que todas as crianças
passam por todas as fases do desenvolvimento em sequência sem pular uma fase,
precisando que a anterior esteja finalizada. Vale ressaltar quanto ao grafismo, que a falta
de habilidade no desenho não necessariamente significa alguma alteração cognitiva,
apenas falta de prática.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

º CAVICCHIA, DURLEI DE CARVALHO - O Desenvolvimento da Criança nos


Primeiros Anos de Vida. Educação da UNESP-Araraquara. Disponível em:
<https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf >
º PIAGET, JEAN - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM1 - UFRGS –
PEAD 2009/1. Disponível em:
<http://maratavarespsictics.pbworks.com/w/file/fetch/74464622/desenvolvimento_apre
ndizagem.pdf>
º LOWENFELD, V.; BRITAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São
Paulo: Mestre Jou. 1977
º LUQUET, G.H. O desenho infantil. Porto: Editora do Minho, 1969.
° ALEXANDROFF, Marlene Coelho. Os caminhos paralelos do desenvolvimento do
desenho e da escrita. Constr. psicopedag., - São Paulo , v. 18, n. 17, p. 20-41, dez.
2010. Disponível
em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
69542010000200003> (Acessado:13/05/2021).
° AUTOR DESCONHECIDO- Etapas do desenvolvimento do raciocínio segundo
Piaget – Fonte desconhecida
<https://www.crescabrasil.com.br/pessoas/347/material/Etapas%20do%20desenvolvime
nto%20do%20racioc%C3%ADnio%20segundo%20Piaget.pdf>(Acessado:13/05/2021).
º ESTRELA DO AMANHECER - Garota conhece o mundo 1 temporada episódio 2
parte 4- YouTube 13 de out. de 2019. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=iaoqF8lNFmQ&list=PLQl01qQCOpJRkfvGuRF7
GGVBtxLLJp010&index=11>(Acessado:13/05/2021).
º METAMORFOSE EXPRESSIVA - Construção gráfico-plástica: Lowenfeld -
Metamorfose Expressiva do Desenho,2016. Disponível em:
<https://metamorfoseexpressiva.wordpress.com/2016/05/28/construcao-grafico-
plastica-lowenfeld/> (Acessado:13/05/2021).
º Araújo, Izaura - Fases do desenho infantil: Quais são e principais características –
26 jul, 2019. Disponível em: <https://escolaeducacao.com.br/fases-do-desenho-infantil-
quais-sao-e-principais-caracteristicas/>
46

º RODA DE INFÂNCIA - Grafismo Infantil - Estágios do desenho segundo


Lowenfeld e Luquet -julho 06, 2013. Disponível em:
<http://rodadeinfancia.blogspot.com/2013/07/grafismo-infantil-estagios-do-
desenho.html>

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