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AULA 4

O Pregador e a Pregação
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A vida do pregador é a
vida da sua pregação.

Para ancorar, abordar e lidar com esse assunto e,


na esperança de encorajar o seu coração, quero
ler Atos dos Apóstolos 20:28a. Paulo diz assim:
“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o
qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para
pastoreardes a Igreja de Deus, a qual Ele comprou
com seu próprio sangue”.

Perceba que, nem eu e nem você, estamos


qualificados a pregar para os outros se nós não
pregarmos primeiro para nós mesmos. Você e eu
não estamos qualificados a cuidar dos outros, se
não cuidarmos primeiro de nós mesmos.

A vida do pregador é a vida da sua pregação.


Demora-se algumas horas para preparar um

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sermão, mas leva-se uma vida inteira para
preparar um pregador. Talvez, a parte mais
importante do sermão, seja a pessoa que está
atrás do púlpito.

A mensagem não pode emanar de um pregador


que não tem compromisso com a Mensagem. Ele
precisa viver essa mensagem. É assim que está
escrito em Esdras 7:10: “Esdras dispôs no seu
coração para conhecer a lei do Senhor, para viver
a lei do Senhor e para ensinar a lei do Senhor”.

Eu não posso pregar se eu não conheço, eu não


posso pregar se eu não vivo. Portanto, a vida do
pregador é a base, é o alicerce do seu ministério
de pregação.

Eu gostaria que você observasse isso comigo,


porque se a vida do pregador é a vida da sua
pregação, então os pecados do pregador são os
mestres do pecado. Quando o pregador peca,
ele o faz a despeito de um conhecimento maior.
Por isso o pecado dele é mais grave. O pregador
exorta o povo à santidade, mas, às vezes, pratica
o pecado em secreto e, por isso, o pecado do
pregador é mais hipócrita. Quando o pregador
tropeça, isso atinge mais gente, por isso o pecado
dele é mais danoso.

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Precisamos vigiar o nosso coração para que a
nossa vida não seja um obstáculo à eficácia da
nossa pregação.

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A vida de oração do pregador
é vital para sua pregação.

Pregação não é apenas uma questão de


performance, de habilidade, de conhecimento
ou de técnica de comunicação. Há muitas
pessoas que têm um conhecimento robusto, há
outros pregadores que tem familiaridade com
as línguas originais e são capazes de fazer uma
boa exegese, trazer do texto o que está no texto
com perícia singular, entretanto, ele é apenas
um técnico, ele apenas tem luz na mente, mas
não tem fogo no coração. Ele conhece a respeito
de Deus, mas não conhece a intimidade com
Deus. Por isso, o pregador precisa ser o homem
que vem da presença de Deus para comunicar a
Palavra de Deus ao povo.

Foi assim que Eli se apresentou ao rei Acabe; ele

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disse que estava na presença de Deus e trazia
uma mensagem da parte do próprio Deus e, por
isso, ele tinha autoridade para exortar o rei.

Elias era um homem de oração. Ele orou para não


chover e não choveu; ele orou e Deus multiplicou
a farinha e o azeite na panela e na botija da viúva
de Sarepta; ele orou e o menino ressuscitou; ele
orou e o fogo caiu do céu; ele orou e as torrentes
desceram sobre a terra.

Se você quer ter êxito na pregação, você precisa


se matricular na escola da oração. É nesta
escola da oração, da intimidade com Deus, que
você vai receber força, unção, poder para pregar
a Palavra de Deus com autoridade e com graça.

A oração é o recurso mais poderoso que Deus nos


deu. A oração move a mão daquele que move o
mundo. A oração conecta a fraqueza humana
com a onipotência. A oração une o altar da Terra
com trono do Céu. Você nunca enxerga tão longe
como quando você se coloca de joelhos. Um
crente de joelhos enxerga mais longe do que um
filósofo na ponta dos pés.

Eu quero te convidar a ser um estudioso, mais do


que isso, eu te conclamo a ser um homem e uma

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mulher de oração. Porque se nós não formos
comprometidos com a oração, não haverá
eficácia na pregação.

Os apóstolos entenderam bem isso. Eles


estavam enfrentando um problema na Igreja
Primitiva - a distribuição de alimentos estava
sendo feita e houve murmuração entre as viúvas
dos helenistas. Os apóstolos poderiam ter
pensado assim: “bem, crente murmura mesmo”,
ou eles poderiam ter pensado assim: “bem,
vamos trabalhar mais”. Mas eles tomaram outra
decisão.

Eles nomearam pessoas habilitadas para exercer


a diaconia das mesas, homens cheios do Espírito
Santo, homens cheios de fé, homens cheios de
sabedoria e, assim, os diáconos foram eleitos.

E eles tomaram ainda outra decisão – “quanto a


nós, nos consagraremos à oração e ao ministério
da Palavra”.

Talvez uma pergunta seja necessária aqui: o que


é mais importante: a oração ou o ministério da
Palavra?

Talvez essa pergunta se assemelhe a esta: Qual

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asa é mais importante para um pássaro voar: a
asa do lado esquerdo ou a asa do lado direito?

Ambas são absolutamente importantes. Mas


a melhor resposta que eu já encontrei a essa
pergunta veio de um professor coreano, ele disse
assim, “Deus valoriza tanto a sua Palavra que Ele
colocou a oração primeiro”.

Não está escrito que os apóstolos se dedicaram


ao ministério da Palavra em oração, mas está
escrito que os apóstolos se dedicaram a oração
e ao ministério da Palavra. Sabe por quê? Porque
se você não for um homem e uma mulher de
oração, não haverá virtude do Espírito Santo em
sua boca para pregar a Palavra de Deus.

Uma coisa é proferir a Palavra de Deus, outra


coisa bem diferente é ser boca de Deus. Então,
você não pode pregar com poder, a não ser que
você seja uma pessoa que conheça a intimidade
de Deus por meio da oração.

O Senhor Jesus Cristo deixou isso claro para os


seus discípulos antes ascender aos céus. Ele
disse: “Permanecei na cidade, até que do alto
sejais revestido de poder”. E ele disse mais:
“Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito

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Santo e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até
os confins da terra”.

Na verdade, Atos 1.14 diz que todos eles


permaneceram unânimes em oração e, depois de
10 dias de oração, o Espírito Santo foi derramado.
Eu quero te encorajar a fazer uma pesquisa em
Atos você vai ver:

• a Igreja orando;

• a Igreja sendo revestida de poder;

• a Igreja se levantando para pregar.

Esta ordem era a mesma antes de Jesus enviar a


Igreja ao mundo, pois Ele enviou o Espírito Santo
para Igreja, e esta ordem não pode ser alterada.
Vida de oração é tudo que você e eu precisamos
para termos um ministério de pregação bem
sucedido.

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A pregação exige que o pregador
ou a pregadora seja uma pessoa
estudiosa da Palavra de Deus.

Nós não temos outra mensagem a não ser pregar


este livro. São 66 Livros inspirados pelo Espírito
Santo; aqui está a biblioteca do Espírito Santo.
Inspirada, inerrante, infalível, suficiente. Nós não
pregamos as novidades do mercado da fé, nós
não criamos uma nova mensagem mais popular
ou palatável. Nós não temos o direito de mudar
essa mensagem. Nós precisamos pregar não
‘sobre’ a Palavra, mas pregar ‘a’ Palavra.

A Palavra de Deus é o conteúdo da pregação e


a autoridade do pregador. Se você não for uma
pessoa que mergulha nessa Palavra, você vai
falar de você mesmo, do seu próprio coração, da
sua própria cabeça; ou, talvez, vai citar fulano,

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beltrano, ciclano. Mas não é esse o nosso papel;
antes, nosso papel é expor a Palavra de Deus.

A palha não alimenta, é o trigo que alimenta.


Palavras de homens são palavras vazias, mas a
Palavra de Deus é viva e poderosa; ela tem vida
em si mesma.

Portanto, precisamos ser, usando as palavras


do apóstolo Paulo: “Procura apresentar-te a
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade” (2 Timóteo 2:15) traz a ideia de cortar
em fatias iguais, você precisa saber o conteúdo
da Escritura. Precisa ter isso em seu coração,
você precisa ser um estudioso.

Eu não consigo entender alguém que é chamado


para pregar e não goste de ler ou não goste de
estudar. Só podemos dar aquilo que temos;
só podemos ensinar o que aprendemos. Não é
possível produzir mensagens robustas a partir da
sequidão do coração ou da aridez da mente.

É preciso estudar, é preciso ter uma biblioteca


pessoal robusta. Invista em livros, em bons
livros, prepare-se, adquira as ferramentas. Então
estude, estude à exaustão. Como Paulo disse

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aos presbíteros em sua primeira carta a Timóteo:
“são dignos de redobrados honorários aqueles
que se afadigam na Palavra”.

Estude, leia, medite, pesquise, analise, mergulhe


no texto, você precisa ser um erudito das
Escrituras. Ao ler as Escrituras, assimile essa
verdade, ao citar as Escrituras, não cite o texto
de forma capenga, acrescentando ou tirando o
que está lá; cite com legitimidade, com clareza,
com precisão!

Tudo isso é fundamental se você quer de fato ser


um pregador ou uma pregadora que logre êxito
na pregação, que traga glória para o nome de
Deus, que traga edificação para Igreja de Cristo
e conversão àqueles que ainda não conhecem o
Senhor Jesus Cristo.

Eu gosto de olhar para João Batista. Depois de


400 anos de silêncio profético, diz a Bíblia, que
a Palavra do Senhor veio a João no deserto e
ele se levantou para pregar. Mas ele não criou
uma mensagem nova depois de 400 anos, ele
ancora sua mensagem no profeta Isaías, ele
expõe as Escrituras e as multidões fluem até ele
para serem batizadas porque ele está pregando
o batismo de arrependimento para remissão

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de pecados. Esta é a mensagem que você e eu
pregamos: é a palavra de Deus. Abra a Bíblia,
exponha a Bíblia, pregue a Bíblia no poder do
Espírito Santo; isso é fundamental!

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Como pregadores da Palavra,
precisamos ser homens e mulheres
com paixão no coração.

O pregador não pode ser uma barra de gelo,


ele precisa ser um graveto seco a pegar fogo.
O pregador precisa ser uma pessoa inflamada,
precisa ter o fogo ardendo no seu coração, ter
uma brasa viva em seus lábios. Ele precisa
anunciar essa mensagem com vigor, com
entusiasmo, com vibração, com paixão.

No século XVIII, havia um pregador na cidade


de Londres, e havia também um grande ator
– Maguire - que reunia multidões. Embora
esse pregador fosse um homem que pregava a
Bíblia com sinceridade em seu coração, ele não
tinha entusiasmo. Então, ele procura o grande
artista Maguire e diz: “Maguire, uma coisa eu

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não entendo: eu prego a verdade, e as pessoas
não vem, mas você prega uma fantasia e ajunta
multidões.” Maguire respondeu ao pregador:
“Há uma diferença entre nós; você prega a sua
verdade como se fosse fantasia e eu prego a
fantasia como se fosse verdade.”

Você pregador, pregadora, precisa anunciar


essa mensagem com tanto brilho, com tanto
entusiasmo, com tanto vigor, com tanta paixão
que as pessoas saibam que você crê naquilo que
você prega.

Essa mensagem precisa arder primeiro em


seu coração, tem que ter paixão, tem que ter
entusiasmo. E eu não estou falando daquele
entusiasmo carnal, eu não estou falando daquele
entusiasmo de palco, eu não estou falando
daquele entusiasmo de técnica de comunicação,
eu não estou falando daquele entusiasmo que
você aprende no livro de oratória. Eu estou
falando de um entusiasmo que é produzido pelo
Espírito Santo de Deus!

Esse é o entusiasmo, esse fogo que não é


produzido na terra, não é de plástico, não é fogo
estranho, não é fogo fátuo, é um fogo do Espírito
Santo de Deus! Se o pregador arder como um

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graveto seco, até lenha verde vai começar a
arder.

Quando perguntaram para Dwight Lyman Moody


como é que se começa um processo de busca de
avivamento na Igreja, ele respondeu: “acenda
uma fogueira no púlpito! Acenda uma fogueira no
púlpito!”

O pregador precisa ser alguém apaixonado,


inflamado pelo fogo do Espírito!

Quero ilustrar isso para você. Havia uma Igreja


pequena em uma cidade pequena, e ela não
crescia há anos. Entravam dez novas pessoas,
outras dez saíam. Era uma Igreja apática, não
impactava a cidade e nem mesmo a vizinhança.

Havia, inclusive, um ateu que morava ao lado


da igreja, mas nunca tinha entrado na igreja.
Um dia, o templo dessa igreja pegou fogo,
literalmente, as labaredas subiam, as chamas
cresciam, a fumaça ia aos céus e a vizinhança
acordou com aquele espetáculo horrendo das
chamas lambendo e devorando aquele templo.

A vizinhança se juntou para jogar baldes d’água


e tentar apagar o incêndio e, de repente, o ateu

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também se levantou, estava lá jogando baldes
d’água para apagar o incêndio. A zeladora da
Igreja olhou-o e disse: “Eu conheço o senhor, o
senhor é nosso vizinho e eu nunca vi o senhor na
igreja!”

Ele respondeu: “Mas essa igreja nunca havia


pegado fogo.”

Se a Igreja pegar fogo, as multidões virão! Eu não


estou falando de fogo de fato, de fogo produzido
na terra, fogo plástico, não! Eu estou falando de
uma obra genuína do Espírito Santo de Deus!

Nós precisamos disso! O pregador tem que ser


uma pessoa que tem compromisso e tem essa
paixão em seu coração.

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O pregador precisa da
unção do Espírito Santo.

Eu quero relembrar com você uma das passagens


que eu acho ser uma das mais incríveis da Bíblia
– I Reis 17.24 – quando Elias orou pelo filho da
viúva de Sarepta e Deus trouxe o menino de
volta à vida. Ele estava morto e Deus ressuscitou
o menino. Quando Elias entregou o filho vivo
à mãe, ela disse assim: “agora eu sei que tu és
homem de Deus e que a Palavra do Senhor na tua
boca é verdade”.

A pergunta que eu faço a você é: como nós


estamos sendo conhecidos em nossos dias?
Seria como homens de Deus em cuja boca a
Palavra de Deus é verdade? Por que uma coisa
é proferir a Palavra de Deus e outra coisa é ser
boca de Deus!

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Em Jeremias 15.19 está escrito: “Se tu te
arrependeres eu te farei voltar e estarás na minha
presença. Se apartares o precioso do vil serás a
minha boca”.

É impressionante quando uma pessoa se levanta


para pregar a verdade e não acontece nada.
Vem outra pessoa e prega a mesma verdade, e
os corações se derretem. Por quê?

Porque um é boca de Deus e o outro não é!

Uma das coisas mais incríveis da nossa geração


é que nós temos os melhores sermões pregados
na história do cristianismo em nossa própria
língua! Temos isso em português!

Sermões de João Crisóstomo, sermões de Aurélio


Agostinho, sermões de Martinho Lutero, sermões
de João Calvino, sermões de Jonathan Edwards,
sermões de George Whitefield, sermões de John
Wesley, sermões de Charles Haddon Spurgeon,
sermões de Martyn Lloyd-Jones, sermões de
Dwight Lyman Moody, que Deus usou para
impactar milhares de pessoas.

Se nós usarmos esses sermões para pregá-los


na íntegra hoje, talvez os resultados não sejam

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os mesmos. Por que?

E.M.Bounds, um piedoso metodista do século


19, respondeu assim: “Nós estamos à procura
de melhores métodos e Deus está à procura de
melhores homens. Deus não unge métodos, Deus
unge homens!” Nós precisamos da unção do
Espírito Santo de Deus!

Mas, eu quero concluir a palavra de hoje sobre


pregador e pregação dizendo que nós precisamos
do poder do Espírito Santo. Não é uma questão de
inteligência ou de conhecimento, não é apenas
uma questão de técnica de comunicação ou de
oratória.

Nós precisamos do poder do Espírito Santo.

E quando eu falo que precisamos do poder do


Espírito Santo, eu não estou dizendo que você
precisa dispensar a sua preparação, o seu estudo,
o seu zelo, a sua pesquisa.

O Espírito Santo não premia a preguiça. O Espírito


Santo não nos dispensa daquilo que podemos e
devemos fazer.

Mas, se nós tivermos todo esse aparato, mas não

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tivermos o poder do Espírito Santo, a pregação
não terá virtude.

Nós precisamos do Espírito Santo, nós precisamos


da unção do Espírito Santo, nós precisamos do
poder do Espírito Santo. O próprio Filho de Deus
não abriu mão desse poder. Ele foi cheio do
Espírito Santo em seu batismo no Jordão. Então
ele foi levado ao deserto para ser tentado pelo
diabo e venceu o diabo no seu território.

Cheio do Espírito Santo, ele voltou para a


Galileia, tomou o livro de Isaías nas mãos e disse:
“O Espírito do Senhor de Deus, está sobre mim,
pelo que me ungiu para pregar, para curar e para
libertar”.

Ele andou por toda parte fazendo o bem e


libertando os oprimidos do diabo, os cegos
viram, os surdos ouviram, os mudos falaram, os
coxos andaram, os leprosos foram purificados,
os mortos ressuscitaram.

“...Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não


por força nem por poder, mas pelo meu Espírito,
diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6).

Então, fica aqui a minha palavra e o meu desafio

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