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eC piradigma A cienias co comestamento perspectivas snmurovsapeopectvas oy em analise do comportamento ISSN 2177-3548 Terapia Comportamental Infan estratégias ludicas um panorama sobre o uso de Child Behavioral Therapy: an overview of the use of play strategies Terapia Comportamental Infantil: un panorama sobre el uso de estrategias ladicas Maria Fernanda Monteiro’, Mariana Amaral” [1] Cento Universo Flastia UNF; Uivesdads Feder do Parana UFPR) [2] Cent Unversti Fadia (Un; Ponfia Uiersidade Catea de Sto Plo PUC-SP Tile abroad Estate Lineas na Tetapa Compan! nal | Enderaco para etrespondenes is Prats Hog Cat! 1174 ps2 Londra PR. CEP BNO 11 Ema moro mirBychow sand ee TO-BTEAIPAC TO a Resumo: A terapia infantil baseada nos principios da Analise do Comportamento tem pas- sado por avangos te6ricos e conceituais, que levaram a abranger contextos mais amplos do que apenas o comportamento problema, abordando comportamentos privados e aumentando a participagio da crianga no processo terapeutico. A utilizagio de estratégias Kidicas € uma forma de auailiar a inclusdo da crianca na terapia, tomnando o processo mais divertido e dind- ‘ico, facilitando a obtencao de dados relevantes, entre outros beneficios. A presente pesquisa investigou o uso das estratégias kidicas por terapeutas comportamentais infantis por meio de um formulirio,Participaram da pesquisa vint e sete psic6logos analistas do comportamento que atuam no contexto infantil. Os resultados indicaram que os participantes utilizam ampla Variedade de recursos desde a intervengao até o encerramento da terapia, com objetivos re- lacionados a expressio emocional, fortalecimento do vinculo terapéutico, entre outros. Tais dados corroboram a literatura clinica no que tange a importancia da utilizacio de recursos lidicos em sesso e de abjetivos bem estabelecidos para tais recursos, pautados na avaliagdo funcional de cada caso, Palavras-chave: terapia comportamental infantil; estratégias hidicas; recursos hidicos. Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 283 ‘oer revistaperspecivs.oxg ‘Abstract: Child therapy based on the principles of Behavior Analysis has undergone theoreti- cal and conceptual advances that have led it to encompass broader contexts than just problem behavior, addressing private behaviors and increasing child participation in the therapeu process, The use of play strategies is a way of helping the child to be included in the therapy, ‘making the process more fun and dynamic, facilitating the obtaining of relevant data, among other benefits. The present research aimed to produce knowledge about the use of play strate- gies by child behavior therapists through a form. Twenty-seven behavioral psychologists who ‘work with children participated in the study. ‘The results indicated that the participants used wide variety of resources from intervention to the end of therapy, with objectives related to emotional expression, strengthening of the therapeutic bond, among others. These data cor- roborate the clinical literature regarding the importance of the use of recreational resources in session and well-established objectives for such resources, based on the Functional evaluation of each case, Keywords: child behavioral therapy; play strategies; recreational resources. Resumen: La terapia infantil basada en los principios del Analisis del Comportamiento ha pasado por avances tebricos y conceptuales que la Ilevaron a abarcar contextos més amplios ue slo el comportamiento problematico, abordando comportamientos privados y aumen- tando la participacién del nino en el proceso terapéutico. La utilizaciin de estrategias lidicas es tna forma de aunxilar la inclusin del nifto en la terapia, haciendo el proceso ms divertido y dinamico, facilitando la obtencién de datos relevantes, entre otros beneficios. La presente Investigacion busc6 producir conocimiento acerca del uso de las estrategiasliicas por tera- peutas comportamentales infantiles a través de un formulario, Participaron de la investiga- ion veintisiete psicélogos analistas del comportamiento que actisan en el contexto infantil. ‘Los resultados indicaron que los participantes utilizan amplia variedad de recursos desde la intervencién hasta el cierre de la terapia, con objetivos relacionados ala expresién emocional, fortalecimiento del vinculo terapéutico, entre otros. Tales datos corroboran la literatura clini- caeen lo que se refiere ala importancia de la utilizacin de recursos ldicos en sesion y de ob- jetivos bien establecidos para tales recursos, pautados en la evaluacién funcional de cada caso. Palabras clave: terapia comportamental infantil; estrategias hidicas; recursos lidicos. Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 24 ‘oer revistaperspecivs.oxg Maria Fernand Ment, Marans Amaral 248.255, A terapia infantil baseada nos principios da Anilise do Comportamento possui um histo- rico de constantes transformagées, partindo dos trabalhos e experimentos realizados com base nas obras de Watson sobre eliminagao de fobias, passando pelo periodo de Modificagio do Comportamento Infantil, e chegando até a sua configuracao atual (Conte & Regra, 2000; Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000; Haber & ‘Carmo, 2007; Vermes, 2012). Um dos principais aspectos que caracteriza a Terapia Comportamental Infantil (TCT) atual e a diferencia dos periodos anteriores é a participagio ativa da crianga no proceso terapéutico (Conte & Regra, 2000; Regra 2000). A presenca da crianca no setting terapéutico trouxe a necessidade da incluso de formas de obtengao de dados e intervengdes que se adaptassem a realidade do cliente, sendo a pra- tica de brincadeiras e 0 uso de estratégias lidicas 0s procedimentos adotados pelos terapeutas para suprir tais necessidades (Bezerra, Teixeira, & Palha, 2013; Conte & Regra, 2000; Del Prette & Meyer, 2012; Gadelha & Menezes, 2004; Guerrelhas et al., 2000; Regra, 2000). O uso de jogos e brincadetras no contexto te- rapéutico é uma estratégia amplamente utilizada em diversas abordagens (Aberastury, 1992; Aragio & Azevedo, 2001; Conte, 1999; Fulgencio, 2008; Oaklander, 1980; Schmidt & Nunes, 2014). Embora Skinner nao tenha abordado o tema de forma ex- tensa, ele propoe definigdes que diferenciam o jogar € 0 brincar livre, nas quais jogar é uma atividade possui regras verbais com contingéncias de refor- samento planejadas, e o brincar nao seria necessa- riamente controlado pelo ambiente verbal, sendo que ambos posstiem fortes fungées reforgadoras positivas (Skinner, 1991). A utilizacao de jogos e brincadeiras com objeti- vos especificos TCI é denominada estratégia idiea, e pode incluir uma grande diversidade de instru- mentos, como jogos, pinturas, colagens, miisica, historias, metéforas, entre muitos outros (Gadelha & Menezes, 2004). Entre as vantagens que as es- ‘tuatégias lidicas podem conferir 4 TCI, estao: (a) facilitar a construgio do vinculo terapéutico, (b) avaliar o gratt de desenvolvimento da crianga, (c) evocar e intervir em comportamentos ocorridos na propria sessio e (d) modelar respostas mais adap- Revisia Perspectvas 19 myo. 10mm Cm pp, 249-255 25 tativas (Banaco, 1997; Conte & Regra, 2000; Haber & Carmo, 20075 Regra, 1997). A escolha pela aquisigao e utilizagdo de deter- minada estratégia lidica é muito mais eficaz quan- do pautada nas informagoes obtidas pelo terapeu- ta por meio da avaliagao funcional do caso, ¢ tal estratégia pode ser usada como um instrumento para obter dados importantes para essa avaliagao (Del Prette & Meyer, 2012). Conhecer as varidveis que mais influenciam a escolha por certa estraté- gia lidica em um caso especifico pode auxiliar no processo de tomada de decisto de outros terapeu- tas que estejam atuando em casos que possuam ca- racteristicas semelhantes, seja em relagdo 4 queixa ou aos objetivos estabelecidos na sesso (Moura & Venturelli, 2004). Embora o uso de estratégias lidicas esteja pre- sente na literatura da clinica comportamental in- fantil, a andlise das variaveis envolvidas no proceso de tomada de decisio a respeito das estratégias In- dicas especificas a serem empregadas em cada caso se restringe & pritica clinica, e é descrita apenas em alguns estudos de caso clinico, Segundo Moura e Venturelli (2004), as varaveis que direcionam as es- colhas dos terapeutas em suas priticas so pouco conhecidas, e ainda precisam ser estudadas e dis- cutidas. O presente estudo tem como objetivo geral in- vestigar as varidveis envolvidas no processo de to- mada de decisio de psicélogos que atuam utilizan- do TCIa respeito do uso de estratégias hidicas, bem como 0s objetivos estabelecidos para cada atividade Itidica em sessio, por meio de aplicagao de um for- mulirio online. Método Participantes Participaram da pesquisa vinte e sete psiclogos que atuam na clinica com a populagao infantil (H=6, M=21). A faixa etaria dos participantes va- riou de 22 a 53 anos (M= 29, SD=7,665.) Dezenove participantes (76%) formaram-se ha menos de cinco anos, caracterizando a amostra com predo- minancia de Psicélogos recém-formados ou com poutco tempo de atuacio, ‘oer revistaperspecivs.oxg “Teropin Conpotamentl nei un parca sobre ooo deco aan W255 Instrumentos Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram dois formulérios elaborados pelas autoras. O pri- meiro consistiu em um Formulirio de Avaliagao (Figura 1), utilizado na fase inicial da pesquisa, com objetivo de avaliar a clareza e objetividade das questdes do formulario principal. © formulério foi composto por cinco questdes em escala Likert € contou também com um espago opcional para respostas abertas em caso de feedbacks especificos para cada questao. Formulétio Principal (Figura 2) foi composto por treze questdes, abrangendo aspectos de iden- tificagdo e da atividade clinica do terapeuta parti- cipante (ex.: cidade e tempo de atuagio na TCI), e aspectos relacionados a aquisigao, escolha e uti- lizagao dos recursos lidicos em sesso. Ambos os formulérios foram compartilhados com os partici- pantes da pesquisa por meio da plataforma “Google Formulérios’. Para 0 envio dos formularios e cate- gorizagio dos dados foi utilizado um notebook. Endereco de e-mail 11. As questdes do formulrio foram compreendidas com clareza Discordo 1 2 3 plenamente 2. Asalternativas de resposta apresentadas nas questBes condizem com minha experiéncia clinica Discordo 1 2 3 Discord 1 2 3 Comentérios: 4. As questées do formulério so condizentes com a proposta de avaliar 0 uso de estratégias Kidicas em sesso Discordo 1 2 3 plenamente Comentérios: 5. Voc tem alguma sugesto para a melhoria do formulério? Descreva-a abaixo. A quantidade de questes do formulério ¢ adequada 4 5 Coneordo plenamente 4 5 Concordo plenamente 4 5 Coneordo plenamente 4 5 Concordo plenamente Figura 1: Formulario de avaliacao Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 ‘oer revistaperspecivs.oxg Majin Fernanda Mont, Mans Amaral 249255, ‘© objetivo do presente formulirio é investgar o uso de estratégaslddicas seus objetivos no contexto terapéutico. Por favor, preencha de acordo com sua experiéncia clinica, Endereso de e-ma Cidade Sexo dade Em qual Instituglo de Ensino voc® se formou? Em que ano voce se formou? Hé quanto tempo atua na clinics infanti? {apenas ums sltrmatva pode serselecionada.) ()oaSanos ()5a202nos (.)10a 15 anos, ()acima de 15 anos 8. Voc8 atua em: (07ais de uma aternativa pode ser selcionada, Marque todas que se apicam.) (clinica particular (_) Contexto escolar, realizando atendimente cinico ()Insttuigo Mlantrdpica ( ) outro: 8. Para qual “momento” da terapia voce utlia recursos Ii (ais de uma alternativa pode sr seleionada, Marque toda (Contato iniial/ConceituagSo do caso ( ) Avaliagio Funcional ( )inervengio ()Encerramento ( ) Outro: 10, Assinale of) recurso(s) kiico(s) que utiliza em sessio: (vate de uma aternativa pode ser zelecionada, Margue todas que se apiarh) (_) Atividades manuals desenho, cecortes, pintura, aria, massinha, ee.) (Jogos de tabuleiro (xadrez, Jogo da Vida, Bando Imobiléro, ete) (Jogos de cartas (Uno, baralho, Conversinha, etc) (_) Historias, fantasias e dramatizacbes (contacéo de historias, uso de bonecos, uso de metaforas, etc) (_ jogos eletrénicos Yogos de aplicativos, video games, etc.) ( ) outro: 111. Selecione 0s fatores que mals influenciam em sua escolha na aquiscfo e uso de recursos Kidleos na terapla (Eecolha de uma ates sternativas) () Experiéneia clinica (_) Experiéncia proissional com eriangas () Aprendizado na graduagla/pés-graduagSo sabre o tema (_) Aprendizado em cursos de formagéo sobre o tema ( ( ( ) Indicagées da literatura de érea de clinica comportamental infantil ) Recursos extraos da internet e/au outros meios de comunicago, ) Indicagbes de colegas 22, Qual eu ertério de escolha do recurso leo especifio a ser usado em sesso? (Consdere 0 “Citério 1” come de maior priori, e 0 “Crtéro 3 como ode menor prorfade, Marque apenas Gitiriet | Ghee | Gti s De acordo como comportamente que trabalho em sesso De acordo com o tempo alspanivalem sessio De acon com avonta aan 13. Liste 0s cinco principais recursos lidicas que voc® utiliza em sess#o e para quais quebaas eles geralmente io utlizados (Ex Desenho livre ~diftculdade em expressar sentimentos). Figura 2: Formulério principal, ap6s corregées apontadas pelo Formulario de avaliacao Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 2er worerslaperspectias.xg “Teropin Conpotamentl nei un parca sobre ooo deco aan W255 Procedimento ‘Na fase inicial da pesquisa, foi realizada a avaliagio do formulario. Os avaliadores foram dez terapeutas comportamentais que atuavam como terapeutas in- fantis ou como docentes de instituigdes de ensino superior realizando supervisdes no contexto clini- co infantil. Os mesmos foram convidados a par- ticipar desta pesquisa via e-mail, sendo o contato dos participantes obtido por meio da indicagao da orientadora da pesquisa. Uma versao piloto do for- mulirio foi enviada via e-mail, juntamente com 0 Formulério de Avaliagao (Figura 1). Os participan- tes contaram com um prazo de dez dias, a partir do recebimento do e-mail, para responder os formuli- rios e fornecer seus feedbacks a pesquisadora. Dos dez terapeutas selecionados, dois responderam aos formulérios no prazo estabelecido, e com base nes- tas respostas, as pesquisadoras analisaram as ava~ liagdes recebidas, fazendo modificagdes e corregdes no formulrio original de acordo com os comenté- rigs dos avaliadores. Apés a avaliagao e correcao do formulirio pilo- to, a versio final (Formulério Principal - Figura 2) foi enviada via e-mail aos demais participantes da pesquisa, sendo os primeiros participantes exclui- dos desta fase. Os mesmos contaram com um prazo de vinte dias para 0 preenchimento, sendo que os formulérios preenchidos foram enviados automa- ticamente & pesquisadora pela plataforma Google Eormularios. O contetido das respostas as questes fechadas foi sistematizado pela propria plataforma, sendo 0s resultados analisados pelas pesquisadoras, O contetido das respostas is questdes abertas foi ca- tegorizado e analisado pelas pesquisadoras, sendo as andlises apresentadas a seguir. Resultados e Discussao ‘A primeira questo respondida pelos participantes, apés 0 levantamento de dados pessoais, era sobre em qual “momento” da terapia os mesmos utili- zavam estratégias liidicas: “Intervencao’, “Contato inicial’, “Avaliagao funcional” e “Encerramento’, sendo que mais de uma categoria poderia ser sele- cionada. Os dados obtidos indicam que a interven- do é a principal etapa do processo terapéutico no qual estratégias lidicas s4o utilizadas, sendo citado Revisia Perspectvas 19 myo. 10mm Cm pp, 249-255 pela totalidade dos participantes. As demais etapas também foram expressivamente citadas, sendo que 44% da amostra (11 participantes) relataram utili- zar estratégias Iidicas em todos os “momentos” da terapia. As categorias “Contato Inicial” e “Avaliagio Funcional” foram citadas por 88% (22 respostas) e 80% (20 respostas), respectivamente, ¢ a categoria “Encerramento” foi citada por 60% dos participan- tes (15 respostas), A menor frequéncia de estraté- gias lidicas relatadas pelos participantes nos “mo- mentos” de Avaliagao Funcional e Encerramento stigere a utilizagdo de outras estratégias, como a preferéncia por interagdes verbais; pela presenga dos pais, especialmente no encerramento do pro- cesso terapéutico; ou mesmo pelo uso de materiais que nao sejam considerados como liidicos pelos terapeutas. Ainda assim, 0 relato dos participantes a res- peito da escolha do uso de estratégias ltidicas em diferentes momentos vai ao encontro da literatura clinica, que caracteriza a utilizagio de estratégias lidicas como uma ferramenta titil para o levan- tamento de dados sobre o cliente, avaliagao fun- cional, intervengio e encerramento (Gadelha & Menezes, 2004; Moura & Venturelli, 2004; Regra, 2012; Torres & Meyer, 2003). Os participantes foram questionados quanto ao tipo de estratégias Itidicas que utilizam em sessao, podendo selecionar uma ou mais das seguintes tegorias: “Atividades manuais”; “Jogos de cartas”; “Jogos de tabuleiro”; “Historias, fantasias e drama- tizagdes”; “Jogos eletronicos” e “Outros”. Os resul- tados indicam que os participantes utilizam recur- sos pertencentes & maioria das categorias, sendo “Atividades manuais” selecionada por 24 partici- pantes (96%); “Jogos de cartas” e Jogos de tabulei- ro", por 23 participantes (92%); “Historias, fantasias e dramatizagées’, citada por 21 participantes (84%); “Jogos eletrénicos’, por nove participantes (36%); e “Outros’, selecionada por seis participantes (24%). A citagio de variadas categorias pelos partici- pantes é um indicativo da multiplicidade de ob- jetivos e fungdes que cada recurso pode assumir, e também da variedade de recursos disponiveis a serem utilizados pelos terapeutas. De acordo com Del Prete e Meyer (2012), 0 tipo de estratégia a ser escolhida para a sesso deve ocorrer em fun- ‘oer revistaperspecivs.oxg Maria Fernand Ment, Marans Amaral 248.255, cao dos seguintes critérios: objetivos do terapeuta com aquele cliente, o nivel de desenvolvimento da rianga, e variagdes das preferéncias da crianca por algum tipo de jogo ou brincadeira. Considerando o carter tinico de cada caso, cada estratégia hidi- ca pode ser utilizada com objetivos diferentes para cada cliente, sendo a avaliagdo funcional o nortea- dor desta escolha (Vermes, 2012). O uso de jogos eletronicos, como os presentes em videogames ou em aplicativos para dispositivos moveis foram indicados como recursos usados pe- los terapeutas em nove respostas (36%). A frequ- éncia reduzida em comparacao as outras categorias pode estar relacionada a variveis como 0 custo mais elevado dos aparelhios eletronicos, pouco co- nhecimento sobre as possibilidades de uso dos jo- £05, dificil acesso aos aplicativos por conta do idio- ‘ma, entre outros. Vale ressaltar, porém, que a utilizagao de ele- mentos de design dos jogos eletronicos, descrita como gamificacio, tem sido discutida e aplica- da por analistas do comportamento em diversos contextos, com resultados que incentivam seu uso (Baranowski, Buday, Thompson, & Baranowski, 2008; Brown et al., 2016; Morford, Witts, Killingsworth, & Alavosius, 2014). Desse modo, 6 possivel hipotetizar um aumento do uso dessa es- tratégia lidica nos préximos anos. Como fatores de influéncia na utilizagao de es- tratégias hidicas, as categorias “Experiéncia clinica’, “Aprendizado na graduagio/pés-graduagao sobre 0 tema” e “Aprendizado em cursos de formagio sobre tema” foram as mais citadas pelos participantes. ‘A maior frequéncia de respostas associada & expe- rigncia clinica e no aprendizado em cursos na area indicam que a escolha pela aquisigao e utilizagao de determinados recursos lidicos advém tanto de experiéncias “vivenciais” (como a experiéncia com determinados jogos) quanto “formais” (indicadas em aulas e cursos), A presenga de critérios “formais" na escolha pela aquisicao e utilizagdo de recursos pelos tera- peutas pode ser considerada vantajosa por indicar a relevancia de conhecimentos empiricos divulga- dos por pares na comunidade cientifica na pritica clinica. Considerando modelo de pritica basea- da em evidencias, a pritica clinica fundamentada em pesquisas auxilia 0 terapeuta em sua tomada Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 29 de decisées, integrando o conhecimento cientifi- co dos processos psicolégicos a experiéncia clinica (Leonardi & Meyer, 2015; Reis & Barbosa, 2018). Os participantes também foram questionados sobre os critérios para a utilizagao de determinado recurso ou atividade na sesso. Vinte e trés parti- cipantes (92%) definiram 0 comportamento a ser trabalhado em sessio como primeiro critério para escolher um jogo ou brinquedo. As alternativas “De acordo com 0 tempo disponivel em sesso” € “De acordo com a vontade da crianga’ se igualaram como segundo e terceiro critério de escolha, com 12 respostas (48%). Considerar 0 comportamento a ser trabalhado em sessio é um importante critério de escolha, pois envolve a analise dos comportamentos problema e de como a estratégia ltidica pode abordé-lo. Ainda assim os demais critérios também devem ser con- siderados. Conte e Regra (2000, p. 105) afirmam, sobre 0 uso de estratégias lidicas, que a “agrada- bilidade nao deve ser desvinculada dos objetivos da terapia’. Assim, os critérios “de acordo com 0 tempo disponivel em sesso” e “de acordo com a vontade da crianga” também pode possuir objetivos muito importantes, como o de identificar possiveis reforgadores, auxiliar na intervengdo de compor- tamentos relacionados a assertividade e tomada de decisGes, e de se fortalecer 0 vinculo terapéu- tico e a adesao da crianga as sessdes (Del Prette & Meyer, 2012; Gadelha & Menezes, 2004; Moura & Venturelli, 2004; Vermes, 2012). Na tiltima questo do formulitio, os participan- tes da pesquisa foram orientados a listar os cinco recursos lidicos que mais utilizam em sessio, bem como os objetivos para os quais eles geralmente so utilizados. Foram obtidas 125 respostas, as quais foram organizadas de acordo com as seguintes ca tegorias: “Desenhos’, “Outras atividades manuais’ “Jogos estruturados’, “Jogos de cartas’, “Histérias, fantasias e dramatizagies’, “Jogos eletronicos”, e “Outros”, sendo que em algumas respostas, foram citados mais de um jogo ou mais de um objetivo. A frequéncia da citagao de cada categoria pode ser observada na Figura 3. ‘oer revistaperspecivs.oxg “Teropin Conpotamentl nei un parca sobre ooo deco aan W255 Jogos estruturados Histérias, fantasias e dramatizacbes Desenhos Atividades manuais Categoria do recurso lidico Jogos eletrénicos Outros o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Porcentagem de ocorréncia de cada resposta Figura 3: Porcentagem de ocorréncia de cada resposta citando as categorias de recursos llidicos na questo 13 Observa-se que a frequéncia de citagées que cada categoria obteve confirma a ampla presen- ¢a de todas as estratégias, com excegio de “Jogos Eletronicos” e “Outros’, Ressalta-se que as catego- rias “Desenhos’ e “Atividades manuais” formaram uma tinica categoria na questdo presente no for- mutirio, porém, foram separadas na categorizagao de respostas abertas por conta da diferenca nos objetivos relatados para cada atividade. Os resulta- dos especificos de cada categoria seguem descritos abaixo. Desenhos 0 uso de desenhos foi mencionado em 21 respos- tas (179%) e descrito como “livre” ou “orientado” s objetivos mais citados nas respostas foram: “Identificagdo de expressio de sentimentos” (7 res- postas) e “Discussao de temas relacionados & quei- xa" (4 respostas). Segundo um dos participantes da pesquisa, a atividade de desenhar ¢ empregada “[..] para trazer d tona a discussao sobre varios temas, € Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 para trabalhar diversas queixas, como por exemplo, questoes de relacionamento interpessoal, comporta- ‘mentos inadequados dos mais diversos, etc.”. Outro Participante descreveu que emprega 0 recurso para desenvolver a habilidade de “[...] reconhecer e no- mear sentimentos”. Também de acordo com a literatura as ativida- des com desenho tém sido sendo empregadas como forma de se obter informagdes relevantes sobre a crianga, discutir temas dificeis associados a situa- «Ges especificas, avaliar e treinar habilidades mo- toras e promover autoconhecimento (Conte, 1997; Conte & Regra, 2000; Del Prette & Meyer, 2012; Moraes & Murari, 2000). Outras atividades manuais Além do desenho, outras atividades manuais fo- ram citadas pelos participantes, como recorte ¢ colagem, confeccao de livros e brinquedos, e uso de materiais como blocos e brinquedos para mon- tar, massinha de modelar, bolinhas de gude, tinta ‘oer revistaperspecivs.oxg Maria Fernand Ment, Marans Amaral 248.255, guache, letras de lixa, pregadores coloridos, entre outros. Esta categoria foi citada 15 vezes, represen- tando 12% das respostas. O principal objetivo atri- buido a essa categoria foi “Treino da coordenacao motora e estimulagao sensorial” (7 respostas). Um dos participantes descreveu o uso como uma for- ma de trabalhar “|... restrigdo sensorial, habilidade manual, coordenagao motora, capacidade de abs- tragao e reconstrugao de imagens (tornar concreto ‘oque é pensado) A promogao de estimulagao sensorial é citada também pela literatura clinica como um dos ga- hos possibilitados por atividades manuais, per- mitindo que a crianga entre em contato com seu proprio corpo e sensagdes fisicas ao manusear materiais como argila e massa de modelar, por exemplo (Conte, 1997; Moura & Venturelli, 2004; Oaklander, 1980). Jogos estruturados Esta categoria, citada em 49 respostas (39%), inclui jogos de tabuleiro, jogos de cartas e demais jogos que possuam regras estruturadas. Os principais objetivos mencionados para essa categoria foram “Intervengio sobre competitividade e resistencia & frustragao” (10 respostas), “Seguimento de regras” (9 respostas), “Avaliagdo e intervengdo para reper- t6rios especificos” (9 respostas), “Identificacao e ex- pressao de sentimentos” (7 respostas) e “Estimular repertérios de atengio, concentragaio e meméria” (6 respostas).. Os objetivos para o uso de jogos citados pelos participantes vo ao encontro dos objetivos e ga- rnhos descritos pela literatura, como ensinar a lidar com perdas; desenvolver habilidades académicas; desenvolver de repertorio de atengao e organiza- 40; observar e modelar o repertério de cumpri- mento de regras; promogao do vinculo terapéutico e colocar a crianga em contato com as consequén- cias de seu comportamento (Conte & Regra, 2000; Del Prette & Meyer, 2012; Del Rey, 2012; Gadelha & Menezes, 2004; Tintori, Bast, & Pitta, 2010; Vermes, 2012). O seguimento de regras pode ser observado e modelado por meio de situagdes propostas pelo jogo oi mesmo combinadas entre crianga e te- rapeuta, como seguir as instrugdes sobre 0 jogo, aguardar sua vez, para jogar e atender a solicita- Revisia Perspectvas 19 myo. 10mm Cm pp, 249-255 251 goes propostas pelo terapeuta (Tintori et al., 2010; Vermes, 2012). O uso de jogos relacionados a con- tetidos académicos também é apontado como uma forma de modificar o autoconceito da crianga a respeito de sua capacidade em compreender aquele tema, abordando os conteiidos de forma prazerosa e ndo-punitiva (Conte, 1997; Del Prete & Meyer, 2012; Tintori et al, 2010). Sobre repertorios especificos sobre os quais © uso de jogos em sesso pode auxiliar na inter- vengao, um dos participantes citou “f..) falta de habilidades sociais, repertério de perder e ganhar inadequado, dificuldade de seguimento de regras, transtorno opositor, dificuldade de nao seguir re- Além destas, os jogos estruturados podem auxiliar no manejo de diversos outros tipos de re- pertérios comportamentais ‘Um dos participantes descreve o uso de um baralho que descreve diferentes emogdes como forma de evocar temas importantes para a crianga: “Baralho de emogées - expressdo ¢ identificagao de sentimentos, auxilio no relato de situagdes/experién- cias vivenciadas e autoconhecimento”. Histérias, fantasias e dramatizagées Esta categoria foi citada em 31 respostas (25%) abrange respostas relacionadas a teatro, role play, uso de livros infantis, bonecos e fantoches, cons- trugao de histérias em quadrinhos, entre outros. O objetivo mais mencionado para essa categoria foi “Avaliagao e intervengao para repertorios especi- ficos” (11 respostas). A avaliagdo e a intervengao com 0 uso dessa estratégia foi descrita por um dos participantes como: “Faz de conta com fantoches/ objetos - para conceituagio do caso, para evocar comportamentos alvo a serem trabathados em ses- sao; para trabalhar assertividade, comunicagao”. Outro participante descreveu: “Contar histéria ba- seado em livros infantis que possibilite a crianga ver imagens, em um caso especifico useio livro que conta @ histéria de um garotinho que foi para o hospital com medo, mas que fez. amigos no local e brincou... Tentei relacionar com 0 atual momento que o pa- ciente estava passando (uma série de internagdes ciriirgicas), afim de tentar prepard-lo para 0 novo ambiente / tornar menos aversivo”. Em relagio a intervencio, regras e contingéncias descritas em histrias infantis auxiliam o terapeuta ‘oer revistaperspecivs.oxg “Teropin Conpotamentl nei un parca sobre ooo deco aan W255 a abordar, direta ou indiretamente, as consequéncias de seu comportamento (Moura & Venturelli, 2003; Regra, 2000), e como forma de controle verbal, “sio meios importantes de instalar e/ou alterar compor- tamentos em criangas, ampliando seu repertério, além de sua experiéncia pessoal, através do contato com as situagGes vivenciadas pelos personagens de sum livro” (Carvall6, 2011, p. 47). A utilizagio de exemplos de personagens de histérias de livros, ou mesmo de histérias criadas pela crianca, permite que ela fale se si mesma e faga uma andlise de seu proprio comportamento de ‘uma forma menos aversiva para ela, além de evocar comportamentos e sentimentos relevantes (Bueno & Silvares, 2000; Conte, 1997; Del Rey, 2012; Gadelha & Menezes, 2004; Guerrelhas & Marinho, 2000; Regra, 2000). Moraes ¢ Murari (2000) e Moura e Venturelli (2003) citam o role-play como uma forma de treinar a ctianga a desenvolver novos repertérios de intera- ‘40 social, podendo o terapeuta assumir o papel da crianga na dramatizagio como forma de fornecer a ela modelos de comportamento. Tal pritica em sesso permite que a crianga entre em contato com contingéncias presentes em ambientes especificos como a escola, sem a possibilidade de punigdes da parte de colegas ou professores, por exemplo. Jogos eletrénicos A categoria, presente em cinco respostas (4%), abrangeu aplicativos, jogos em geral e vide- 0s educativos. Os objetivos mencionados foram “Desenvolvimento de habilidades sociais’ (2 respos- tas), “Identificacao de cores’, “Descrigao de eventos’, “Matching” e “Autonomia” (1 resposta cada). Apesar do ntimero reduzido de mengées, 0 uso de jogos eletronicos com fins terapéuticos tem sido utilizado de forma crescente em pesquisas de diver- sas dreas da psicologia, como desenvolvimento de comportamentos voltados ao cuidado com a satide, com meio ambiente, ensino de habilidades acadé- micas, entre outros (Morford et al., 2014). A introdugao do uso de jogos eletrnicos no contexto clinico também pode assumir diversas formas e diversos objetivos, como o uso de softw. res voltados para o ensino de habilidades académi- cas (légas & Haydu, 2015), uso de realidade virtual para tratamentos de fobias (Bouchard, 2014), e di- Revisia Perspectvas 19 myo. 10mm Cm pp, 249-255 versos tipos de jogos online e off-line para auxiliar 0 tratamento de transtornos como autismo e hipera- tividade (Wilkinson, Ang, & Goh, 2008), Outros Estratégias com caracteristicas diferentes das des- critas nas categorias acima também foram cita- das, sendo as quatro respostas da categoria (que representaram 3% do total de respostas): (a) “Comportamento verbal diante para modificagao de estratégias comportamentais.”; (b) “Conversas informais, sobre temas de interesse relacionando com regras e valores. Para questionar regras e v. lores que podem influenciar em outros comporta- mentos problemas (machismo, homofobia, neces- sidade de ser forte sempre...)”; (¢) “Semaforo da raiva: quando as criangas apresentam difictildades para lidar com o sentimento de Raiva. © vermelho representa as situagdes que deixam a crianga com raiva, o amarelo as estratégias mais adequadas para lidar com a raiva (e a crianca deve escolher um) e © verde para seguir”; (d) “Atividade de resolugio de problemas, a fim de treinar solugdes mais ade- quadas de problemas, refletindo com a crianga as consequéncias dos comportamentos’ Embora as atividades descritas acima nao ne- cessariamente envolvam brincadeiras e jogos, po- dem ser consideradas cunhas comportamentais, expondo a crianga a novas contingéncias e possi- bilitando a aquisigio de novos comportamentos (De Rose & Gil, 2003), Estas estratégias também podem ser acompanhadas de estratégias Iidicas como desenhos ou histérias, como exemplifica- do por Regra (2000) ao descrever a utilizagao de relatos verbais e relatos-estéria acompanhando a produgao de desenhos. Concluséio A presente pesquisa teve como objetivo fornecer um panorama da utilizagao de recursos liidicos por terapeutas comportamentais, reunindo infor- mages que possam auxiliar no processo de tom: da de decisao sobre qual recurso utilizar diante de casos e queixas especificas. Os resultados obtidos indicaram quais recursos tém sido utilizados pelos terapeutas participantes e com quais objetivos, 0 que pode indicar estratégias titeis para orientar a aquisigao e uso de estratégias ltidicas. F importan- ‘oer revistaperspecivs.oxg Maria Fernand Ment, Marans Amaral 248.255, te ressaltar que nao se pretende, neste manuscrito, normatizar ou limitar as possibilidades de utiliza- ao de cada recurso. ‘A pesquisa teve algumas limitag6es no que tan- ge A coleta de dados. Primeiramente, por conta do ntimero de participantes (21), nao se pode generali zar 08 dados obtidos a toda a populagao de psicélo- {gos analistas do comportamento que atuam na cli- nica infantil. Assim, os dados apresentados devem ser analisados considerando o tamanho e perfil da amostra. Em segundo lugar, embora um questiona- rio eletronico possibilite um maior alcance geogra- fico e confira maior praticidade & coleta de dados, 0 contato das pesquisadoras com os participantes se tornou mais restrito, dificultando o fornecimento de instrugées mais detalhadas quando ao preenchi- mento do formulirio e também 0 acesso a feedba- ks e possiveis diividas dos participantes, apesar da disposigdo para contato via e-mail. Outra limitagao importante foi o pouco retorno ao formulirio de avaliagao da pesquisa, o que tornou o numero de feedbacks sobre o formuliio principal reduzido. Os dados obtidos pela pesquisa indicaram a uti- lizagao de uma ampla variedade de recursos, com diferentes objetivos, 0 que enriqueceu 0 contet- do das respostas e corroborou diversos conceitos apontados pela literatura clinica, como a impor- tancia de objetivos especificos para a utilizacio de cada recurso liidico, da avaliagao funcional como norteador do processo de tomada de decisio, e do grande potencial de tais recursos em todos os mo- mentos da terapia. Observou-se também a utiliza- ‘a0 de variados tipos de recursos, tanto produzidos especificamente para intervengoes clinicas, quanto jogos comerciais e também materiais confecciona- dos pelos proprios terapeutas e pelas criangas. Um ponto importante a ser destacado na pes- quisa é 0 uso de recursos eletronicos, que, embo- ra citado de forma reduzida em comparagio aos demais, se fez presente na fala dos participantes. Actedita-se que 0 uso de tais recursos pode au- ‘mentar ao longo dos anos, considerando 0 avanco das pesquisas na area e diversidade de materiais e objetivos. O levantamento do uso especifico de tais estratégias entre psicdlogos analistas do comporta- mento pode ser um objetivo para pesquisas futuras. Ressalta-se a importancia da utilizagao de es- tratégias lidicas em sesso como forma de tornar 0 Resa Perspecivas 2019 mel 10419" 02m pp 245-265 253 processo terapéutico mais eficaz e reforgador para a ctianga, e da sistematizagao deste uso como forma de auxiliar o processo de tomada de decisio de ou- tros terapeutas, como afirmam Moura e Venturelli (2004, p. 18): “Refletir sobre o processo clinico de tomada de decisio pode trazer luz as questées que se colocam no dia-a-dia do terapeuta que trabalha com criangas” Referéncias Aberastury, A. (1992). A crianga e seus jogos. Porto Alegre: Artmed, Aragio, R. M., & Azevedo, M. R. Z. S. 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