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MANUAL

SISTEMA
DE LOGÍSTICA
REVERSA DE
EMBALAGENS

CONTEXTO REGULATÓRIO,
RASTREABILIDADE
E CONFORMIDADE AMBIENTAL

2022

CENTRALDECUSTÓDIA
LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS
I N T RO D U ÇÃO
CAPÍTULOS
INTRODUÇÃO
Este manual tem por objetivo contribuir com informações,
legislação, regulação e melhores práticas norteadoras
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS do processo de implementação, estruturação e
operacionalização do sistema de logística reversa de
embalagens em geral em território nacional.
CERTIFICADO DE CRÉDITO DE RECICLAGEM

REGULAMENTAÇÕES ESTADUAIS Trata-se de material que busca aclarar um dos principais


instrumentos de desenvolvimento econômico e social da
Política Nacional de Resíduos (PNRS), que é a logística reversa,
PLANO DE LOGÍSTICA REVERSA E RELATÓRIO ANUAL DE DESEMPENHO
caraterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição das
VERIFICADOR INDEPENDENTE embalagens após o uso e dos materiais recicláveis ao setor
empresarial, para reciclagem ou reaproveitamento, em seu
ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
PROGRAMAS DE LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS final ambientalmente adequada.

REFERÊNCIAS
Em um país que gera 82,5 milhões de tonelada de resíduos
sólidos urbanos por ano, dentre os quais cerca de 1/3 são
materiais potencialmente recicláveis, esse assunto assume
primordial importância, sendo uma agenda transversal entre
os diversos setores da sociedade, que merece atenção
prioritária para que possa avançar de maneira estruturada.

O manual é composto pelos seguintes capítulos: Política


Nacional de Resíduos Sólidos, Certificado de Crédito de
Reciclagem, Regulamentações Estaduais, Plano de Logística
Reversa e Relatório Anual de Desempenho, Verificador
Independente e Programas de Logística Reversa de
Embalagens.

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PO L Í T I C A
N AC I O N A L D E
RESÍDUOS A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei Federal n° 12.305, de 2010, dispõe
sobre princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada
e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores
SÓLIDOS e do poder público, e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

Importante destacar como pilar central da Política Nacional a ordem de prioridade na gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos, que deve ser: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

De acordo com a PNRS, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos importa no
conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
dos resíduos sólidos, objetivando minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem
como reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo
de vida dos produtos.

No âmbito dessa responsabilidade compete ao setor empresarial composto por fabricantes,


importadores, distribuidores e comerciantes: (a) investir no desenvolvimento, na fabricação e na
colocação no mercado de produtos que sejam aptos, após o uso pelo consumidor, à reutilização,
à reciclagem ou a outra forma de destinação ambientalmente adequada; cuja fabricação e uso
gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível; (b) divulgar informações relativas às
formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus respectivos produtos; (c)
recolher as embalagens remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final
ambientalmente adequada, no caso de produtos comercializados em embalagens, objeto de sistema
de logística reversa.

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Nesse sentido, tendo por pressuposto a viabilidade técnica e econômica, a Lei Federal nº 12.305,
de 2010, determina que independentemente do serviço público de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos, os fabricantes, os importadores, os distribuidores e os comerciantes de produtos
comercializados em embalagens são obrigados a implementar e estruturar e operacionalizar sistema

P R E S E RVAÇÃO D O S de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor. Para tanto, o setor
empresarial pode, dentre outras medidas:

R E C U R S O S N AT U RA I S
Implantar procedimentos de compra de embalagens usadas;

Disponibilizar pontos de recebimento ou ponto de entrega de voluntária


para recepção dessas embalagens e materiais recicláveis;

Atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação


de catadoras e catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.

E mais, a PNRS impõe as seguintes atribuições individualizadas e encadeadas:

Os consumidores deverão Os comerciantes e Os fabricantes e os


efetuar a devolução após o distribuidores deverão efetuar importadores darão destinação
uso, aos comerciantes ou a devolução aos fabricantes ambientalmente adequada
distribuidores, das embalagens ou aos importadores das às embalagens e materiais
objeto de logística reversa; embalagens reunidas ou recicláveis reunidos ou
devolvidas; devolvidos;

O recente Decreto Federal n°10.936, de 2022, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, reitera que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos comercial-
izados em embalagens, têm a obrigação de estruturar, implementar e operacionalizar sistemas de
logística reversa, sendo responsáveis pela realização dessa logística no limite da proporção dos
produtos embalados colocados no mercado interno, conforme metas progressivas, intermediárias e
finais.

De acordo com esse Decreto, na hipótese de a importação dos produtos embalados ser realizada por
terceiro, nas modalidades por conta e ordem e por encomenda, na qual a mercadoria importada seja
repassada ao adquirente ou ao encomendante, conforme o caso, e este se configure como o real
destinatário do produto, a implementação do sistema de logística reversa será de responsabilidade
do adquirente ou do encomendante do produto, de acordo com a modalidade contratada. E mais,
a empresa importadora terceirizada incluirá na declaração de importação, para as autoridades
Linhas de proteção competentes, a informação do responsável por estruturar a logística reversa do importador, conforme
definido em contrato.

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O citado Decreto nº 10.936, de 2022, também instituiu o Programa Nacional de Logística Reversa,
que será integrado ao Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (Sinir)
e ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), com objetivo de otimizar a implementação e
operacionalização da infraestrutura física e logística; proporcionar ganhos de escala; e possibilitar a
sinergia entre sistemas.
C E RT I F I CA D O D E C R É D I TO
O Planares, por sua vez, foi aprovado pelo Decreto Federal n°11.043, de 2022, representando a D E R E C I C L AG E M
estratégia de longo prazo, em âmbito nacional para operacionalizar as disposições legais, princípios,
objetivos e diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O Plano tem início com o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no país, seguido de
uma proposição de cenários, no qual são contempladas tendências nacionais, internacionais e
macroeconômicas. E, com base nas premissas consideradas em tais capítulos iniciais, são propostas
as metas, diretrizes, projetos, programas e ações voltadas à consecução dos objetivos da Lei para um
horizonte de 20 anos.

No que se refere ao sistema de logística reversa de


embalagens, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos
O Certificado de Crédito de Reciclagem foi instituído pelo
“(. . .) espera atingir o patamar de 30% [em 2024] de
Decreto Federal nº 11.044, de 2022, e se trata de mais
retorno em relação ao total de embalagens colocadas
uma opção à implementação da logística reversa que se
no mercado e seu aumento progressivo até atingir 50%
soma aos pontos de entrega voluntário (PEVs), centrais
em 20 anos [2040]”, sendo oportuno lembrar que no
de triagem, unidades de reciclagem e comercialização de
ano de 2022 a meta quantitativa da logística é 22%,
materiais.
conforme o Acordo Setorial Federal de Embalagens.

O Certificado de Crédito de Reciclagem é um documento,


emitido pela entidade gestora, que comprova a restituição
ao ciclo produtivo das embalagens sujeitas à logística re-
Percentual de embalagens em geral recuperadas pelo sistema de logística reversa: versa e pode ser adquirido por fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes para comprovação das suas
metas de logística reversa.

O Certificado é lastreado nas notas fiscais eletrônicas das


operações de comercialização de materiais para fins de re-
ciclagem e no certificado de destinação final, emitido por
meio do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) do
Sinir. De acordo com o citado Decreto nº 11.044, de 2022:

Fonte: Planares, pg.153


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Nesse sentido, além de trazer mais uma opção para o cumprimento de
logística reversa, o Decreto Federal define o processo de homologação
como regra geral para implementação da logística reversa, independente-
mente da sua forma de operacionalização. A homologação compreende
uma análise de resultados, unicidade, veracidade, rastreabilidade de fluxo
“ART. 9º das embalagens por verificador independente e uma análise qualitativa de
processo por uma auditoria de terceira parte, que avalia documentos, faz
As notas fiscais eletrônicas emitidas pelos operadores, oriundas vistoria em operadores e verifica o cumprimento da legislação ambiental.
das operações de comercialização de produtos e de embalagens
recicláveis, serão aceitas para fins de emissão do Recicla+, após a Dessa forma, na implementação e operacionalização de sistemas de
sua homologação, para a comprovação do retorno dos materiais logística reversa, poderão ser adotadas soluções integradas com processo
recicláveis ao ciclo produtivo para transformação em insumos ou em de homologação, que contemplem, entre outros: os pontos de entrega
novos produtos e embalagens. de resíduos recicláveis; as unidades de triagem manual e mecanizada; as
unidades de reciclagem; a comercialização de produtos ou de embalagens
descartadas; e o certificado de crédito de reciclagem.

§ 1º A homologação de que trata o caput será realizada pela entidade Em termos de governança, o Decreto prevê o Grupo de Acompanhamento
gestora e compreenderá: de Performance (GAP), formado por entidades representativas de âmbito
nacional de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, e,
I - A comprovação da veracidade, da autenticidade, da
quando houver, entidade gestora, responsável por acompanhar e verifi-
uncidade e da não colidência da nota fiscal eletrônica por
car a eficiência das ações e a evolução do cumprimento das metas de
verificador independente; e
logística reversa, reportar os resultados obtidos ao MMA e divulgar a
II - A comprovação da rastreabilidade, com a confirmação implementação do sistema.
pelo destinador final do recebimento da massa declarada
Os responsáveis pelos sistemas de logística reversa apresentarão, até
pelo operador, mediante a apresentação de certificado de
1º de março do ano subsequente ao GAP, o relatório de resultados com
destinação final emitido por meio do Manifesto de Transporte
a menção da razão social, CNPJ e atividade principal, acompanhados da
de Resíduos do Sinir, considerada a massa informada na nota
comprovação do cumprimento das ações e das metas de logística reversa
fiscal eletrônica.
referentes ao período de 1o de janeiro a 31 de dezembro do ano anterior.
§ 2º A rastreabilidade das notas fiscais eletrônicas e a confirmação
Assim, a apresentação do primeiro relatório em linhas com Decreto
do retorno efetivo das massas de materiais recicláveis para a empresa
Federal deverá correr em 01 de março de 2023.
fabricante ou recicladora deverão ser auditadas anualmente por ter-
ceira parte custeada pela entidade gestora.” Abaixo fluxograma ilustrativo do funcionamento do Decreto Federal nº
11.044/2022.

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FLUXOGRAMA DOS CRÉDITOS
DE RECICLAGEM

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REGULAMENTAÇÕES ESTADUAIS

É possível notar que os estados também estão


Mato Grosso do Sul
regulamentando a implementação, a estruturação e a
operacionalização de sistemas de logística reversa de Decreto n° 15.340, de 23.12.2019: define as diretrizes para implementação da logística reversa de
embalagens em seus territórios, conforme listagem abaixo: embalagens em geral no Estado de Mato Grosso do Sul.

São Paulo Paraná


Decisão de Diretoria CETESB nº 127/2021/P, de 16.12.2021: estabelece Procedimento para a demon- Resolução Conjunta SEDEST/IAT n° 20, de 20.7.2021: dispõe sobre a plataforma digital Contabilizando
stração do cumprimento da logística reversa no âmbito do licenciamento ambiental. Resíduos e estabelece critérios e procedimentos a serem adotados para sua implementação.

Resolução Conjunta SEDEST/IAT n° 22, de 28.7.2021: define as diretrizes para implementação e


operacionalização da responsabilidade pós-consumo no Estado do Paraná e estabelece o procedimento
para incorporação da logística reversa no âmbito do licenciamento ambiental no Estado.

Rio de Janeiro Piauí


Lei Estadual n 8151, de 1.11.2018: institui o sistema de logística reversa de embalagens e resíduos Decreto n° 20.498, de 13.1.2022: define as diretrizes para a implementação, a estruturação e a
de embalagens no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o previsto na Lei Federal nº operacionalização do sistema de logística reversa de embalagens em geral.
12.305, de 2010.

Resolução Seas n° 13, de 13.5.2019: regulamenta o Ato Declaratório de Embalagens (ADE) e o Plano
de Metas e Investimentos (PMIn) estabelecidos pelo Sistema de Logística Reversa de Embalagens e
Resíduos de Embalagens.

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As regulamentações estaduais vêm se aperfeiçoando e é possível inferir modelo
harmônico de regulação que compreende a apresentação de Plano de Logística
Reversa e Relatório Anual de Desempenho, conforme sistemática adotada pelos
Estados de São Paulo, Paraná e Piauí.

O Piauí, inclusive, avançou no controle e na segurança jurídica ao criar a figura do


verificador independente, em momento anterior ao próprio Decreto Federal no
11.044, de 2022, responsável pela verificação dos resultados de recuperação das
embalagens dos Planos de Logística Reversa, evitando a colidência de notas fiscais
e consequentemente a duplicidade de contabilização de resultados, com vistas à
unicidade e adicionalidade da reciclagem de materiais. PLANO DE LOGÍSTICA
REVERSA E RELATÓRIO
ANUAL DE DESEMPENHO

EM TERMOS DE BOAS PRÁTICAS SE OBSERVA QUE AS NORMAS


ESTADUAIS TÊM ADOTADO, PARA FINS DE CONTROLE AMBI-
ENTAL DE FABRICANTES, IMPORTADORES, DISTRIBUIDORES
E COMERCIANTES DE PRODUTOS EMBALADOS, O PLANO DE
LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS E O CORRESPONDENTE
RELATÓRIO ANUAL DE DESEMPENHO.

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Plano de Logística Reversa: documento descritivo contendo
conjunto de metas, ações e procedimentos destinados a
viabilizar a logística reversa de embalagens;

Relatório Anual de Desempenho: relatório contendo os


resultados das ações realizadas em função das metas
estabelecidas no Plano de Logística Reversa de Embalagens.

Em geral, as normas estaduais preveem que esses instrumentos podem ser coletivos ou individuais,
inobstante a inclinada predileção regulatória por modelos coletivos de logística reversa, conforme os
programas constantes do próximo capítulo. VERIFICADOR
Os estados, em regra, definem uma data específica para a apresentação do Plano de Logística
INDEPENDENTE
Reversa descrevendo as medidas de implementação do respectivo sistema de logística reversa de O Verificação Independente é uma prática comumente usada como forma de
embalagens em geral, compreendendo, por exemplo: qualificação da entidade gestora ou entidade garantir a neutralidade, o conhecimento técnico e a imparcialidade do ente
representativa responsável pelo sistema de logística reversa; qualificação das empresas aderentes; responsável pela aferição ou quantificação de resultados. Trata-se de uma
qualificação dos operadores logísticos; metas progressivas e quantitativas, expressas em percentual entidade idônea e imparcial que atua de forma neutra e com independência
e por grupo de embalagens recicláveis, para recuperação de embalagens colocadas no mercado do técnica.
Estado, pela empresa ou conjunto de empresas que fazem parte do sistema; descrição do plano
de comunicação contemplando a realização de campanhas de divulgação sobre a importância da Instituído para mitigar riscos e agregar valor, o Verificador Independente otimiza
participação dos consumidores e de outros agentes envolvidos nos sistemas de logística reversa e a eficiência do sistema de monitoramento e controle de desempenho.
no ciclo de vida dos produtos.
Assim, diante de desafios práticos enfrentados pelos sistemas de logística
reversa de embalagens, o Decreto Federal no 11.044, de 2022 prevê a figura do
Verificador Independente, enquanto pessoa jurídica de direito privado, contratada
Já o Relatório Anual de Desempenho do Plano de Logística Reversa é usualmente previsto para ser pela entidade gestora, que não realiza atividades próprias de entidade gestora
apresentado ao órgão ambiental estadual até 31 de março de cada ano. ou de entidade representativa, responsável pela custódia das informações e pela
verificação dos resultados de recuperação de produtos ou de embalagens com o
objetivo de evitar a colidência de notas fiscais eletrônicas e, consequentemente,
a duplicidade de contabilização, e comprovar a veracidade, a autenticidade, a
unicidade e a adicionalidade das informações referentes à reciclagem de produtos
e de embalagens.

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D E C R E TO
Sendo assim, o papel do Verificador Independente
transcende a simples verificação de colidência e se torna
No âmbito das atribuições o referido Decreto estabelece: parte fundamental da verificação, autenticidade e unicidade
“Art. 21. Compete ao verificador independente: de resultados, devendo desenvolver, com equipe técnica
especializada, análises de rastreabilidade com balanço de
I - Verificar os resultados obtidos pelas entidades gestoras, massa entre diferentes atores da cadeia, geospacialização
empresas e operadoras de sistemas de logística reversa de de dados analisando distâncias entre operador e receptor,
produtos ou embalagens com vistas a garantir consistência, padronização de materiais e códigos de descrição dos
adicionalidade, independência e isenção; produtos, criação de indicadores de rastreabilidade e
desempenho para a verificação de resultados, além de gerir
II - Validar eletronicamente, perante a Secretaria Especial da o processo de governança colaborativa entre diferentes
Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia, as notas programas e entidades gestoras de logística reversa.
fiscais eletrônicas e os dados informados por entidades gestoras
e operadores de sistemas de logística reversa; Ademais, é importante ressaltar que o §2º do art. 15 do
Decreto Federal no 11.044, de 2022, dispõe que “a opção
III - Registrar, armazenar, sistematizar e preservar a unicidade por outras soluções de implementação e operacionalização
e a não colidência das massas de materiais recicláveis, a de sistema de logística reversa não exime a entidade gestora
serem referenciadas em toneladas, com base nas notas fiscais e as empresas da comprovação da rastreabilidade, com a
eletrônicas emitidas pelos operadores e nos certificados de confirmação pelo destinador final do recebimento da massa
destinação final emitidos por meio do Manifesto de Transporte declarada, por meio de certificado de destinação final emitido
de Resíduos do Sinir; por meio do Manifesto de Transporte de Resíduos do Sinir e da
IV - Preservar os dados relativos a quantidade, tipo de materiais, comprovação da veracidade, da autenticidade, da unicidade
emissores, receptores, data, entre outros, de forma a garantir a e da não colidência das notas fiscais eletrônicas emitidas por
rastreabilidade e a integridade dos arquivos; e verificador independente.”

V - Manter a custódia dos arquivos digitais das notas fiscais Por fim, “é também possível atribuir ao Verificador
eletrônicas reportadas pelas entidades gestoras e pelos Independente o papel de promover o constante alinhamento
operadores pelo prazo mínimo de cinco anos. entre as partes, assegurando a integração e o fluxo racional de
comunicação, atuando de forma transparente e consistente
§ 1º É vedado ao verificador independente comercializar na aferição do desempenho e realizando a gestão de
resultados e executar atividades de emissão, compra ou venda pleitos, em casos de divergência, por meio do fornecimento
do Recicla+. de informações técnicas necessárias para a sua adequada
apreciação (suporte técnico).” 1.
§ 2º Na hipótese de descumprimento do disposto no §1º, o
Recicla+ não produzirá efeitos.”

¹ Manual de Parcerias do Estado de São Paulo. Governo do Estado de São Paulo. Disponível; http://www.parcerias.sp.gov.br/
parcerias/docs/manual_de_parcerias_do_estado_de_sao_paulo.pdf. Acesso em 19.04.2022.

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AT E N D I D O S O S P R E S S U PO S TO S D E
A D I C I O N A L I DA D E , I N D E P E N D Ê N C I A
E I S E N Ç ÃO, É R E CO M E N DÁV E L
QUE O VERIFICADOR INDEPENDENTE:

P RO G RA M A S D E
1. execute as suas atividades com verificação de resultados para,
ao menos, 5 (cinco) entidades gestoras e programas aderentes,
LO G Í S T I CA R E V E R S A
conferindo segurança ao processo de verificação, com mitigação
da duplicidade de volumes, e garantia de unicidade e adicionalidade
D E E M B A L AG E N S
de resultados. Verificador independente com reduzido número de
aderentes tende a ser ineficaz no cumprimento de sua finalidade;

2. contemple o processamento de uma quantidade representativa de Apresentamos a seguir os programas de logística reversa
materiais recicláveis (recomendável pelo menos 300 (trezentos) mil de embalagens que são aderentes, com a integralidade de
toneladas por ano). A massa/quantidade de materiais examinados resultados, à Central de Custódia da Logística Reversa de
pelo Verificador Independente é determinante para o cumprimento Embalagens (www.centraldecustodia.com.br) e estão em
da função de evitar a duplicação de massa(e por consequência de compliance com o processo de Verificação Independente
resultados) entre diferentes entidades e programas de logística
previsto no Decreto Federal nº 11.044, de 2022:
reversa;

3. disponha de ferramenta tecnológica - software - que garanta


o processamento contínuo do processo de verificação, otimize
e facilite a visualização da performance e dos resultados pelas
entidades gestoras e programas aderentes, de maneira prática,
didática e inteligente. Esse acompanhamento sistemático e continuo
dos sistemas de logística reversa deve ser disponibilizado aos
programas aderentes por meio de relatórios trimestrais, elaborados
com respectiva anotação de responsabilidade técnica do conselho
de engenharia.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional


de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Diário Oficial da União, 3 ago. 2010.

BRASIL. Decreto Federal nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022. Regulamenta a Lei no


12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

BRASIL. Decreto Federal nº 11.044, de 13 de abril de 2022. Institui o Certificado de


Crédito de Reciclagem – Recicla+. Diário Oficial da União, 14 abril 2022.

Manual de Parcerias do Estado de São Paulo. Governo do Estado de São Paulo.


Disponível; http://www.parcerias.sp.gov.br/parcerias/docs/manual_de_parcerias_do_
estado_de_sao_paulo.pdf. Acesso em 19.04.2022.

SOLER, Fabricio Dorado. Os acordos setoriais previstos na Lei Federal n.


12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS): Desafios jurídicos para
a implementação da logística reversa no Brasil. 2014. Dissertação (Mestrado em
Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2014.

BRASIL. Acordo Setorial para Implantação do Sistema de Logística Reversa de


Embalagens em Geral. Extrato publicado no Diário Oficial da União no 227, 27 nov.
2015.

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/central-de-custodia

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