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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade

DITOS E NÃO DITOS SOBRE A MEMÓRIA DO MOVIMENTO DE


MULHERES NA LITERATURA LOCAL DE CARINHANHA/BA

LINHA DE PESQUISA: MEMÓRIA, CULTURA E EDUCAÇÃO


Projeto: Memória e História das Ideias Pedagógicas Contra-Hegemônicas no Brasil

Anteprojeto apresentado à
Comissão de Seleção do
Curso de Pós-Graduação em
Nível de Mestrado
acadêmico em Memória:
Linguagem e Sociedade
(PPMLS) requisito básico
para candidatura à vaga para
turma de 2022.

Carinhanha-BA
2021
SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 3
1.1 Problema de pesquisa ................................................................................................5

1.2 Hipóteses ................................................................................................................... 5

2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 5

2.1 Objetivo Específicos .................................................................................................. 6

3. CRONOGRAMA ........................................................................................................ 6

4. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 6
1. JUSTIFICATIVA
É sabido, que desde as últimas décadas do século XIX, os movimentos
feministas tentam emplacar uma luta em defesa dos direitos das mulheres, mas foi
somente a partir da década de 60, que o mundo começou a assistir uma nova forma de
comportamento, em que as mulheres organizadas resistiram a opressão, e começaram a
lutar contra a desigualdade de gênero. Embora, temos ciência que a luta das mulheres
não se inicia neste século XIX, porém é justamente neste momento que a discussão
sobre a invisibilidade da mulher e a negação dos direitos toma uma proporção relevante.

As mudanças ocorridas apontam para significativos deslocamentos, especialmente


quando se fala nas produções literárias, no entanto, postas tais mudanças, ainda persistem
algumas formas padronizadas de representar grupos, povos e a sociedade. E partindo desse
pressuposto, determinadas conduções como estas, tem centralizado elementos culturais que
deixam muitos do lado de fora da memória cultural do nosso país. E assim, como em demais
localidades Carinhanha/BA, tem sua história contada por vários autores, mas neste cenário, as
lacunas são latentes, tanto, quando se fala na escrita sobre as inventividades das mulheres e
pertinentemente quando se busca a escrita produzida pelas próprias mulheres.
E nestes espaços já era compreensível, que a linguagem literária, era demarcada como
um objeto homogêneo, ou seja, a definição de literatura restringia em um espaço privilegiado de
expressão das manifestações de um seleto grupo. Entretanto, na simplicidade dos grupos em que
as suas produções eram entendidas como de menor valor, a linguagem literária além de ser este
instrumento em que as palavras tomam uma proporção de significados, que encantam,
despertam emoções, esta linguagem é uma ferramenta indispensável tanto para a constituição do
ser humano, quanto para aquisição de elementos capazes de subsidiar a luta contra o processo
da exclusão social, que assola a sociedade. E por algumas frestas, era possível entender que para
além da resistência, as minorias também subvertiam ao que era dado como referência, e,
portanto como legítimo. Tanto é que já reconhecia de tal maneira pelo viés da educação formal,
mas importantemente a educação forjada nos guetos, grupos sociais, movimentos, nas
quebradas, em quilombos entre outros espaços, que se constituíram elementos de resistência às
formas de opressão, exclusão sofridas pelas mulheres.
A despeito dos contextos marcados pela presença masculina, a mulher sempre
esteve presente nos embates fazendo e reconstruindo histórias, no entanto a eduação
formal e dos cânones pouco deu conta de acompanhar esse lado da história. Assim, é
preciso ressaltar que por conta desta realidade marcada pelo pensamento patriarcal, a
mulher teve grandes dificuldades de apresentar a sua história através da literatura local.
E talvez esteja na hora das instituições formais abrirem seus currículos, para a entrada
de temáticas que diz respeito a vida da mulher, e garantir condições favoráveis para o
rompimento de hiatos que vem atravessando as relações sociais. Neste caso, ouvimos
narrativas importantes sobre o protagonismo das mulheres que construíram o
Movimento de Mulheres de Carinhanha, no entanto muito ainda se tem a fazer no que
tange a literatura. Reconhecer a escrita da mulher numa sociedade marcada pela herança
de um sistema pautado no modelo patriarcal, não é tarefa fácil. Por isto, é que os
movimentos feministas e de mulher, têm colaborado para que o reconhecimento da
mulher não fique restrito apenas algumas questões. Assim como bem reitera Saffioti
(2013, p. 135) “a emancipação feminina é, pois, problema complexo, cuja solução não
apresenta apenas uma dimensão econômica. Mesmo a mulher economicamente
independente sofre, na sua condição de mulher, o impacto de certas injunções nacionais
e internacionais”. Nesta direção, entende-se que os desafios que as mulheres encontram
para se tornarem livres e serem reconhecidas na sua condição de gênero, estão para
além do status social, mas notadamente é um problema historicamente construído, que
separam nós/ eles.
A trajetória das mulheres é marcada por uma importante disparidade, as
desvantagens não são pontuais, pelo contrário, elas estão nas diferenças salariais, no
desempenho das mesmas funções, na ocupação em cargos políticos, na representação
social, enfim são enredos profundos de desigualdades, permitindo que suas histórias
fiquem presas no anonimato literário. Não se pode negar que as mulheres em
movimento conseguiram importantes avanços, entretanto, ainda hoje esse coletivo
enfrenta em seus cotidianos, duras realidades que se mantem arraigadas na sociedade.
Embora dotadas de uma ousadia, frente as causas que se dispuseram a empreitar, e
devemos muito a bravura de muitas delas, que hoje já não se encontram entre nós.
Nessa perspectiva, significa que a luta do movimento de mulheres para manter
acesa a chama da transformação com identidade própria, necessita romper com algumas
estruturas que contraria os poderes constituintes e diante desse pressuposto, Gohn
(1997, p.38) acredita que “Os movimentos seriam sintomas de descontentamento dos
indivíduos com a ordem social vigente e seus objetivos principais seria a mudança dessa
ordem. Em determinadas condições, eles poderiam se tornar um perigo para a própria
existência dessa ordem social”. De alguma maneira a nossa memória indivial sempre
remete as lembranças de outras ou toma emprestado do seu ambiente quando
precisamos referenciar algo. Desse modo, fica evidente que a memória individual
funciona a partir de instrumentos que podem ser palavras e ideias do pensamento
coletivo, nesse sentido, a memória é individual é inspirada pela memória coletiva,
Halbwachs (2004).
Sendo assim, no Movimento de Mulheres, as memórias tornou-se um
mecanismo necessário para dar continuidade as lutas, que outrora foram importantes e
certamente na atualidade tem um lugar especial, seja na fala de uma mulher ou de um
grupo de mulheres. Portanto, é preciso (re)conhecer os caminhos percorridos por muitas
mulheres, suas narrativas, memórias, ditos e não ditos, caminhos que foram recheados
de muitos dissabores, mas também potencialmente construídos de importantes
oportunidades. Desse modo, reconhecer essa discussão dentro de um contexto literário é
vislumbrar uma sociedade menos desigual, racista, machista e sexista dentre outros
traços que sujeita a mulher a vida de submissão.

1.1 Problema de pesquisa


Como os saberes e as memórias construídos pelo Movimento de Mulheres são
refletidos na escrita literária local de Carinhanha/BA?

1.2 Hipóteses
1- Os saberes e as memórias do Movimento de Mulheres ainda se configuram
uma atividade de pouco prestígio social, estão no lugar do doméstico, da subalternidade,
portanto, não teriam condições de elaborarem produções relevantes capazes de
movimentar estruturas sociais, políticas e culturais.
2- Os saberes e as memórias do Movimento de mulheres no imaginário social,
não são vistos como conhecimento legítimo, advém das classes populares, para muitos
este lugar de enunciação da intelectualidade não está reservado para o Movimento de
Mulheres de Carinhanha/BA.
3- Porque também não só a instituição formal, mas também outros espaços de
publicidade, ainda permanecem com seus currículos atravessados pela leituara
ocidental, eurocêntrica, colonial e patriarcal, privilegiando o conhecimento advindos do
centro e assim tem silenciado e alijado as produções elaboradas pelas camadas
populares.

2. OBJETIVO GERAL
Compreender como os saberes e as memórias construídos pelo Movimento de
Mulheres são refletidos na escrita literária local de Carinhanha/BA?

2.1 Obejetivos Específicos


 Entender como ocorre a trajetória de organização e projeção da escrita feminina
dentro do Movimento de Mulheres de Carinhanha de modo que as memórias
possam contribuir com a historia local;
 Investigar se os saberes populares educativos registrados através das memórias
do Movimento de Mulheres têm alguma possibilidade de serem inseridos na
literatura local;
 Identificar como as/os intelectuais traduzem as narrativas do Movimento de
Mulheres na literatura local e como elas são atravessadas pelo imaginário da
população;
 Identificar como o Movimento de Mulheres subverte aos contextos de negação
e silenciamento da suas produções na literatura local;

3. CRONOGRAMA
1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre 4º Semestre
ATIVIDADES 2022 2022 2023 2023

Pesquisa bibliográfica X X X X
Fichamento de textos X X
Coleta de fontes X X
Análise de fontes X
Redação do trabalho X X
Revisão do trabalho X
Defesa/divulgação X

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política: impactos sobre o
associativismo do terceiro setor. - 3. ed – São Paulo, Cortez, 2005.
__________Teoria dos movimentos sociais paradigmas clássicos e contemporâneos. - São
Paulo, Loyola, 1997.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Tradução de Beatriz Sidou.  2ª ed. São Paulo:
Ed. Centauro, 2013.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. A mulher na sociedade de classes. -3. Ed.- São Paulo: Expressão
Popular, 2013.

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