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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH

Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ

AD1- 2019.2
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL I
Coordenação: Marcos Sanches
Data da postagem: até 24 de Agosto às 23:55

Nome: JUAN DA SILVA LEMOS

Matrícula: 18216090044

Pólo: MIGUEL PEREIRA


Atividade 1:

Diáspora Negra: Impacto do tráfico de escravos além-mar

Muito distante da romantização exposta através de produções cinematográficas, todo


o processo de captura e transporte de cativos para trabalhos forçados no Novo Mundo marca
um dos mais vergonhosos e piores episódios da história nas navegações e colonização. As
marcas da escravidão ainda não cicatrizaram e são evidentes na sociedade de diversos países,
aqui no Brasil, toda a desigualdade social, preconceito e genocídio em massa vivido pela
população negra, reflexos da tão recente lei de abolição dos escravos com menos de 150 anos.
E mesmo com tantos sintomas, há quem relativize esse sofrimento com afirmações de não
existência do processo de captura e trabalho a força.
Durante a disputa eleitoral brasileira em 2018, o então candidato e atual presidente
da república, Jair Bolsonaro, afirmou numa entrevista ao programa "Roda Viva" da TV
cultura que "(...) O português nem pisava na África. Foram os próprios negros que
entregavam os escravos.", num claro momento de relativizar a fatos históricos. Um fato contra
esse discurso é a existência do Castelo de São Jorge da Mina em Gana, antiga Costa do Ouro,
construído para armazenar e proteger o ouro do vindo interior para o litoral tornando-se
posteriormente um posto de escravos, uma obra do Império Português que foi pioneiro no
mercado de escravos. Um dos fatores que levou a escravidão negra foi a habilidade dos
mesmos nos plantios de cana de açúcar nas ilhas atlânticas.
Mesmo sabendo que a escravidão já existia no interior do território africano, a
verdadeira escravização em massa ocorreu junto com a chegada dos europeus e o surgimento
das rotas atlânticas entre a Europa e América moldando o escravo negro como principal
produto de exportação, gerando grandes lucros aos escravizadores - muitos traficantes
portugueses ganharam até título de nobreza. Estima-se que milhões de negros foram tirados
de sua terra natal e enclausurados em porões de navios cruzando o oceano para trabalhos
forçados nas minas de ouro e prata e nas lavouras nas américas.
O comércio de escravo deu acesso a diversos produtos europeus às elites africanas,
fazendo com que aumentassem os conflitos sociais na África na busca de mais escravos para o
comércio. Foi surgindo aí diversas formas para obtenção de cada vez mais presos,
posteriormente escravos, para o comércio, sendo a principal forma de obtenção através da
força, da guerra.
Com o contato com os europeus, os africanos puderam ter acesso a diversos tipos de
poderio bélico, e a busca pela a obtenção de mais escravos para a venda levou a diversos
conflitos étnicos, tendo grandes vítimas pequenas comunidades camponesas do interior,
aumentando a diferenciação social entre os próprios africanos. A pressão europeia por mão de
obra piorou o quadro anos após anos intensificando a violência já empregada para a obtenção
de escravos, com protagonismo português e inglês nesse tipo de comércio.
Segundo o historiador Paul Lovejoy, os portugueses incentivaram (direta ou
indiretamente) o surgimento de reinos africanos formados para exclusivamente caçar e
capturar negros para o comércio escravista internacional
O comércio de negros escravizados causou um esvaziamento populacional do
continente africano, enfraqueceu a economia local além de tragédia humana no continente
propriamente dito que devido as suas proporções foi visto como um movimento de migração
mundial baseado na escravidão.
A violência empregada durante todo o processo escravizador no continente
perduraria até os dias atuais. Mesmo após Portugal extinguir o tráfico negreiro - pressionada
pela Inglaterra - toda a violência ainda repetir-se-ia no século XIX durante o Imperialismo
Europeu e a Partilha da África. E mesmo após a independência das colônias novos regimes de
força (ditatoriais) foram implantados fazendo uso da mesma violência aplicada durante a
escravização, segundo Lovejoy. A diáspora negra deixou marcas tanto na África quanto em
cada país que fez uso de escravos, para todos os lados que olhamos vemos a escravidão de
forma que é um ato de desumanidade negá-la.

Leitura Complementar:

LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: Uma história de suas transformações. Rio de


Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
Atividade 2:

a) Países que mais embarcaram escravos:


Inglaterra: 3.088.827 escravos embarcados
Portugal e Brasil: 2.871.807 escravos embarcados
França: 1.189.353 escravos embarcados
Holanda: 596.173 escravos embarcados
Espanha e Uruguai: 266.115 escravos embarcados
Estados Unidos: 263.010 escravos embarcados
Dinamarca: 100.905 escravos embarcados

b) Localidades africanas que mais serviram escravos:


África Central, Oeste e Santa Helena: 2.700.000 pessoas capturadas
Parte desconhecida do Continente africano: 1.724.991 pessoas capturadas
Benin: 1.404.660 pessoas capturadas
c) Análise comparativa de situações distintas:

Situação 1: No período de 1514 a 1600 as três regiões que tiveram o maior número de
escravos desembarcados foram nas colônias caribenhas da Espanha, com 165.115 escravos,
nas américas espanholas (atual México e os países da américa latina na costa do pacífico) com
29.649 escravos e as Antilhas (Hispaniola) com 17.134 escravos desembarcados.

Situação 2: No período de 1600 a 1750 as três regiões que tiveram o maior número de
escravos desembarcados foram a Bahia, na costa brasileira com 445.222 escravos
desembarcados, a Jamaica sob domínio britânico com 355.929 escravos e novamente as ilhas
caribenhas espanholas com 280.305 escravos desembarcados.

Análise: No período de 1514 a 1600 já havia intensa exploração por parte espanhola do novo
mundo enquanto outras potencias ainda desenvolviam projetos de colonização, como o Brasil
que viveu num período de pré-colonização até 1530. Após os anos 1600 com a intensificação
da colonização do território brasileiro com a produção de açúcar causou a intensa busca por
escravos visto pelo grande volume desembarcado no Nordeste através do porto de Salvador.
Posteriormente, o ciclo do ouro e da produção cafeeira dos séculos XVIII e XIX mudaria
novamente o cenário, elevando o número de escravos desembarcados nos portos da região
sudeste, em especial no Rio de Janeiro. Concluímos que as demandas locais por escravos
foram as razões que definiriam o quantitativo de escravos desembarcados por regiões.

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