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DIVISÃO DE ENGENHARIA

ENGENHARIA DE PROCESSAMENTO MINERAL

III ANO – CURSO DIURNO, TURMA- B

CADEIRA: Metalurgia de extração de metais não ferrosos

TEMA: Beneficiamento e Processamento de chumbo e estanho

Discentes

Anedito de Altina Armando

Lack Pedro Lucas

Maida Aníbal Langa

DOCENTE: Msc. Couves

TETE

2022
1.Chumbo
O chumbo (Pb) é um elemento químico maleável, com baixa condutividade elétrica e
altamente tóxico para os seres vivos. O chumbo é um metal cinzento, azulado brilhante, não
elástico, mole, riscável com unha, deixa traço cinzento no papel, dúctil, maleável, trabalhável a frio,
razoável condutor de calor.

1.1.Minerais de chumbo
Raramente, esse elemento é encontrado na natureza, mas quando achado está na forma
de compostos minerais como galena (PbS – sulfeto de chumbo), a cerusita (carbonato
de chumbo – PbCO3) e a anglesita (sulfato de chumbo – PbSO4).

A Figura que se segue mostra os aspectos físicos dos referidos minerais de


chumbo.

(a) (b) (c)

Figura 1 galena (a), cerusita (b) anglesita (c).

1.2.Processamento mineral
Antes do processo de oxidação pirometalúrgica, o minério de chumbo, este deve ser
processado para se elevar o teor em chumbo.
O minério é, inicialmente, britado e moido, até finamente dividido, e, em seguida,
concentrado quer por separações mecânica e gravitacional quer por técnicas de flotação. No processo
de flotação o minério finamente dividido é suspenso, mecanicamente, em água contendo reagentes
específicos quando ocorre a formação de grande volume de espuma.
As partículas minerais aderem à espuma que se forma no topo da célula de flotação, sendo
os minerais da ganga do minério afundados para a base da célula. A espuma gerada é retirada da
célula de flotação e posteriormente secada. As técnicas de flotação podem ser, também, ajustadas
para separar distintos metais e não somente a separação do metal de interesse da ganga.
A concentração mineral por flotação eleva o teor de chumbo no minério para a faixa de 65
a 80% e, dessa forma, o minério resultante é considerado um concentrado mineral. A Figura 2
mostra uma instalação de flotação com detalhe na formação das bolhas carreadoras do sulfeto de
chumbo.
(a) (b)

Figura 2 Unidade de flotação (a) com detalhe das bolhas de ar carreando a galena (PbS) (b).

1.3. Metalurgia e refinamento do chumbo


1.3.1. Pirometalurgia
Antes da fusão do concentrado de flotação para a devida redução dos compostos
de chumbo em chumbo metálico, esse deve ser ustulado para a remoção de grande parte
do enxofre contido (proveniente da galena – PbS) e posterior aglomeração das partículas
finas produzidas (litargírio – PbO), pois não podem ser introduzidas no alto forno dessa
forma. Esse processo é conhecido como “sinterização”. O processo de ustulação é
representado pela equação 1, a seguir:
2PbS(s) + 3O2(g) → 2PbO(s) + 2SO2(g)
A Figura 3 mostra detalhes de um alto forno para o processamento pirometalúrgico de
concentrado de sulfeto de chumbo.
Os rejeitos originários desse processo são, primeiramente, gases e emissão de
particulados, que requer um controle rigoroso. A maior parte do enxofre é removido do
concentrado nesse estágio do processo e convertido em dióxido de enxofre (SO2).
Nos dias atuais esse gas (SO2) é, usualmente, convertido em ácido sulfúrico, em
uma unidade secundária de sub‐produtos que deve estar presente no mesmo local. No
passado, o SO2 era emitido diretamente para a atmosfera.
1. Minério de chumbo + fluxo, 2. Coque, 3. Elevador, 4. Entrada de alimentação, 5.
Camada de coque, 6. Camada de material sinterizado, 7. Soprador de ar quente (em
torno de 1200oC), 8. Remoção de escória, 9. Torneira para liberação de chumbo
fundido, 10. Reservatório de coleta de escória, 11. Reservatório de coleta de chumbo
metálico bruto, 12. Ciclone para coleta de poeira, 13. Forno Cowper para ar quente,
14. Saída de fumação, 15. Alimentação de ar para o forno Cowper (pré‐aquecedores de
ar), 16. Carvão em pó, 17. Forno de coque, 18. Coque e 19. Gás do alto forno.

Figura 3 Detalhes do alto forno.

Os ó xidos sã o reduzidos aos respectivos metais pelo coque e monó xido de carbono presente:
PbO CPb CO

Principais Ligas

 Liga chumbo-bário: 0,05 % Ba – 99,9 % Pb


 Liga chumbo-cálcio: 1 a 6 % Ca – 94 a 99 % Pb
 Liga chumbo prata: 98 % Pb – 2 % Ag
 Liga chumbo estanho: Sn 63% Pb - 37%
Aplicação
 Produção de soldas
 Munições
 "Baterias chumbo-ácido;
 Fabricação de forros para cabos de energia;
 Materiais utilizados na construção civil;
 Formulação de pigmentos para navios (inibe a fixação de crustáceos);
 Manta de blindagem contra radiação;
 Aditivos estabilizantes contra calor e luz, aplicados na fabricação de plásticos;"

Estanho

Introdução

O estanho, de símbolo Sn, é um elemento metálico usado pelos humanos há eras. Ele
ocupa o grupo 14 ou IVa da Tabela Periódica, e tem número atômico 50 (o que o coloca
na família dos Metais Representativos).

Estanho tem sido encontrado em tumbas no Egito e foi exportado para a Europa em
grandes quantidades a partir de Cornwall, Inglaterra, durante o período romano. Os
antigos egípcios consideravam o estanho e o chumbo como formas diferentes do mesmo
metal.

O estanho é um elemento químico classificado como um metal, identificado pelo


símbolo Sn e número atômico (Z) 50. Tem uma massa molar de 118,71 g/mol e
eletronegatividade de 1,96 na escala de Pauling. Esse elemento está situado na família
IVA da tabela periódica. Sua configuração eletrônica é [Kr] 4d 10 5s2 5p2, com 4 elétrons
na ultima camada e ao formar ligações químicas pode tanto doar 4 elétrons quanto
receber para atingir a estabilidade.

Em temperatura ambiente se encontra no estado sólido, é um metal cristalino de


coloração branco prateada, maleável e resistente a oxidação, e um ponto de fusão de 232
ºC. O Sn é obtido principalmente do mineral cassiterita, onde se apresenta como
um óxido, sendo produzido pela redução do minério com carvão em alto forno.

Ocorrência

As ocorrências de estanho primárias incluem greisen, gangrena hidrotermal e, mais


raramente, depósitos de exalação vulcânica e de skarn (VHMS). Como o mineral de
estanho economicamente mais importante, a cassiterita SnO2, também chamada de
pedra de estanho, é um mineral pesado muito estável, grande parte da produção de
estanho também vem de depósitos secundários de sabão. Em alguns depósitos
primários, o estanito mineral sulfuroso Cu2FeSnS4 também é importante para a
produção de estanho. Em depósitos de estanho primários, o elemento é freqüentemente
associado com arsênico, tungstênio, bismuto, prata, zinco, cobre e lítio.

Reservas

As reservas atuais para estanho são dadas como 4,7 milhões de toneladas, com uma
produção anual de 289.000 toneladas no ano 2015. Com mais de 80%, a produção
atualmente vem de depósitos de sabão (depósitos secundários) em rios e na área
costeira, principalmente de uma região, começando na China central, via Tailândia, até
a Indonésia. Os maiores depósitos de estanho do mundo foram descobertos na 1876 no
vale de Kinta (Malásia). Lá, cerca de 2 milhões de toneladas foram mineradas até o
momento. O material nos depósitos aluviais tem um teor de metal de cerca de 5%.
Somente após vários passos para se concentrar em cerca de 75% é usado um processo
de fusão.

Principais produtores

A fonte mais importante para o estanho é a China, seguida pela Indonésia e por
Mianmar. Na Europa, 2009 Portugal foi o maior produtor, onde é promovido como um
subproduto do depósito VHMS Neves Corvo.

Extracção e beneficiamento

Segundo Silva (2007) as seleções do método de lavra provem de diversas


características das jazidas e em algumas circunstâncias de elementos externos não
favoráveis. A maioria das reservas minerais é lavrado por técnicas tradicionais tanto a
céu abeto (em superfície) ou método subterrâneo (na subsuperficie).

No tratamento mineral aplicam-se técnicas específicas de acordo com as características


de cada depósito de cassiterita.

Quando o mineral é encontrado em forma de placers, a cassiterita é aglomerada por


meio de lavagem, separação magnética, densitária, electrostática além das mesas
vibratórias, obtendo o mineral de interesse a cassiterita pura, nos depósitos placers a
recuperação do minério vária entre 90% a 95% (RAMOS, 2003).

Quanto a ocorrência da Cassiterita está associada a rochas duras (depósitos de origem


primária), faz-se o uso indispensável do processo mineral, no qual é submetido a
britagem e cominuição, para diminuição do material obtido. Ao contrário da
recuperação dos depósitos secundários, na Bolívia se utiliza o mesmo por exemplo, com
uma eficácia de recuperar até 50% no minério (PEARCE, 1980, p.755 apud RAMOS,
2003).

Na extracção do estanho, o minério é primeiro extraído e lavado a fim de remover


impurezas. Então é cozido, de modo a oxidar os sulfeto de ferro e cobre. Após uma
segunda lavagem, o minério é reduzido por carbono em um forno reverberatório. A
reacção de redução é:

SnO2(s) + 2C(s) à Sn(l) + 2CO(g)

O estanho derretido é colectado no fundo e moldado no formato de blocos. Nesse


formato, o estanho é novamente fundido sob temperaturas mais baixas, para que as
impurezas formem uma massa insolúvel a ser extraída. O estanho pode ainda ser
purificado por electrólise Cassiterita, mineral de onde o estanho é extraído. SnO2 + 2 C
⇒ Sn + 2 CO

Principais Ligas

As ligas de estanho mais comuns são o bronze (estanho e cobre), a solda (estanho e
chumbo), e estanho, chumbo e antimónio (metal patente). Também é usado em liga com
o titânio na indústria aeroespacial.

A solda é uma liga particularmente interessante na eléctrica e electrónica, usada para


união e remendo de metais. Na electrónica, a solda é usada para unir componentes
electrónicos a placas de circuito impresso ou fios. As soldas são comummente
classificadas como macias ou duras, dependendo dos seus pontos de fusão e resistência
mecânica. As soldas macias, como as usadas em electrónica, são ligas de estanho e
chumbo, algumas vezes com adição de bismuto; as soldas duras são ligas de prata, cobre
e zinco (solda prateada) ou cobre e zinco.
Aplicações
– No recobrimento de outros metais para prevenir desgaste e corrosão; tais como em
latas ou aços;

– Em ligas metálicas; principalmente com aplicação em soldagem por conferir um baixo


ponto de fusão estes materiais;

– Na produção de vidros; que são feitos planos pela flutuação em estanho líquido;
– Sais de estanho podem ser aplicados em vidro para tornar a superfície condutora;
– Óxido de estanho (IV) é usado em cerâmica e sensores de gases;
– Estanato de zinco é um retardador de chama que pode ser usado em plásticos;
– Alguns compostos com zinco foram usados em composições de tintas para evitar
incrustação de animais marinhos em navios e estruturas no mar; a toxicidade do
composto afecta a biodiversidade e por isso este tipo de uso foi banido na maioria dos
países;
– Uma liga cristalina de estanho-nióbio é supercondutora em baixas temperaturas
– O cloreto (SnCl2.H2O) é usado como agente redutor e tem uso como mordente em
colorações de tecidos (chitas);

– Camadas de óxido de índio e estanho são transparentes e condutoras; com principal


aplicação em telas de toque em celulares e tablets;

– Fluoreto de estanho (II) é adicionado em alguns produtos odontológicos;

Considerações Finais e Tendências Futuras

O estanho é um metal abundante e de custo acessível. Suas características tornam-no


bastante importante no emprego para a engenharia, seja para galvanização de outros
metais como o aço (tornando-os resistentes à corrosão), seja na confecção das ligas de
solda.

Apesar de o processo de galvanização por zinco ser mais simples e barato que utilizando
estanho, este ainda deve continuar sendo bastante empregado por anos vindouros.
Novos métodos de fabrico de folhas-de-flandres melhoraram em cerca de um terço a
resistência contra corrosão, comparados aos métodos anteriores.
As ligas de solda com estanho ainda não encontraram substituto. Isso faz deste metal
componente vital na indústria electrónica, que faz uso abundante das soldas.

 
Referências

1. A. M. Galopim de Carvalho, Cristalografia e Mineralogia, Universidade


Aberta, 1997, ISBN 9789726741848.
2. A. M. Galopim de Carvalho, Introdução ao Estudo dos Minerais, Âncora
Editora, 2002, ISBN 9789727800919
3. ENCICLOPÉDIA Microsoft Encarta Encyclopedia Deluxe 2000. Microsoft
Corporation 1993-1999.
4.  BARTKOWIAK, Robert A. Circuitos Elétricos. 2. ed. revisada. São Paulo,
Makron Books, 1999, p. 27.
5.  CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. Vol. III , 2. ed. São Paulo,
Makron Books, 1999, p. 181-182.
6.  RUSSEL, John Blair. Química Geral. vol II, 2. ed. São Paulo, Makron Books,
1997, p. 1076-1078.

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