Código Versão

NT_CTEN002-2017.05.18 00
Emissão Folha
11/11/2016 1 de 4
Assunto:
Nota Técnica Talabartes sem absorvedor de energia

Emitente
CTEN - Comitê Técnico de Estudos Normativos – Trabalhos em Altura
Coordenação
Eng. Gustavo Mendes
Secretariado
Deborah Egami Trindade
Solicitante
ANIMASEG - Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho

CTEN - Comitê Técnico de Estudos Normativos – Trabalhos em Altura | 1

NT_CTEN002-2017.05.18

Emissão
Assunto:
Nota Técnica
1 Simbologia adotada
2 Objetivo
Este documento visa esclarecer tecnicamente
a exclusão do talabarte de proteção contra
quedas sem absorvedor de energia da norma
regulamentadora 35 (item 35.5.3.4) e
justificar porque não é um equipamento
adequado para a proteção do trabalhador
contra queda.
Este documento expressa a posição do CTEN
- Comitê Técnico de Estudos Normativos –
Altura quanto o assunto.
3 Introdução
Os talabartes de proteção contra quedas são
testados pela NBR15834 e seus absorvedores
de energia pela NBR14629 com o intuito de
garantir um desempenho mínimo de
proteção contra quedas.
Baseados em estudos de (CRAWFORD, 2003)
foi padronizado pelo European Committee
for Standardization (CEN) que o limite
seguro de desaceleração no corpo humano é
de 6 G (58,8 m/s2) o que representa em um
corpo de 100kg uma força de impacto de 6
kN.
Sendo assim, os equipamentos de segurança
são projetados e testados para que a força de
impacto ao trabalhador não seja superior a 6
kN.
Em ensaios realizados nos laboratórios de
certificação e fabricantes foi constatado que
as forças de impacto geradas na queda
utilizando um talabarte de proteção contra
quedas sem absorvedor estão na ordem de
13kN a 26 kN.
Em uma situação real de queda, esta força de
impacto resultaria em lesões no trabalhador
por desaceleração, ou seja, a lesões internas
ocorreriam sem que exista choque contra
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Talabartes sem absorvedor de energia
estrutura ou solo, apenas pela retenção da
queda pelo talabarte.
4 Dinâmica da queda
Para entender melhor o porquê destas forças
altas em uma queda de altura menor,
recorremos ao princípio da conservação de
energia da mecânica clássica onde temos:
Sendo,
e
Lembrando que energia ou trabalho são
expressos em Joules e que representam N.m
(Newton x metro).
Tomando como exemplo uma massa de
100 kg, um talabarte de 0,9 metro e uma
queda de 1,8 metros (fator de queda 2).
Em um instante inicial, quando o corpo
está “em repouso”, a energia potencial é
máxima (altura máxima) e a energia cinética
é nula (velocidade igual à zero).
Durante a queda o corpo vai acelerar até
chega ponto de retenção do talabarte onde a
sua velocidade é máxima (Energia Potencial
nula e Energia Cinética máxima).
Portanto, temos:
E uma vez calculada a energia
desenvolvida durante a queda temos que
entender como esta energia pode ser
transmitida ao sistema.
A energia pode ser acumulada através
elementos predominantemente elásticos, que
possam ser comparados a uma mola, ou
absorvida através de elementos que
transformem a energia cinética desenvolvida
em atrito, calor, deformação plástica, ruptura
de ligações e outros.
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Nota Técnica Talabartes sem absorvedor de energia

Podemos considerar que a absorção de
energia irá consumir a energia desenvolvida
enquanto o acúmulo vai manter essa energia
no sistema como uma mola.
Os absorvedores de energia garantem
que a força máxima não ultrapasse 6 kN. O
trabalho (em joules) necessário para romper
totalmente as costuras do absorvedor pode
ser entendido como a capacidade de
absorção de energia do mesmo.
Por fim, foram conduzidos ensaios de queda
em talabartes de diversos modelos e tipos
buscando embasar os conceitos teóricos e os
resultados comprovaram que a força de
impacto em talabartes sem absorvedor de
energia podem variar da ordem de 13kN a 26
kN em variadas situações de queda conforme
Tabela 1e Tabela 2.

Quando a capacidade de absorção do

absorvedor do talabarte é maior que a
energia transmitida desenvolvida durante a
queda, o absorvedor não irá se abrir
totalmente e a força não ultrapassará o limite
do absorvedor.

Considerando um talabarte sem

absorvedor e, portanto, baixa capacidade de
absorção, o comportamento do elemento é
predominantemente elástico.

Sendo assim o sistema (ancoragem,

talabarte e mola) entrará em equilíbrio,
atingindo seu pico de força, quando toda a
Tabela 1 – Resultados dos ensaios
energia da queda for transmitida para o
talabarte.

Pode se observar a diferença de

comportamento entre um talabarte sem e
com absorvedor de energia no gráfico típico
da Figura 1.

Figura 1 – Gráfico típico de ensaio de queda

talabarte sem absorvedor (acima) e com
absorvedor (abaixo) Tabela 2 – Resultados dos ensaios (continuação)

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5 Conclusão
Baseado nos resultados encontrados conclui-
se que:

 A força de impacto, mesmo em

quedas fator 1 ou menor, será
superior à força máxima dos
absorvedores atuais.
 Não deverão ser utilizados em
hipótese alguma talabartes sem
absorvedores em situações de risco
de queda.

6 Bibliografia
CRAWFORD, H. Survivable Impact Forces on
Human Body Constrained by Full Body
Harness. [s.l: s.n.].

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