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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PROCON DE SÃO LOURENÇO

Defensoria Pública da Comarca de São Lourenço Coordenadoria de Proteção e


Defesa do Consumidor
EXCELENTÍSSIMO SENHOR VEREADOR AGILSANDER RODRIGUES DA SILVA
DO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO – MINAS GERAIS

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS,


neste ato representada pelo seu órgão de execução, abaixo assinado, no exercício de
suas atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 134 da Constituição Federal, bem
como pela Lei Complementar Estadual n.º 65/03 de Minas e Lei Federal nº 80/94 e A
COORDENADORIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR - PROCON
DE SÃO LOURENÇO, órgão da Prefeitura Municipal de São Lourenço, através do seu
Procurador, vêm à presença de Vossa Excelência SUGERIR a propositura de projeto
de lei, de interesse local, em prol dos consumidores deste município ( coletividade ), com
base no parecer infra-lastreado nos seguintes termos:.

É de conhecimento geral que as concessionárias de energia elétrica e


água suspendem o fornecimento do serviço de energia e água, respectivamente, nos
dias que antecedem os finais de semana e feriados.

Embora o corte de tais serviços seja um instrumento colocado a


disposição das concessionárias desde que seguido um regramento de prazo e
determinado modo de operação, tem-se que em muitos casos ele se revela abusivo e
constrangedor, contrariando as disposições do Código do Consumidor que acentuam
tratar-se de um serviço essencial e contínuo ( art. 22 ).
Procurada diariamente pelos consumidores, a Defensoria Pública e o
PROCON, revelam que as empresas concessionárias somente aceitam o pagamento das

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contas vencidas, o que impede o corte e, portanto, possibilita a continuidade do serviço
essencial, através de rede bancária.

Ora, tal prática limita o direito que o consumidor tem de, ao pagar a conta
vencida evitar o corte ou, após este, ver o serviço restabelecido. De nada vale ser
avisado com antecedência sobre o corte se a data final for uma sexta-feira após o
expediente bancário, pois será impossível o pagamento da conta. Ou pior, ver sua água
ou luz cortada em uma véspera de feriado ou em final de semana, pois sendo
impossível pagar a conta vencida até que os bancos voltem a atender, o consumidor
ficará sem o serviço.

Nada autoriza este método, ficando o cidadão refém de facilidades


comerciais que beneficiam unicamente as empresas, em detrimento daquele que não
pode ser privado de serviços tão imprescindíveis, principalmente por ser notório que o
serviço de suspensão do serviço é terceirizado, não havendo, por parte deste preposto,
autorização para receber qualquer tipo de pagamento.

Para se trazer a dimensão da necessidade do fornecimento de tal serviço


de energia, aplicável também à água, vejamos trecho de um parecer doutrinário, verbis:
 

Por isso, o presente Projeto de Lei pretende garantir ao consumidor o


direito de efetuar o pagamento da conta em atraso até o momento do corte dos
serviços, se houver atendimento bancário, sendo que nos finais de semana e feriados,
ainda que adimplida a obrigação perante caixas eletrônicos, dificilmente se conseguirá
a religação incontinenti.
Por ser uma questão que impedirá inúmeros transtornos ao cidadão,
ao mesmo tempo em que se reafirma a cidadania e a visão pública social que as

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fornecedoras destes serviços devem ter, espera-se o acolhimento sugestivo desta
aprovação do presente Projeto.

Há que se considerar que, na atual situação econômica vivenciada


pelos brasileiros, o corte de maneira abrupta e rápida é, sem dúvidas, um castigo,
justificando a necessidade de concessão de maior tempo para a regularização da
situação.

Tal projeto de lei vem de encontro às normas protetivas dos direitos


dos consumidores que são alvo de descaso pelas concessionárias, sendo certo que não
se consegue, nos finais de semana ter acesso à Defensoria Pública, o que gera
inacessibilidade do hipossuficiente ao Judiciário e/ou resolução extrajudicial,
tampouco o PROCON e Juizado Especial, que atendem somente em dias úteis.

Quanto à possibilidade de o Legislador Municipal normatizar o


tema, tem-se que presente sua pertinência, por se tratar de interesse local, que diz
respeito à postura das empresas diante dos cidadãos consumidores dos serviços e que
certamente evitará judicialização de ações cautelares emergenciais no sentido de
religamento de energia.

Desta forma, incabível qualquer argüição de inconstitucionalidade


de ordem material da presente intenção legislação, tanto que já fora editada leis de
igual jaez em vários municípios, a exemplo de Itajubá/MG.

Vale salientar, pois, que o problema é, de fato, muito grave, devendo


ser analisado, razão pela qual se encaminha o presente parecer, anexo de um mero
apontamento de projeto de lei sobre a matéria requerendo seja analisada a sugestão
para conhecimento de Vossa Excelência e aprimoramento pelos demais Edis, iniciando-
se, se o caso, o trâmite legislativo, colocando-se, desde já, os signatários disponíveis para
prestarem as devidas informações que se fizerem necessárias pela via formal e/ou
audiência pública.

Nestes termos,

Pedem Deferimento.

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São Lourenço/MG, 08 de fevereiro de 2.010.

ROGER VIEIRA FEICHAS RENATO RODRIGUES


Defensor Público Substituto Coordenador Geral
MADEP 0611-D/MG PROCON/SL - OAB/RJ n° 115.922

PROJETO DE LEI Nº /2.010


 
 

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Proíbe que as empresas concessionárias de serviços
públicos de energia elétrica e água façam o corte, por
falta de pagamento de contas, do fornecimento
residencial nas datas em que forem suspensos os serviços
bancários.
 
 Art. 1º - Fica proibido o corte de energia elétrica e água de serviços públicos por falta
de pagamento de contas, oriundas do fornecimento residencial de seus serviços nas
sextas-feiras, aos sábados, domingos, vésperas de feriados e nas datas e horários em
que forem suspensos os serviços bancários.
 
Parágrafo Único – Aplica-se o caput acima nos casos de greve bancária.
 
§ 1º - O corte do fornecimento somente poderá ser executado na presença do cliente ou
de um consumidor residente no domicílio onde ocorrerá o corte.
 
Art. 2º - No caso de suspensão indevida do fornecimento de energia e água a
concessionária prestadora do serviço público de energia elétrica e de fornecimentos de
água será, diariamente, multada em, no mínimo R$............. (.......),  sendo  obrigada a
executar a religação, nestas hipóteses em, no máximo, ............ (.....) horas, sem ônus
para o consumidor, sob pena de esta multa ser executada pelo Órgão de Defesa do
Consumidor, nos termos do Decreto Federal nº 2.181/97, e serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados ao consumidor.

Art. 3º - A cada reincidência específica, o infrator estará sujeito à cobrança em dobro do


valor da multa anteriormente aplicada.

Art. 4º  As multas deverão ser pagas no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, podendo as empresas delas recorrerem, em igual prazo, ao órgão
competente.

Art. 5º  Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar esta Lei para a sua fiel
execução, no prazo de 30 ( trinta ) dias.

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Art. 6º   Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação revogando-se as disposições
em contrário.

São Lourenço/MG, de de 2.010.

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