Você está na página 1de 17

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/281209144

Bronquite Infecciosa das Galinhas

Technical Report · August 2015


DOI: 10.13140/RG.2.1.1345.7124

CITATION READS

1 1,705

4 authors, including:

Antonio J Piantino Ferreira Claudia Carranza


University of São Paulo Ceva Salud Animal, Peru
217 PUBLICATIONS   3,131 CITATIONS    15 PUBLICATIONS   62 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Enterobacterial research in birds View project

Detection and molecular characterization of avian oncogenic viruses View project

All content following this page was uploaded by Claudia Carranza on 24 August 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Encarte Especial BIG

Encarte Especial
Parte integrante da edição nº95 da Revista do AviSite

nº 02
agosto/2015

Bronquite Infecciosa
das Galinhas
Professor Antônio Piantino (USP) e
pesquisadores revisam o tema e traçam o
panorama da doença no Brasil

Encarte Especial BIG 1


Abertura

2 Encarte Especial BIG


Sumário Encarte Especial BIG

03 10
Editorial Característica do vírus e
histórico da doença

05 13
Introdução sobre a Bronquite Situação da Bronquite
Infecciosa das Aves Infecciosa das Aves no Brasil

Responsáveis Parceria
• Antonio J. Piantino Ferreira
• Mario Sergio Assayag Jr. Este encarte especial, produzido em par-
• Claudete S. Astolfi-Ferreira ceria com a Editora Mundo Agro, tem como
• Claudia Carranza proposta tornar disponível os conhecimentos
atuais a Bronquite Infecciosa das Aves. Trata-
Departamento de Patologia, FMVZ, USP -se de colaboração com o Professor Antonio J.
www3.fmvz.usp.br/index.php/site/departamentos/departamento_ Piantino Ferreira, professor titular da Faculda-
de_patologia_vpt/apresentacao de de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo - com a colabora-
ção de colegas envolvidos no estudo e na
elaboração de pesquisas sobre este assunto.
Acesse este material também em sua
versão online: www.avisite.com.br/Encarte-
EspecialBIG.

Antonio José Piantino Ferreira concluiu o doutorado em


Patologia Experimental e Comparada pela Universidade de
São Paulo em 1996. Atualmente é Professor Associado da
Universidade de São Paulo. Publicou 51 artigos em periódicos
especializados e 134 trabalhos em anais de eventos. Possui 11
capítulos de livros publicados. Atua na área de Medicina
Veterinária, com ênfase em Patologia Aviária.

Encarte Especial BIG 3


Editorial Encarte Especial BIG

Divulgando o conhecimento sobre


Bronquite Infecciosa das Aves
O tema Bronquite Infecciosa das Galinhas tem sido amplamente abordado em even-
tos realizados pela avicultura brasileira. Este fato é prova da busca intensiva por maio-
res índices de produtividade no setor.
Além disso, não há dúvidas de que a ciência está ao lado dos produtores para o
controle desta enfermidade. O agente (VBIG), a epidemiologia (o papel do agente, o
papel do meio ambiente, a situação mundial e a doença no Brasil) e o controle (vacina-
ção, seleção da cepa vacinal e os métodos de vacinação) são abordados em amplas
discussões sobre a enfermidade, que pode estar associada com distúrbios respiratórios,
renais, entéricos, além de problemas de fertilidade e redução da qualidade e da produ-
ção de ovos.
As empresas fornecedoras de soluções para a Bronquite Infecciosa também se en-
volvem nas discussões e pesquisam a doença.
Para agrupar parte das informações disponíveis sobre este tema, lançamos este
encarte especial, com a colaboração do Professor Antonio Piantino Ferreira, da Univer-
sidade de São Paulo (USP). Contamos também com o patrocínio das empresas Biovet,
Ceva, Merial e Zoetis.
Produzimos, ainda, um caderno técnico-comercial, publicado na edição de julho da
Revista do AviSite, com as soluções para Bronquite Infecciosa apresentadas pelas em-
presas parceiras deste projeto (acesse em: www.revistadoavisite.com.br/web/pub/
avisite/index2/?numero=94, páginas 42 a 49).

Parceiros comerciais

Acesse este material também em sua versão online


www.avisite.com.br/EncarteEspecialBIG
expediente
Publisher Comercial Internet
Paulo Godoy Karla Bordin Gustavo Cotrim
Mundo Agro Editora Ltda. paulogodoy@avisite.com.br comercial@avisite.com.br webmaster@avisite.com.br
Rua Erasmo Braga, 1153
13070-147 - Campinas, SP Redação Diagramação e arte Administrativo e circulação
Érica Barros (MTB 49.030) Mundo Agro e Caroline Esmi
Mariana Almeida (MTB 62.855) Innovativa Publicidade financeiro@avisite.com.br
Encarte Especial Agosto 2015 imprensa@avisite.com.br luciano.senise@innovativapp.com.br

4 Encarte Especial BIG


Artigo Encarte Especial BIG

Prática de vacinação contra


BIG nos incubatórios é
necessária, devido à circulação
viral que ocorre nas diferentes
regiões do Brasil

Bronquite
A
Bronquite Infecciosa das Gali-
nhas (BIG) é uma doença viral,
causada pelo vírus da Bronqui-

Infecciosa te Infecciosa das Galinhas


(VBIG), que acomete aves da
espécie Gallus gallus. A primei-

das Aves
ra descrição da doença foi em 1931, nos Esta-
dos Unidos. Atualmente a doença é endêmica
em praticamente todos os países que criam
aves.
A BIG tem grande importância econômica
Principal doença avícola do porque causa queda no ganho de peso e au-
Brasil, a BIG afeta granjas de mento na conversão alimentar em frangos de
corte, além de aumento na condenação no
frangos de corte, reprodutoras abatedouro. Em galinhas reprodutoras e gali-

e poedeiras comerciais nhas de postura comercial, ocorre redução na


produção de ovos e piora na qualidade da cas-
ca dos ovos.
Atualmente a BIG é a principal doença aví-
cola do Brasil, afetando granjas de frangos de
Autores: Antonio J. Piantino Ferreira, Mario Sergio corte, reprodutoras e poedeiras comerciais.
Assayag Jr., Claudete S. Astolfi-Ferreira e Claudia Está distribuída em todas as regiões com pro-
Carranza. Departamento de Patologia, FMVZ, USP dução comercial. Aparentemente, em aves de

Encarte Especial BIG 5


Artigo

corte os sinais clínicos e as perdas produtivas são


mais evidentes que em aves poedeiras comerciais.
Em aves reprodutoras, existem relatos de proble-
mas cíclicos, com surtos da doença a cada 12 a 18
meses, caracterizados por queda de produção que
ocorre normalmente após o pico de produção e/ou
entre 45 e 55 semanas de idade. Nos lotes com de-
safio, a mortalidade é ligeiramente superior e cons-
tante durante todo o período de produção. As que-
das de produção são de 3 a 15% e retornam em al-
gumas semanas, mas aparentemente, não recu-
peram o potencial de produção anterior ao de-
safio.
Assim, é frequente observar sequências
de lotes com sinais clínicos e queda de pro-
dução, sinais respiratórios e algumas vezes
lesões renais leves a moderadas. Os sinais
clínicos mais frequentes são sinais respira-
tórios leves e transitórios, com cabeça um
pouco inchada, lacrimejamento e narinas
sujas, hipertermia e pequeno aumento
de mortalidade, passando de 0,1 a 0,2%
por semana, para 0,3 a 0,5% por sema-
na. A mortalidade, normalmente é cau-
sada por infecções secundárias. Nos
achados necroscópicos, são observadas
traqueítes leves, regressão folicular, peri-
tonite e hipertemia.
Normalmente, os lotes comerciais po-
dem sofrer desafios concomitantes de
pneumovírus aviário e BI, o que pode con-
fundir o diagnóstico (CAVANAGH, ELUS,
COOK, 1999). Isso é muito frequente, princi-
palmente em algumas regiões do país, como na
região sul, na serra gaúcha, oeste de Santa Catari-
na, sudoeste do Paraná e em Minas Gerais, no triân-
gulo mineiro.
O controle da doença em aves reprodutoras é re-
alizado com o uso de um programa de vacinação
com grande número de doses de vacinas vivas na re-
cria e uma vacina oleosa monovalente e/ou bivalente
antes da produção. Em muitos casos são evidentes
os resultados positivos quanto ao uso de vacinas ole-
osas bivalentes frente às monovalentes, mas em ou-
tros casos, menos frequentes, aparentemente as di-
BIG tem grande ferenças não existem.
importância econômica, Quando foram utilizados programas experimen-
pois causa queda no tais com duas vacinas inativadas, mono e/ou bivalen-
tes, em condições de alto desafio, os programas com
ganho de peso e aumento
duas vacinas inativadas induziram a produção de al-
na conversão alimentar tos títulos de anticorpos e foram melhores do que os
em frangos de corte, além programas com apenas uma dose de vacina inativa-
de aumento na da. O uso de vacina viva durante a produção tam-
condenação no bém é uma prática disseminada no Brasil e algumas
vezes apresentam resultados positivos principalmen-
abatedouro te na qualidade dos ovos.

6 Encarte Especial BIG


Encarte Especial BIG

O controle da doença em aves poedeiras é reali- Em galinhas reprodutoras e galinhas


zado com programas de vacinação contra BIG seme-
de postura comercial, a BIG causa
lhante ao utilizado em reprodutoras, mas com me-
nos doses de vacina viva no crescimento e uso restri- redução na produção de ovos e piora
to durante a produção, além de uma dose de vacina na qualidade da casca
inativada antes da produção.
Em frangos de corte são descritos sinais respira-
tórios e algumas vezes entéricos, principalmente
após 28 dias de idade. Os relatos de redução no ga-
nho de peso após 21 dias também são frequentes,
mas lesões macroscópicas, no campo, após 28 dias
de idade são pouco evidentes, mesmo com o diag-
nóstico do agente por meio de RT-PCR e a presença
de altos títulos de anticorpos demonstrada pela téc-
nica de ELISA, aos 42 dias de idade.
Para os frangos, se utilizam vacinas vivas do tipo
Massachusetts, podendo ser empregada a amostra
H120 ou a Ma5. A prática de vacinação contra BIG
nos incubatórios é necessária, devido à circulação vi-
ral que ocorre nas diferentes regiões do Brasil. Em
frangos abatidos entre 28 e 34 dias de idade se uti-
liza vacina do tipo H120.
Em frangos abatidos entre 40 e 45 dias de idade,
algumas vezes o uso da vacina do tipo Ma5 possibi-
lita melhor desempenho zootécnico com menor con-
denação de carcaças no abatedouro devido aos pro-
blemas respiratórios.
Quando existe desafio viral por VBIG variante
(diagnóstico realizado com RT-PCR, isolamento
viral, sequenciamento parcial da região S1 do
VBIG e sorologia por ELISA) estas vacinas
Mass não conferem proteção adequada.
Provas para essa conclusão foram realiza-
das após o isolamento viral e desafio con-
trolado em isoladores em aves vacinadas
com as cepas Mass no primeiro dia de
idade (dados não publicados). Nos lotes
com desafio por VBIG variante, normal-
mente apresentam redução no ganho
de peso e conversão alimentar e muitas
vezes um aumento de condenação no
abatedouro.
Assim, tanto em aves de ciclo longo,
com diferentes programas vacinais ou em
frangos vacinados com vacinas do tipo
Massachusetts, há a ocorrência da doença,
mesmo as aves apresentando títulos signifi-
cativos de anticorpos contra o vírus da BIG.
Frequentemente o diagnóstico molecular de-
monstra a presença de amostras variantes, o que
pode sugerir que as vacinas do tipo Mass disponí-
veis no Brasil podem não ser suficientes para prote-
ger efetivamente contra todos os desafios pelo VBIG
e garantir o máximo desempenho zootécnico dos
planteis, diminuindo o impacto econômico causado
pela doença.

Encarte Especial BIG 7


Artigo

8 Encarte Especial BIG


Encarte Especial BIG

Encarte Especial BIG 9


Artigo

Característica do vírus e
histórico da doença
Novos vírus isolados associados com doença respiratória em
aves imunizada com vacinas do tipo Massachusetts foram
reportados em algumas partes do mundo e tem aumentado o
número de relatos destes casos

Autores: Antonio J. Piantino Ferreira, Mario Sergio Assayag Jr.,


Claudete S. Astolfi-Ferreira e Claudia Carranza
Departamento de Patologia, FMVZ, USP

A
Bronquite Infecciosa é uma doença sido descrita também em rins e oviduto, resultando
viral, extremamente contagiosa do em nefrite e redução na produção de ovos e queda na
trato respiratório das galinhas (CAVA- qualidade de casca (IGNJATOVIC e SAPATS, 2000; RI-
NAGH e NAQI, 2003; CAVANAGH, DHA et al., 2002).
2005). Geralmente, é uma enfermi- A primeira descrição da doença foi em 1931, por
dade autolimitante e o sistema imune Schalk e Hawn, em Dakota do Norte, Estados Unidos,
da ave consegue responder à infecção. Raramente a como uma doença respiratória nova em galinhas en-
infecção pode causar lesões no trato reprodutivo e re- tre 2 dias e 3 semanas de idade, mas a natureza do
nal (COOK, 1995; CAVANAGH e NAQI, 2003). agente infeccioso não foi determinada naquele tem-
Causa perdas econômicas significativas na indús- po (FABRICANT, 1998).
tria avícola em muitos países do mundo (COOK, 1995; A doença é causada pelo VBIG, da ordem Nidovi-
CAVANAGH e NAQI, 2003). O VBIG replica-se prima- rales, família Coronaviridae, que compreende os gê-
riamente no trato respiratório, embora esta tenha neros Coronavirus e Torovirus. Nesta ordem também

10 Encarte Especial BIG


Encarte Especial BIG

estão as famílias Arteriviridae e Roniviridae (VAN RE-


GENMORTEL et al., 2000; GONZALES et al., 2003). O
gênero Coronavirus é subdividido em três grupos de-
finidos por epítopos presentes nas glicoproteínas de
envoltório, sequências de nucleotídeos e hospedeiros
naturais (HOLMES e LAI, 1996).
O VBIG pode ser pleomórfico, mas normalmente Em frangos de
tem formato arredondado, com um diâmetro entre
90 e 200 nm (KING e CAVANAGH, 1991). Uma dupla corte são descritos sinais
camada lipídica, derivada da membrana da célula hos-
pedeira, forma o envoltório externo do vírion (HOL-
respiratórios e algumas vezes
MES e LAI, 1996). entéricos, principalmente
Saindo do envoltório viral existem projeções de-
nominadas espículas com aproximadamente 20 nm após 28 dias de idade. Os
de altura por 7 nm de diâmetro (KING e CAVANAGH,
1991), responsáveis pela aparência espiculada do ví- relatos de redução no ganho
rion. O complexo do nucleocapsídio do vírion é com-
posto por RNA e proteína do nucleopasídio, com si-
de peso após 21 dias também
metria helicoidal (HOLMES e LAI, 1996). são frequentes, mas lesões
O genoma é constituído por um RNA de fita sim-
ples, não segmentado de sentido positivo com até 32 macroscópicas, no campo,
kb (HOLMES e LAI, 1996). A espícula do vírion é o
principal responsável pela atividade hemaglutinante,
após 28 dias de idade são
assim como o principal alvo para anticorpos neutrali-
zantes (COLLINS et al., 1982).
pouco evidentes
O vírion apresenta quatro importantes proteínas
estruturais: a glicoproteína de espícula (S), a glicopro-
teína de membrana (M), a glicoproteína do envoltório
(E) e a nucleoproteína (N) (HOLMES e LAI, 1991). A
glicoproteína S compreende as subunidades S1 e S2,
sendo a subunidade S1 a responsável por induzir a
neutralização viral, a especificidade de sorotipo e os
anticorpos inibidores da hemaglutinação (CAVANA-
GH e BROWN, 1991; HOLMES e LAI, 1991).
A transmissão horizontal é a forma de dissemina-
ção do vírus e a presença de vários sorotipos no mun-
do, também conhecidos como vírus variantes, dificul-
tam enormemente o controle efetivo da doença (CA-
VANAGH e NAQI, 2003).
Mais de 20 sorotipos e variantes do VBI foram iso-
lados e identificados, gerados por inserções, deleções
e mutações (CAVANAGH et al., 1992; CAVANAGH,
DAVIS e COOK, 1992; LEE e JACKWOOD, 2000; RI-
DHA et al., 2002). A principal causa de modificação
na composição genética resulta de recombinação
com pontos de mutação (LAI, 1992; WANG e HUANG,
2000; LEE e JACKWOOD, 2000; RIDHA et al., 2002)
sendo muito frequente o isolamento de amostras de
campo muito distintas molecularmente de amostras
utilizadas como rotina em países ou regiões (MARSO-
LAIS e MAROIS, 1982; RIDHA et al., 2002).
Novos vírus isolados associados com doença res-
piratória em aves imunizada com vacinas do tipo Mas-
sachusetts foram reportados em algumas partes do
mundo (WANG e HUANG, 2000; RIDHA et al., 2002)
e tem aumentado o número de relatos destes casos

Encarte Especial BIG 11


Artigo

(CAVANAGH, DAVIS e COOK, 1992; WANG e HUANG,


2000).
O VBIG apresenta um espectro de ação amplo em
termos de tropismo tecidual e órgãos afetados (IGN-
JATOVIC et al., 2002; CHOUSALKAR, ROBERTS e REE-
CE, 2007a; CHOUSALKAR, ROBERTS e REECE, 2007b).
O vírus multiplica-se no sistema respiratório, renal, re-
produtivo feminino e masculino e no trato entérico
das aves (AMBALI e JONES, 1990; CAVANAGH et al.,
2002).
Os sinais variam de acordo com a multiplicação do
vírus no tecido ou órgão, como espirros, estertores,
dificuldade respiratória, lacrimejamento e edema fa-
cial (GELB, VOLLF e MORAN, 1991; DI FABIO et al.,
2000; CAVANAGH, 2005). No tecido renal, observa-
-se nefrite e em seguida degeneração tubular com
atrofia dos rins (CHONG e APOSTOLOV, 1982; ABDEL-
-MONEIM et al., 2006). No sistema reprodutivo da fê-
mea, observa-se queda de produção de ovos, ovos
deformados, albúmen aquoso após infecção viral com
lesões no epitélio do oviduto observadas em análises
histopatológicas (COOK et al., 1996; IGNJATOVIC e
SAPATS, 2000).
Em aves de postura, os sinais clínicos parecem es-
tar limitados ao sistema reprodutivo, afetando a pro-
dução e a qualidade de ovos (CHOUSALKAR, RO-
BERTS e REECE, 2007a). Proventriculite também pode
estar relacionada ao VBIG (YU et al., 2001). No intes-
tino, o vírus se replica no epitélio, causando enterite
(AMBALI e JONES, 1990) e estudos têm sido desen-
volvidos para entender o mecanismo de replicação vi-
ral (ALVARADO, 2004). Em machos, também foi rela-
tada orquite, com queda de fertilidade, causada pelo
VBIG replica-se VBIG (BOLTZ et al., 2006). A replicação viral pode

primariamente no trato ocorrer em diferentes tecidos, sendo possível sua per-


sistência por mais de 20 dias pós-infecção (ALEXAN-
respiratório, embora esta DER e GOUGH, 1977).
Existem lesões que normalmente são atribuídas à
tenha sido descrita também infecção pelo VBIG, que são lesões nos músculos pei-
torais profundos, com necrose que pode ser parcial
em rins e oviduto, resultando ou total deste músculo (COOK et al., 1996; BERCHIE-

em nefrite e redução na RI, 2009). Essas lesões não são raras de serem obser-
vadas em matrizes pesadas, mas não há certeza da
produção de ovos e queda na origem.
Algumas empresas de genética atribuem como a
qualidade de casca principal causa destas lesões musculares o manejo
inadequado das aves (BILGILIE e HESS, 2008). Nor-
malmente em reprodutoras com lesões no músculo
peitoral profundo, também ocorrem outros sinais clí-
nicos e lesões de necropsia comuns à infecção do
VBIG e com forte soro-conversão em com títulos su-
periores a 15.000 ou 20.000 com 21 dias após o início
dos sinais clínicos (dados não publicados), o que pode
indicar que existe relação entre as lesões do músculo
peitoral profundo e desafio do VBIG, principalmente
em aves reprodutoras.

12 Encarte Especial BIG


Encarte Especial BIG

Situação da Bronquite Infecciosa


das Aves no Brasil
Recentemente, dois genótipos de BIG fo-
ram descritos no Brasil (Chacon et al., 2011;
Fraga et al., 2013). A tabela e a árvore filoge-
nética, a seguir, mostram os diferentes soro-
tipos circulantes no Brasil em comparação
com os diferentes sorotipos distribuídos em
todo o mundo.

Figura 1- Arvore
filogenética mostrando
a relação entre os
diferentes sorotipos de
bronquite infecciosa
das aves

Estudo de similaridade entre os diferentes sorotipos circulantes


em diferentes regiões do mundo em comparação com os sorotipos brasileiros

Encarte Especial BIG 13


Artigo

Referências bibliográficas
ABDEL-MONEIM, A. S.; EL-KADY, M. F.; LADMAN, B. S.; GELB JR, J. S1 gene sequence analysis new infectious bronchitis virus designated 4/91 (793B). Vet. Rec., 138:178-180, 1996.
of a nephropathogenic strain of avian infectious bronchitis virus in Egypt. Virol. Journal., v. 3, n. 78, DI FABIO, J.; ROSSINI, L. I.; ORBELL, S. J.; PAUL, G.; HUGGINS, M. B. ; MALO, A.; SILVA, B. G. M.;
p. 1-9, 2006. COOK, J. K. A. Characterization of Infectious Bronchitis viruses isolated from outbreaks of disease in
AMBALI, A. G, JONES, R. C. Early pathogenesis in chicks of infection with na enterotropic strain commercial flocks in Brazil. Avian Dis., v. 44, p. 582-589, 2000.
of infectious bronchitis vírus. Avian Dis., v. 34, p. 809-817. 1990. FABRICANT, J. The early history of infectious bronquitis. Avian Dis., v. 42, p. 648-650, 1998.
ALEXANDER, D. J.; GOUGH, R. E. Isolation of avian infectious bronchitis virus from FRAGA, A.P., BALESTRIN, E., IKUTA, N., FONSECA, A.S., SPILKI, F.R., CANAL, C.W., LUNGE, V.R.
experimentally infected chickens. Res. Vet. Sci. Nov., v.23, n. 3, p. 344-347, 1977. Emergence of a new genotype of avian infectious bronchitis virus in Brazil. Avian Dis., 57:225-232.
ALVARADO, I. R. Infectious bronchitis vírus: in vivo and in vitro methods of attenuation, and 2013.
molecular characterization of fields strains. 171 f. Tese (Doutorado em filosofia) – Universidade da GELB JR. J.; WOLFF, J. F.; MORAN, C. A. Variant serotypes of infectious bronchitis virus isolated
Georgia, Athens, 2004. from commercial layer and broiler chickens. Avian Dis., v. 35, p. 82 – 87, 1991.
BILGILIE, S. F.; HESS, J. Miopatia peitoral profunda. AviagenTM Brasil Tecnologia. Junho, 2008. GONZÁLES, J. M.; GOMEZ-PUERTAS, P.; CAVANAGH, D.; GORBALENYA, A. E.; ENJUANES, L. A
BOLTZ, D.A.; ZIMMERMAN, C.R.; NAKAI, M.; BUNICK, D.; SCHERBA, G.; BAHR, J.M. Epididymal comparative sequence analysis to revise the current taxonomy of the family Coronaviridae. Archives
stone formation and decreased sperm production in roosters vaccinated with a killed strain of avian of Virol., v. 148, p. 2207-2235, 2003.
infectious bronchitis virus. Avian Dis., v. 50, n. 4, p. 594-598, 2006. HOLMES, K. V.; LAI, M. M. C. Coronaviridae: the viruses and their replication. In: FIELDS, B. N.;
CAVANAGH, D. Coronaviruses in poultry and other birds. Review. Avian Pathol., v. 34, n. 6, p. KNIPE, D. M.; HOWLEY, P. M. Virology. 3er. Ed. Philadelphia: Lippincott-Raven Publishers, 1996. p.
439-448, 2005. 1075-1093.
CAVANAGH, D.; BROWN, T.D. Aspects of coronavirus evolution. Adv Exp Med Biol., v. 8, p. IGNJATOVIC, J.; ASHTON, D.F.; REECE, R.; SCOTT, P.;HOOPER, P. Pathogenicity of Australian
276-367, 1990. strains of avian infectious bronchitis virus. Journal of Comparative Pathology. v. 126, p. 115-123,
CAVANAGH, D.; NAQI, S. A. Infectious Bronchitis. In: SAIF, Y.M.; BARBES, H.J.; GLISSON, J.R.; 2002.
FADLY, A.M.; MCDOUGALD, L.R.; SWAYNE, D.E. Dis. of poultry. 11th ed. Ames: Iowa State Press, IGNJATOVIC, J.; SAPATS, S. Avian infectious virus. Rev Sci Tech, v. 19, n. 2, p. 493-508, 2000.
2003. p. 101-119. KING, D. J., CAVANAGH, D. Infectious bronchitis. In: CALNEK, B. W., BARNES, H. J. BEARD, C.
W., et al. Diseases of poultry. 9.ed. Ames: Iowa University Press, 1991. p.471-484.
CAVANAGH, D.; MAWDITT, K.; WELCHMANN, D. B.; BRITTON, P.; GOUGH, R. E. Coronaviruses LAI, M. M. RNA recombination in animal and plant viruses. Microbiol Rev, v. 56, p. 61-79,
from pheasants (Phasianus colchicus) are genetically closely related to Coronaviruses of domestic 1992.
fowl (Infectious Bronquitis Virus) and turkeys. Avian Pathol., v. 31, n.1, p. 81 – 93, 2002. LEE, C. W.; JACKWOOD, M. W. Evidence of genetic diversity generated by recombination
CAVANAGH, D; ELUS, M. M.; COOK, J.K. Relationship between sequence variation in the S1 among avian coronavirus IBV. Archives Virol., v. 145, p. 2135 – 2148, 2000.
spike protein of infectious bronchitis virus and the extent of cross-protection in vivo. Avian Pathol., MARANDINO, A., PEREDA, A., TOMÁS, G., HERNÁNDEZ, M., IRAOLA, G., CRAIG, M.I.,
v. 26, n. 1, p. 63-74, 1999. HERNÁNDEZ, D., BANDA, A., VILLEGAS, P., PANZERA, Y., PÉREZ, R. Phylodynamic analysis of avian
CAVANAGH, D.; DAVIS, P.J.; COOK, J. K. A. Infectious bronchitis virus evidence for infectious bronchitis virus in South America. J. Gen. Virol., 96:1340-1346. 2015.
recombination within the Massachusetts serotype. Avian Pathol., v. 21, p. 401-408, 1992. MARSOLAIS, G.; MAROIS, P. Types of avian infectious bronchitis strains isolated in Quebec.
CHACON, J.L., RODRIGUES, J.N., ASSAYAG JUNIOR., M.S., PELOSO, C., PEDROSO, A.C., Can. J. Comp. Med., v. 46, p. 150-153, 1982.
FERREIRA, A.J. Epidemiological survey and molecular characterization of avian infectious bronchitis RIDHA, S.; SILIM, A.; GUERTIN, C.; HENRCHON, M.; MARANDI, M.; ARELLA, M.; MERZOUKI,
virus in Brazil between 2003 and 2009. Avian Pathol., 40:153-162. 2011. A. Molecular characterization of three new avian infectious bronquitis virus (IBV) strains isolated in
CHONG, K. T.; APOSTOLOV, K. The pathogenesis of nephritis in chickens induced by infectious Quebec. Virus Genes, v.25, n.1, p. 85-93, 2002.
bronchitis virus. J. Comp. Pathol., v. 92, p. 199-211, 2003. VAN REGENMORTEL, M. H. V.; FAUQUET, C. M.; BISHOP, D. H. L.; CARSTENS, E. B.; ESTES, M.
CHOUSALKAR, K. K.; ROBERTS, J. R.; REECE, R. Comparative histopathology of two serotypes K.; LEMON, S. M.; MANILOFF, J.; MAYO, M. A.; MCGEOCH, D. J.; PRINGLE, C. R.; WICKNER, R. B. Virus
of infectious bronchitis virus (T and N1/88) in laying hens and cockerels. Poult. Sci., v. 86, p. 50-58, taxonomy: the classification and nomenclature of viruses. The Seventh Report of the International
2007. Committee on Taxonomy of Viruses. San Diego: Academic Press, 2000. p. 1167.
CHOUSALKAR, K. K.; ROBERTS, J. R.; REECE, R. Histopathology of two serotypes of infectious WANG, D. H.; HUANG, Y. C. 2000. Relationship between serotypes and genotypes based on
bronchitis virus in laying hens vaccinated in the rearing phase. Poul. Sci., v. 86, p. 50-58, 2007. the hypervariable region of the S1 gene of Infectious bronchitis virus. Archives of Virol.. v . 145, p.
COLLINS, A. R.; KNOBLER, R. L.; POWELL, H.; BUCHMEIER, M. J. Monoclonal antibodies to 291 – 300, 2000.
murine hepatitis virus-4 (strain JHM) define the viral glycoprotein responsible for cell attachment YU L.; LIANG, Y.; LOW. S.; WANG, Z.; NAM, S. J.; LIU, W.; KWANGAC, J. Characterization of
and cell-cell fusion. Virology, v. 119, n. 2, p. 358-371, 1982. three infectious bronchitis virus isolates from China associated with proventriculus in vaccinated
COOK, J. K. A. Epidemiology of Infectious Bronchitis Virus. The Coronaviridae, S.G. Siddell, chickens. Avian Dis., v. 45, p. 416-424, 2001.
Editor. Plenum Press: New York. p. 317-335, 1995. Tabela1- Estudo de similaridade entre os diferentes sorotipos circulantes em diferentes
COOK, J. K. A.; ORBELL, S. J.; WOODS, M. A.; HUGGINS, M. B. A survey of the presence of a regiões do mundo em comparação com os sorotipos brasileiros.

14 Encarte Especial BIG


Encarte Especial BIG

Encarte Especial BIG 15


Artigo

16 Encarte Especial BIG


View publication stats

Você também pode gostar