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Nome: Kévin Sganzerla

Tarefa: As duas crônicas de Fernando Pessoa foram escritas nos anos 1910 e
publicadas em jornais portugueses há mais de um século. Faça uma leitura atenta
dos textos e procure identificar as hipóteses principais defendidas em cada um e
as linhas de argumentação. Comente sobre suas consistências ou não. Do mesmo
modo, estabeleça uma relação entre os dois textos e se, de alguma forma, eles
conversam com o mundo contemporâneo, atravessado por redes e plataformas.
Nesse quesito, questione se determinados trechos seriam adequados aos avanços
de pensamento que o mundo ocidental conquistou nas últimas décadas. Preste
atenção no vocabulário empregado e no sentido que as designações possuem no
texto.  Escreva sobre esses tópicos em redação com cerca de 2 mil caracteres.

Análise:

O poeta Fernando Pessoa, na primeira crônica, comenta sobre a celebridade, o


homem célebre, e suas questões negativas que estão em seu entorno. As
palavras plebeísmo, contradição e fraqueza são os três tópicos argumentativos
que cercam suas opiniões sobre a temática principal. Já na segunda crônica
disserta sobre as mudanças de nossas opiniões e a observação sensível das
coisas que nos cercam. Ser coerente, ter convicção e certeza, portanto, são
colocados como cerne do atavismo,

Sobre a celebridade, o uso de figuras de linguagem fundamenta os argumentos


de modo que o entendimento se torna além de uma análise superficial. A
exemplo das imagens da descrição: “[...] tornam-se de vidro as paredes de sua
vida doméstica”. Tal explicação reflete a ausência de privacidade e que,
mesmos os fatos e ocorrências mais íntimas de sua vida se tornam elementos
de interesse geral. No segundo parágrafo, evidencia o contrate, que pode ser
deleitado por um “gênio desconhecido”, entre a obscuridade, aqui descrita
como antônimo de celebridade, e o seu gênio.

E, de fato, observamos esses três elementos como de fundamental descrição


para compreender os elementos na celebridade contidos: o plebeísmo, que se
refere ao modo de falar “chulo” ou vulgar, do popular, das pessoas que falam
alto nas praças e que se torna “notável” aos olhos dos seus arredores;
contradição, já mencionada; e fraqueza, pois deixar de ser um homem célebre
se configura como “uma concessão ao baixo-instinto”.
Na segunda crônica, as palavras que, no cotidiano, parecem demonstrar
qualidade, como a coerência, a convicção e a certeza, são aqui demonstradas
como quase que uma “doença”. Tal fato se coloca desta forma, pois a
inteligência e a sensibilidade são reverenciadas aos que as tornam “espelhos
do ambiente transitório”. Não é confrontar, é reparar, é observar e tornar
sensível aos nossos olhos os fatos, pois “convicções profundas, só as têm as
criaturas superficiais”.

O fator defendido aqui, no entanto, não é colocado em prática. Pelo contrário,


as três palavras que cercam o lado sombrio da inteligência são evocadas nas
redes sociais, por exemplo, ao ver a realidade conforme o seu ideal gostaria de
ver, sem contestações, apenas com a sua certeza absoluta. Mas o dia próximo
é outro, o seu pensamento é outro. As transformações deste ambiente
transitório, portanto, não são sinônimo de instabilidade, mas sim de
sensibilidade ao observar o mundo.

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