1. Quais é a relação entre Poder e Estado para Michel Foucault?
O poder para Foucault não é algo em si, não podemos compreender sem entender que o poder é uma relação social que acontece entre indivíduos e grupos sociais. Todavia, nas sociedades modernas predominam as lutas contra a submissão da subjetividade. Essas lutas, em nossa sociedade, são consequências de uma forma de poder política, que se desenvolveu de maneira plena depois do século 16. Essa nova forma política é o Estado. O Estado grande parte das vezes é um tipo de poder política que se ocupa apenas dos interesses de grupos de cidadãos escolhidos. No entanto, é uma forma de poder globalizantes e totalitário. Para o filósofo francês, nunca antes na história da humanidade se encontrou uma combinação tão complexa de técnicas de individualização e de procedimentos totalizadores. Por meio do que ele demoninha de “ação pastoral”, desenvolveu-se na sociedade moderna uma tática individualizante, característica de toda uma série de poderes múltiplos, cujo objetivo é forjar representações de subjetividades. 2. Quais são os pontos que Foucault julga serem fundamentais para analisar as relações de poder? O autor aponta a necessidade de se analisar as instituições a partir das relações de poder e não o inverso. Não desconsiderando as instituições, mas apontando para o risco que privilegiar as instituições na análise. Em seguida afirma que é necessário estabelecer alguns pontos para poder analisar as relações de poder. Esses pontos são: 1) O sistema das diferenças que possibilitam o poder. As relações de poder operam diferenciações que são condições e efeito. São diferenças de lugares, linguísticas, culturais etc. 2) Os tipos de objetivos. Cada relação de poder tem um objetivo por de trás. São manutenções de privilégios, acúmulo de lucros ou até mesmo exercício de uma função ou profissão. 3) As modalidades instrumentais ou os mecanismos de controles. São os instrumentos utilizados para o exercício de poder. 4) As formas de institucionalização do poder que pode acontecer na estrutura jurídica, na estrutura familiar, na escola ou em outra instituição. 5) Os graus de racionalização, porque há níveis de elaboração para o funcionamento das relações de poder. Foucault afirma que o exercício do poder não pode ser um fato bruto dado, mas algo que se elabora, transforma e se organiza a partir da própria racionalização daqueles que exercem o poder. 3. Quais são os tipos de luta contra as dominações existentes para Foucault? De modo geral, para o autor, existem três tipos de luta 1) As lutas que se opõem às formas de dominação, como as sociais, religiosas e étnico-raciais. 2) As lutas que combatem tudo o que liga o indivíduo a ele mesmo e asseguram assim a submissão aos outros. 3) e aquelas de classe que denunciam a exploração e suas formas que separam os indivíduos que produzem daquilo que é produzido. O autor continua salientando que podemos encontrar muitos exemplos desses três tipos de luta na história, isoladas ou misturadas entre si. Todavia, mesmo quando estão misturadas, uma delas prevalece na maior parte do tempo.
4. Quais os pontos em comum que as lutas antiautoritárias têm em
comum? O autor salienta que não é suficiente afirmar que as lutas são antiautoritárias, mas definir o que há de comum entre essas lutas. Foucault apresenta 6 pontos em comum: 1) Essas lutas são transversais, porque não são limitadas a um único país. O objetivo das lutas são os próprios efeitos do poder como tal. O filosofo francês exemplifica usando a profissão médica que não criticada de início por ser lucrativa, mas por exercer um poder e controle sobre os corpos das pessoas. 3) As lutas são “imediatas”. 4) Essas lutas questionam o estatuto do indivíduo. Entretanto, não são contra e nem a favor do indivíduo, mas são contra o “governo da individualização”. 5) São lutas que questionam o regime do saber. Não o saber em si, mas contra os efeitos de poder relacionados ao saber. 6) E por fim, todas essas lutas giram em torno do questionamento: quem somos nós? Elas se diferem das lutas anteriores em que o central da violência era a questão econômica e o estado.
5. Para o autor qual a relação entre Poder e Identidade
Foucault é um autor da escola francesa de filosofia que naquele período tentava superar os limites do marxismo e que a única relação que era levada em conta era a de classes. Para o autor nas sociedades modernas o que predomina são as lutas contra a submissão da subjetividade que constrói “identidades” e é essa a questão central da sociedade contemporânea. A luta é contra às abstrações, uma recusa à violência ideológica e do Estado econômico que ignora os indivíduos que somos. Em certo sentido, o objetivo das lutas não é atacar uma instituição de poder, mas uma técnica especifica de poder que se exercer sobre a vida cotidiana imediata. Esta relação de poder que esses grupos lutam contra, classifica os indivíduos em categorias, os diferenciam pela individualidade, ligando-os a uma suposta identidade pelas quais esses indivíduos serão marcados e violentados. Então em certa medida, a própria relação de poder constrói identidades.
6. Como podemos analisar as formas de resistência a partir do
pensamento de Michel Foucault? O francês compreende as formas de resistência ao poder como “catalisadores químicos” que possibilitam colocar em evidência essas relações de poder, ver de onde elas surgem, descobrir suas características e métodos utilizados. Nesse sentido, Foucault valoriza as estratégias construídas para lidar com as relações de poder, porque essas possibilitam sua compreensão.