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Costère, pseudónimo de Edouard Coester, dedicou-se à pesquisa e formulação de

uma teoria científica da música que buscasse fundamentos comuns a todas as músicas.
Em 1954 publicou Lois et Styles des Harmonies Musicales e em 1958 defendeu a sua tese
de doutoramento Essai d’une discipline générale des harmonies musicales. Destacou-se
depois pela escrita de vários artigos em revistas de musicologia e na Fasquelle
Encyclopédie de la Musique onde aprofundou as ideias expostas em Lois et Styles des
Harmonies Musicales culminando, em 1962, na escrita do seu segundo livro Mort ou
Transfigurations de l’Harmonie de onde se retira a teoria mencionada. Além de lecionar o
curso de Sistemas e Linguagens da Música na Faculdade de Letras de Vincennes, Costère
teve ainda contacto com compositores como Messiaen, André Jolivet (1905-1974) ou
Boulez. defendidos por Edmond Costère nos anos 50, no seu livro Mort ou Tranfiguration
de l’Harmonie em particular

segundo Costère, Schönberg nunca precisou com clareza que relações mútuas
entre os sons eram essas sobre as quais tanto escreveu? Que afinidades? E a dialética das
alturas a que o compositor tantas vezes fazia referência?”

Edmond Costère desenvolveu assim uma teoria universal que, não só respondesse
às novas necessidades, mas que também equacionasse a música de todos os períodos e
estilos.

Esta teoria que defende uma Lei de Atracão Universal no domínio musical
fundamenta-se nas leis da física e sugere que todas as alturas estão relacionadas por
atracão recíproca, de uma forma direta com outras quatro alturas: As Notas Atrativas. Estas
Notas Atrativas representam, cada uma, a distância mais curta entre dois pontos tendo em
conta os seguintes critérios:

Cinétique Naturelle
1º. “[...]baseado na série dos harmónicos e baseia-se na distância mais curta entre
duas alturas diferentes, ou seja, a quinta perfeita, por se tratar do primeiro parcial harmónico
de qualidade diferente da nota fundamental”

Cinétique de perception
2º. “[...]apoia-se na real distância entre duas alturas tendo como base o intervalo
mínimo do sistema temperado e da música ocidental, ou seja, a segunda menor ou meio
tom cromático
Os critérios acima podem também analisarem-se tendo em conta a verticalidade
(simultaneidade) e horizontalidade (sucessão). Tal conduz à ideia da distância mais curta do
ponto de vista vertical (a quinta perfeita) e horizontal (a segunda menor ou meio tom
cromático)

Nota Atrativa - As notas atrativas ou cardinais, como Costère lhe chamava, são as
alturas que apresentam uma relação direta e atrativa:

- Consigo mesma, ou seja, o uníssono ou a oitava, exercendo o papel de centro


gravitacional;
- Com as quintas perfeitas acima e abaixo de si mesma, representando estas a
distância mínima quando se tem por base a série dos harmónicos;
- Com as alturas mais próximas do ponto de vista físico (linear) ou seja as segundas
menores acima e abaixo de si mesma.

“Nesta tabela encontra-se registada a relação que cada altura do conjunto em


análise tem com cada altura da totalidade cromática (dó a si). Nos resultados finais (última
linha horizontal), o autor apresenta o somatório das afinidades que o conjunto tem com a
totalidade cromática. Dentro de parêntesis encontram-se registadas as valências que não
fazem parte do conjunto em análise”

Densidade Atrativa - Número de relações atrativas existentes entre o conjunto e a


totalidade dos sons da escala cromática.

Densidade atrativa do conjunto dó, mi, sol [0,4,7]:


- A densidade atrativa de dó é de valência 2 porque apresenta relação atrativa
consigo
mesmo (uníssono) e com sol (quinta perfeita inferior);
- A densidade atrativa de dó# é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com
dó (segunda menor superior);
- A densidade atrativa de ré é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com
sol (quinta perfeita superior);
- A densidade atrativa de mib é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com
mi (segunda menor inferior);
- A densidade atrativa de mi é de valência 1 porque apresenta relação atrativa
consigo
mesmo (uníssono);
- A densidade atrativa de fá é de valência 2 porque apresenta relação atrativa com
mi (segunda menor superior) e com dó (quinta perfeita inferior); a densidade atrativa de fá#
é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com sol (segunda menor inferior);
- A densidade atrativa de sol é de valência 2 porque apresenta relação atrativa
consigo mesmo (uníssono) e com dó (quinta perfeita inferior);
- A densidade atrativa de lá é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com
sol (segunda menor superior);
- A densidade atrativa de lá é de valência 1 porque apresenta relação atrativa com
mi (quinta perfeita inferior);
- A densidade atrativa de sib é de valência 0 porque não apresenta qualquer relação
atrativa com o conjunto [0,4,7];
- A densidade atrativa de si é de valência 2 porque apresenta relação atrativa dó
(segunda menor inferior e com mi (quinta perfeita superior).
Em conclusão, a densidade atrativa do conjunto [0,4,7] é de valência 5
representando esta a soma das densidades atrativas dos seus elementos constituintes (0
—> 2 + 4 —> 1 + 7 —> 2). Verificamos também que as notas com maior potencial atrativo
(notas atrativas) são dó, fá, sol e si.

Estabilidade e instabilidade de um conjunto - acha-se de acordo com a valência


que uma altura ou conjunto de alturas possuem no seu todo e se estas se orientam para
dentro (força centrípeta) ou para fora (força centrífuga) do conjunto

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