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• Artigo 4º = princípios
•Artigo 6º. do CDC = princípios ou regras?
• Direitos fundamentais de todos os consumidores.
• Normas que visam a proteção do consumidor.
Direitos
básicos do
• Aplicação dos Direitos Básicos a todas as tutelas:
consumidor (a) contrato,
(b) publicidade,
(c) apuração de responsabilidade por vícios ou
defeitos,
(d) processo,
(e) atuação da Administração, etc.
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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos


provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;

SEÇÃO I
Da Proteção à Saúde e Segurança
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores,
em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas
a seu respeito.
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Apelação Cível nº 1004813-83.2018.8.26.0176, 26ª Câmara de Direito


Privado TJP, rel. De. CARLOS DIAS MOTA, julgado em 12/04/2021:

ENERGIA ELÉTRICA. Ação de obrigação de fazer, cumulada com indenização por danos
morais. Sentença de procedência. Apelo da ré. Instalação de energia elétrica na residência da
autora em altura inferior àquela estipulada na orientação da própria ré. Laudo pericial que
constatou a irregularidade na instalação e a efetiva existência de risco aos visitantes do

imóvel. Obrigação de fixar os cabos de energia elétrica na altura correta. A


proteção à vida, à saúde e à segurança é direito básico do consumidor
(art. 6º, I, do CDC), desrespeitado no caso vertente. Serviço defeituoso,
por não oferecer a segurança que dele se pode esperar (art. 14,§ 1º, do
CDC) (...)
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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,


asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com


especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível
à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015)

CAPÍTULO VI
Da Proteção Contratual
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo
a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais


coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;

CAPÍTULO V
Das Práticas Comerciais
Seção III - Da Publicidade
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de


caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
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TJSP, Ap. 508.743.4/9, 8a Câm. de Dir. Priv., Rel. CAETANO LAGRASTA,


julgado em 18/06/2008:

Manchete estampada em capa de revista que não se


coaduna com o conteúdo da matéria. Indução do
consumidor a erro. Ocorrência. Dano moral configurado.
Indenização fixada em R$3.000,00. Recurso provido.
... a manchete estampada na capa da revista Boa Forma, qual seja,
Emagreça 5kg em 24 horas, não se coaduna com o conteúdo da
matéria, que diz respeito apenas a truques para disfarçar o peso real.
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V - a modificação das cláusulas contratuais que

estabeleçam prestações desproporcionais ou sua


revisão em razão de fatos supervenientes que as
Direitos tornem excessivamente onerosas;
básicos do
consumidor 1) prestações desproporcionais
Art. 6°, V OU
• Modificação de
cláusulas 2) fatos supervenientes tornem
obrigações excessivamente
onerosas

• Caso variação do dólar em janeiro de 1.999


• PANDEMIA
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V - a modificação das cláusulas contratuais que


estabeleçam prestações desproporcionais …
➢ Análise no momento da assinatura do contrato

➢ CONEXÃO com o art. 51, §1º, incisos I a III:


Direitos
“São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
básicos do relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
consumidor
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:
Art. 6°, V
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.”
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V - … sua revisão em razão de fatos supervenientes


que as tornem excessivamente onerosas;
➢ alteração da base objetiva do negócio jurídico = é suficiente que o fato
superveniente tenha alterado de maneira objetiva as bases nas quais as partes
contrataram, de forma que interfira na relação de equivalência entre prestação e
Direitos contraprestação e na própria finalidade objetiva do contrato, constante do seu
básicos do conteúdo.

consumidor ➢ dispensa do caráter imprevisível


Art. 6°, V ➢ preservação do equilíbrio entre as partes

➢ Caso variação do dólar em janeiro de 1.999 (crise cambial e Plano Real). STJ
fixou a tese de repartição da variação entre fornecedor e consumidor.

➢ A excessiva onerosidade pode ser fundamento para resolução do contrato?

➢ art. 51, §2º do CDC: “§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não
invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.”
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Código Civil de 2.002 CDC (Lei n. 8.078/90)


Da Resolução por Onerosidade Excessiva Da Modificação ou Revisão por Onerosidade
Excessiva
• Nos contratos de execução
continuada ou diferida, a resolução com • A Lei n. 8.078/90 (art. 6o, inciso V) fala
requisitos (art. 478): em modificação ou revisão judicial do
contrato, atendendo o princípio da
conservação do contrato. Requisitos:
a) Tornar-se excessivamente onerosa para o
devedor;
a) Fatos supervenientes;
b) Extrema vantagem para o credor;
b) Excessiva onerosidade para o consumidor.
c) Causa em acontecimentos extraordinários
e imprevisíveis.

• Os efeitos da sentença de resolução • Não há necessidade de: a) Fato


retroagem à citação (art. 478, parte final); extraordinário ou imprevisível, b) Vantagem
extrema para o fornecedor.

Cont.
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Código Civil de 2.002 CDC (Lei n. 8.078/90)


• O credor pode evitar a resolução do • Sendo norma de ordem pública (art.
contrato, oferecendo modificações 1º), não pode haver renúncia de direitos
eqüitativas das condições do contrato pelo consumidor.
para o devedor (art. 479). As partes
(inclusive) podem pedir a revisão e não a
resolução do contrato (art. 317).

• Se as obrigações couberam apenas


a uma das partes, poderá ela
pleitear (art. 480):

i. Redução da prestação ou
ii. Alteração do modo de execução.
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Agravo de Instrumento nº 2009563-52.2021.8.26.0000, 25ª C. D. Privado


TJPS, Des. MARCONDES D’ANGELO, julgado em 16/04/2021:
Insurgência contra respeitável decisão que suspendeu a cobrança das prestações do

financiamento nos meses de janeiro e fevereiro de 2021 e determinou ao requerido


(agravante) que se abstenha de negativar o nome do requerente (agravado), sob pena de
multa, fundada na ocorrência de evento extraordinário (pandemia) que autoriza a
readequação do contrato, ou a sua resolução. Financiamento direto ao consumidor, destinado à
aquisição de veículo para transporte escolar. Agravado que se encontra impossibilitado de exercer

sua atividade de motorista profissional, devido à paralisação das aulas presenciais nas escolas

públicas, em razão das medidas governamentais destinadas a conter o avanço da


pandemia de Covid-19. Fato superveniente, imprevisível e inevitável, que autoriza a revisão temporária
das prestações ajustadas, para o reequilíbrio e preservação do negócio jurídico, nos moldes do artigo 421,
parágrafo único, do Código Civil, mormente em se tratando de contrato sujeito às regras consumeristas.
Exegese dos artigos 317, 393, parágrafo único, e 478 do Código Civil. Incidência do artigo 6º, inciso V, do
Código de Defesa do Consumidor. Decisão mantida.
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AI nº 2189242-46.2020.8.26.0000, 14ª C.D.Privado TJSP, rel. Des. MELO COLOMBI, julgado


em 04/08/2020:
1. A autora é aluna de medicina, não possuindo renda própria. Informou que sua família
trabalha com buffets, tendo sido afetada pela pandemia. Embora a autora não tenha juntado
nenhuma evidência do quanto sua família foi afetada, pode-se presumir o prejuízo, diante do ramo de
trabalho, e, com isso, admite-se diferimento do recolhimento das custas iniciais para o final.
2. Em tutela de urgência, a autora logrou desconto de 30% nas mensalidades durante o
período de pandemia, devendo pagar a diferença após o evento. A autora visa ampliar a
tutela, para que os descontos perdurem mais tempo e não haja dever de pagar a
diferença.
3. Impossível, por ora, que se efetue revisão contratual. Não pode o Judiciário, com os
elementos colacionados, impor à parte adversa uma revisão negocial. Cabe observar que a
parte consumidora sequer procurou a credora para negociar descontos. 4. Recurso
parcialmente provido (somente para diferimento das custas).
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Apelação Cível nº 1004213-47.2020.8.26.0223, 12ª C.D.Privado do TJSP, rel. Des. TASSO DUARTE DE
MELO, julgado em 15/03/2021:

A caracterização da onerosidade excessiva prescinde da imprevisibilidade e da extraordinariedade do fato


superveniente e do lucro excessivo do credor, tendo como pressupostos (a) a existência de contrato bilateral
de execução diferida ou sucessiva (b) que encerre relação de consumo e (c) que tenha alteração
significativa das condições ambientes entre o momento da celebração e da execução do negócio
jurídico, gerando excessiva onerosidade para o consumidor.

Uma vez verificadas essas três condições, tem lugar a aplicação da teoria da onerosidade excessiva,
também denominada de teoria da quebra da base objetiva do contrato, prevista no já mencionado art.
6º, V, in fine, do CDC.

A consequência da revisão contratual é a sua integração (ou redução) do negócio jurídico, seja com a
simples exclusão da obrigação contratual, seja com a integração das demais cláusulas pela perda do
equilíbrio contratual.

Isso porque “A influência cruel e inclemente da pandemia do COVID19 não deve ser considerada
somente à luz da pretensão da agravante. Art. 7º do CPC/15” (STJ, AgInt no TP nº 2.708/SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 22/06/2020). Tal exercício de integração deve ser exercido sob a inspiração
dos princípios da confiança, da boa-fé e da equidade, e ministrados com extrema prudência e
ponderação, tendo-se presente que a harmonia das relações contratuais é um dos princípios fundantes
do sistema de proteção e defesa do consumidor
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“VI - a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais, individuais,

Direitos coletivos e difusos;”


básicos do
consumidor • Regra geral: Responsabilidade Civil Objetiva
Art. 6°, VI

• Exceção: Responsabilidade Civil Subjetiva =


Profissional liberal (art. 14, par. 4º.
do CDC).
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CONEXÃO – Art. 6°, VI CDC:


Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade ....

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
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➢ QUAL O ALCANCE DA REPARAÇÃO?


•A reparação deve ser ampla. A situação patrimonial do
consumidor deve retornar ao estado anterior à lesão.

• Danos materiais = danos emergentes e


lucros cessantes.
Direitos básicos
do consumidor ➢ QUAL A INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA?
Art. 6°, VI
• dívida líquida contratual = data do inadimplemento (art. 397
CC).
• dívida ilíquida contratual = data da citação (art. 397, par.
único CC e art. 240 CPC de 2015).
• dívida extracontratual = data do ilícito (art. 398 CC)
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➢ QUAL O TRATAMENTO DA REPARAÇÃO DOS DANOS


MORAIS?

• Há situações de danos morais presumidos – “in re ipsa”


• Há situações em que os danos morais devem ser
Direitos provados
básicos do
consumidor • Danos moral não se restringe à violação de direitos da
Art. 6°, VI personalidade. Alcança aborrecimentos, dissabores e
transtornos causados ao consumidor – campanha da
OAB: “mero aborrecimento tem valor”

• A pessoa jurídica pode sofrer dano moral (súmula 227 do STJ)


• Há dano moral coletivo. Exemplo: publicidade ilícita.
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AgInt no REsp 1814761 / MG, Quarta Turma, Min. Rel. LUÍS FELIPE SALOMÃO, julgado em 19/04/2021:

“1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se consolidou no


sentido de que a ausência de ingestão de produto impróprio para o
consumo configura, em regra, hipótese de mero dissabor vivenciado

pelo consumidor, o que afasta eventual pretensão indenizatória.”

AgInt no REsp1901134 - CE (2020/0270730-3), Terceira Turma, Min. Rel. MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
julgado em 22/03/2021:

“DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. AQUISIÇÃO DE PRODUTO


(BISCOITO RECHEADO) CONTENDO CORPO ESTRANHO EM SEU INTERIOR (LARVAS). NÃO
INGESTÃO. EXPOSIÇÃO DO CONSUMIDOR A RISCO CONCRETO DE LESÃO À SUA SAÚDE E
SEGURANÇA. FATO DO PRODUTO. DANO MORAL CONFIGURADO.”
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Apelação nº 1024858- 90.2014.8.26.0001, 32ª. Câm. D. Privado


TJSP, rel. Des. RUY COPPOLA, julgado em 15.10.2015:

“A ré deveria provar, e não o fez, que entregou o sanduíche sem


qualquer defeito, em sua tão conhecida receita (dois
hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles em
um pão com gergelim), e tema de música.

O valor da indenização por dano moral deve ser suficiente para


atender a repercussão econômica do dano, a dor experimentada
pela vítima, além do grau de culpa do ofensor, ou seja, deve existir
proporção entre a lesão e o valor da reparação fixada em R$
3.000,00, é quantia suficiente para reparar o mal sofrido pela
autora, sem importar em enriquecimento indevido.
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“VII - o acesso aos órgãos judiciários e


administrativos, com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais,
Direitos individuais, coletivos ou difusos,
básicos do
consumidor assegurada a proteção jurídica,
Art. 6°, VII administrativa e técnica aos necessitados;”

• Acesso à Justiça (ou Acesso ao Poder Judiciário)


– ATUAÇÃO DO JEC nos litígios de consumo

•Acesso aos Órgãos Administrativos


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CONEXÃO – Art. 6°, VII CDC:

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos

por este código são admissíveis todas as espécies de ações

capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.


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“VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a
Direitos critério do juiz, for verossímil a alegação ou
básicos do
consumidor quando for ele hipossuficiente, segundo as
Art. 6°, VIII regras ordinárias de experiências;”

• DIREITO BÁSICO = FACILITAÇÃO DA DEFESA


DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR

• Exemplo = INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA e


OUTROS?
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➢ INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – ORIGEM DO INSTITUTO

• JORGE W. PEYRANO – melhor descrição ocorreu no XVII Congresso


Nacional de Direito Processual (Argentina 1993)

• “O que se verifica em matéria de responsabilidade, é o progressivo


abandono da regra actori incumbit probatio, no seu sentido absoluto, em
favor da fórmula de que a prova incumbe a quem alega contra a
normalidade, que é válida tanto para apuração de culpa como para a
verificação da causalidade. À noção de normalidade se juntam,
aperfeiçoando a fórmula, as de probabilidade e de verossimilhança …”
(JOSÉ DE AGUIAR DIAS, “Da Responsabilidade Civil”, Tomo 1, Forense,
4a. Ed., 1.960, p. 115)
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➢ INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

• Ônus = encargo atribuído a uma das partes no seu interesse no curso do


processo que, se não observado ou realizado, implicará um efeito ou uma
desvantagem.

• Ônus da prova = usualmente, será o encargo de demonstrar um fato. Não


cumprido pela parte interessada, o fato será tido como não demonstrado.

• Regra geral (distribuição legal) do ônus da prova = art. 373 CPC

• Inversão OPE LEGIS do ônus da prova = artigos 12, § 3º., 14, § 3º. e 38,
todos do CDC. Alguns autores sustentam que se trata de uma hipótese
específica de atribuição do ônus da prova e não propriamente uma inversão.

• Inversão OPE JUDICIS = art. 373, § 1º. CPC e art. 6º, VIII CDC
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➢ A INVERSÃODO ÔNUS DA PROVA: DIREITO DO


CONSUMIDOR OU FACULDADE DO JUIZ?

• Inversão: legal, judicial e convencional.


• Direito do Consumidor. Uma vez preenchidos os
Direitos básicos requisitos não há discricionariedade do Juiz.
do consumidor
Art. 6°, VIII • Pode ser determinada de ofício pelo Juiz? SIM.
• Alcança o fornecedor profissional liberal? SIM
• Inversão do ônus da Prova x Poderes Instrutórios do Juiz
= medidas complementares. O juiz pode ordenar a busca e
apreensão de um documento exercendo o poder instrutório. O
juiz pode determinar, pela inversão, a exibição do documento.
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➢ JURISPRUDÊNCIA DO STJ:
“ A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º,
VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas ope iudicis, vale dizer, é o
juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os aspectos
de verossimilhança das alegações do consumidor ou de sua
hipossuficiência.”
AgRg no REsp 1151023/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 15/06/2015,
AgRg no AREsp 648795/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/04/2015, DJe 30/04/2015,
AgRg no AREsp 613785/SC, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 26/03/2015,
AgRg no AREsp 576387/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 08/04/2015,
AgRg no AREsp 545976/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe 15/12/2014,
AgRg no AREsp 561330/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 16/10/2014, DJe 21/10/2014,
AgRg no AREsp 521515/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 05/09/2014
AgRg no AREsp 135322/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/04/2013, Dje
24/04/2013,
AgRg no REsp 1216562/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, Dje
10/09/2012 e
AgRg no Ag 828618/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 13/09/2011.
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➢ JURISPRUDÊNCIA DO STJ:

“Em demanda que trata da responsabilidade pelo fato do produto


ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), a inversão do ônus da
prova decorre da lei (ope legis), não se aplicando o art. 6º, inciso VIII, do CDC.”

REsp 1262132/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
18/11/2014, DJe 03/02/2015
AgRg no AREsp 402107/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em
26/11/2013, DJe 09/12/2013
REsp 1331628/DF, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 05/09/2013, DJe 12/09/2013
AgRg no REsp 1085123/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
13/08/2013, DJe 23/08/2013
Decisões Monocráticas
REsp 1520987/GO, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 19/05/2015, publicado em 01/06/2015
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➢ QUAIS OS REQUISITOS? SÃO ALTERNATIVOS OU


CUMULATIVOS?

• VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO = alegação


com elevada probabilidade de acolhimento.
Direitos básicos
do consumidor • HIPOSSUFICIÊNCIA = carência técnica ou carência
Art. 6°, VIII econômica.

• Requisitos ALTERNATIVOS = Nelson Nery Júnior,


Kazuo Watanabe, Frederico Da Costa Carvalho Neto,
Luiz Guilherme Marinoni, Sandra Aparecida Sá Dos
Santos e Carlos Roberto Barbosa Moreira.

• Contra: CUMULATIVOS = Cândido R. Dinamarco.


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➢ QUAL O MOMENTO PARA A INVERSÃO DO ÔNUS


DA PROVA? FACULDADE OU DEVER DO JUIZ?

Direitos básicos • INICIAL. SIM, inclusive no caso de antecipação de


do consumidor tutela.
Art .6°, VIII
• SANEADOR = Antonio Carlos Marcato.
• SENTENÇA = Kazuo Watanabe e Nelson Nery Jr.

•É POSSÍVEL EM GRAU DE RECURSO? Como


proceder?
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➢ QUAL O MOMENTO PARA A INVERSÃO DO ÔNUS


DA PROVA?

• “Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,


deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
Direitos básicos processo:
do consumidor
Art .6°, VIII III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art.
373;”

• E como se dá a inversão do ônus da prova nas ações


que tramitam no Juizado Especial Cível?
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Art. 373 do CPC de 2015 - O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;


II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.

§ 1o Nos casos previstos em lei (CDC?) ou diante de


peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou
à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato
contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo
diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso
em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
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➢ QUAL A AMPLITUDE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA


PROVA? QUANDO SÃO DISCUTIDOS NEXO CAUSAL,
DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS, A INVERSÃO
ALCANÇA TODOS OS FATOS?

Direitos •O Juiz deve esclarecer a amplitude dos fatos


básicos do alcançados pela inversão do ônus da prova (nexo causal,
consumidor inexistência do vício ou defeito, extensão dos danos, etc).
Art. 6°, VIII Não confundir situações de vício e defeito.

• A inversão quanto à existência de danos materiais deve


ser cautelosa.

•Exemplos de danos pela perda de objetos dentro de


cofres de aluguel (furtados) e malas (extraviadas).
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“De todos modos y passados los entusiasmo iniciales, se


comenzaron a ver las cosas com más claridade y así se
descernió que, em modo alguno, las cargas probatórias
dinámicas importan una inversión total de la carga
probatória ya que sua campo de accioón abarca, en
principio, sólo la prueba de la culpa”

(JORGE W. PEYRANO)
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RECURSO ESPECIAL Nº 720.930 - RS, 4ª. Turma, voto vencedor do


Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. 20.10.2009:

“Diante do exame dos fundamentos lançados na sentença e no acórdão recorrido,


tem-se como provado a gravidez da autora, que residia em Porto Alegre, o uso
por esta do medicamento "microvlar" com princípio ativo e o extravio, no
Estado de São Paulo, de lotes do medicamento sem princípio ativo.

“Penso, ... que tais fatos são insuficientes para conduzir à condenação da
ora recorrente, uma vez que entre a gravidez da autora e o
extravio das "pílulas de farinha", mostra-se patente a
ausência de demonstração do nexo causal, o qual
passaria necessariamente, a meu juízo, pela
demonstração ao menos da aquisição dos indigitados
placebos, o que não ocorreu.”
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➢ QUAL O REFLEXO ECONÔMICO DIANTE DA


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA? QUEM ARCAR COM O
CUSTO FINANCEIRO DA PROVA PERICIAL?

• A posição adotada pelo STJ é de que não se inverte o


Direitos custo financeiro da prova
básicos do
consumidor •A parte que solicitar a perícia será responsável pelo
Art. 6°, VIII adiantamento das despesas do perito (art.95 CPC). Será
rateada, se a prova for solicitada: (i) por ambas ou (ii)
pelo juiz.

• Se o autor for o CONSUMIDOR, será dele a obrigação. E


se o consumidor não depositar o valor? E se o
consumidor não fornecer material para perícia
grafotécnica?
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AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 979.525 – SP, 3ª. Turma,


rel. Min. SIDNEI BENETI, j. 07.8.2008:

“Em casos como o dos autos, tem-se decido que o deferimento


da inversão do ônus da prova - que se dá ao critério do Juízo
quando configurada a verossimilhança da alegação ou
hipossuficiência da parte - não tem o condão de obrigar o
fornecedor a custear a prova requerida pelo consumidor.

“De qualquer maneira, o fornecedor não se desincumbe do ônus


probatório, pois, quedando-se inerte, uma vez concedido o
benefício processual de que trata o artigo 6º, inciso VIII, do CDC,
presumir-se-ão verdadeiros os fatos que embasam o pedido.”
41

➢ A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA PODE SE DAR


NA AÇÃO COLETIVA?

• SIM. Precedentes do STJ.


➢ A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA PODE SE DAR EM
Direitos básicos AÇÃO AJUIZADA PELO CONDOMÍNIO EM ASSUNTOS
do consumidor DE INTERESSES DOS CONDÔMINOS?
Art. 6°, VIII
• SIM. Precedentes do STJ.
➢ A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA PODE SE DAR
NO PROCESSO ADMINISTRATIVO?

• SIM. Numa interpretação sistemática como facilitação da


defesa do consumidor em Juízo.
42

AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N° 1293126 - DF, 3ª. Turma


do STJ, rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em
10.12.2018:

“CONDOMÍNIO EDILÍCIO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE VÍCIOS CONSTRUTIVOS.


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA.
… a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem albergado a inversão
do ônus da prova nas demandas propostas por condomínios contra
construtoras/incorporadoras, em defesa dos interesses de condôminos, com
fundamento no art 6º, VIII, do CDC ou mediante aplicação da teoria da
distribuição dinâmica do ônus da prova de que trata o art. 373, § 1º, do
CPC/2015:”
43

ROMS n. 17.102 – GO, 2ª. Turma do STJ, rel. sorteado (vencido) Min.
CASTRO MEIRA, julgado em 19.8.2004:

“O art. 6º do CDC deixa claro, ao dispor sobre os direitos básicos do


consumidor, que a facilitação da defesa abrange o acesso não
apenas aos órgãos judiciários, mas também àqueles pertencentes à
Administração Pública, com a devida proteção jurídica,
administrativa e técnica (inciso VII).

Assim, os institutos previstos na Lei n.º 8.078/90 e que objetivam


facilitar a defesa dos direitos do consumidor (art. 6º, VIII) aplicam-se
não apenas à esfera judicial, mas igualmente à esfera administrativa,
sob pena de contrariedade a todo o sistema de proteção e defesa do
consumidor, bem como aos próprios fundamentos do CDC.”
44

➢ “a adequada e eficaz prestação dos


serviços públicos em geral.”
Direitos
básicos do
consumidor Adequados
Art. 6°, X
• Serviços públicos
Eficazes

• Órgão público como fornecedor?


45

CONEXÃO – Art. 6°, X CDC:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,

concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra

forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços

adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,

contínuos.
46

• STJ, 2ª. T., Ag.Rg. no AI n. 962.237-RS, rel. Min. CASTRO MEIRA, j.


11.3.2008, DJ 27.3.2008:

1. O princípio da continuidade do serviço público ... deve


ser obtemperado, ante a regra do art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95, que
prevê a possibilidade de interrupção do fornecimento de
energia quando, após aviso, permanecer inadimplente o
usuário, considerado o interesse da coletividade. ...

2.É indevido o corte do fornecimento de energia elétrica


nos casos em que se trata de cobrança de débitos
antigos e consolidados, os quais devem ser reivindicados pelas
concessionárias por meio das vias ordinárias de cobrança, ...

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