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Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Darlan Carlos Dias
Prof. Fabiano Humberto Pintarelli
Prof. Luiz Roberto Lenzi
D541p
ISBN 978-65-5663-280-3
ISBN Digital 978-65-5663-281-0
CDD 780
Impresso por:
Apresentação
A Produção em Música é uma disciplina essencial para a formação
dos produtores e apreciadores da linguagem musical, pois possui uma
dimensão formativa, a qual possibilita que as pessoas possam conhecer e
desenvolver eventos que integrem a musicalização na atualidade.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 135
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL....................................................................................... 137
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 203
UNIDADE 1 —
ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA
MÚSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No trabalho de produção ligado à música, é provável que você tenha que
interagir com músicos, cantores, maestros, enfim, com pessoas que trabalham com
a música no dia a dia. Para que você possa interagir adequadamente com esses
profissionais, é importante que conheça os aspectos básicos da música.
Agora, na primeira unidade, você terá acesso, do modo mais conciso e claro
possível, aos conhecimentos básicos que fundamentam a música. No primeiro
tópico da unidade, conheceremos um pouco a origem da música; discutiremos o
conceito de música com base no viés artístico, além do acústico; e abordaremos os
parâmetros do som, como altura, timbre, duração e intensidade. Ademais, também
estudaremos os elementos da música, como melodia, ritmo e harmonia.
2 ORIGEM DA MÚSICA
A música, além da arte, de modo geral, é uma das características que nos
define como humanos. A arte faz parte da humanidade há milhares de anos, e,
em alguns casos, é o único vestígio da existência de algumas civilizações. Ainda,
serve como prova do grau do desenvolvimento do homem daquele determinado
período. O próprio pintor Pablo Picasso, quando visitou pela primeira vez a
caverna de Lascaux e viu as pinturas históricas datadas de cerca de 14.000 a.C.,
chegou à conclusão de que nós não aprendemos nada. Picasso chegou à conclusão
de que o homem daquele tempo tinha um desenvolvimento pictórico que não
deixava a desejar ao do homem do século XX.
3
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/22/df/30/22df30832819465f232e25eec629da5c.jpg>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
Acredita-se que o ritmo deve ter sido o primeiro elemento que o ser
humano experimentou, uma vez que está presente na natureza e no nosso próprio
corpo, já que respiramos e caminhamos de modo ritmado. Antes do nascimento,
já somos expostos ao ritmo cardíaco, respiratório e ao caminhar das nossas mães.
Contudo, não podemos ir além das teorias quando pretendemos encontrar a
primeira origem da música.
4
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
FONTE: <https://hypescience.com/wp-content/uploads/2009/06/flauta-prehistorica-grande.jpg>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
FONTE: <https://www.thenational.ae/image/policy:1.591697:1499978075/image/jpeg.
jpg?f=16x9&w=1200&$p$f$w=dfa40e8>. Acesso em: 29 jun. 2020.
5
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
DICAS
6
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
FONTE: O autor
7
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
DICAS
Se quiser saber mais detalhes, não deixe de assistir ao interessante vídeo a seguir
acerca da série harmônica: https://www.youtube.com/watch?v=KyPtPVI4t1s&t=1025s.
• Expressão emocional.
• Função do prazer estético.
• Função de divertimento.
• Função de comunicação.
• Função de representação simbólica.
• Função de reação física.
• Função de impor conformidade às normas sociais.
• Função de validação das instituições sociais e dos rituais religiosos.
• Função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura.
• Função de contribuição para a integração da sociedade.
8
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
3 PARÂMETROS DO SOM
Como já mencionamos, a música é o som, e o som é o movimento que
chega aos nossos ouvidos por meio de ondas sonoras que se propagam pelo ar.
3.1 ALTURA
As notas musicais, como dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, são, na verdade,
diferentes alturas do som. Como vimos anteriormente, quando uma corda é
esticada e tocada, passa a vibrar e a produzir ondas sonoras.
9
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: O autor
3.2 TIMBRE
Pela perspectiva acústica, o timbre é formado pelas características dos
diversos materiais, estes que reforçam um ou outro harmônico da série harmônica.
Uma mesma nota dó pode ser tocada com o uso de vários instrumentos e com a
mesma altura em Hz, o que faz com que identifiquemos se ela está sendo tocada
por uma flauta ou por um acordeon, o timbre característico de determinado
instrumento. A madeira ou o metal de uma flauta produz um som diferente de
uma corda de violino ou piano.
AUTOATIVIDADE
Cite alguns timbres que você aprecia na música e outros que não agradam.
10
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
O timbre também está presente na voz humana. É por meio dele que
conseguimos identificar uma pessoa falando mesmo que ela não esteja no nosso
campo de visão. Os timbres da voz e de um instrumento são quase como uma
impressão digital, são exclusivos de cada pessoa ou de cada instrumento. Embora
todos os violões ou pianos tenham um som característico que reconhecemos, não
existem dois violões com sons exatamente iguais.
3.3 DURAÇÃO
A duração do som faz referência ao tempo, a partir do qual o som
permanece audível. Podem existir sons longos ou curtos, e essa alternância é
responsável pelo desenho rítmico das várias partes da música, como a melodia, a
harmonia e a batida da percussão.
FONTE: O autor
3.4 INTENSIDADE
Intensidade é o parâmetro do som que se refere a sons fracos ou fortes. É
o que, popularmente, chama-se de volume. Ao aumentar o volume do rádio, na
verdade, há o aumento da intensidade.
11
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://www.transportabrasil.com.br/wp-content/uploads/2011/06/tabela.jpg>.
Acesso em: 29 maio 2020.
AUTOATIVIDADE
FONTE: O autor
12
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
4 ELEMENTOS DA MÚSICA
Agora que conhecemos os parâmetros do som, a matéria-prima da música,
estudaremos os elementos próprios da música.
4.1 RITMO
O ritmo é um elemento indispensável à música. É difícil imaginar uma
música construída sem ritmo. Por meio dos sons e silêncios de diferentes durações,
é estruturado o ritmo de melodias e de gêneros musicais, como a valsa, a marcha
e o reggae.
O ritmo também está presente no interior das melodias, e faz parte, com
a altura das notas, da estrutura principal que molda uma linha melódica e/ou
um padrão de acompanhamento harmônico. Essa alternância de durações é o
que configura as diversas melodias que conhecemos. Veja o exemplo a seguir, de
uma simples melodia folclórica, como ocorrem diversas alternâncias de figura de
variadas durações.
13
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/48/b0/7d/48b07d7b2c1dfa948fd5474e96834e8d.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2020
4.2 MELODIA
A melodia é a música na sua concepção horizontal. É a sucessão de notas
que acontece no tempo, de modo a criar motivos e frases melódicas que formam,
na maioria dos períodos históricos da música, uma espécie de linha-guia da
construção da obra musical.
Não seria possível uma definição melhor. O som sai de um ponto, sobe,
desce, tem momentos longos e/ou curtos, serpenteia e repousa novamente. Na
pauta, a melodia é lida da esquerda para a direita, mas acontece no tempo, na
percepção de linearidade.
DICAS
14
TÓPICO 1 — ORIGEM DA MÚSICA E PARÂMETROS DO SOM
4.3 HARMONIA
Se a melodia é a dimensão horizontal da música, a harmonia pode ser
considerada a dimensão vertical. São notas que acontecem ao mesmo tempo, de
modo a criar combinações que o compositor deseja.
FONTE: O autor
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O instrumento musical mais antigo de que se tem registro é uma flauta de osso
de abutre datada de 35 mil a.C.
16
• A duração do som faz referência ao som audível. Podem existir sons longos ou
curtos.
17
AUTOATIVIDADE
2 A estrutura de uma obra musical pode ser muito ampla e complexa. Mesmo
assim, praticamente toda música tonal escrita, até o século XX, é composta
de melodia, ritmo e harmonia. A respeito da estrutura básica da música,
associe os itens, utilizando o código a seguir:
( ) Som.
( ) Harmonia.
( ) Melodia.
( ) Ritmo.
a) ( ) 50dB.
b) ( ) 250dB.
c) ( ) 20.000dB.
d) ( ) 120dB.
18
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Agora que você conhece os elementos básicos que estruturam o discurso
musical e o som, avançaremos um nível e conheceremos detalhes mais técnicos
acerca da prática musical.
2 TEXTURA MUSICAL
O termo textura musical é pouco comum em comparação a outros, como
melodia, ritmo ou harmonia, que são usados de forma corriqueira. Na música, o
termo textura, conforme Bennett (2007), é usado para descrever um aspecto da
música pelo qual algumas peças musicais apresentam sonoridade densa; outras
já se mostram com sons mais rarefeitos e esparsos. Bennett (2007) ainda compara
as diferentes texturas musicais com diferentes tramas de um tecido e, afirma que
há três formas básicas do compositor tecer a sua música: monofônica, polifônica
e homofônica.
Para Liedke (2015, p. 34), o termo textura foi usado na música de diversas
maneiras, mas poderia ser definido como “o número de eventos sonoros ocorrendo
simultaneamente, e a relação entre eles”.
Vejamos dois exemplos visuais de uma textura mais rarefeita e outra mais
densa. É uma referência visual do que acontece na sonoridade de uma obra.
19
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
DICAS
2.1 MONOFONIA
A textura monofônica é a mais simples musicalmente. Consiste em uma
única voz, sem nenhum tipo de acompanhamento harmônico. Quando falamos
de voz, é preciso que fique claro que estamos nos referindo a uma linha melódica,
que pode ser cantada por uma pessoa ou tocada por um instrumento, como um
violino ou uma flauta.
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TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
DICAS
Vamos ouvir dois exemplos de monofonia: uma datada por volta do século XI
e, a outra, do século XX.
Monofonia 1: https://www.youtube.com/watch?v=wBhYmil1p2M&list=PLsw_6hLw-WqIZu-
uGXcE2JcNAdjy5kk26.
Monofonia 2: https://www.youtube.com/watch?v=Qev-i9-VKlY.
2.2 POLIFONIA
A textura musical polifônica tem registro por volta do século IX, quando
os primeiros cantos litúrgicos do Cristianismo começaram a ser executados com
duas vozes. Eles eram chamados de organum, e utilizavam, como base, linhas
melódicas do canto gregoriano.
DICAS
21
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
2.3 HOMOFONIA
A textura homofônica consiste em uma linha melódica, que pode ser
cantada ou tocada por um instrumento solo, acompanhada por uma base
harmônica feita de acordes que podem ser tocados em blocos ou arpejados.
Nesse tipo de textura, a melodia também pode estar em uma voz mais
aguda ou mais grave de um bloco de notas que caminham juntas no mesmo
ritmo, por exemplo, três vozes criam um suporte harmônico para a quarta voz se
destacar como melodia principal.
DICAS
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TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
Utqueant laxis Para que nós, teus súditos, possamos exaltar, claramente,
Resonare fibris o milagre e a força dos teus atos, absolve nossos lábios impuros,
Mira gestorum São João (MEDAGLIA, 2008).
Famuli tuorum
Solve polluti
Labi reatum
Sancte Ioannes
Perceba que cada verso do hino inicia com o que, hoje, são as notas musicais.
Cada frase da melodia do hino também começava com o som que se distanciava
do outro precedente por graus, de acordo com uma escala musical. Portanto, a
escala que Guido utilizava para treinar os seus cantores era: Ut – ré – mi – fá – sol
– lá. Somente mais tarde, o Ut foi substituído pelo dó, e foi acrescentado o si, que
teria surgido das letras iniciais de Sanct Ioannes.
23
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
Dentro de uma escala, as notas podem ser separadas uma da outra por
um tom, semitom, e mesmo intervalos maiores, dependendo da escala.
A escala maior diatônica dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e dó é formatada dentro
de um padrão de intervalos de distância do tom e do semitom entre as notas. A
primeira nota da escala é a tônica.
TÔNICA T T S T T T S
dó ré mi fa sol lá sí dó
FONTE: O autor
FONTE: <https://www.descomplicandoamusica.com/wp-content/uploads/2020/03/oitavas-
notas-pretas-teclado.png>. Acesso em: 14 set. 2020.
24
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
Utilizando as notas (dó), (do# ou réb), (ré), (ré# ou mib), (mi), (fá), (fá#
ou solb), (sol), (sol# ou lab), (lá), (la# ou sib) e (si), podemos construir a escala
diatônica em qualquer tonalidade. Vejamos, por exemplo, a escala diatônica de
ré maior.
TÔNICA T T S T T T S
ré mi fá# sol lá si dó# ré
FONTE: O autor
25
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
TÔNICA T S T T S T T
lá si dó ré mi fa sol lá
FONTE: O autor
FONTE: O autor
DICAS
Com as escalas maior e menor, podemos tocar músicas nos modos menor
e maior, que são os mais comuns nas músicas ocidentais, embora existam outros
modos que são construídos com outras escalas. Os modos maior e menor diferem
pela sonoridade que geram na escala e na formação dos acordes.
Os modos maior e menor, com base nas escalas, têm, cada um, o seu
próprio campo harmônico, uma série de acordes para serem utilizados em
determinado modo, além da tonalidade.
26
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
27
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
Dó, mi e sol são as três notas que formam o acorde de C (dó maior). Em
um piano, teríamos o acorde de C digitado desse modo:
1,5tom
3a menor
FONTE: O autor
28
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
29
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
Note que, nesse grau do campo harmônico, as duas terças são menores, o
que gera o acorde de tríade diminuto.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
30
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
31
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
AUTOATIVIDADE
FONTE: O autor
32
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
De acordo com a tessitura da nossa voz, cada pessoa pode ser classificada
dentro de um determinado naipe de vozes. O maestro, normalmente, faz um teste
de classificação quando um novo integrante quer participar do coral.
DICAS
Quer fazer um teste para ver em que naipe sua voz se encaixa? Às vezes,
encaixa-se em mais de uma: https://www.youtube.com/watch?v=lw9iRtbsohA.
4.2 ORGANOLOGIA
Organologia é a ciência que se dedica aos instrumentos musicais. A
classificação dos instrumentos musicais já acontecia na antiguidade, quando, por
exemplo, os chineses classificavam seus instrumentos em oito grupos, conforme
os materiais utilizados na confecção: Metal, Pedra, Seda, Bambu, Cabaça, Terra,
Pele e Madeira.
33
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://classhall.com/lesson/classifications-african-musical-instruments/>.
Acesso em: 14 set. 2020.
34
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
35
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://volpieventosmusicais.com.br/2017/09/30/instrumentos-familia-de-cordas/>.
Acesso em: 14 set. 2020.
36
TÓPICO 2 — AS CONFIGURAÇÕES DA PRÁTICA MUSICAL
DICAS
Vale dizer que cada uma das cinco categorias apresentadas possui
subdivisões mais detalhadas com base nas formas de produção do som.
FONTE: O autor
37
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A polifonia são duas ou mais linhas musicais, ou vozes, como são chamadas,
entretecidas ao mesmo tempo.
• A homofonia se trata de uma linha melódica, que pode ser cantada ou tocada
por um instrumento solo, acompanhada por uma base harmônica feita de
acordes, estes que podem ser tocados em blocos ou arpejados.
• Guido D’arezzo deu, às notas, os nomes que conhecemos hoje, por meio das
sílabas iniciais de um hino para São João.
• A sequência de notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si apresenta uma sonoridade de
intervalos padronizados, a chamada escala diatônica maior.
• Para designar intervalos de meio tom na escrita musical, são utilizados dois
sinais: # (sutenido) e b (bemol).
• As escalas têm função primordial na música tonal. Com base nelas, o compositor
sabe quais notas devem ser usadas em uma música dentro de determinado
tom.
• Os modos maior e menor, com base nas suas escalas, têm, cada um, o seu
próprio campo harmônico. É uma série de acordes para serem utilizados em
determinado modo, além da tonalidade.
38
• Um acorde é uma combinação de três ou mais notas que são escolhidas
conforme as técnicas da harmonia.
• Um acorde pode ter várias combinações de notas, e, com isso, recebe várias
denominações: acorde maior, menor, com sétima menor, com sétima maior,
diminuto etc.
• Na música vocal, uma forma muito comum de naipes é aquela formada por
quatro vozes: baixo, tenor, contralto e soprano.
39
AUTOATIVIDADE
40
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste terceiro tópico, conheceremos os elementos básicos da escrita
musical. Identificaremos a escrita tradicional realizada no pentagrama, além das
formas alternativas de escrita, como as cifras e as tablaturas.
No início, a notação era feita apenas por sinais sobre a letra dos cânticos
litúrgicos; em um segundo momento, foi adicionada uma linha de referência,
e, aos poucos, outras linhas foram adicionadas, e o sistema se desenvolveu por
séculos. O atual sistema utiliza cinco linhas e quatro espaços, nos quais as notas
são escritas.
2 PENTAGRAMA
O pentagrama, ou pauta musical, é a forma mais tradicional de notação
musical. Desenvolvida a partir do século XI, essa forma de escrita acompanhou
o desenvolvimento da história da música, tornando-se mais específica quando a
música demandava mais detalhamentos técnico e expressivo.
41
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
DICAS
2.1 CLAVES
A posição da nota no pentagrama pode ter significado variado,
dependendo da clave que figura no início. As claves mais utilizadas são a de
sol e a de fá. Colocadas no início da pauta, elas indicam onde se situa a nota de
referência, para que possamos localizar todas as outras.
42
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
IGUAL
FONTE: O autor
43
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FIGURA 33 – CLAVES DE DÓ
3a linha 4a linha
FONTE: O autor
FONTE: O autor
44
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
45
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
Cada compasso de uma música 4/4 tem, então, quatro tempos, mas isso
pode ser conseguido devido a uma grande gama de combinações de figuras de
valores diferentes, ou seja, podem ser somadas diversas figuras, com diversos
valores, para que o resultado seja quatro tempos. Vejamos alguns exemplos:
FONTE: O autor
46
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
47
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-V3AXAWJ6cqA/V4LC3K7yV8I/AAAAAAAABBk/woM_
cQS6mKcdWZeOf5dSTN5VMpqbAgW2ACLcB/s400/musicalfigurapausaa.gif>.
Acesso em: 14 set. 2020.
AUTOATIVIDADE
Que tal testar o seu conhecimento acerca das figuras de tempo? Analise
os compassos a seguir e descubra a quantidade de tempos por compasso.
Indique que fórmula de compasso deve ser posta no início da partitura.
FONTE: O autor
Exemplos:
FONTE: O autor
48
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
AUTOATIVIDADE
2.5 ACIDENTES
Como vimos anteriormente, as notas são escritas nas linhas e nos espaços
do pentagrama, para indicar, conforme a clave, se tocaremos um dó, ré, mi etc.
Também vimos, anteriormente, que além das sete notas musicais, há sustenidos
e bemóis. Na pauta, existem, basicamente, quatro tipo de sinais, que são usados
para indicar os acidentes: sustenido, bemol, bequadro, dobrado sustenido e
dobrado bemol.
FONTE: O autor
49
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
Para que não seja necessário assinar os acidentes toda vez que escrevermos
fã# ou dó# em uma música na tonalidade de ré maior, convenientemente, esses
acidentes são escritos no início da pauta, no que chamamos de armaduras de clave.
FONTE: O autor
Veja que o fá# e o dó# mais graves e os mais agudos são tocados com
alteração, mesmo que o sinal na clave só esteja na parte mais aguda. As armaduras
de clave também são úteis porque ajudam a identificar a tonalidade da música.
Veja as armaduras e as respectivas tonalidades que indicam.
50
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
51
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FONTE: O autor
FIGURA 48 – CHAVES DE 1ª E 2ª
FONTE: <https://blog.opus3ensinomusical.com.br/wp-content/uploads/2018/08/exemplo-casa-
1-e-2.png>. Acesso em: 14 set. 2020.
FONTE: O autor
52
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
53
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
decresc.
FONTE: O autor
FIGURA 53 – CRESCENDO
FONTE: O autor
54
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
DICAS
Vejamos, agora, uma partitura de uma obra de J.S. Bach. Nela, podemos
encontrar todos esses elementos que aprendemos até aqui. Você pode ouvir essa bela
peça em https://www.youtube.com/watch?v=CLk8OILr72U
FONTE: <http://toplayalong.com/sheet-music/bach-air-on-g-the-string-violin/>.
Acesso em: 14 set. 2020.
55
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
2.8 ANDAMENTO
Andamento, na música, refere-se à velocidade de execução. Durante
muitos séculos, a notação não indicava a velocidade da música. Somente no
início do século XVIII que compositores italianos foram os pioneiros da prática.
Em parte, por esse motivo, ainda hoje, usamos termos italianos para indicar os
andamentos que queremos sugerir nas nossas composições.
FIGURA 55 – METRÔNOMO
FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/metronome-old-classic-against-beige-
260nw-1615920820.jpg>. Acesso em: 14 set. 2020.
FIGURA 56 – ANDAMENTO
FONTE: O autor
56
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
QUADRO 5 – ANDAMENTOS
3 NOTAÇÕES ALTERNATIVAS
A notação tradicional ainda é muito utilizada por músicos profissionais
de várias áreas, por sua precisão e universalidade. No entanto, há duas outras
formas de notação importantes que são muito usadas, principalmente, na música
popular. No caso da tablatura, mais especificamente, em instrumentos de corda.
3.1 CIFRAS
As cifras são uma forma de notação prática e de rápida leitura de acordes
para a harmonia da música. São muito usadas para notação do acompanhamento
harmônico de canções ou melodias tocadas por um instrumento solo.
A leitura das cifras é feita da seguinte maneira: uma letra que indica qual
o acorde que pode ser: C=dó, D=ré, E=mi, F=fá, G=sol, A=lá e B=si.
57
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
FIGURA 57 – ANDAMENTOS
3.2 TABLATURA
A tablatura é uma forma de escrita usada para instrumentos de corda
desde a renascença, em escritas para alaúdes e vihuela. Hoje, tem sido muito
usada nas videoaulas de violão na web e, até mesmo, nos livros didáticos, como
alternativa ou complemento para os que não dominam a escrita tradicional em
partituras.
FONTE: O autor
58
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
59
UNIDADE 1 — ORIGEM E ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA
LEITURA COMPLEMENTAR
A cultura musical
60
TÓPICO 3 — FORMAS DE NOTAÇÃO MUSICAL
É fato incontestável que nenhuma outra arte possui uma resposta mais
efetiva na promoção dos equilíbrios fisiológico e emocional, ou seja, a música
traz bem-estar físico, além de psíquico, àqueles que podem apreciá-la e estudá-
la. Ainda, como mencionado, ela colabora para o desenvolvimento saudável dos
cidadãos. Seu caráter lúdico também permite que seja utilizada como ferramenta
de aprendizagem. Fazer parte de um coral e aprender um instrumento são
atividades que têm efeitos complementares na inclusão do aluno enquanto
cidadão. Por fim, a cultura musical alarga a nossa visão de mundo, promovendo
um bem tão em falta nos nossos dias: a tolerância.
FONTE: <https://www.sabra.org.br/site/cultura-musical-qual-a-sua-importancia-nos-tempos-
atuais/#:~:text=%C3%89%20poss%C3%ADvel%20trabalhar%20a%20cidadania,valores%20
culturais%20atrav%C3%A9s%20da%20m%C3%BAsica.&text=A%20cultura%20musical%20
ainda%20combate,dos%20meios%20tradicionais%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3o>.
Acesso em: 3 out. 2020.
61
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• As figuras musicais têm valores relativos com uma relação de 1/2 na ordem:
semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa.
• O ponto de aumento faz com que se some, a uma determinada figura, a metade
do seu valor.
• Temos cinco acidentes que podem ser escritos na pauta: sustenido, bemol,
bequadro, dobrado sustenido e dobrado bemol.
62
• Os andamentos são medidos pelo metrônomo, e indicam a velocidade de
execução de uma obra musical.
CHAMADA
63
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Compasso 2/4.
b) ( ) Compasso 3/4.
c) ( ) Compasso 4/4.
d) ( ) Compasso 6/8.
64
REFERÊNCIAS
BENNETT, R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
65
66
UNIDADE 2 —
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
67
68
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, a música genuinamente brasileira começa a ser
constituída somente a partir do século XVIII, em virtude do cenário colonial no
amplo território que configura a nação. De um lado, os indígenas, com os seus
cantos e danças, com instrumentos, como apitos feitos de talos de mamoeiro,
flautas de bambu, o ritmo constante das batidas dos pés no chão e o ritual
dos seus costumes. De outro, os negros africanos escravos com o batuque e os
instrumentos, como ganzá, atabaques, cuíca, berimbau etc. Contudo, também
havia uma música trazida na bagagem dos colonizadores, exclusivamente, nos
moldes da cultura europeia. Todo esse cenário musical ainda não configura o que
podemos chamar de música brasileira, pois somente “a partir do final do século
XIX que se configura a síntese da nossa expressão musical urbana, através do
hibridismo de sons indígenas, negros e europeus” (CALDAS, 2010, p. 3).
69
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
DICAS
Ouça a Abertura Zemira, composta pelo padre José Maurício Nunes Garcia,
em 1803. Sinta o efeito dos relâmpagos e trovões que o compositor, por vezes, resolveu
expor no discurso musical. Você perceberá a influência do classicismo vienense na abertura,
estruturada na forma sonata clássica: https://www.youtube.com/watch?v=DpqXhjozG1o.
70
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
FIGURA 1 – PADRE JOSÉ MAURÍCIO NUNES GARCIA, CARLOS GOMES E HEITOR VILLA-LOBOS
FONTE: <http://www.multirio.rj.gov.br/images/img_2017_11/josemauricio2.jpg>;
<https://ihggcampinas.files.wordpress.com/2018/09/carlos-gomes.jpg>;
<https://www.violaobrasileiro.com.br/dados/Villa-Lobos-Antologia.jpeg>. Acesso em: 26 abr. 2020.
71
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
Antonio Carlos Gomes teve sua saúde muito abalada por conta de um
câncer na língua, que levou apenas alguns meses até a morte, em 16 de setembro
de 1896. O antigo Conservatório de Música, onde iniciou os estudos, recebeu o
nome do seu mais ilustre aluno.
72
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
Esse tipo de dança dos indígenas era encontrado nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso. O próprio padre
José de Anchieta (1534-1597) julgou oportuno utilizar o cateretê para atrair os
índios para o catolicismo (SADIE, 1994). Dessa maneira, uma das primeiras
fusões entre os gêneros musicais ocorre com a sobreposição de aspectos do
73
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: <http://www.afreaka.com.br/wp-content/uploads/2015/10/foto1.jpg>.
Acesso em: 21 abr. 2020.
74
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
O lundu, como dança, logo seria proibido nas ruas, pois era considerado
libidinoso e indecente. A sua versão europeia/brasileira, se assim podemos
denominar, o lundu-canção, quase nada lembrava o lundu original. A coreografia
foi completamente excluída, e uma característica conservadora e ausente de
malícia passa a ser elemento de identidade do lundu-canção. Apesar de tudo, esse
movimento de apropriação de uma cultura, a transformação e a adaptação estão
presentes no desenvolvimento cultural das sociedades, aspectos que acontecem
atualmente, como as tendências ditadas pela indústria cultural. Assim, a cultura
se adapta à realidade, como elemento vivo e dinâmico.
75
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
76
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
77
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
Chiquinha se casou muito cedo, por imposição dos seus pais, mas, aos
18 anos, abandonou o marido e levou consigo os seus filhos, para viver com
um engenheiro de estradas de ferro. A aventura durou pouco tempo. Além de
compositora, foi, também, pianista e maestrina, e, aos poucos, sua obra adquiriu
grande popularidade. Além de autora de diversas polcas, maxixes, tangos, lundus,
mazurcas e barcarolas, é, também, autora da primeira marcha carnavalesca,
intitulada Ô Abre Alas (SADIE, 1994).
DICAS
Ouça a obra Corta-Jaca, de Chiquinha Gonzaga, famosa pelo incidente com Rui
Barbosa e Hermes da Fonseca. Você perceberá que algumas gravações tratam a obra como
“maxixe”, outras, como “tango brasileiro”. A verdade é que há muitos elementos comuns
entre esses ritmos, causando múltiplas interpretações quanto ao gênero. Sugerimos três
interpretações diferentes:
• https://www.youtube.com/watch?v=iIekhGiVSkU;
• https://www.youtube.com/watch?v=FbjxquKXEJo;
• https://www.youtube.com/watch?v=4wfrA54BMZg.
78
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
FONTE: <http://memorialdademocracia.com.br/publico/thumb/13704/740/440>.
Acesso em: 11 abr. 2020.
79
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
80
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
Dali em diante, “Os Oito Batutas” excursionaram pelo Brasil e até mesmo pela
Europa, levando o samba, o choro, as modinhas e o tango na propaganda da “música
brasileira”. O discurso da imprensa brasileira acerca do repertório dos Batutas, sempre
se dirigia como sendo genuinamente brasileiro e, assim, o sentimento nacionalista
foi se concretizando ainda mais na música, mesmo que opositores traçassem críticas
tenazes de cunho racista. A imprensa internacional da época reconheceu o grupo como
representante genuíno da cultura musical brasileira.
FONTE: <https://i1.wp.com/static.flickr.com/6/112571079_0a87206f49_o.jpg?zoom=2>.
Acesso em: 26 abr. 2020.
81
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
DICAS
82
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
83
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
Compositores, como Edu Lobo (1943) e Carlos Lyra (1939), mostram uma
bossa nova com letras críticas, ao contrário dos conservadores, que falam dos
passeios de barco ao mar, das morenas tomando sol na praia. O discurso dessa linha
crítica foi marcado por tropeços: a letra dessas canções, por vezes, caracterizava
um sentido nacionalista, e se contradizia em um discurso harmônico/melódico
com características jazzísticas americanas (CALDAS, 2010).
84
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA
DICAS
85
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O primeiro registro fonográfico do samba se deu com Pelo Telefone (1917), dos
compositores Donga e Mauro de Almeida.
• Tom Jobim e João Gilberto inovam com a criação da bossa nova, no fim dos
anos de 1950. É evoluída do samba urbano do Rio de Janeiro, principalmente,
do samba-canção.
86
AUTOATIVIDADE
3 No fim dos anos de 1950, Tom Jobim e João Gilberto foram os responsáveis
pelo gênero bossa nova, assim como uma vertente desse gênero foi
desenvolvida por compositores, como Caetano Veloso e Chico Buarque. O
tropicalismo se caracterizou como um movimento de protesto à ditadura
87
militar, enquanto a Jovem Guarda apresentava um discurso diferenciado. A
respeito desses aspectos históricos da música brasileira, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:
88
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Como surgem os primeiros indícios de uma obra musical? Como o
compositor cria uma melodia e a desenvolve em compassos, frases, períodos, cria
um arranjo para muitos instrumentos, cria um discurso musical com começo,
meio e fim? Parecem ser aspectos muito abstratos, mas veremos, neste tópico, que
existem ferramentas as quais são imprescindíveis para a elaboração de uma obra
musical inédita, ou, até mesmo, criar uma variação de um tema existente.
89
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
2 GÊNERO MUSICAL
Antes de nos aprofundarmos na música brasileira, é necessário conhecer
as ferramentas essenciais da análise musical. O processo é simples, como você
perceberá. Ao sintonizar um programa de rádio, por exemplo, normalmente,
você ouve um tipo de música, e não uma mistura de erudito, popular, jazz,
música caipira e por aí vai. Seria uma confusão, ao nosso entendimento, tamanha
variedade desses tipos de música em um programa. Normalmente, o que
acontece é que se ouve determinado tipo de música com artistas diferentes, mas
que comungam a partir do mesmo estilo de música.
A palavra estilo não está aqui ao acaso, ela é muito presente para
descrevermos determinada linha de composição de algum artista. Não é algo que
tem relação com modismo, com manifestações passageiras, mas que reflete traços
da personalidade do compositor, ou, no caso do rock, o caráter do conjunto da
obra de determinada banda. Estilo reflete a “maneira particular de compor e tocar,
associada a um compositor, intérprete ou lugar (estilo alemão, estilo napolitano,
estilo mozartiano, estilo rococó)” (DOURADO, 2004, p. 123).
90
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
Esse tipo de música foi a base para o nascimento do blues, que se resume
ao sofrimento dos escravos do sul dos Estados Unidos, especificamente, nas
plantações de algodão. Trata-se de uma música depressiva e melancólica, na
qual é muito comum os músicos improvisarem as sequências harmônicas. Com
o passar do tempo, esse ritmo evoluiu para as configurações de andamento mais
rápido, gerando o rhythm’n’blues, abrindo os caminhos para o rock’n’roll. O
estilo é predominante com os negros, mas se observa a ascensão de nomes como
Janis Joplin (1943-1970) e Eric Clapton (1945). O mais interessante desse estilo é
afinação baixa da terça, da quinta e da sétima do acorde, gerando as chamadas
blue notes (DOURADO, 2004).
91
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
dessa raiz, embora tenha tomado diferentes rumos, como se pode ver na carreira
de ícones, como Elvis Presley (1935-1977), que inovou com seu balanço sensual,
caracterizando uma nova vertente. O rock, no entanto, afastou-se das suas
origens e se consolidou no status de gênero. O advento da guitarra elétrica e
das distorções é um elemento típico do rock, não do jazz. Da mesma forma, o
termo “swing” não se aplica ao rock, mas ao estilo jazzístico. O próprio ritmo e a
harmonia do rock diferem do jazz.
92
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
3 FERRAMENTAS DO COMPOSITOR
Qualquer que seja a obra musical, independentemente se for uma suíte
barroca, uma sinfonia clássica, um poema sinfônico romântico, uma experiência
da música moderna, um chorinho, ou, ainda, um hit de sucesso das rádios, há
elementos musicais que comungam entre si, mesmo que existam as maiores
diferenças de gênero.
93
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
3.1 TONALIDADE
Uma peça musical é estabelecida dentro de uma tonalidade principal,
e outras tonalidades podem já fazer parte. Os acordes do início de uma obra
normalmente já caracterizam a tonalidade. Como você sabe, caro leitor, a
primeira nota de uma escala diatônica (maior ou menor) se configura como
tônica, e representa a tonalidade. Tomando, como exemplo, a escala de Dó maior,
as demais notas são acrescentadas até a oitava, formando os graus da escala
assinalados em algarismos romanos.
94
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
DICAS
95
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: O autor
97
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
98
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
ATENCAO
Você pode refinar a sua opinião acerca da música como arte, conhecendo as
suas estruturas formais, estudando a harmonia, ritmo e a melodia. Conhecer a história de
cada gênero musical é fundamental para uma opinião sensata. Por outro lado, os aspectos
que remetem à beleza da obra de arte serão vistos no próximo tópico, no qual você
desenvolverá as ferramentas para aguçar a sua crítica musical.
99
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: O autor
Forma ternária
100
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
Como falamos anteriormente, o minueto é uma dança que fazia parte das
suítes barrocas. Essa forma encontrou desenvolvimento nos períodos musicais
seguintes. Escrito em compasso ternário, ainda na suíte barroca, era sempre escrito
aos pares e apresentado como minueto 1 e minueto 2, fazendo contraste com o outro,
normalmente, em outro tom (se o primeiro estivesse em tom maior, o segundo era
escrito em tom menor) (BENNETT, 1986). Por vezes, era comum fazer uma extensão,
repetindo o minueto 1, constituindo, dessa maneira, uma forma-sanduíche, uma
forma ternária. Havia, ainda, a prática do minueto 2, de ser tocado com menor
instrumentação. Por vezes, um trio de instrumentos, contrastando com maior
instrumentação no primeiro minueto. Dessa prática, a nomenclatura “minueto
1 e minueto 2” evoluiu para a forma minueto e trio. No romantismo, Beethoven
expandiu, ao extremo, essa forma, realizando mudanças, inclusive, no andamento, o
que gerou uma nova denominação, de minueto para “scherzo”.
101
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
102
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
103
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
Nos últimos cem anos, pelo menos, a música popular possui essa
característica mais livre de interpretação, e é interessante perceber que vamos
interpretando a música popular brasileira (MPB) de acordo com o estilo da nossa
época, e um século pode não configurar um espaço de tempo muito grande, visto
que alguns gêneros brasileiros possuem pouco mais de cem anos. Dessa forma
livre de fazer música, que é própria da música popular, não somente a partitura
é referência, mas também uma gravação que você aprecia pode ser um elemento
norteador, e não menos importante. A própria memória pode ser a fonte. Isso
não quer dizer simplicidade, a melodia e a harmonia devem ser cuidadosamente
revisadas e elaboradas, porém, um dos aspectos mais interessantes em uma
releitura de uma música popular é a divisão rítmica.
104
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
105
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
Pulsação swingada
106
TÓPICO 2 — GÊNEROS E FORMAS MUSICAIS
FONTE: O autor
Pulsação funkeada
Guest (1996) revela que outros ritmos se comportam muito bem no estilo
do funk, enriquecidos por grande atividade percussiva. Compositores brasileiros,
como Jorge Benjor (1942), Sérgio Mendes (1941) e tantos outros arranjadores e
compositores estrangeiros são inspirados nessa levada bem brasileira. Você pode
ver e ouvir, no Youtube, um tema clássico do jazz chamado de Caravan, de Duke
Ellington (1899-1974), na formação de big band e com arranjo (1996) de Mike
Tomaro. Foi adotado, na primeira parte, o estilo que Tomaro chamou de funk-
samba, intercalando com o ritmo rock-swing.
107
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
109
AUTOATIVIDADE
110
( ) Nos períodos barroco e clássico, o gênero musical promoveu uma fusão
entre o novo e o antigo, rompendo com as leis da composição.
( ) No romantismo, os gêneros musicais foram desenvolvidos de forma mais
livre, chegando a discordâncias quanto à classificação.
( ) A música pós-romântica manteve a liberdade criativa, utilizando elementos
da época e promovendo a fusão com a música moderna.
( ) Gêneros, como a modinha, por vezes, são confundidos com o chorinho.
Outros gêneros populares brasileiros possuem essa ambiguidade.
111
112
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O que é arte e como podemos determinar algo ao status artístico? Será que
qualquer manifestação ou obra feita pelo homem, com características estéticas,
pode ser considerada uma obra de arte? Essa pergunta é amplamente subjetiva,
e, para respondê-la, é preciso refletir acerca do conceito de obra de arte. Não
basta que um indivíduo aceite determinado objeto como sendo obra de arte, é
preciso que haja um consenso entre uma comunidade de indivíduos a respeito
de tal objeto. Dessa forma, podemos partir do princípio de que o conceito de
obra de arte se trata de uma construção e um acordo social, com classificações e
particularidades.
Por vezes, algum objeto é considerado uma obra de arte para alguns
indivíduos e, no entanto, para outros, seja considerado apenas uma mera coisa,
por exemplo, alguma música pode representar algo importante para alguns
e passar despercebida por outros. É possível dizer que uma tela preparada,
pincelada a óleo, formando figuras reconhecíveis do mundo perceptível, poderia
se caracterizar como uma obra de arte, mas isso seria, no mínimo, uma grotesca
afirmação, pois se trata apenas do material de apresentação. Nesse âmbito
criterioso, Dourado (2004, p. 99) define “crítica musical” como a “apreciação e
julgamento de aspectos, trechos, obras escritas ou registradas por quaisquer meios,
assim como apresentações musicais, por profissionais especializados”. Longe
de trilharmos caminhos institucionalizados pelas academias de artes plásticas,
mergulharemos em uma perspectiva filosófica da análise estética das coisas feitas
pelos indivíduos e que, em algum momento, foram caracterizadas como arte.
Entender como a música está inserida nesse contexto será nosso objetivo neste
tópico, além de fornecer as ferramentas para exercitar nosso senso crítico.
113
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: <https://documentapantanal.com.br/wp-content/uploads/2019/06/07.png>.
Acesso em: 3 abr. 2020.
114
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
As coisas que são “naturais” possuem liberdade, são atribuições que fazem
parte da identidade da coisa. Por exemplo, os animais possuem comportamento
característico, pois é algo natural. Um pássaro não é livre por voar, isso é a natureza
do pássaro, que não faz nada além de “ser pássaro”, é a sua condição de existência.
Por outro lado, a arte é o que é não por ela própria, a arte é o que é por meio de
regras. Então, quando falamos da arte, precisamos tornar a representação como
algo natural, e, por outro lado, mostrar regras ao natural. Na concepção da obra
de arte, há uma relação lógica entre REGRA X NATUREZA. Não se preocupe,
caro acadêmico, resolveremos essa equação com lógica e exemplos.
NOTA
Segundo Schiller (2002), o belo é diferente do “útil”. Uma coisa útil caracteriza
uma finalidade externa. O belo também é diferente do “bom”, que é bom é para alguma
coisa. O belo também é diferente do “agradável”, pois o agradável nada mais é que uma
satisfação sensível. O belo, em si, tem finalidade nele próprio, é livre de utilidade, é o que se
explica sem conceito.
115
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/media/uploads/quem_era_mona_lisa.jpg>;
<http://www.imagenesyarte.com/wp-content/uploads/2017/09/chica-con-trenza-lateral.jpg>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
116
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
Até aqui, obviamente, é possível refletir que a natureza do que foi proposto
representar (a mulher) está presente nas duas obras. Isso é o que chamamos de
objetividade, ou seja, a representação alcança o máximo da ideia. Não há, nos
dois casos, algum traço que fira a imagem objetiva: a efetividade é que a tinta e
a madeira se perdem no fenômeno, na ideia, na forma da representação, que é
a mulher. A Gioconda dá a sensação de que, a qualquer momento, deve mudar
de expressão facial, enquanto Veronika parece possuir pele macia. Por isso, caro
acadêmico, é fundamental levar em consideração a natureza do que se quer
representar na obra de arte.
FONTE: <https://i0.wp.com/arteref.com/wp-content/uploads/2017/01/900X500-monalisa-Vik-
Muniz.jpg?fit=900%2C500&ssl=1>. Acesso em: 14 abr. 2020.
O que vimos são releituras da Gioconda feitas por Muniz. Compare com
a Gioconda original e verá que, inegavelmente, a releitura de Muniz foi bem-
sucedida. Trata-se de uma “representação da representação de uma mulher”,
ou uma “releitura” da Gioconda. Contudo, o que chama a atenção é, justamente,
o medium materialiter utilizado, que é a geleia de alguma fruta, na figura da
esquerda, e pasta de amendoim, na segunda. Novamente, percebemos leveza,
117
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
parece que a geleia foi “passada” com rapidez e velocidade, percebe-se uma
facilidade nesse trabalho. O artista não teve dificuldades, como se percebe no
manuseio do material efetivo. Seguiremos com outro exemplo, de Sayaka Kajita
Ganz, que utiliza materiais diversos para dar forma.
FONTE: <https://wewastetime.files.wordpress.com/2010/07/emergenceconv3s.jpg>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
118
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: <https://www.universia.net/content/dam/universia/imagenes/2017/04/jacques-louis-
david-morte-de-marat-noticias>. Acesso em: 14 abr. 2020.
119
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
120
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
DICAS
Experimente ouvir uma obra da sua preferência. Entre Chronos e Kairos, qual
desses conceitos você aplicaria ao que acabou de ouvir? Talvez, seja preciso ouvir mais
vezes. Faça uma análise dos critérios que o levaram a escolher um desses conceitos. Assim,
você exercita a sua crítica musical.
121
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
É o regente que, por sua posição frente à orquestra, pode ouvir de forma
ampla, e ir ajustando, conforme critérios artísticos e técnicos, a sonoridade
almejada. Tudo é combinado nos ensaios, e a performance final se instaura
automaticamente como um evento social, com palco, músicos e plateia, dessa
forma, acontece a obra de arte musical. Enquanto a música está sendo interpretada,
você, que está ali presente, faz parte desse momento, e o seu corpo recebe e
responde perante toda vibração sonora – vive-se a música.
3 FRUIÇÃO MUSICAL
Como pode, uma orquestra da atualidade, interpretar, com fidelidade, por
exemplo, a Sinfonia nº 1 em Dó Maior, opus 21 de Ludwig van Beethoven, composta
em 1800? A resposta é óbvia: é possível, pois há partitura, que foi copiada do
original e multiplicada em várias editoras. A partitura oferece uma gama enorme
de informações, que permite, ao músico e ao regente, interpretarem a obra, contudo,
ainda assim, uma grande quantidade de aspectos musicais não está grafada no
papel. A técnica da escrita musical, apesar do desenvolvimento histórico que data de
séculos, ainda não é capaz de indicar os diversos elementos artísticos que a música
exige. Além disso, não há ninguém que tenha sido contemporâneo de Beethoven
para contar como é que realmente se toca uma obra do compositor alemão. Tudo o
que temos são relatos de tradição oral e dados históricos.
122
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
ATENCAO
Lembre-se de que a objetividade é o que se espera de uma obra de arte. Se, por
vezes, vemos artistas que exageram em gestos, isso dá a impressão de que a representação
artística fica em segundo plano, e o amaneirado artista se sobrepõe. O que se quer ver na
arte é, justamente, a arte, assim, a subjetividade do artista cede lugar à objetividade da obra.
123
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
FONTE: <https://www.jornaldeuberaba.com.br/images/
noticias/8876/85f5c25e45c919bf35e8dfe48c1ad746.jpg>. Acesso em: 14 set. 2020.
124
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
tonal encontraria seus limites no século XX. Dessa forma, os sentimentos mais
básicos na música foram se ampliando, se é que se pode assim dizer, pois a
música, seguramente expressa, também não se pode explicar em palavras.
Quem quer que veja uma escultura de Canova, ouça uma sinfonia de
Mozart ou uma canção de Caetano Veloso, quem quer que leia um
romance de Stendhal ou uma poesia de Rimbaud, quem quer que
assista a uma representação de Ésquilo ou de Shakespeare, participará
da alegria criativa desses grandes pensadores de felicidade, porque,
como já lembrei, uma obra de arte é uma alegria criada para sempre e
para todos (DE MASI, 2003, p. 705).
125
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
DICAS
Assim como não podemos considerar que tudo o que é feito pelo homem
seja obra de arte, não podemos considerar que todo som seja considerado
como música. Você pode, também, inverter essa ideia, por exemplo, se alguém
completamente leigo manusear e “tocar” um violoncelo, é capaz de fazer música?
O escritor Hans Joachim Koellreutter resume o conceito de música para “sistema
de signos sonoros, ou seja, linguagem” (KOELLREUTTER, 1990, p. 90). Talvez,
uma definição mais ampla como essa, acerca da música, resolva o embate
conceitual. Nesse sentido, Schafer (2011, p. 24) lembra que “quando as coisas
mudam, as definições também mudam. Talvez, a música tenha mudado, desde
que seu dicionário foi escrito. Talvez, quem sabe, um dia, um de vocês escreva um
dicionário e possa dar uma definição atualizada”.
126
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
Podemos, facilmente, fechar nossos olhos, assim, nada vemos, mas não é
possível fechar nossos ouvidos. Como alerta Schafer (2011), os ouvidos não têm
pálpebras, dessa forma, todo um repertório de ruídos compete com o foco da
atenção sonora, mas você pode focar sua atenção auditiva, a boa notícia. Para um
ouvinte educado musicalmente, elementos sutis são percebidos em uma sinfonia
de Brahms, por exemplo.
127
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Domenico de Masi
128
TÓPICO 3 — APRECIAÇÃO E CRÍTICA MUSICAL
violência racionalizante que elas sofreram pelo taylorismo e pelo fordismo. Por
sua própria natureza, a criatividade dá significado às coisas quando as descobre,
e dá corpo a um significado quando o inventa.
129
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
A criatividade é alegre. Por todos os motivos que dei e porque, por sua
vez, trazem alegria. Os criativos sabem disso e, por sua vez, gozam disso. Quem
quer que veja uma escultura de Canova, ouça uma sinfonia de Mozart ou uma
canção de Caetano Veloso, quem quer que leia um romance de Stendhal ou uma
poesia de Rimbaud, quem quer que assista a uma representação de Ésquilo ou
de Shakespeare, participará da alegria criativa desses grandes pensadores da
felicidade, porque, como já lembrei, uma obra de arte é uma alegria criada para
sempre e para todos. A mesma coisa vale para quem usa uma fórmula matemática
de Euclides ou de Galois, para quem voa em um supersônico aprimorado por
engenheiros geniais ou para quem usa um software criado por informáticos
precursores.
FONTE: DE MASI, D. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 702-705.
130
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma obra de arte é uma alegria criada para sempre e para todos.
CHAMADA
131
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Arte e beleza são coisas distintas, e, por isso, não possuem relação.
b) ( ) Coisas belas não podem ser úteis, pois o belo não tem relação com a
utilidade.
c) ( ) A beleza da arte reside em mostrar a forma, não o conteúdo.
d) ( ) A forma da obra de arte depende do material da apresentação.
132
I A música, seguramente, expressa também o que não se pode explicar com
palavras.
PORQUE
133
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
134
REFERÊNCIAS
CALDAS, W. Iniciação à música popular brasileira. 5. ed. São Paulo: Manole, 2010.
LAGO, S. Arte da regência: história, técnica e maestros. São Paulo: Algol, 2008.
135
UNIDADE 2 — HISTÓRIA, ESTRUTURA E CRÍTICA MUSICAL
136
UNIDADE 3 —
PRODUÇÃO MUSICAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
137
138
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o termo “produção musical” é utilizado, genericamente, para
se referir a uma grande quantidade de serviços e atividades relacionados ao
campo da música. Assim, é comum que cause certa confusão no que diz respeito
ao trabalho do produtor musical, mas não se preocupe, porque isso acontece até
mesmo com quem faz parte do meio artístico. Então, dividimos esta unidade em
dois grandes tópicos. O primeiro diz respeito à produção de eventos musicais, além
da cadeia produtiva; e segundo trata, mais especificamente, do gerenciamento e
da produção artística dos grupos musicais.
A grosso modo, com relação à produção no meio artístico, seja ela qual
for, é comum que esteja dividida em três grandes etapas: a pré-produção, que
envolve o planejamento das ações e contratação dos profissionais; a produção,
que diz respeito à execução daquilo que foi planejado, ou seja, o evento em si; e a
pós-produção, a finalização do evento.
139
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
2 PRÉ-PRODUÇÃO
Como já dito, a pré-produção envolve toda a parte de planejamento
do evento e a contratação dos profissionais. Um bom planejamento minimiza
os problemas e antecipa as ações, com o intuito de reduzir, ao máximo, as
preocupações para o dia do evento. É comum que toda essa responsabilidade
desperte determinadas sensações, como ansiedade ou nervosismo. Quanto mais
ações o produtor conseguir antecipar, menos estresse deve sofrer no dia da
execução daquilo que planejou.
É preciso conhecer as pessoas que você quer que estejam no evento, além
de definir suas características, faixa etária, condição financeira, capacidade de
deslocamento, preferências por moda, lazer, alimentação etc. O evento precisa se
adequar às pessoas que pretende receber.
140
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
2.2 ATRAÇÕES
Definir as atrações é uma tarefa difícil na produção de um evento
musical. Elas são o termômetro da festa e, possuem relação direta com o público-
alvo. Sabendo qual o público que se quer atingir, deve-se escolher as atrações,
observando o repertório e o tempo do show. É importante, também, investigar
o resultado dessas atrações em outros eventos, o público-alvo, quantas pessoas
costumam ir ao show, a estrutura necessária etc.
141
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
A escolha da data deve ser feita com muito cuidado, e ser também
pensada a partir do público-alvo. É preciso observar que dias da semana e em
que horários costumam acontecer eventos para esse tipo de público. A partir
disso, estipula-se uma data com prazo suficiente para realizar toda a preparação
e a divulgação do evento.
142
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
DICAS
Uma dica legal é acompanhar canais digitais, como o site Festivais do Brasil
(https://www.festivaisdobrasil.com.br/), que reúne informações de diversos eventos da
música pelo país. É possível acessar agendas de shows, concursos de música, contatos,
lojas virtuais etc.
143
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
2.6 COMERCIALIZAÇÃO
Basicamente, a comercialização de um evento deve ser tratada como
qualquer produto que queira atingir o mercado e chegar ao público. É importante
ter uma boa apresentação do produto, com preços compatíveis com o que oferece,
publicidade efetiva e locais estratégicos de comercialização.
144
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
NOTA
145
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
Camarins podem ser um item muito importante para uma boa organização
do evento. Permitem que as atrações possam se organizar, preparar seus
equipamentos antes de subir ao palco. Isso pode facilitar a troca de uma atração
para outra, não poluindo o palco com objetos em demasia, caso tenham muitas
atrações. Os camarins também deixam os profissionais mais à vontade, pois é
um lugar onde podem fazer aquecimento e ter um pouco de privacidade, para
se prepararem para o show. Os músicos costumam avaliar muito bem os eventos
quando a equipe de produção disponibilizou um camarim. Não necessariamente
os camarins precisam ter uma grande estrutura, mas devem permitir um pouco de
privacidade, e que os músicos possam guardar os equipamentos com segurança.
146
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
Serviços de bar e cozinha podem ser uma dor de cabeça se não forem bem
organizados. Grandes filas para o atendimento, preços exorbitantes, produtos de
má qualidade, estoque insuficiente, itens que não condizem com o público-alvo
são questões que pesam negativamente na avaliação de um evento. Nesse aspecto,
conhecer o público-alvo e saber o que consome são fundamentais para atender
bem. Portanto, é importante escolher bem que tipo de serviço deve oferecer.
147
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
2.8 PRODUÇÃO
A pré-produção, como vimos anteriormente, envolve uma grande rede
de profissionais, estes que fazem com que o evento aconteça, mas é na fase
da produção que a maioria desses profissionais está trabalhando, atuando
ao mesmo tempo e exigindo certo sincronismo. A produção é o momento do
evento em si, a ação daquilo que foi planejado e, normalmente, o momento mais
trabalhoso do produtor.
148
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
DICAS
149
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
150
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
3 PÓS-PRODUÇÃO
Mesmo com o fim do evento, o trabalho do produtor ainda não terminou.
A partir daqui, iniciam-se as tarefas de pós-produção. Essas tarefas dizem respeito
às estruturas e espaços que foram utilizados, limpeza do lugar, balanço do evento
e pagamento dos profissionais e prestadores de serviço.
DICAS
151
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
152
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
FONTE: O autor
153
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
da estrutura, outros serviços podem dar mais visibilidade ao evento, com mais
pessoas envolvidas. Entram expositores de marcas ou serviços que possam
estabelecer uma boa relação e que queiram fazer parte do evento.
3.4 DOCUMENTAÇÃO
Durante a pré-produção do evento, diversos contratos são assinados com
empresas prestadoras de serviço, com as atrações e outros profissionais. Essa
documentação deve ser devidamente organizada e arquivada. Caso o espaço
físico para o armazenamento seja um problema, é possível digitalizar todo o
conteúdo, além de mantê-lo em um computador ou em outro meio. Esse material
pode ser importante para consulta em futuros eventos, servindo como exemplo
ou guia das próximas ações.
154
TÓPICO 1 — PRODUÇÃO DE EVENTOS MUSICAIS
As redes sociais são ferramentas que ajudam diante das reações do público
em relação ao evento. Isso pode ser feito a partir dos links compartilhados pela
produção e páginas oficiais, além de utilizar palavras-chave que possuem relação
com o evento. Alguns recursos virtuais ajudam a levantar essas informações,
como o Google Analytics, que tem a capacidade de mapear o comportamento dos
consumidores antes, durante e depois do evento.
DICAS
Para saber mais acerca dos diferentes tipos de eventos, você pode fazer a
leitura dos livros de Marlene Matias, Organização de Eventos – Procedimentos e Técnicas
(2007) ou de Carmen Zitta, Organização de Eventos – Entre a Ideia e a Realidade (2013),
entre outros citados anteriormente e listados nas referências.
155
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
156
AUTOATIVIDADE
( ) Cerimonial de abertura.
( ) Captação de recursos.
( ) Comercialização de ingressos.
( ) Divulgação do evento.
157
158
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Como já dito no tópico anterior, a produção, no campo da música, envolve
diferentes atividades e áreas de atuação. A produção musical, basicamente, pode
se referir ao gerenciamento executivo de bandas ou à produção artística nos
arranjos e gravações das músicas. Abordaremos essa gama de funcionalidades
no decorrer deste tópico, com o intuito de compreender os diversos meios de
produção e difusão no meio musical.
2 PRÉ-PRODUÇÃO
Assim como qualquer outro ramo de trabalho, o reconhecimento
profissional, no campo da música, necessita de muito estudo e planejamento.
Um grupo musical que queira trabalhar profissionalmente precisa ser bem
organizado, e buscar atingir um público-alvo, como qualquer outro produto do
mercado. Infelizmente, muitos trabalhadores da música atuam na informalidade,
o que, de certa forma, dificulta a própria atividade. Outros, por sua vez, dividem
a música com outro trabalho formal, limitando a atuação no mercado.
159
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
Deve-se, também, pensar nas questões dos arranjos. No caso das canções,
uma tonalidade confortável para os cantores é preponderante para manter a saúde
da voz e a qualidade de um show. A partir da formação do grupo e dos arranjos
no repertório, é possível estabelecer uma identidade, uma forma característica
160
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
2.3 ENSAIOS
Os ensaios são parte importante do trabalho de um grupo musical. Assim
como no esporte, em que um bom time precisa de muito treino, no ramo musical
não é diferente. Um grupo musical precisa de muito ensaio, tocar junto, para
que haja entrosamento, além de naturalidade na execução. Os ensaios costumam
ser semanais, quantas vezes for preciso fazer. Grupos profissionais costumam
ensaiar até cinco vezes por semana, de segunda-feira até sexta-feira, como em
qualquer outro trabalho.
161
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
FONTE: O autor
Em anexo ao mapa de palco, é comum ser utilizado o rider técnico (ou input
list). Trata-se de uma tabela com a lista de entrada dos canais que serão utilizados
no sistema de som. Em ordem, está cada instrumento ou equipamento do palco,
além dos efeitos que devem existir em cada canal. O prestador de serviço de som
faz a montagem dos equipamentos de acordo com essa lista, e caso a banda tenha
um técnico de som, pode operar o sistema sem problemas.
162
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
entre uma fonte sonora e a mesa ou caixa de som. Aqui, o DI é utilizado para ligar o
violão, teclado e computador na mesa de som, e, o contrabaixo, no respectivo cubo.
É possível observar que, no mapa de palco e no rider técnico, a “Voz 1” possui uma
estrela ao lado, sinalizando que é o vocalista principal.
FONTE: O autor
3 PRODUÇÃO MUSICAL
Nos dias atuais, a produção de um grupo musical envolve uma série de
materiais de mídia que devem ser utilizados para divulgação e comercialização
do trabalho. Com os recursos tecnológicos, desde ferramentas às redes sociais, a
necessidade de produção desses materiais se tornou mais rápida e exigente.
163
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
164
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
165
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
166
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
167
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
168
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
Outra questão é que o artista não deve esperar que os contratantes façam
contato. É preciso botar o pé na estrada, além de correr atrás dos donos de casas
de shows, organizadores de eventos, produtores e demais profissionais do
meio. Cada um desses profissionais possui suas particularidades na dinâmica
de trabalho. No caso de casas de shows, por exemplo, evite fazer contato com o
proprietário quando a casa está cheia. Chegue mais cedo, quando o local ainda
está vazio, ou marque um horário.
3.6 CACHÊ
O cachê é um dos assuntos mais delicados do meio artístico, e muito
discutido por diversos profissionais do meio. Enquanto artistas reconhecidos
nacionalmente conseguem cobrar valores altos, outros profissionais da música
de alcance regional têm dificuldades de estabelecer um valor minimamente
condizente com o esforço. Isso pode gerar, por exemplo, um abismo de valores
entre shows de abertura e a atração principal.
169
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
Cada profissional deve saber quanto vale o seu cachê. Entretanto, quando
se trata de cachê, além de uma comissão, entram, na conta, o tempo de estudo,
aquisição e manutenção de equipamentos, a alimentação e o deslocamento para
ensaios e shows. No caso de grupos musicais, o cachê precisa ser dividido, de
forma coerente, entre todos. Como em qualquer ramo de trabalho, um profissional
reconhecido é um profissional bem pago.
170
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
4 PRODUÇÃO FONOGRÁFICA
A produção fonográfica diz respeito a um conjunto de atividades
relacionadas ao processo de gravação e produção de áudio. É um ramo da música
que se desdobra em diversos eixos de atuação e com diferentes tipos de mídia.
Nos dias atuais, é um mercado de trabalho que movimenta, significativamente, a
economia da indústria cultural no mundo.
FONTE: <http://soundbeat.org/wp-content/uploads/2013/01/Screen-Shot-2013-01-13-at-12.28.
30-PM1.png>. Acesso em: 29 jun. 2020.
171
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://soundbeat.org/wp-content/uploads/2013/01/vibroscope-1024x808.png>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
FONTE: <http://soundbeat.org/wp-content/uploads/2013/01/Phonautograph.jpg>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
172
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
FONTE: <http://soundbeat.org/wp-content/uploads/2013/01/Screen-Shot-2013-01-13-at-5.31.
03-PM.png>. Acesso em: 29 jun. 2020.
DICAS
Em 12 de agosto de 1877, Edison gravou sua voz ao recitar Mary Had a Little
Lamb (Maria Teve um Cordeirinho), canção do folclore infantil. No dia 21 de novembro do
mesmo ano, Edison fez a primeira apresentação pública do fonógrafo. Você pode ouvir a
gravação em: https://www.youtube.com/watch?v=PRJpn02crbI.
173
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://soundbeat.org/wp-content/uploads/2013/01/Graphophone.png>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
174
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
laca e permitiam duas gravações, uma de cada lado, com velocidade de 78rpm.
Dominou o mercado a partir de 1910, permanecendo como a principal mídia
fonográfica até o início da década de 1950 (KITTLER, 1999).
DICAS
Em 1927, The Jazz Singer, dirigido por Alan Crosland, foi o primeiro longa-
metragem da história do cinema a sincronizar fala e música. Nas sessões de cinema,
utilizava-se o áudio gravado em um disco de gramofone. No trecho a seguir, será possível
perceber, em alguns momentos, a narração acompanhada do som de uma orquestra:
https://www.youtube.com/watch?v=mW6GfJ5Tvms.
175
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
176
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
177
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
DICAS
Em 1972 e 1973, a banda britânica Pink Floyd gravou o disco The Dark Side of
the Moon, no Abbey Road Studios, em Londres. O álbum foi produzido com as melhores
técnicas e equipamentos de captação da época. Vendeu mais de 15 milhões de cópias, e
é considerado o ápice da gravação analógica, sendo até hoje utilizado como modelo para
testes em equipamentos sonoros. Em 2003, a banda lançou um documentário a respeito da
produção do álbum com imagens da época e entrevistas recentes. O vídeo pode ser visto
no canal oficial do Pink Floyd no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=dj4_-kh-Kpg.
178
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
179
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
180
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
181
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
182
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
FONTE: <https://i0.wp.com/www.gearank.com/sites/default/files/mic-polar-pattern-cardioid.
png?w=1260&ssl=1>. Acesso em: 29 jun. 2020.
183
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
FONTE: <https://i1.wp.com/www.gearank.com/sites/default/files/mic-polar_pattern_
supercardioid.png?w=1260&ssl=1>. Acesso em: 29 jun. 2020.
FONTE: <https://i0.wp.com/www.gearank.com/sites/default/files/mic-polar_pattern_
hypercardioid.png?w=1260&ssl=1/>. Acesso em: 29 jun. 2020.
184
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
FONTE: <https://i0.wp.com/www.gearank.com/sites/default/files/mic-polar_pattern_
omnidirectional.png?w=1260&ssl=1>. Acesso em: 29 jun. 2020.
185
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
FONTE: <https://www.gearank.com/sites/default/files/Origin-Cardioid-20dBsquared.png>.
Acesso em: 29 jun. 2020.
186
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
FONTE: <https://i0.wp.com/www.gearank.com/sites/default/files/mic-polar-pattern-cardioid.
png?w=1260&ssl=1>. Acesso em: 29 jun. 2020.
4.3 ARRANJO
O trabalho em estúdio exige uma grande preocupação com o arranjo
das músicas. Assim, é importante que o grupo musical tenha feito uma boa pré-
produção, definindo a estrutura de cada música, além da tonalidade e velocidade
(bpm), agilizando o trabalho em estúdio. Normalmente, estúdios fonográficos
cobram por hora de serviço, então, quanto mais resolvidos estiverem os arranjos,
menor o custo de produção.
187
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
188
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
qual se localiza a esteira, com um microfone que suporte pressão. Isso permite
que, na mixagem, possa-se equilibrar os volumes da pele batedeira e da esteira.
Para o bumbo, são usados microfones específicos, com capacidade para captar
frequências mais graves. É comum ser utilizado mais de um microfone para a
captação do bumbo, sejam cardioides ou condensadores, um localizado dentro
do tambor e, o outro, à frente da pele de resposta, permitindo a captação de toda
a gama de frequências que um tambor grande pode ter. Para o chimbal e pratos,
utilizam-se microfones condensadores de diafragma pequeno, por suportarem
grande pressão sonora. Um microfone é posicionado sobre o chimbal, apontado
para ele, e mais dois microfones no alto, com certa distância dos pratos (também
chamados de “overs”), para haver a simulação do som estéreo. É costume utilizar
dois microfones de grande diafragma afastados da bateria, para captar o som da
sala, fazendo com que a bateria soe mais natural. Assim, a captação da bateria
comum pode utilizar, facilmente, mais de 10 microfones por sessão.
189
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
190
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
191
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
O blog do músico Fabio Mazzeu tem um artigo com várias dicas de tratamento
acústico: http://fabiomazzeu.com/tratamento-acustico-para-home-studio/. Há um texto
específico a respeito do bass trap que é bem resumido e muito instrutivo, vale a pena
conferir: http://fabiomazzeu.com/o-que-e-bass-trap-para-que-serve/.
192
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
5 PÓS-PRODUÇÃO
A pós-produção de um disco concentra os trabalhos realizados após
a gravação e edição das pistas. A partir daqui o trabalho envolve outros
profissionais e serviços de conhecimentos específicos e essenciais para a
qualidade do trabalho final. Basicamente, pós-produções se referem ao processo
de mixagem, sendo feito o equilíbrio dos volumes, a masterização, que faz
um último trabalho de organização do áudio, além da prensagem do disco,
responsável por produzir e gravar a mídia final.
5.1 MIXAGEM
A mixagem é a combinação de todas as pistas de áudio, gerando uma cena
final de tudo que está gravado. Passa pelo equilíbrio dos volumes, timbragem
e paneamento das pistas de áudio. Normalmente, é feita por um profissional
específico, que não participou do processo de produção, permitindo uma nova
opinião a respeito da gravação feita.
193
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
5.2 MASTERIZAÇÃO
Como o próprio nome sugere, a masterização é a produção de uma máster
(ou matriz) de um fonograma, é a versão final a partir da qual serão produzidas
todas as cópias. É o último equilíbrio dos volumes e do estéreo, otimizando o som
para um padrão de excelência, para que possa ser executado nos mais diversos
equipamentos. Esse processo evita que uma música fique mais baixa quando
tocar em uma rádio, por exemplo, ou que esteja alta demais, a ponto de distorcer
algum equipamento.
5.3 PRENSAGEM
Da masterização, os arquivos de áudio são enviados com o material visual
para a prensagem final da mídia, que, hoje, é feita, principalmente, em CD. As
empresas que prestam esse tipo de serviço e atendem, normalmente, trabalham
com tiragem mínima de 500 ou 1.000 cópias. Entretanto, existem empresas
especializadas em tiragens de quantidades menores e de produção mais simples.
194
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
Mesmo com o domínio das mídias digitais, o disco de vinil ainda possui
espaço no mercado de prensagem de mídias de áudio. Existem diversas empresas
pelo mundo que ainda produzem esse tipo de formato, inclusive, no Brasil. Caso
o artista tenha interesse na produção de diferentes mídias, é possível pensar em
um projeto artístico de capa que permita se adequar.
5.5 COMERCIALIZAÇÃO
É comum que as pessoas acreditem que a comercialização de uma obra
musical é a parte mais fácil da pós-produção. Entretanto, não é tão simples como
parece, exige grande articulação da equipe de produção, além de determinados
investimentos. Existem empresas de transportes especializadas em distribuir
CDs, por exemplo, mas é comum que o artista fique com uma porcentagem tão
pequena dos lucros que mal pagam a produção. Ainda, é muito comum artistas
fazerem vendas on-line, além de utilizarem serviços de correio para distribuição,
gerando custo de transporte.
195
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
DICAS
196
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
Cecília Cury
1. SEJA ORGANIZADO
197
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
3. TENHA DISPOSIÇÃO
6. OBTENHA PATROCÍNIOS
198
TÓPICO 2 — PRODUÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS
Mesmo que, para você, a festa tenha sido incrível, procure saber o que os
demais envolvidos (público, equipes de trabalho, fornecedores, artistas) acharam
do evento. Dessa forma, você saberá quais foram os pontos positivos, para buscar
mantê-los, e corrigirá os pontos negativos para os próximos eventos.
199
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
Com o borderô, você terá uma visão ampla do evento, analisará os gastos
desnecessários, saberá se sua administração foi organizada e se a receita foi
positiva.
200
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
201
AUTOATIVIDADE
( ) Microfone de fita.
( ) Microfone condensador de cápsula grande.
( ) Microfone cardioide.
( ) Microfone omni.
( ) Microfone condensador de cápsula pequena.
202
REFERÊNCIAS
ALVAREZ, M. G. A estereofonia digital: uma abordagem sobre a técnica, o
padrão e a linguagem sonora cinematográfica norte-americana no período de
1991 a 2001. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007.
STERNE, J. MP3: the meaning of a format. Londres: Duke University Press, 2012.
203
UNIDADE 3 — PRODUÇÃO MUSICAL
204