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Cesário Verde

Lisboa estava num período de transição entre


o romantismo e o relismo,

As coisas deixaram de ser tão descritas


emocionalmente e a escrita baseou se mais
nos detalhes da natureza e da vida quotidiana
tanto que dava quase para fazer uma pintura.

Fase industrial- cheirava a fumo

Crítica social- burguesia

Escrita rejeitada no seu tempo pq descrevia as


mulheres de forma banal, n era assim no
tempo dele

Recorre mt aos sentidos visuais e olfativos

Impressionismo pintar o real

O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL


Personagens Burguesas Negativas (gente favorecida pela sorte, ou andando na sua roda e vivendo à sua
custa):
dois dentistas, os comerciantes, os frequentadores dos hotéis da moda, a mulher de "dom", as modistas
das casas
de confecções e moda (inferidas), os ourives (inferidas), as elegantes, as burguesinhas do catolicismo, a
pessoa
lúbrica, a velha de bandos, os
mecklemburgueses
, os clientes e os caixeiros.
- Personagens de Regulação Social (representantes da manutenção da situação vigente, não sendo
apresentados
em si mesmos, na sua realidade humana, mas na função que desempenham, do lado dos favorecidos da
sorte e da
vida): os soldados (sombrios e espectrais, recolhem ao Quartel), as patrulhas a cavalo e a pé (saem dos
Quartéis,
espalham-se por toda a capital), os guardas (revistam as escadas, caminham de lanterna, carregados de
chaves),
os padres e a sua influência ancestral na sociedade.
- Personagens Conscientes e Sensíveis (conhecedores da realidade vigente, o Poeta e quantos se solidarizam
com
ele, que vivem a realidade do vale escuro das muralhas, sem árvores, entre folhas de navalhas e gritos de socorro
estrangulados, na treva, mas nada podem fazer): os
emparedados
.
- Personagens de Compensação (servem de escape à tensão desencadeada pelo grau crescente de consciência
que
afecta o Poeta: personagens de evasão (mouros, heróis ressuscitados, Camões a salvar
Os Lusíadas
a nado),
personagens visionadas (as vítimas da repressão da Igreja, os frequentadores da catedral visionada, as freiras de
antigamente, as esposas, filhos, mães e irmãs estremecidas, a raça ruiva do porvir, os avós com as suas frotas,
os
nómadas ardentes), personagens imaginadas (os astros personificados, solidários com os homens conscientes,
chorando lágrimas de luz), personagem da memória (uma paixão defunta).
Numa antevisão de como virão a proceder, nos ainda distantes anos 30 e 40 do século seguinte, o neo-realismo,
e,
um pouco mais tarde, o existencialismo, o Poeta/narrador apresenta as personagens da sua história de um
modo
perfeitamente organizado, em termos de consciência.
Ele configura a dialéctica social entre desfavorecidos e favorecidos, cada um sofrendo de inconsciência à sua
maneira, com os poderes político e religioso a garantirem a continuidade da situação vigente, e os
emparedados
nada podendo fazer contra isso, a não ser contrapor consciência à inconsciência e sonhar vitórias futuras, de
certa
maneira preparando o terreno para que, quando o tempo chegar, a transformação desejada se torne
possível.
Essa consciência, por parte do Poeta/narrador, reflecte-se através de estados de alma diversificados.
O Poeta deseja-se alguém que não morresse nunca, qual Sísifo que, de existência eterna, estivesse condenado
a
renovar continuamente o trabalho-sonho que tem em mãos, nunca susceptível de ser concluído, dada a
finalidade
de renovação do mundo, a que se propõe, e o jogo constante entre o pessimismo e a esperança que
caracterizam
as realizações humanas.
São sentimentos directa ou indirectamente verificados:
Soturnidade e melancolia. Desejo absurdo de sofrer. Enjoo pelo gás extravasado. Tristeza provocada pela cor
monótona e londrina. Felicidade pelos que partem e infelicidade pelos que ficam. Desejo de viajar entre
capitais
europeias. Sentimento de que a felicidade só está onde não se está. Ensimesmamento, na deambulação a
esmo
pelos espaços da cidade. Ânsia de evasão. Inspiração e incómodo pelo cair da tarde. Simpatia pelos
desfavorecidos
e hostilidade pelos bafejados da sorte. Comiseração com a vida das varinas, cujo naufrágio futuro dos filhos
se
antevê. Mortificação e loucura pelo tocar às grades, nas cadeias. Pena pelas velhinhas e crianças que se
recolhem
ao aljube. Morbidez (a pontos de desconfiar de um aneurisma).
Tristeza, pela vida na velha Sé, junto às Cruzes.
Antipatia por igrejas e clero, devido às suas práticas opressoras, passadas e presentes. Consideração pela
História
(evasão da realidade que dói, embora nem sempre para motivos felizes). Sentimento de estar "murado".
Desejo de
dar resposta a problemas do presente com soluções do passado. Sensibilidade pelo sofrimento das pessoas
que
sofrem de cólera e febre. Sentimento de pouca simpatia pelos soldados. Sensibilidade pelas contradições e
afrontas
sociais. Nostalgia pela Idade Média (evasão). Comiseração pela tristeza da cidade. Repulsa perante
favorecidos e
sobressalto perante aqueles que a vida não favoreceu.
Reprovação das modas estrangeiras. Sensibilidade para com os quadros revoltados da cidade.

SINESTESIA MT PRESENTE
NUM BAIRRO MODERNO
DE TARDE
O poema ‘De tarde’ de Cesário Verde é uma obra realista e impressionista: é à impressão
visual que é atribuída a maior importância, assim como às condições de observação e ao
quotidiano.
Este texto tem como tema o retrato de um pic-nic no campo. O sujeito poético desloca-se
até ao campo onde começa a avistar as burguesas, que de imediato o fazem lembrar uma
pintura de aguarela- tal facto remete-nos para uma sensação de cor, ou seja, uma sensação
visual.
Logo a seguir o sujeito poético vê um “tu” que vai descendo do burrico e que entretanto
colhe “um ramalhete rubro de papoulas”. Nesta quadra ele traduz bem a sua ideia de
campo, apresentando-nos a natureza como fonte de alegria e paz.
Cesário ao usar o gerúndio (“descendo”) faz transmitir a ideia de movimento da figura
feminina naquele momento.
Nesta estrofe (2ª) este usa a aliteração em “granzoal azul grão de bico” e em “ramalhete
rubro” para valorizar a ideia de campo.
De seguida o eu poético faz uma pequena descrição dos elementos que compõem a
merenda, através de alguns substantivos e de enumerações (“talhadas de melão,
damascos”, “pão de ló molhado em malvasia”) onde frisa o erotismo dos frutos e do resto
da comida, através de sensações visuais e gustativas.
Na última quadra, Cesário Verde inicia a frase com uma conjunção coordenativa
adversativa que confere a ideia de que o poeta esqueceu o pic-nin por um bocado e se
concentra na mulher que lhe provoca vários sentimentos e que é portadora de uma grande
sensualidade «Mas, todo púrpura, a sair da renda, dos teus seios como duas rolas», usando
aqui a comparação.
O poema termina com uma frase exclamativa que pretende transpor-nos aquilo que o
sujeito poético reteve do pic-nic, ou seja, essencialmente a beleza erótica daquela figura
feminina; é  esta mulher que vai provocando um turbilhão de ideias na cabeça do sujeito
poetico.
Nesta os dois seios remetem para a sensualidade da mulher, destaca-se muito a cor
vermelha  «rubro» que nos remete para a vida sanguínea mas também para para o calor
dos seios da figura feminina, metonimicamente deslocados para as papoulas.
Através da observação do sujeito poético e do que se vai passando ao longo do poema é
como se este fosse pintando o quadro e nos fosse mostrando toda esta historia, através do
poema e do quadro ao mesmo tempo, assim a subjectividade do discurso lírico aproximado
da aguarela justifica a sugestão inicial do paralelismo entra o literário e o pictórico.
Assim durante toda a composição poética, o sujeito poético utiliza palavras e frases que
nos transportam para a ideia de cor, como por exemplo:”granzoal azul”, “ramalhete rubro
de papoulas”, “indo o sol se via”, “todo purpura” entra outros.
O que podemos concluir, sumária e resumidamente, neste texto é o facto de Cesário Verde
apreciar a Natureza de forma única, descrevendo-a minunciosamente e embelezando-a
ainda mais com as suas palavras.

A DEBIL
Este poema põe em relevo uma figura feminina que escapa à típica mulher citadina, mas também
à mulher que surge no espaço rural.
O sujeito serve-se de um conjunto de signos que contribuem para caracterizar a mulher: "bela,
frágil, assustada, recatada, honesta, fraca, natural, dócil, recolhida", remetendo para o seu
retrato moral. Já os vocábulos "loura, de corpo alegre e brando, cintura estreita, adorável, com
elegância e sem ostentação, esbelta e fina, ténue" remetem para o seu aspecto físico.
Por outro lado, o sujeito lírico considera-se "feio, sólido, leal; sente-se prestável, bom e saudável
quando a vê, ao ponto de desejar beijá-la. Afirma ainda ser "hábil, prático e viril", ou seja, com
força suficiente para a socorrer quando ela precisar.
Para além da figura feminina, o sujeito poético refere ainda os espaços citadinos como o café, o
largo, as ruas, caracterizando-os de forma negativa, chamando ao café "devasso"; do largo destaca
o pedestal e das ruas a agitação que nelas se verifica. Nestes espaços movimentam-se figuras
sórdidas, que ele caracteriza por " turba ruidosa, negra" e por " uma chusma de padres de batina".
Isto significa que o local urbano em que se encontra se presta à movimentação mesquinha destes
seres escuros que permitem destacar a fragilidade da jovem como a única capaz de clarear estes
locais, torná-los mais brilhantes e mais atractivos ao sujeito lírico.
Com o intuito de evidenciar o contraste entre o espaço e a jovem senhora, o sujeito poético faz
referência ao ajuntamento, característico dos espaços urbanos, onde a agitação e a confusão
imperam. Sobressaem as diferentes classes sociais que se podiam encontrar no espaço citadino, o
que permite afirmar que a cidade era palco de vários seres que nele se movimentam, uns por
ociosidade, outros por obrigação, tal como seria normal numa cidade onde está a chegar a
industrialização e para onde acorrem os mais pobres, na expectativa de aí encontrarem melhores
condições de vida.
A luminosidade deste dia só é posta em evidência quando a figura feminina surge nos locais onde
anteriormente se moviam figuras conotadas com os aspectos negativos da cidade. Só a visão desta
mulher frágil e pura lhe possibilita uma visão mais positiva da realidade, estando aqui realçados o
tempo e o espaço psicológicos, ou seja, aqueles que se resultam do estado de espírito do sujeito
poético e da sua construção.
O sujeito lírico revela o receio de perder a mulher admirada, porque, "os corvos" a poderiam
arrancar daquele local, a ela que não passava de uma "pombinha tímida e quieta". Por isso, o
sujeito poético mostra-se capaz de a salvar, mesmo que seja a custo da sua própria vida,
mostrando-se protector da fragilidade e capaz de tudo para poder conservar aquela figura que o
fazia recordar a simplicidade do campo e das mulheres que o povoam.
Apesar da oposição que Cesário Verde costuma estabelecer entre a mulher do campo e a mulher
da cidade, a figura feminina que aqui é retratada é uma espécie de mistura, uma vez que o
retrato que dela traça está associado à mulher campesina, mas o espaço em que se movimenta é-
lhe estranho e, por, isso, esta sente-se perdida, a necessitar da protecção masculina. Trata-se de
uma mulher do campo que se sente desnorteada num espaço que não está adequado à sua
fragilidade.
Cesário Verde serve-se de um conjunto de processos que, também neste poema, podem ser
percepcionados. É o caso do vocabulário preciso e exacto e as imagens carregadas de visualismo
que dão uma visão perfeita das realidades visionadas. Além disso, percebe-se a objectividade que
imprime ao conteúdo, afastando-se, deste modo, do lirismo romântico. Para retratar fielmente a
realidade ou as figuras com que depara, o autor emprega a adjectivação e as frases preposicionais
de valor adverbial. Acresce ainda referir o uso das quadras e dos versos decassilábicos que
permitem uma maior aproximação à prosa.
Concluindo, este é um texto cheio de referências à realidade social, onde se percepciona a crítica
e a ironia de que Cesário Verde se serve e que reflectem o seu carácter subjectivo.

CRISTALIZAÇÕES

 Podemos encontrar, no entanto, três assuntos predominantes: o tempo meteorológico, os


calceteiros e a actriz, estando os dois primeiros presentes do princípio ao fim do poema.
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