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XCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 1º JUÍZO DA 5ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAXIAS DO SUL.

Processo n°: 00000000000000000000000000000

xxxxxxxxxxxxxxxxxx, já qualificado nos autos, por seus


procuradores signatários com escritório profissional na
Rua Sinimbu, n. º 1670, sala 501, Centro, em Caxias do
Sul - RS, vem respeitosamente perante Vossa Excelência
apresentar a presente:

CONTESTAÇÃO

nos autos da ação de Busca e Apreensão que lhe move


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pessoa
jurídica de direito privado, já qualificada, pelos seguintes
fatos e fundamentos que passa a expor:
RELATO FÁTICO

Alega o Autor, que firmou contrato de financiamento com o réu, e como


garantia alienou fiduciariamente um veículo automotor. Através do suposto contrato, o Autor
transferiu ao Réu o domínio resolúvel e a posse indireta do bem, tornando-o possuidor direto e
depositário fiel.

O Autor alega ainda, que o Réu está descumprindo o suposto contrato, sob o
fundamento de estar em débito, o que lhe confirmaria o direito de promover o ajuizamento da
AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO, com fulcro no Decreto Lei 911/69, objetivando retomar a
posse do veículo alienado fiduciariamente.

Ocorre que, não merece prosperar a presente Ação de Busca e Apreensão,


sobretudo, por não estar o Réu constituído em mora, ante as ilegalidades insertas em sua
notificação, bem como da ausência de comprovação da relação jurídica.

AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE CONSTITUIÇÃO E DE


DESENVOLVILMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO

A constituição em mora do devedor é requisito essencial ao prosseguimento


da Ação de Busca de Busca e Apreensão, assim reza o art. 2º e seguintes, bem como. art. 3º do
Decreto Lei nº 911/69.

Exigência da comprovação da mora, assegurada pelo § 2o do art. 2 do


mesmo diploma acima mencionado, tem como fim notificar e proporcionar ao devedor o direito
de efetuar o pagamento do débito, sem sofrer as consequências decorrentes de ato
expropriatório, objetivo claro desta ação de Busca e Apreensão.

Para que a notificação atinja sua finalidade é imprescindível que esta seja
realizada de forma válida e regular, resguardando assim, os princípios constitucionais da ampla
defesa e do contraditório.

Na hipótese ora em foco, consoante entendimento da jurisprudência, não foi


comprovado o esgotamento de todos os meios para localização do devedor, motivo pelo qual
não há o que se falar em constituição da mora da parte ré, restando inválidas as intimações por
edital, devendo ser extinta a ação de busca e apreensão de imediato.

De início, não se olvida que a comprovação da mora do devedor é requisito


indispensável à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente (Súmula 72 do STJ).
Partindo dessa premissa, a constituição em mora pode ser efetivada por
meio de notificação extrajudicial encaminhada pelo Cartório de Títulos e Documentos ou por
meio do protesto, a critério do credor, porém totalmente ignorada tais diligencias. .

DA AUSÊNCIA DE CONTRATO

Compulsando os autos da busca e apreensão, a parte ré observa com


perplexidade os documentos acostados. A cédula de crédito bancário descrito na inicial sequer
foi juntada, e, portanto, não há como comprovar que o devedor fiduciário foi devidamente
notificado, pois não há endereço passível de analise, não há também qualquer outra
comprovação que o devedor reside naquele endereço.

O documento sobre o qual paira a controvérsia não foi juntado, razão pela
qual o suposto inadimplemento das prestações ou o suposto contrato fora reputado vencido
antecipadamente decorre apenas pelas palavras, sem prova alguma dos fatos.

A instituição financeira não cumpriu com os requisitos necessários para


instrução do presente processo. Sua ânsia pelo “resgate” do bem alienado não pode sobrepor a
lei, nem aterrorizar o consumidor com uma ação vã.

De outro lado, descabe presumir que o consumidor tenha apenas um


contrato, como também, tenha sido notificado a respeito deste único contrato, desta forma, não é
possível atribuir à parte hipossuficiente o ônus de conhecer o descumprimento do contrato, eis
que sequer notificado.

Ademais, nos termos do Decreto-lei 911/69, no ponto em que modificou o


artigo 66 da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, já tinha por expressamente consignado que a
alienação fiduciária em garantia somente se prova por escrito e seu instrumento, público ou
particular, qualquer que seja o seu valor, será obrigatoriamente arquivado, por cópia ou
microfilme, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do credor.

O efeito prático do parágrafo pretérito é que A EXORDIAL É INEPTA,


máxime quando infringiu o que preceitua o art. 330, § 1º e seguintes do CPC, portanto, faz-se
necessário que a ação de busca e apreensão seja extinta, eis que ausente comprovação da
posse e a ausência de negociação.

Com efeito, o título de crédito do qual deriva o direito perseguido não


constitui mera prova documental cujo exame dá-se à verificação do seu conteúdo, mas, em face
do princípio da cartularidade, impõe-se a apresentação do original para evitar a modificação de
titularidade do direito creditício no curso da demanda.
Assim, para que o auto possa comprovar o direito de ver adimplido os valores
supostamente devidos, deve ter a posse do título revelador do seu crédito. Isso porque a
condição de credor de um título de crédito não é presumida, mas sim, deve ser comprovada. Tal
comprovação só se faz admissível com a posse da cártula original pelo credor, uma vez que os
títulos de crédito são constituídos com o objetivo de circulação.

Constata-se, portanto, a falta de uma das condições da ação de busca e


apreensão, consistindo em matéria de ordem pública que deve ser reconhecida a qualquer
tempo. Imperioso se faz, por todos os fundamentos apresentados, a extinção da presente ação
de busca e apreensão, como medida imprescindível à manutenção da segurança jurídica.

Diante dessas circunstâncias, no caso concreto não há certeza muito menos


condições de presumir de que a parte ré tenha sido notificada no endereço correto sobre o
suposto contrato descrito na inicial, pois sequer juntado e assim não é possível considerar que
tenha havido válida notificação ao consumidor muito menos inadimplência, o que acarreta a
invalidade da medida para fins de comprovação da mora.

Assim, não atendido os requisitos legais atinentes à efetiva comprovação da


mora, está ausente pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo, impõem-se inevitavelmente a extinção da ação de busca e apreensão fulcro no
art.485, inciso IV, CPC.

DOS PEDIDOS

Ex positis, REQUER:

Preliminarmente:

1.) A extinção do presente Ação de Busca e Apreensão sem resolução de


mérito de acordo com o art. 485, IV, do Código de Processo Civil de 2015; tendo em vista
ausência de contrato válido.

Entendendo Vossa Excelência pela apreciação do mérito, requer-se seja


julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE a presente ação, em todos os seus termos,
determinando para tanto:

a.) a manutenção da posse do bem objeto desta ação a parte ré em razão da


não constituição em mora, bem como ausência de contrato válido;

b.) a concessão do benefício da gratuidade da justiça;


c.) determinar que o Autor se abstenha de encaminhar o nome do Réu para
inscrição em órgãos de proteção do crédito e ainda, se digne determinar ao SERASA que não se
divulgue o nome da mesma nas listagens negativas;

e) a total improcedência da presente ação e ao fim a condenação do Autor ao


pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes arbitrados de acordo com
padrões deste juízo.

f) provar os fatos alegados na presente contestação por todos os meios de


provas em direito admitidas, em especial, a produção de prova pericial, testemunhal e
depoimento do representante do Autor.

ISTO POSTO, V. Exa., ater-se aos fatos narrados na Contestação ora


ofertada, a qual objetiva afastar e descaracterizar os termos constantes da Ação proposta pelo
Autor para ao final, ver reconhecida por sentença, os termos da presente defesa, por ser esta a
única e verdadeira expressão da JUSTIÇA.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Caxias do Sul 2 de outubro de 2022.

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