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1-Visto que Alberto pretendia adquiri nacionalidade portuguesa, combinou com Berta que se
casaria unicamente com essa finalidade.
2-Depois do casamento, descobriram que ambos eram filhos de Júlia, embora a maternidade
não estivesse estabelecida quanto a nenhum dos dois.
3-Descobriram que Carlos, que havia adotado Berta era pai biológico de Alberto
Neste caso, temos uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada. A
vontade real de Alberto e Berta não é prosseguir uma comunhão de vida, efetivada por
via da constituição do matrimónio, mas apenas o uso do instituto como meio de
obtenção da nacionalidade Portuguesa (artigo 3\1 da lei da nacionalidade dispõe que
quem esteja casado com nacional Português há mais de 3 anos pode adquirir
nacionalidade Portuguesa mediante declaração feita na constância do Matrimónio).
Vinculo que, de acordo com o artigo 1577 do Código Civil define-se o casamento como o
contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena
comunhão de vida.
Neste caso, ambas as partes declaram, dado as declarações terem sido válidas para a
constituição do vinculo, a aceitação de todos os efeitos do casamento, disposição prevista no
artigo 1618.
No entanto, sabemos que, as partes apenas se casaram com a finalidade, de Alberto obter a
nacionalidade Portuguesa.
Apesar, de não terem combinado expressamente que não aceitavam os efeitos do casamento,
sabemos que para que o consentimento aos efeitos do casamento fosse válido, este teria de
corresponder à sua vontade real, o que não acontece, pelo que se concluí que não houve uma
real aceitação dos efeitos do vínculo (não correspondia à vontade real), apenas uma
declaração de vontade que não corresponde à verdadeira vontade das partes.
Logo, concluo que se confirma houve simulação do casamento, e como esta incidiu sobre
todos os efeitos do casamento, não apenas parte destes, considero que estamos perante um
caso de simulação total, a qual poderá ser fundamento de anulabilidade do casamento, como
previsto no artigo 1635 d) CC.
No entanto, para anulação do casamento não basta a verificação da simulação, mas também
esta terá de ser invocada.
De acordo com o artigo 1640, a anulação por simulação apenas pode ser requerida pelos
cônjuges ou quaisquer pessoas prejudicadas pelo casamento.
Carlos, é apenas pai adotivo de Berta, logo não poderá fazer uso desta via para requer a
anulabilidade do casamento com o fundamento na simulação, salvo se fosse prejudicado pelo
vínculo em questão (por exemplo, pode pô-lo em concurso na sucessão, pelo que será
prejudicado).
2- Depois do casamento, descobriram que ambos eram filhos biológicos de Júlia, embora a
maternidade não estivesse estabelecida quanto a nenhum dos dois.
No entanto, apesar de tudo o que foi dito, temos que considerar que a maternidade não
está constituída quanto a nenhum dos dois.
Esta determina que pode ser feita prova da maternidade ou paternidade na ação de nulidade
ou anulabilidade do casamento.
De acordo com o artigo 1639, têm legitimidade para intentar a ação de anulação fundada no
impedimento dirimente, os cônjuges, ou qualquer parente deles na linha reta ou até ao 4º
grau da linha colateral, bem como herdeiros e adoptantes dos cônjuges e o MP.
Carlos é adoptante de Berta, um dos cônjuges, pelo que, em respeito com o previsto no 1639,
terá legitimidade para intentar ação de anulação do casamento fundada no impedimento
dirimente disposto no artigo 1602 c).
No entanto, para efeitos de sucesso do processo, terá de fazer prova de que ambos os
cônjuges são filhos de Juliana. Artigo 1643\c) prazo de 6 meses.
3- Descobriram que Carlos, que havia adotado Berta era pai biológico de Alberto.
Antes de tudo cabe sintetizar a natureza das relações entre os indivíduos em questão:
-Carlos tem filiação adotiva com Berta, fazendo dela sua filha adoptiva.
Tendo em conta isto, pergunta-se, se poderão estes factos ser fundamento para ação
de anulação do casamento?
Relativo, aos efeitos da constituição da relação adotiva, o artigo 1986\1, diz-nos que:
Pela adopção plena o adoptado adquire a situação de filho do adoptante e integra-se com
os seus descendentes na família deste, extinguindo-se as relações familiares entre o
adoptado e os seus ascendentes e colaterais naturais, sem prejuízo do disposto quanto a
impedimentos matrimoniais nos artigos 1602.º a 1604.
Isto significa que os artigos 1602, 1603 e 1604, aplicam-se às relações entre indivíduos
adotados e membros da família anterior.
Relativo ao Alberto, sabemos que há laços sanguíneos entre Carlos e este (Carlos é pai
biológico de Alberto), no entanto, teremos de manter presente que a paternidade de Carlos
não se encontra estabelecida.
Esta determina que pode ser feita prova da maternidade ou paternidade na ação de nulidade
ou anulabilidade do casamento.
Assim concluo que Carlos, Pai adoptivo de Beta poderá, dado ser um dos indivíduos previstos
no artigo 1639\1 com legitimidade para intentar a ação de anulação fundada em impedimento
dirimente, pedir a anulação do casamento entre esta e Alberto, uma vez que este é seu filho
biológico, contanto que prove, para efeitos da anulação do casamento (artigo 1603), a
paternidade de Alberto.
O objetivo é evitar que a filha adotiva e se case com quaisquer elementos da família adotiva.
No entanto, no caso do Alberto, este não seria membro da família adotiva de Berta.
Do ponto de vista jurídico, um membro, apenas de sangue, mas sem relação
juridicamente definida não é parte da família (tanto que não há nenhum dos deveres
e direitos recíprocos familiares relativamente aos membros da família de Carlos).
Não havendo qualquer relação sanguínea entre Berta e Alberto, e não havendo
qualquer relação familiar, em regra, juridicamente relevante entre a família desta e
ele, haveria fundamento para obstar ao seu casamento com este fundamento?