Sandy: Olá, todo mundo, quero agradecer também a todos os membros da ADC
por estarem aqui para este webinário. Acho que esse é número 4. Ainda
vamos ter mais alguns. Fizemos alguns de improviso nesse meio-tempo.
E quem vai guiar vocês hoje e dar esses insights é o Steve Sjuggerud,
editor e redator na Stansberry Research, que eu acho que todo mundo aqui
conhece. Eles publicam por volta de cem milhões de newsletters por ano,
são os maiores. E o Steve foi parte desse crescimento desde o primeiro
dia.
Há muitos, muitos anos - Steve, nem sei se você se lembra disso. A Agora
tinha reuniões que eles chamavam de reuniões de editores. Elas aconteciam
anualmente, e todos os editores das afiliadas se reuniam e levavam os
principais nomes das suas áreas. E nós analisávamos diversas táticas.
E no momento em que ele disse aquilo, eu posso dizer que todos os editores
na sala pegaram os celulares correndo, ligaram para o escritório e
disseram "de agora em diante todos os editores devem passar tudo que
escrevem pelo teste Flesch–Kincaid”.
Assim, essa coisa pequena ressoou pelas afiliadas da Agora, e é algo que
se ouve com frequência aqui na AWAI. E eu só queria agradecer ao Steve por
chamar atenção para isso. Foi um ótimo insight. E serve para mostrar o
quanto ele realmente entende esse negócio de escrever, e escrever e-
letters e newsletters especificamente. Então, Steve, vou deixar você
seguir a partir daqui.
Steve: Ok. Muito obrigada, Sandy. Isso foi muito legal da sua parte. E é
uma honra estar aqui. É uma honra ser convidado para estar junto com vocês
todos, a Sandy e a Katie Yeakle. A Katie me conhece desde que eu tinha 24
anos, começando no mercado. E a Sandy me conhece provavelmente desde que
eu tinha 26, quando me mudei para Baltimore. E eu era só um novato no
mercado. E a Sandy já era uma lenda.
Desculpem. Estou com um pouco de bronquite hoje. Vocês vão me ouvir tossir
um pouco, então já peço desculpas. Bom, voltando a essa história da
França, Sandy. É engraçado. É interessante, porque eu tinha vinte e poucos
anos quando me chamaram para falar nessa reunião de editores na França. E
as lendas do nosso mercado estariam lá. Sandy estaria lá. Katie Yeakle
estaria lá. Bill Bonner estaria lá. Mark Ford estaria lá. E o copywriter
lendário John Forde estaria lá.
E eles me pediram para falar e eu pensei: "Nossa, isso não faz o menor
sentido. Porque eles pediriam para esse redator de newsletters que acabou
de começar, falar?". E aí eu tive que sentar. Eu não sei se você sabe
dessa história por trás, Sandy.
Então, o estudo que eu fiz, acabou ficando ótimo, como você falou, porque
ele não tinha nada a ver com a qualidade das ideias. O teste Flesch–
Kincaid não fala sobre a qualidade das ideias de alguém. Ele só fala sobre
a legibilidade do que essa pessoa escreve.
Então, mesmo que as ideias fossem ruins, eles ainda tinham uma melhor taxa
de renovações. Basicamente, eles se tornaram os maiores redatores da nossa
área. Agora, claro, as ideias do Bill são ótimas. São a cereja do bolo.
Mas foi uma surpresa para mim sequer ter sido convidado, e foi uma honra.
Então tudo que eu venho fazendo é a mesma coisa desde o início. São três
coisas simples. Eu entrego uma história que chame atenção, uma
recomendação acionável, escrita de uma forma fácil de ler. Só isso. Se
vocês não tirarem mais nada daqui hoje, apenas lembrem-se dessas três
coisas: uma história que chame atenção, uma recomendação acionável e
escrita de forma legível.
E eu acho que a última parte é realmente onde ganhamos nosso dinheiro,
porque existem muitas ideias sobre investimento por aí. Mas a maioria
delas não é escrita de uma forma que sua mãe ou seu pai pudessem entender
caso você perguntasse "Mãe, você consegue entender isso aqui?” 99% das
vezes, eles vão dizer que não. Eu acho que essa é a característica
original que oferecemos.
A propósito, Sandy, se você ainda estiver aí, espero que você esteja na
ligação. Fique à vontade para...
Mas são três coisas que eu faço; uma história que chame atenção, uma
recomendação acionável, escrita de forma que permita uma leitura fluida.
Vamos então mergulhar nessas coisas um pouco mais fundo. Eu vou trazer um
exemplo recente muito específico para mim, e vamos analisá-lo daqui a
pouco.
E eu acho que muitos editores perdem isso. Todos nós temos egos. E
principalmente editores têm egos, e querem provar o quão inteligentes eles
são. Eles querem te mostrar todos os fatos possíveis sobre determinado
assunto. Mas as pessoas não gostam muito disso. Com o tempo, o combustível
acaba. Se não acaba imediatamente, acaba em algum momento.
O mais importante para você ter sempre em mente é que você precisa
entregar o que o leitor quer. Você precisa sentir a dor dele, falar sobre
os medos dele e atender às necessidades dele. E assim, você vai mantê-lo
como leitor.
Então eu acho que alguns dos maiores erros cometidos no mercado editorial
é querer parecer importante para si mesmo e não colocar o leitor em
primeiro lugar. Acho que é uma ideia bem simples. Mas eu vejo essa regra
ser quebrada o tempo todo.
Sandy: Steve, você pode repetir o que você disse antes? Como era, a parte
do informal, da visão pessoal? Você falou de um jeito legal...
Além disso, repito, você deve ser o mais sincero e pessoal possível ao
escrever. Eu não ia focar tanto nisso. Mas eu acho que parte do meu
sucesso, Sandy, é sempre ter sido sincero com meu cliente e com meu
leitor. Quando estamos errados, estamos errados. Não escondemos. Não
varremos para debaixo do tapete. Assumimos a culpa quando erramos,
assumimos nossos erros.
É possível perder um leitor no curto prazo se você disser “nossa, não faço
a menor ideia do que ele estava falando”. Mas, no longo prazo, você
desenvolve relacionamentos a longo prazo que levam a maiores taxas de
renovação. E você está de fato fazendo a coisa certa.
E, no fim das contas, quando você trata alguém da forma como você gostaria
de ser tratado, você acaba tendo maiores taxas de renovação. Então sempre
colocar o cliente em primeiro lugar e ser sincero até em relação aos seus
erros, eu acredito, tem sido um dos segredos do meu sucesso.
Steve: É comum ver pessoas conseguirem muitos clientes com uma headline
pobre, e depois perdem esses clientes quando não conseguem entregar o que
prometem. Um dos segredos da Stansberry Research que o Porter fez e que é
muito, muito difícil, mas o Porter já conseguiu entregar em cima de
headlines péssimas no copy. Mas é possível entregar sobre essas ideias no
meio editorial. E é extremamente desafiador encontrar essas ideias
incríveis que você realmente pode entregar em um editorial.
Então, a próxima ideia, outra surpresa secreta para você é que você
precisa de outra ótima ideia de investimento. É o momento de comprar
imóveis, ou seja qual for a sua ideia. E, sim, você precisa de uma ótima
história. Você precisa de um ótimo lead para atrair as pessoas. E, como
copywriters, tenho certeza de que vocês estão aprendendo isso muito bem.
Mas a surpresa é que essas duas coisas não precisam ser tão relacionadas
quanto normalmente se pensa. Seu lead não precisa ser sobre imóveis na
Flórida. Ele serve para vender suas grandes ideias. E, especificamente, às
vezes essa grande ideia pode ser técnica demais ou entediante. Então sua
ideia precisa ser a história mais forte possível. E às vezes o melhor
acaba sendo não ter sua história exatamente relacionada à sua ideia.
E espero que isso tenha feito sentido. Eu não estou tentando dar um aval
para ideias completamente sem nexo. Mas você precisa encontrar um jeito
chamativo de chegar. E, às vezes, ele pode ser uma espécie de tangente à
sua grande ideia.
Mas desde que você consiga ter uma golden thread que una todas essas
coisas, pode funcionar. E você vai ter concebido uma grande história e uma
grande ideia, que é o que você quer entregar. Então, é algo um pouco
peculiar, mas funciona.
Uma coisa que eu costumo ouvir é "Steve, as coisas que você escreve são
tão fáceis de ler”.
Então, o legal da escrita, é realmente ter tempo para polir suas palavras,
organizá-las, refletir sobre elas e refazer as coisas. E isso demanda
prática. Demanda escrita.
Sandy, eu dei uma olhada nas duas últimas DailyWealth, eu escrevi essas
duas. Uma dela teve 6 pontos e a outra, 4,4, o que eu, sinceramente, nem
sabia que era possível. Eu não olhava minhas pontuações de legibilidade
havia tempo. Mas a facilidade da leitura normalmente ficava na faixa dos
80%. Isso é alto, é bastante facilidade de leitura. É um nível de
pontuação bem baixo.
Mas não confunda o nível de pontuação com a qualidade das ideias. Ter uma
pontuação 4 significa apenas que foi bem fácil de ler. Eu normalmente
coloco duas frases em um parágrafo, com 10 palavras por frase, o que é
bem, bem fácil de ler.
Esse slide, inclusive, é um bom exemplo, não é? Veja como chegar lá.
Simplifique. Elimine palavras desnecessárias. Use palavras pequenas.
Escreva frases curtas.
Eu sei que minha sogra para de prestar atenção no instante em que você
começa a falar de números. E a melhor coisa a se fazer no lugar disso é
usar histórias.
E um jeito simples de se pensar nisso é que quem não faz costuma querer o
resultado final. Eles querem o bolo. Eles não querem a receita. Você só dá
o mínimo de números para mostrar que fez seu dever de casa, que você está
qualificado para fazer o bolo, digamos assim.
E isso vindo de um cara que tem um produto chamado called True Wealth
Systems, que é feito inteiramente de números. Mas as pessoas não querem se
comunicar por números. Histórias, histórias, histórias. Se você conseguir
resumir tudo a histórias, está no caminho certo.
Então, meu amigo Brian Hunt, que é um grande guru das newsletters, em vez
de dizer que a libra está supervalorizada em relação ao dólar na compra,
ele fala para o leitor que acabou de voltar da Inglaterra, onde ele teve
que pagar $60 por dois hambúrgueres e duas cocas. Esse exemplo simples faz
com que o leitor visualize instantaneamente a disparidade entre as duas
moedas.
Então, se você conseguir um exemplo desse tipo, $60 por dois hambúrgueres
e duas cocas, isso explica que a libra está mais valorizada, sem ter que
explicá-lo com detalhes técnicos. Isso explica melhor porque todo mundo
entende que isso é caro demais para dois hambúrgueres e duas cocas.
Esse aqui é o primeiro slide de uma palestra que eu dei em Las Vegas
algumas semanas atrás. Minha headline era: “Um jeito desconhecido de
comprar ações da empresa que vai se tornar a maior do mundo com um
desconto de 31% em relação ao preço corrente”.
Vamos então passar pelo teste dos 4 Us. Vocês certamente o conhecem. É
urgente? É ultra-específico? É original etc.? Parece ser uma headline
razoável. É uma headline longa. Mas que tem uma grande promessa.
Eu estou falando de uma empresa que vai se tornar a maior do mundo. Essa é
uma promessa enorme. Qual vai ser a maior empresa do mundo? E aí eu
compartilho uma forma de comprar ações dessa empresa com um desconto de
31% em relação ao preço corrente. Você não consegue simplesmente ir lá e
comprar ações da Apple com 31% de desconto em relação ao preço corrente.
Assim, eu vou compartilhar duas coisas com vocês.
Na China, eles não usam carteira, dinheiro ou números de celular. Eles não
usam bancos tradicionais. Eles usam o celular para tudo. Eles não assistem
televisão. Eles assistem o celular. Se querem assistir a um jogo da NBA,
eles assistem pelo celular. Se querem ver um filme em casa, é pelo
celular. Eles podem até transmitir via Chromecast para uma tela de TV.
Mas, se forem jogar um jogo, não usam um Xbox, por exemplo. Fazem isso
pelo celular. Tudo é feito pelo celular.
Mas, também com o WeChat, você pode pagar qualquer coisa. Se eu e você
pedimos uma pizza, pagamos o entregador pelo celular via WeChat. E aí, se
formos dividir a conta, você pode me dar metade do preço da pizza pelo
WeChat nos nossos celulares.
Basicamente, controla seu celular. Então, a empresa por trás disso tudo,
para mim, vai se tornar a maior empresa do mundo.
E é uma história louca. Eu não a contei tão bem quanto contei no slide
aqui. Mas, no meu slide na tela, a primeira linha diz “baixe o aplicativo
do WeChat, Steve”.
Foi o que Brendan Ahern me disse assim que aterrissamos em Pequim, então
esse é meu lead. Nós estávamos em Pequim, então aí está a credibilidade.
Mas eu estou in loco, em Pequim, com um gerente de fundo de investimento.
E coloquei tudo isso na minha primeira linha.
E eu respondi "por quê? Por que que preciso baixar o WeChat?" E falei
ainda “eu não preciso de outro aplicativo de mensagens. Não preciso de
outro Skype”. E ele disse “porque não dá para fazer nenhum negócio na
China sem o WeChat”. E bem na primeira reunião em que fomos, eu perguntei
para uma mulher, CEO de uma grande instituição financeira, se ela ainda
usava dinheiro em espécie. Ela disse que não. Que ela só usa uma vez por
mês para pagar o caixa do estacionamento. E, todo mês, ela briga com o
caixa do estacionamento dizendo que eles precisam aceitar WeChat porque
ela não quer ficar carregando dinheiro. É muito louco.
Steve: Então, o que eu prevejo é que a mesma coisa vai acontecer aqui nos
Estados Unidos, provavelmente daqui a uns cinco anos. O pagamento pelo
WeChat não existia na China até 2013. E agora estamos em 2016, e
praticamente não se usa mais dinheiro em espécie na China. Vai acontecer
aqui mais rápido do que se imagina. Mas essa é uma conversa para outro
dia.
Foi assim que eu criei a grande ideia. Aqui, eu pego a grande ideia, a
headline do copy e adiciono credibilidade. E eu digo que a Tencent já é a
décima maior empresa do mundo. Então não seria nenhuma surpresa se se
tornasse a maior do mundo. E os nove maiores nomes na frente dela já são
conhecidos por todos. Exxon, Apple e Johnson & Johnson.
Mas, diferentemente, esses outros grandes nomes como Exxon e Johnson &
Johnson não conseguem crescer tão rápido. Afinal, quantos Band-Aids ou
shampoos infantis podemos comprar? E, enquanto isso a receita da Tencent
está aumentando. As vendas subiram 52%. A receita subiu 47%. É um
crescimento de start-up, mas sendo a décima maior empresa do mundo.
A resposta mais objetiva para o que eu estou tentando dizer é que as ações
da Tencent controladas pela Naspers valem mais do que o preço de todas as
ações da Naspers juntas. E a Naspers tem por volta de cem outros negócios.
Então você pode comprar ações da Tencent com desconto comprando ações da
Naspers. E você ainda leva todas essas outras empresas de brinde.
Mas eu acho que é uma ideia que essa grande empresa de que ninguém nunca
ouviu falar vai ser tornar a maior empresa do mundo. E aí meu toque
especial foi uma forma de comprá-la com 31% de desconto. E é basicamente
isso que eu faço. Então esse foi o último slide, a recompensa. E, como
redator de newsletters, você precisa de uma recompensa.
Eu acho que uma das falhas dos redatores de newsletters é que eles... eu
procuro entregar uma ideia acionável em todas as edições. É muito, muito
raro eu deixar uma edição passar dizendo "poxa vida, não tinha nada de
especial para as comprarem essa aqui”.
Steve: Esses caras não tiveram o mesmo sucesso daqueles que estão todo mês
entregando ideias acionáveis.
Então, ao fim dessa palestra, isso aqui não é uma newsletter, mas é uma
palestra.
Esse é meu último slide. Foi apenas um resumo. A Tencent vai se tornar a
maior empresa do mundo daqui a cinco anos. E você pode ter uma ação dela
com um desconto de 31% através da Naspers.
Depois, eu especifiquei bastante como fazer isso, e você deve ser bastante
específico.
Aqui tem símbolos, e eu fiz uma recomendação bem específica, também. Use
uma ordem limite. A bolsa da África do Sul está fechada no horário da
bolsa dos EUA. Então não saia correndo para comprar nos EUA e fazer o
preço subir.
Eu acho que consegui entregar uma matéria que chama atenção. Lá estava eu
com meu insight informal de especialista. Eu estive em Pequim. Eu estive
em vários lugares da China. Eu estava lá investigando a matéria por mim
mesmo. Eu dei uma recomendação acionável original. E tudo escrito em
inglês claro. Muito, muito fácil de ler. Linguagem simples. E tudo
colocado de forma genuína.
Como eu falei ali embaixo, o último segredo é ser genuíno com o leitor e
com os fatos. E esse não só é o jeito certo de fazer as coisas, como
também é muito importante para manter os leitores a longo prazo, e não só
ocasionalmente.
Porque os leitores podem, no curto prazo, estar procurando apenas uma dica
de ação ou uma ideia rápida. Mas, no longo prazo, se você quiser mantê-
los, é muito importante desenvolver uma confiança genuína, o máximo que
você conseguir inserir na newsletter, porque isso leva a taxas de
renovação a longo prazo. E eu percebo que isso pesou muito para eu chegar
onde cheguei na minha carreira.
Tem algumas outras coisas que eu posso falar também, bastante coisa.
Sandy: Tem duas perguntas aqui, e eu tenho uma pergunta também. Mas a Amy
é membro da ADC e tem uma pergunta relacionada a algo que você disse
anteriormente na apresentação, sobre como uma ótima história e uma ótima
ideia não precisam estar relacionadas.
Quem já frequentou a Universidade de Flórida sabe que nunca tem vaga lá.
Então, em vez de tentar explicar aos leitores que agora é um ótimo momento
para comprar títulos municipais, o melhor é ensiná-los com esse tipo de
explicação. Talvez eu nem recomende a compra de títulos municipais do
estacionamento da Universidade da Flórida, porque a maioria das pessoas
não consegue comprá-los. Talvez eu recomende um fundo de títulos. Mas eu
não sei se esse é um exemplo muito bom. No fim das contas, eu estou
contando uma história sobre os estacionamentos da Universidade da Flórida,
que é um lugar com o qual eu tenho uma conexão pessoal. E explicar como se
pode ganhar dinheiro é muito melhor do que explicar o que são títulos
municipais, o que deixaria as pessoas morrendo de sono instantaneamente.
Mas uma coisa que eu posso dizer, e esse não foi um exemplo muito bom, é
que eu vejo muita gente escrevendo o lead em ordem cronológica.
E uma das primeiras matérias que recebemos foi sobre um cara que foi para
as Ilhas Galápagos. E ele quase morreu várias vezes. Ele foi sequestrado,
teve uma arma apontada para ele, foi vendado. E ele começou a matéria
sentado em um café, tentando decidir se deveria viajar. E o lead original
era péssimo, quando ele podia ter explorado outros muito melhores, ele
deveria ter começado pelo momento em que ele estava vendado e apontaram
uma arma para ele.
Teve também outro momento em que ele estava em um barco a dez metros da
superfície, se perguntando se ia morrer depois que o capitão precisou
desviar de uma onda gigante. E o barco deu um salto de quase 10 metros. E
eles caíram na água. Isso nas Ilhas Galápagos, sem ninguém por perto.
E eu não acredito que ele começou a matéria pelo café, e que precisou de
1000 palavras até chegar às duas experiências de quase morte. Mesmo no
editorial de newsletters, queremos começar no momento da verdade. Não
comece do começo da história. Comece no momento da verdade, e depois diga
o que aconteceu duas semanas antes, se for necessário. Então eu acho que
esse é um ponto fundamental para se ter um lead forte.
Steve: Então, como redator, e alguém que precisa ter ideias, infelizmente
não existe nenhum substituto para a leitura. Eu posso dizer com segurança
que, se eu não estou tendo nenhuma ideia, é porque eu não estou lendo o
suficiente.
Mas as ideias costumam aparecer para mim… Eu queria que tivesse uma
fórmula que eu pudesse passar para vocês. Mas a fórmula que funciona para
mim é ler muito. E seja ler na internet, livros, eu preciso estar sempre
lendo.
E aí, ontem no fim do dia, quando o escritório estava vazio e todo mundo
já tinha ido para casa, eu estava conseguindo pensar de forma mais clara,
e aí todo aquele dever de casa se fixou e “ah, tenho uma ideia”.
As ideias parecem vir até a gente quando nossa cabeça consegue pensar de
forma clara, seja às 5h da manhã, seja no banho ou quando o escritório
está vazio. Dificilmente acontece quando você está se forçando a ter a
ideia.
Ao mesmo tempo que o Stephen King está totalmente correto quando diz que:
“Das 8h ao meio dia, eu coloco meus dedos no teclado e começo a digitar”.
E minha inspiração sabe onde eu estarei das 8h ao meio dia. E, conforme eu
começo a digitar, as ideias vêm e alcançam meus dedos”. É também outra
maneira de fazer.
Você não pode simplesmente esperar ser atingido por uma ideia. Você
precisa colocar a mão na massa. E, de uma forma geral, você precisa ler e
escrever bastante. Não tem substituto para isso. A inspiração não aparece
simplesmente. Requer trabalho. Eu queria poder dar uma solução mais rápida
e direcionada ao copy.
Se você disser para a pessoa que quer espalhar a mensagem dela, você vai
ver, as pessoas querem muito passar informações delas para as outras. E
isso é útil quando se tem muitos leitores, porque você pode dizer "você
vai alcançar 100.000 pessoas com isso aqui”.
Mas mesmo que você esteja começando e disser que é um redator e quer
publicar a matéria da pessoa, ela vai estar surpreendentemente disposta a
falar sobre a experiência dela. E aí, você vai ter seu próprio insight
informal de especialista, e não simplesmente uma leitura de jornal ou a
cópia de uma estatística.
Então não tenha medo de pegar o telefone. Eu sei que é fácil mandar e-
mails. Mas se você fizer o esforço de pegar o telefone, às vezes você
consegue. Muitas vezes, você começa com a pessoa responsável pelo
relacionamento com investidores, se estivermos falando de uma empresa.
Você liga para o departamento de relacionamento com investidores. Mas lá
mesmo você já pode conseguir grande parte do que você está procurando. E,
seja qual for o assunto, não tenha medo de pegar o telefone e encontrar
especialistas, porque eles vão estar dispostos a falar.
Sandy: Isso é ótimo. É uma ótima ideia para quem não tem a possibilidade
de estar no lugar, pessoalmente.
Outra pergunta que apareceu foi sobre quando falamos que encontrar a
grande ideia requer muita leitura. Tem alguma coisa específica que você
leia com frequência e recomendaria nossos membros de lerem e se
familiarizarem também?
Steve: Ótima pergunta. Eu costumava ter uma lista enorme, agora nem tanto.
Porque, basicamente, o que você precisa fazer antes de mais nada é gerar
uma riqueza de conhecimento. Você precisa se educar.
Então, quando você for procurar livros, recomendo não procurar manuais
tradicionais. O mais importante é procurar pessoas que realmente tenham
alcançado o sucesso. Então alguns nomes que eu vejo atualmente, Jeffrey
Gundlach; que é chamado de Deus das Headlines atualmente. Mas o Jeff
Gundlach teve muitos sucessos nos últimos anos. E sempre vale a pena ler o
que ele escreve.
Steve: E uma última observação sobre esse assunto, tem um livro chamado
"Devil Take the Hindmost". Ele conta histórias de altas e quedas. E também
é ótimo para copywriters. Tem esse título porque conta histórias reais de
grandes altas e quedas do mercado, com uma visão de dentro que você nunca
vai ouvir em nenhum outro lugar.
Sandy: Ótimo. Eu tenho uma pergunta da Sherry. Como você chama essas
headlines? Você faz uma lista ou um brainstorming de um determinado número
de headlines antes de definir qual é o que você vai usar naquela edição?
Steve: Ótima pergunta. Eu diria que você deve... e vou ser sincero e dizer
que nem sempre faço isso, mas, faça o que eu digo e não o que faço.
Mas o melhor é criar a headline antes, porque, às vezes quando você começa
a escrever e começa a se dispersar, é porque você não tem uma direção. E a
headline basicamente ajuda a te direcionar. Ajuda a focar no seu objetivo.
Então tenha pelo menos uma headline temporária, que seja verdadeiro e siga
os headlines, os 4 Us. E, daí em diante, depois de completar sua escrita,
você pode voltar e desenvolver quatro ou cinco headlines, tentando
melhorar a que você fez de início.
E, como eu tenho certeza que vocês aprenderam, é bom que não só você
avalie essa headline, com base nos 4 Us ou em qual é a mais bonitinha, mas
procure opiniões de pessoas em quem você confia, três ou quatro pessoas, e
veja também qual elas preferem.
Elas dificilmente vão dizer "a headline 3 é a melhor de todas". Você vai
acabar com uma mistura de todas elas. Mas é bom ter outras pessoas para te
ajudarem a pensar fora da caixa.
Sandy: Legal. Temos mais uma pergunta sobre se deve haver um tratamento
diferente entre newsletters impressas e newsletters por e-mail. Você vê
alguma diferença entre o que é publicado online, por exemplo na sua e-
letter diária, e nas suas newsletters? Os conteúdos são tão diferentes
assim dependendo do meio em que são publicados?
Steve: Não, nem tanto. Eu diria que você deve dar o que o público quer.
Minhas e-letters podem ter menos informações técnicas do que a newsletter.
Mas o estilo de escrita é exatamente o mesmo.
E eu acho que até o princípio de ter uma grande ideia... uma das coisas
que eu vejo sempre que um novo redator começa a trabalhar com a gente, é
que eles geralmente não sabem qual é a boa ideia na escrita deles. Então
eles abordam várias ideias diferentes. Praticamente uma ideia nova por
parágrafo. E não dá para fazer isso.
Você precisa ser como uma canção do U2, que normalmente tem três acordes.
Você deve se manter naquilo ali. Se você pensar em todos os sucessos do
U2, a música de fundo praticamente nunca muda. Só têm variações sutis.
Mas elas têm sempre aquele mesmo tema, aquele golden thread, aquela grande
ideia ao longo da música toda.
E, quando você começa, você pensa? “Nossa, será que eu realmente consigo
escrever uma música que dure cinco minutos? São só três acordes que se
repetem várias vezes”. Mas é assim que as pessoas querem receber as
informações. Elas não querem ouvir 50 ideias diferentes. Elas querem uma
grande ideia, que são seus três acordes. E elas querem que essa mensagem
seja passada de várias formas, que sempre prendam o interesse delas.
Steve: Isso. E, às vezes, mais curto é mais difícil. É como aquela frase
famosa do Mark Twain. Eu acho que é do Mark Twain, não é? “Desculpe ter
escrito uma carta tão longa. Eu não tive tempo de escrever uma mais
curta”.
Sandy: Exatamente.
Steve: E uma coisa que me deixa frustrado, Sandy, e eu não sei como você
se sente em relação a isso, é quando temos novas pessoas na equipe
editorial. Elas ficam animadas com a expressão clickbait. E querem fazer
títulos de clickbait. Você sabe o que esse termo significa?
Steve: Então os editores mais novos ficam animados com esse tipo de coisa.
E o que eles acabam por fazer é mudar títulos que atendem aos critérios de
originalidade e ultra-especificidade. E acabam tornando-os clichês. Parece
um bom título para eles. Mas o que eles fizeram, no fim das contas, é
torná-lo mais clichê. E eu vejo isso acontecer sempre. E parece acontecer
mais na redação para internet.
Mas ninguém gosta de clichês. Ninguém clica em clichês. Não importa se ele
é escrito na internet ou no impresso. Se é uma headline clichê, é vazia.
Ninguém quer ler.
Então, eu não sei qual é sua opinião sobre clickbait. Mas atenha-se às
regras da headline.
E só porque é online não significa que vai receber mais cliques por conter
mais clichês.
O problema do click bait é que pode ser um ótima headline. Mas quando você
clica, não tem nada. É uma grande frustração, mas eu acho que...
Sandy: Você em algum tipo de linha do tempo? Essa pergunta da Lynn é sobre
o tipo de linha do tempo que você costuma estabelecer para um projeto.
Acho que estamos falando sobre suas newsletters, quanto tempo demora.
Porque quando você tem um prazo, você obviamente precisa fazer algum tipo
de linha do tempo para o conteúdo que você precisa criar.
Mas deixa eu voltar um pouco e explicar que, hoje, posso levar cinco
horas. Mas, quando eu comecei, minha carga de trabalho era basicamente uma
newsletter por mês. E, Sandy, você lembra que tínhamos serviços por fax.
Então tínhamos uma newsletter por mês e um fax por semana. E essa era a
carga de trabalho máxima que eu conseguia segurar, uma newsletter e quatro
faxes por mês.
Se passou muito tempo desde então, mas acho que, a internet o desejo geral
de ficar atualizado sobre tudo tão rápido contribuíram.
O que eu quero dizer é, não espere escrever uma newsletter em cinco horas
e que ela saia boa. Mas quando você faz isso todos os dias, quando você
escreve mil palavras por dia por 25 anos, você consegue fazer um pouco
mais rápido.
Sandy: Exatamente.
Steve: Mas a parte mais difícil acaba sendo a qualidade da ideia. Essas
reflexões sobre escrita que eu acabei de compartilhar não estão escritas.
Elas estão internalizadas. Eu precisei voltar e pensar nelas porque
atualmente eu já as faço naturalmente.
A parte mais difícil agora é ter certeza de que a qualidade da sua ideia é
muito boa e que você fez as três coisas na tela: a história que chame
atenção, a recomendação acionável e escrita de um jeito fácil de ler.
Porque, quando você já tem essas coisas na cabeça, a parte da escrita em
si não toma tanto tempo.
Depois de já ter dedicado bastante tempo, e eu dediquei bastante tempo,
você certamente vai concordar que, em termos te copy, o desafio não é o
copy em si. É a qualidade da ideia.
Sandy: Com certeza. Eu concordo 100% com isso. É o que toma mais tempo.
Mas é engraçado que, uma vez que você tem a ideia, a escrita praticamente
se faz sozinha. É tão fácil fazer. É só uma questão de paciência, você
inclui e escreve tudo. Mas, quando você tem a ideia, é como se tudo se
encaixasse.
Steve: Sim. É onde você precisa focar, porque é daí que vem a maior parte
do dinheiro, dessa ideia que chame atenção.
Sandy: Ok. Deixe só eu ver se ainda tem mais alguma pergunta dos
participantes. É, acho que respondemos às perguntas de todo mundo.
Acho que passamos da hora. Acho que podemos te deixar voltar a escrever
boas histórias para as suas newsletters. Ficamos muito felizes de ter
todas essas informações compartilhadas conosco, Steve. Foi muito
esclarecedor e as informações foram muito interessantes.
Steve: Obrigado, Sandy. É bom colocar a conversa em dia com você. Nem
sempre conseguimos fazer isso.
Steve: Ok. Podemos responder algumas perguntas agora. Deve ser rápido.
Sandy: Claro.
Steve: E uma coisa, Sandy, qual você acha que era o objetivo dos
participantes aqui hoje, você acha que abordamos tudo? Se você parasse
para pensar e dissesse qual a coisa essencial para se aprender hoje, você
acha que ela foi abordada?
Sandy: Eu acho que sim. Acho que o principal era a grande ideia e como ela
é concebida, como falamos, tudo que você disse. Tudo é consolidado em
torno dessas grandes ideias. Então a maior batalha é essa, encontrar essa
ideia.
Então aqui vão algumas últimas perguntas. E, se aparecer algo mais depois,
eu posso te enviar por e-mail e depois mandamos as respostas para quem
perguntou. A primeira é sobre o processo de contratação, se você está
procurando redatores, não sei se é você mesmo que faz a contratação. Mas
tem algum tipo de treinamento para quem começa? Não sei se você poderia
falar sobre isso.
Sandy: Sim.
E isso foi porque ele tinha lido muito. Ele leu todos os livros sobre os
quais eu falei hoje. Ele também investiu sozinho. Ele perdeu muito
dinheiro em uma empresa de internet, o que foi bom, porque o deixou mais
cauteloso. Ele basicamente estava lendo com um objetivo. Ele queria saber
como não fazer aquilo de novo. E ele tinha uma curiosidade, de forma
geral.
Steve: Sim, voltei muito. E me deram essa chance. Eu disse que queria
trabalhar na Agora. E, naquela época, eles me enviaram por fax um exemplar
da World Money Analyst. E eu peguei minha tesoura e minha cola, cortei o
cabeçalho e cortei o rodapé. Depois eu coloquei o cabeçalho e o rodapé na
máquina de escrever e comecei a escrever minha própria versão da World
Money Analyst. Enviei de volta para a Agora em 24 horas e consegui a vaga
muito rápido.
E, basicamente, ninguém me disse para fazer o que eu fiz, mas eu fiz tudo
que eu podia em um tempo curto para mostrar que eu era capaz. Eu tinha 23
ou 24 anos na época. Ninguém sabia a minha idade, eles estavam olhando
apenas a qualidade do que eu tinha feito e enviado para eles, um produto
finalizado com cabeçalho e tudo, colado e enviado por fax.
Então ele me procurou e disse "Steve, eu não estou te pedindo para mexer
uns pauzinhos nem nada, eu nem te conheço. Mas eu enviei meu currículo
para a Stansberry e ninguém me respondeu. Será que posso enviá-lo para
você?” E ele me enviou.
E, Sandy, ele tinha o currículo mais incrível que um editor executivo pode
ter.
Então o fato de ele não ter desistido e ter dito que não recebeu uma
resposta significa que ele não aceitou um não como resposta. Porque,
pense, se você enviou seu currículo ou uma amostra de trabalho, não tenha
medo de ligar. Pressione um pouco. Isso funcionou para ele. E o Carly está
com a gente há 10 anos e construiu uma carreira fantástica.
E ele tem o trabalho mais difícil da nossa área. Ele é o editor do Porter,
e precisa dizer ao Porter quando ele está errado? Quem é capaz de dizer
isso a ele?
Sandy: A última pergunta é como você sugeriria que uma empresa mudasse sua
abordagem existente se ela não fosse boa?
E ela era rígida, ela ia lá consertar coisas que nem estavam com problema.
Mas é difícil encontrar esse tipo de pessoa. E, como você sabe, o Porter é
alguém que não fica quieto ao ver coisas que ele acha que não estão
certas. E isso o fez ser demitido algumas vezes. Então se manter firme e
dizer “isso está errado” nem sempre é o caminho de maior sucesso. Então é
difícil.
Sandy: É.
Steve: Eu tive sorte. Tem uma coisa que o Porter sempre diz. Cerque-se de
pessoas. Preste atenção em quem você escolhe como amigo, porque você vai
ficar parecido com essas pessoas. E acho que tivemos sorte nesse aspecto.
Eu não tenho uma boa sugestão para mudar a cultura corporativa que não
seja dar o exemplo. Isso é um tremendo desafio.
Sandy: É.
Sandy: Pode ser que você não queira. Às vezes, se não dá para mudar,
talvez você não queira estar naquele lugar.
Steve: A vida é curta. Eu detesto dizer isso. A melhor coisa que eu fiz
foi deixar empregos anteriores quando eu chegava em uma encruzilhada e
pensava “isso aqui não é para mim”. Foi um ótimo trabalho em um
determinado momento da minha vida, mas não era para mim. E aí chegou um
momento em que eu parei no lugar certo. É difícil fazer essa mudança, mas
foi a coisa certa.
Sandy: Vamos te liberar. Mais uma vez, Steve, muito obrigada. Foi uma
apresentação incrível. Ótimas ideias.
Sandy: Foi sim, com certeza, e agradeço muito você ter disponibilizado seu
tempo. Eu sei que você tem uma agenda cheia. Mas foi ótimo. Então, em nome
de todos os membros da ADC, da Katie, da Rebecca e todo mundo, te
agradecemos imensamente.