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– Esse conceito não é admitido pela jurisprudência brasileira, diante

da inexistência de regulamentação própria;

– A parassubordinação tomou proporções importantes no cenário


nacional, devido ao avanço da prestação de serviços por meio de
utilização de aplicativos para atendimento do consumidor, como de
transporte (UBER, POP 99, Cabify, etc.) e entrega de comida e compra
de supermercado (iFood, Rappi, UberEats, etc.).
No caso da parassubordinação, a prestação de serviço não é autônoma, tampouco
se pode falar em subordinação, na forma descrita no art. 3º, da Consolidação das
Leis do Trabalho.

Amauri Mascaro Nascimento ensina que “a parassubordinação se concretiza nas


relações de natureza contínua, nas quais os trabalhadores desenvolvem atividades
que se enquadram nas necessidades organizacionais dos tomadores de seus
serviços, contribuindo para atingir o objeto social do empreendimento, quando o
trabalho pessoal deles seja colocado, de maneira predominante, à disposição do
contratante, de forma contínua” (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Ordenamento
Jurídico Trabalhista. São Paulo: LTr, 2013. p. 322).

 tipos de trabalho que não se enquadram exatamente em uma das duas


modalidades tradicionais, entre as quais se situam, como a representação
comercial, o trabalho dos profissionais liberais e outras atividades atípicas, nas
quais o trabalho é prestado com pessoalidade, continuidade e coordenação. Seria
a hipótese, se cabível, do trabalho autônomo com características assemelháveis
ao trabalho subordinado” (Direito Contemporâneo do Trabalho, Editora Saraiva,
2004,p.413).

Exemplo de parassubordinação, em nossa legislação, é o contrato de


representação comercial.

Neste caso, o representante possui autonomia para definir sua própria jornada de
trabalho e a visita a clientes, mas, ao mesmo tempo, sua atuação está restrita a
imposições prefixadas pela empresa representada, como delimitação de região,
apresentação de relatórios periódicos, além de, muitas vezes, imposição de
treinamento pela representada, a fim de vender, de forma adequada, o produto
que ofertado.

 a parassubordinação tomou proporções importantes no cenário nacional, devido


ao avanço da prestação de serviços por meio de utilização de aplicativos para
atendimento do consumidor, como de transporte (UBER, POP 99, Cabify, etc.) e
entrega de comida e compra de supermercado (iFood, Rappi, UberEats etc.), por
exemplo.

Os prestadores de serviços, nos casos acima, atuam com considerável autonomia,


mas se submetem às exigências da direção da contratante e se sujeitam ao
pagamento de percentuais sobre o valor do serviço, previa e unilateralmente,
fixados pela administração do aplicativo.
Embora de forma invertida, é certo que o elemento dependência econômica
encontra-se presente, uma vez que o prestador de serviços, sem a utilização do
aplicativo adequado, não possui meios de desenvolver sua atividade profissional.

Para Luiz Pinho Pedreira de Silva (2001, p.175), o trabalho parassubordinado


“é prestação continuada de caráter pessoal, sujeita a coordenação espaço-
temporal”.

Por outro lado, Otávio Pinto e Silva (2004, p.102) diz que “são relações de
trabalho de natureza contínua, nas quais os trabalhadores desenvolvem
atividades que se enquadram nas necessidades organizacionais dos
tomadores de seus serviços.”

Ainda, Amanthéa (2008, p.43) diz que a parassubordinação:

pode ser conceituada como um contrato de colaboração coordenada e


continuada, em que o prestador de serviços colabora à consecução de uma
atividade de interesse da empresa, tendo seu trabalho coordenado
conjuntamente com o tomador de serviços, numa relação continuada ou não-
eventual.

Portanto, com base no conceito de parassubordinação, vislumbram-se os


possíveis elementos caracterizadores deste instituto, a saber: continuidade,
pessoalidade, coordenação e dependência econômica. Esses elementos serão
tratados nos próximos tópicos.

Surgiram, assim, os elementos caracterizadores da parassubordinação, a


saber: continuidade, pessoalidade, coordenação e dependência econômica. A
característica da continuidade se assemelha ao conceito de não eventualidade,
uma vez que a prestação pessoal deve ocorrer com certa frequência e
habitualidade.

Cumpre pontuar que a doutrina faz distinção do conceito de continuidade com


a exclusividade e intermitência, pois estes dois conceitos não se aplicariam na
parassubordinação.

O critério da pessoalidade no trabalho parassubordinado se difere muito da


natureza personalíssima do contrato de emprego, pois, naquele caso, os
colaboradores podem até utilizar o trabalho de demais pessoas (terceiros),
desde que observe e assegure que sua prestação final, resultado do seu
trabalho, seja demarcada pela sua qualidade pessoal. As principais atividades
devem ser desenvolvidas pessoalmente pelo trabalhador parassubordinado,
mesmo que haja a possibilidade da colaboração de terceiros nas atividades
acessórias. (OLIVEIRA, 2008)
O trabalhador parassubordinado, ou coordenado, deve prestar seus serviços
com alguma autonomia, na maneira de execução, mas se sujeitará a entregar
os resultados nos padrões definidos pelo tomador do serviço.

5.3.1 TELETRABALHO

Para ilustrar essa realidade, recentemente houve um julgamento nos autos de


nº 0002259-49.2012.5.03.0030[6], onde a reclamante pleiteava o vínculo de
emprego, alegando não haver contrato de representação comercial e exercia
suas atividades por meio do teletrabalho. Entretanto, a ilustre relatora julgou
alegando não haver a subordinação jurídica e afastou o vínculo de emprego.

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL

O contrato de representação mercantil é o pacto pelo qual uma pessoa física


ou jurídica se obriga a desempenhar, em caráter oneroso, não eventual e
autônomo, em nome de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização
de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos para transmiti-los aos
representantes, praticando ou não atos relacionados com a execução dos
negócios. (DELGADO, 2010, p. 564-565)

Um caso muito comum de trabalhador parassubordinado é o motorista de Uber,


que apesar de trabalhar de forma autônoma, podendo decidir sobre sua
jornada de trabalho, ainda assim recebe ordenações do aplicativo quanto a
rota, meios de segurança, higiene, requisitos básicos do veículo, dentre outros.

Entretanto, por mais que os motoristas de aplicativo possuam a liberdade de


escolher o melhor horário de trabalho, os mesmos estão sujeitos à inúmeras
adversidades, tais como violência física, violência psicológica, degradação
remuneratória, jornadas excessivamente longas, o risco de ser excluído da
plataforma por permanecer por um tempo razoável sem efetuar o transporte de
passageiros, dentre tantos outros.

Assim, verifica-se que o trabalho parassubordinado em tempos de economia de


economia compartilhada, por mais que traga benefícios à grande maioria dos
consumidores, necessita de uma atenção expressiva por parte do Poder
Legislativo, a fim de regulamentar esta categoria e fornecer-lhes os direitos
básicos inerentes aos trabalhadores brasileiros, tais como salário mínimo,
horas extras, adicional de periculosidade, dentre outros.

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