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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª

UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA CIDADE DE


FORTALEZA/CE.
 
   
Ação de Obrigação de fazer c/c indenização por dano moral.
Proc. nº. 3000560-02.2021.8.06.0004
Autor: ADRIANA ALVES LOMBARDI
Réu: BRIC DEVELOPMENT BRASIL LTDA
 
ADRIANA ALVES LOMBARDI, já qualificado na peça
vestibular, não se conformando, venia permissa máxima, com a
decisão meritória exarada, comparece, com o devido respeito a Vossa
Excelência, para, tempestivamente (LJE, art 42), no decêndio legal,
interpor o presente 
 
RECURSO INOMINADO, 
 
o que faz alicerçada no art. 41 e segs. da Lei dos Juizados
Especiais (Lei nº. 9.099/95), em virtude dos argumentos fáticos e
de direito, expostas nas RAZÕES acostadas.
 
  Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência declare os
efeitos com que recebe este recurso, determinando, de logo, que a
Recorrida se manifeste acerca do presente. Empós disso, cumpridas
as formalidades legais, seja ordenada a remessa destes autos, com
as Razões do recurso, à Egrégia Turma Recursal do Estado.
 
Respeitosamente, pede deferimento.

Fortaleza, 12 de julho de 2022.

Sabrinna Barros
OAB/CE 25551

Nara Marques
OAB/CE 32.511
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

 
Processo nº. 3000560-02.2021.8.06.0004
Originário do 12ª Juizado Especial Cível e Criminal da Cidade
Recorrente: ADRIANA ALVES LOMBARDI
Recorrida: BRIC DEVELOPMENT BRASIL LTDA.

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO ESTADO:

 
Há de ser reformada a decisão ora recorrida, porquanto proferida em
completa dissonância para com as normas aplicáveis à espécie,
inviabilizando, portanto, a realização da Justiça.

 
DA TEMPESTIVIDADE

 
O recurso, ora agitado, deve ser considerado como tempestivo. A
recorrente fora intimada da sentença hostilizada por meio eletrônico PJE, no
dia 19 do corrente mês.

Portanto, à luz do que rege o art. 42 da Lei dos Juizados Especiais,


plenamente tempestivo este Recurso Inominado, quando interposto nesta
data, dentro do decêndio legal.
DA JUSTIÇA GRATUITA

O Recorrente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,


assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo
CPC/2015.

Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no


processo pode usufruir do benefício da justiça gratuita.

Logo, o Recorrente faz jus ao benefício, haja vista não ter condições
de arcar com as despesas do processo sem prejuízo de sua
mantença, observados os valores de guia de recurso no importe de R$
1.574,90 para interpor em segunda instância.

Mister frisar, ainda, que em conformidade com o art. 99, § 1º,


do novo CPC/2015, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado
por petição simples e durante o curso do processo, tendo em vista a
possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os
benefícios da justiça gratuita, ante a alteração do status econômico.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o novo Código


Instrumentalista dispõe em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”.

Assim, à pessoa natural basta a mera alegação de insuficiência de


recursos, sendo desnecessária, num primeiro momento, a produção de
provas da hipossuficiência financeira.

O fato é que a parte Recorrente passa por enormes dificuldades


financeiras, agravada pela pandemia do novo coronavírus e atualmente, não
tem condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo da sua
saúde financeira.
Dessa forma, tendo a parte Recorrente comprovado sua carência
econômica, mostra-se devido o deferimento da gratuidade da justiça para o
processamento do seu Recurso, conforme já decidido por esse nobre
relator:

EMENTA: RECURSO INOMINADO. PEDIDO JUSTIÇA GRATUITA


DEFERIDO. AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INEXISTÊNCIA
DE DÉBITO C/C DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NEGATIVA DE
CONTRATAÇÃO. SERVIÇOS TELEFONIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
RELAÇÃO CONTRATUAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ORGANISMO DE
PROTEÇÃO CREDITÍCIA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS IN RE IPSA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM R$ 00.000,00QUE COMPORTA
MAJORAÇÃO PARA R$ 00.000,00. ADEQUAÇÃO AOS PARÂMETROS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. INEXITÊNCIA DE OUTRAS
NEGATIVAÇÕES. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Tendo em vista que a Recorrente comprovou
sua carência econômica, mostra-se devido o deferimento da gratuidade da
justiça para o processamento do seu Recurso . 2. Trata-se de ação
anulatória de negócio jurídico c/c inexistência de débito c/c indenização por
danos morais em que o Recorrente Nomepostula a declaração de
inexistência de débito no valor de R$ 00.000,00inserida em 07.12.2015,
além de reparação por danos morais, em razão de seu nome ter sido
inscrito indevidamente nos órgãos de proteção ao crédito por débito que
alega desconhecer. 3. O feito foi instruído e prolatada a sentença de parcial
procedência, na qual restou declarada a inexistência do débito mencionado
na inicial, bem como condenou a reclamada ao pagamento da quantia de R$
00.000,00em favor da reclamante a título de dano moral. (ID. (00)00000-
0000). 4. A parte autora apresentou recurso inominado, pugnando pela
reformada da sentença, no que tange a majoração do quantum debaur dos
danos morais. (ID. (00)00000-0000). 6. Contrarrazões apresentadas pelo
Recorrido. (ID. (00)00000-0000). 3. Na fixação do montante da condenação
a título de danos morais, deve-se atender a uma dupla finalidade:
reparação e repressão. Portanto, há que se observar a capacidade
econômica do atingido, mas também a do ofensor, com vistas a evitar o
enriquecimento injustificado, mas também garantir o viés pedagógico da
medida, desestimulando-se a repetição do ato ilícito. 4. Quantum
indenizatório fixado em R$ 00.000,00, em razão de negativação indevida
que merece a devida majoração para o valor de R$ 00.000,00, adequando-
se o valor do dano extrapatrimonial aos critérios da razoabilidade e
proporcionalidade, mormente porque inexiste negativações anteriores e
posteriores, restando inaplicável a Súmula do STJ. 5. Reforma da sentença
para majorar a condenação a título de danos morais do valor de R$
00.000,00, para R$ 00.000,00. 6. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. (N.U 1008534-29.2020.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL,
Nome, Turma Recursal Única, Julgado em 09/03/2021, Publicado no DJE
12/03/2021)
Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência
judiciária gratuita.

Além do mais, conforme entendimento jurisprudencial do


Colendo Superior Tribunal de Justiça, a simples afirmação da
necessidade da justiça gratuita é suficiente para o deferimento do
benefício, visto que o art. 4.º da Lei n.º 1.060 /50 foi recepcionado
pela CRFB/88 ( REsp. 108400 SP 1996/00000-00 / REsp. 320019
RS 2001/00000-00), entendimento este já acolhido por esse nobre
relator.

 
I - CONSIDERAÇÕES DO PROCESSADO
(CPC, art. 1010, inc. II)

 Cumpre destacar inicialmente que a Recorrente ingressou em ação


judicial em face da parte Ré em razão de uma rescisão contratual, danos
morais e materiais causados por esta à parte Autora.

Referidos danos se deram em razão de negócio firmado entre as


partes em que o Autor celebrou contrato de aquisição de cotas que seria
revertida em possibilidade de usufruir de diárias em diversos hotéis
espalhados em várias cidades do mundo.

O objeto principal do contrato era aquisição de cota-parte ideal de


imóvel (Villa) que fica no endereço Lago Doce, região Pedra Chata, Cana
Brava, município de Trairi, Ceará, ainda foi oferecido a parte autora
utilização de diárias, como forma acessória foi informado que os
contratantes poderiam usufruir de diárias em hotéis que fossem
disponibilizados pela empresa ré, considerando a escolha da cidade pelos
autores.

Foi pago inicialmente o valor de R$ 2.990,00 (dois mil novecentos e


noventa reais) em 10 parcelas de R$ 299,00 (duzentos e noventa e nove
reais) no cartão de credito conforme fatura em anexo. O Saldo
remanescente seria pago mediante boleto bancário a partir de novembro de
2020.

Ocorre que no início de 2020 a parte autora contatou a central da


empresa ré, para solicitação de diárias no hotel que desejasse,
considerando o direito de fruição destas, conforme informado no ato da
venda do produto ofertado pela empresa ré.

Após diversas tentativas de utilização do produto ofertado, a parte


autora entrou em contato funcionários da empresa recorrida para que fosse
informado o procedimento para utilização das diárias e nesses diálogos foi
perguntado em que mês gostaria de utilizar os serviços.

Para a surpresa da Autora foi informada que para a utilização das


diárias, deveria ser pago 30% do contrato.

Portanto, ante a insatisfação com o ocorrido, a parte autora


solicitou o cancelamento do contrato, conforme dito. Acontece que foi
informado que para efetivação do cancelamento deveria ser pago um valor
de R$ 1.495,00, e somente assim seria enviado o distrato.

Posteriormente a tais fatos a parte autora continuou tendo as


parcelas debitadas no cartão de credito e mesmo assim seu nome foi
negativado no SERASA o que gerou a impossibilidade de realizar operações
comerciais pela parte autora, gerando, assim, profundo aborrecimento a
esta.

Cumpre destacar que o fato que levou a parte autora a solicitar o


cancelamento do contrato, foi o fato de ser prometido no momento da
apresentação dos serviços algo que não foi cumprido posteriormente.
Destaca-se que é de conhecimento notório a venda desses produtos sem a
devida apresentação do contrato, onde primeiramente se efetua a
contratação apenas com o pagamento através de cartão de crédito,
havendo a apresentação do contrato somente em momento posterior.
Diante de esdrúxula situação o autor, necessitou ingressar no Poder
Judiciário para obtenção de seus plenos direitos.

Após a devida instrução processual foi proferida a Sentença Judicial,


constantes nestes autos, que não contemplou os pedidos realizados pela
parte autora na sua peça inicial, sendo estes: rescisão contratual,
pagamento de danos morais, materiais e exclusão do nome da autora no
SPC/Serasa pela parte Ré à parte Autora.

 
II – NO MÉRITO
(CPC, art. 1010, inc. II)

DA PRÁTICA ABUSIVA DA EMPRESA – DA PROVA


EMPRESTADA:

A empresa BRIC DEVELOPMENT BRASIL LTDA vem se destacando no


mercado pela pratica ilícita de como é ofertado seu serviço, ou seja, a
empresa se promove através de propagandas enganosas, oferecendo
serviços diversos do que fora oferecido no ato da compra, induzindo o
consumidor ao erro, e ainda lesando e ferindo um dos princípios basilares
da relação de consumo, que é o princípio da informação.

Portanto, no intuito de demonstrar que a pratica da propagando


enganosa oferecida pela empresa ré vem se alastrando a diversos
consumidores que adquiriram o produto sendo induzidos ao erro, os autores
vêm mui respeitosamente a presença de Vossa Excelência, para requerer a
juntada aos autos de 02 (duas) R. Sentenças proferidas em casos análogos,
aonde é reconhecido a pratica ilícita da ré, é deferido a rescisão contratual
sem aplicação de multa pela distrato e ainda a empresa ré é condenada ao
pagamento de DANOS e obrigada a restituir o valor pago de entrada, que é
exigido no momento da contratação do serviço.
Vide as R. Sentenças proferidas em casos análogos:

TJ-RJ - 0005653-32.2020.8.19.0210 - Partes: Nome em face de


BRICDEVELOPMENT BRASIL LTDA - GRUPO BRIC e RCI BRASIL LTDA.

"Inicialmente, cumpre salientar ser dispensado o relatório, nos termos do disposto no


artigo 38 da Lei n°9.099/1995. Trata-se de ação proposta por CAROLINE GOMES DO
NASCIMENTO face de BRICDEVELOPMENT BRASIL LTDA - GRUPO BRIC e RCI BRASIL LTDA,
objetivando (i) a rescisão do contrato de promessa de compra e venda, sem a cobrança de
multa rescisória; (ii) a devolução dos valores pagos a título de entrada; bem como (iii) o
pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00. Alega a autora, em
síntese, que, em Junho de 2019, enquanto passava as férias no Ceará, foi abordada por um
preposto da primeira ré, o corretor Michael, a respeito de um empreendimento de
multipropriedade, ainda em fase de construção, chamado The Coral Residences. Segundo o
corretor, caso a autora adquirisse uma fração de tempo do imóvel, teria direito a férias
́autossustentadas ́, que consistiriam em uma semana gratuita com mais 04 pessoas no
Resort Hard Rock Hotel em Cancun ou em qualquer Resort afiliado a 2° ré, incluindo
Orlando. Além disso, informou que, por se tratar de multipropriedade, a autora teria direito a
02 semanas por ano no Resort em que o empreendimento seria construído, e que, através
dos serviços da segunda ré, poderia trocar essas semanas por outro Resort a ela afiliado,
sendo certo que, se não quisesse viajar, poderia alugar suas semanas no Resort. Ocorre que,
após celebrar o negócio, a autora, ao tentar agendar a viagem oferecida, foi surpreendida
pela informação de que o agendamento só seria possível após o pagamento de 20% do valor
total do contrato e que, ainda assim, teria que pagar ́taxa de intercâmbio ́ e ́taxa all-inclusive
́ do Resort escolhido. Por entender que tais condições não lhe haviam sido esclarecidas no
momento da contratação, requereu a rescisão do contrato, com a devolução dos valores até
então pagos, oportunidade na qual as rés lhe cobraram multa rescisória, dando ensejo,
assim, a presente ação. Não havendo necessidade de produção de outras provas, procedo ao
julgamento antecipado da lide, nos moldes do artigo 355, I do NCPC. Antes de adentrar o
mérito, rejeito a preliminar de ilegitimidade arguida ela segunda ré, eis que o pedido de
rescisão do contrato de promessa de compra e venda tem por fundamento os problemas
enfrentados com o serviço de intercâmbio por ela oferecido. Cumpre salientar, por oportuno,
ser a relação jurídica objeto da presente demanda de consumo, uma vez subsumirem-se as
empresas rés ao conceito de fornecedor da Lei Consumerista (artigo3° do CDC), sendo, de
outro giro, a autora destinatária final (artigo 2° do CDC). Aplicam-se, portanto, à hipótese
vertente as disposições do Código de Defesa do Consumidor, inclusive no que tange à
inversão do ônus da prova, conforme previsto no artigo 6°, inciso VIII do referido Diploma
Legal e em outros dispositivos legais pertinentes, haja vista a verossimilhança dos fatos
narrados na petição inicial e a hipossuficiência técnica da parte autora. Compulsando os
autos, constata-se a verossimilhança das alegações expostas na petição inicial, sendo certo
que as provas produzidas pelas rés não se mostram suficientes para afastar a pretensão
autoral. Em relação à segunda ré, se limita a afirmar que o contrato cuja rescisão se busca
foi celebrado exclusiva mente com a primeira ré, e que não tem relação com a suposta
abordagem enganosa descrita na inicial. Todavia, é certo que, nos moldes do parágrafo único
do artigo 7° c/c o artigo 3° do CDC, consideram-se como fornecedores todos os que
participam da cadeia de consumo, inclusive para fins de responsabilidade por falha no
serviço, nos moldes do artigo 14 do aludido diploma legal. Dessa forma, tendo a segunda ré
se associado à primeira ré a fim de projetar o empreendimento imobiliário no mercado,
aumentando, em consequência, as possibilidades de lucro de ambas as empresas envolvidas,
e que a autora adquiriu a fração de tempo do imóvel com a expectativa de usufruir do
serviço de intercâmbio oferecido pela segunda ré, é inegável que a mesma deve responder
por eventuais danos causados pela contratação. Em relação à primeira ré, alega que ́a autora
foi alertada em diversos momentos acerca das taxas aplicáveis, bem como dos respectivos
percentuais de quitação para utilização (cláusulas 10.1.b e 10.1.e anexo IV do contrato; item
'u' das definições da convenção de condomínio; cláusula 14.1.2 da convenção de condomínio
e cláusula 3.1.q do anexo A da convenção de condomínio) ́(fl.263). Como se sabe, o Código
de Defesa do Consumidor, em seu artigo 4°, inciso I, reconhece a vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo - que, em relação às pessoas físicas é absoluta -, e,
portal motivo, lhe confere diversos direitos, dentre os quais, o direito à informação,
positivado no artigo 6°, inciso II do aludido diploma legal, que, aliado ao princípio da
transparência, garante a contratação esclarecida de serviços. Tal direito deve ser respeitado
em relação a todos os consumidores, mas, em especial, em relação aos que se encontram
em estado de ́hipervulnerabilidade ́, sendo esse exatamente o caso dos autos, pois,
considerando a complexidade jurídica dos contratos de multipropriedade e de intercâmbio, e
não sendo a autora operadora do Direito, as rés deveriam ter tido mais cuidado ao esclarecer
os serviços que estavam sendo contratados, e em que condições poderiam ser utilizados, o
que não fizeram. Da leitura das conversas defls.118/140, verifica-se que a autora reitera
diversas vezes que o corretor Michael lhe garantiu uma viagem de 07 dias grátis, para a data
em que a autora quisesse, não condicionando tal prerrogativa a qualquer percentual de
pagamento referente à fração de tempo. Nesse ponto, cabia às rés comprovar o contrário, o
que não fizeram, eis que não trouxeram gravações ou outros elementos da oferta realizada,
especialmente diante dos moldes e condições em que ofertada. Dessa forma, não tendo as
rés demonstrado os motivos pelos os quais não foi possível a fruição do serviço de
intercâmbio nas condições que lhe foram ofertadas, entendo que sua conduta configura
propaganda enganosa, nos moldes do artigo 37, §1° do CDC. Assim, acolho o pleito autoral
para rescindir o contrato de promessa de compra e venda celebrado entre as partes, sem
qualquer ônus para autora, devendo as rés se abster de realizar quaisquer cobranças a ele
relativas, sob pena de multa correspondente ao quíntuplo do indevidamente cobrado. Ainda,
considerando que a aludida rescisão não decorreu por culpa da autora, faz jus à devolução
integral dos valores pagos, eis que inaplicável à espécie o previsto o artigo 67-A da Lei n°
4.591/64, no total de R$ 00.000,00, corrigido de cada desembolso, e com incidência de juros
de mora legais desde a citação. Por fim, devem as rés responder objetiva e solidariamente
pelos danos morais sofridos pela autora, os quais não podem ser considerados meros
dissabores, já que, diante da propaganda enganosa das rés, teve frustrada a legítima
expectativa de usufruir das vantagens anunciadas quando da contratação. Para a
quantificação do dano extrapatrimonial, devem ser observados, dentre outros fatores, a
conduta da parter é, as condições econômicas das partes e a repercussão do fato danoso. Na
espécie, ponderadas as circunstâncias acima, entendo razoável fixar o dano moral em R$
00.000,00. . Diante de todo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para: 1- rescindir o
contrato de promessa de compra e venda celebrado entre as partes, sem qualquer ônus para
autora, devendo as rés se abster de realizar quaisquer cobranças a ele relativas, sob pena de
multa correspondente ao quíntuplo do indevidamente cobrado; e condenar solidariamente as
rés a: 2- restituir à autora a quantia de R$ 00.000,00, corrigida de cada desembolso, e com
incidência de juros de mora legais desde a citação; e 3- pagar à autora R$ 00.000,00 a título
de danos morais, quantia está devidamente acrescida de juros de mora legais desde a
citação e correção monetária a partir desta data. Sem custas e honorários, consoante o
disposto no artigo 55 da Lei n 9.099/1995."

TJ-SP - 1000036-70.2020.8.26.0019 - Partes: Nome em face de BRIC DEVELOPMENT


BRASIL LTDA.

"Trata-se de ação rotulada como 'Ação declaratória cumulada com pedido de


cumprimento de obrigação de fazer e requerimento de concessão de liminar - tutela de
urgência e danos materiais e morais' ajuizada por JIMY ISRAEL HAENKE MONTENEGRO
contra BRIC DEVELOPMENT BRASIL LTDA, já qualificados. Narra a inicial, em síntese, que o
autor foi induzido a erro ao assinar um instrumento particular de promessa de venda e
compra de cota- parte de imóvel e outras avenças, já que não lhe foi permitido ler as
cláusulas contratuais. No estande de vendas do réu foi ofertado, antes da assinatura do
contrato, bebidas alcoólicas. Apesar de ter notificado o requerido da rescisão do contrato,
não houve suspensão da cobrança nas faturas de seu cartão de crédito. Após citar doutrina,
postula pela concessão de tutela antecipada para suspensão da vigência do contrato e
cobrança das parcelas vincendas, sob pena de multa diária. No mérito postula pela
declaração da rescisão do contrato, inexigibilidade das parcelas vencidas e vincendas,
devolução dos valores pagos e indenização pelos danos morais suportados.Aponto que, para
o deslinde da causa serão aplicados os princípios e a normas previstas no Código de Defesa
do Consumidor, pois inegável a relação de consumo travada entre os litigantes e a
hipossuficiência da parte autora. Ante o exposto e por tudo o mais que dos autos consta,
julgo parcialmente procedente a ação para confirmar a tutela de urgência concedida às fls.
250 e limitar a multa diária por descumprimento até o valor de R$ 00.000,00. Declaro
rescindido o contrato de compra e venda firmado entre as partes e, em consequência,
condeno a parte ré a devolver ao autor, em parcela única, os valores pagos por este,
autorizando a retenção por parte da ré de 10% (dez por cento) sobre as quantias quitadas,
nos termos acima fixados, a ser apurado mediante simples cálculo aritmético. Sobre o valor
incidirá correção monetária a partir do desembolso e juros de mora de 1% ao mês, a partir
da citação. Em razão da sucumbência recíproca, as custas e despesas processuais serão
rateadas entre os litigantes e cada parte arcará com os honorários advocatícios de seus
respectivos patronos."

Saliento Excelência, que na leitura dos autos é possível verificar que


cada autor de cada ação narra praticamente a mesma história, de como são
abordados e atraídos pela propaganda que mais para frente irão descobrir
que é enganosa, visto que, o serviço oferecido não é aquele que
acreditaram estar contratando.

Assim Excelência, as R. Sentenças anexadas servirão como


parâmetro para analise de que não é a primeira vez que ocorre a
propaganda enganosa da empresa ré, que acabam por induzir os
consumidores ao erro, configurando uma pratica completamente abusiva e
ilícita que deve ser analisada e julgada através do que dispõe o CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR.

2.1 DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

A inversão do ônus da prova é uma medida excepcional sendo


aplicada quando existe dificuldade ou impossibilidade do consumidor
demonstrar as provas que pretende produzir.

No caso em tela é claro que a autora não tem como demonstrar por
meios comuns que foi ludibriada e enganada pela empresa, isto decorre da
natural hipossuficiência da autora presente da relação de consumo.

Ademais Excelência, é importante esclarecer que no Art. 4, I do CDC


é previsto a vulnerabilidade do consumidor, que juntamente com o direito à
informação (Art. 6, II, III e IV) e o princípio da transparência, é devido o
total esclarecimento quando da contratação de algum serviço ou produto, o
que não aconteceu no presente caso, visto que, os autores se encontravam
em situação de hiper vulnerabilidade, devido à tentação criada pela
propaganda enganosa (Art. 37, § 1°), na onde adquirindo uma cota a
segunda seria completamente gratuita, sendo claramente induzidos ao erro,
pelo estado de desespero criado pelo qual a não compra geraria um
arrependimento profundo.

Por fim Excelência, diante de todo exposto acima, aguarda-se pelo


deferimento da INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, e ainda pelo
reconhecimento e analise da prova emprestada juntada, que servirá como
base para verificação da pratica ilícita cometida pela empresa BRIC
DEVELOPMENT BRASIL LTDA, que induzem os consumidores ao erro através
da propaganda enganosa.

2.2 RESOLUÇÃO DO CONTRATO

Conforme já relatado nos autos que o fato que levou a parte autora a
solicitar o cancelamento do contrato, foi o fato de ser prometido no
momento da apresentação dos serviços algo que não foi cumprido
posteriormente. Destaca-se que é de conhecimento notório a venda desses
produtos sem a devida apresentação do contrato, onde primeiramente se
efetua a contratação apenas com o pagamento através de cartão de crédito,
havendo a apresentação do contrato somente em momento posterior.

Então, cabe mencionar o artigo 30 do CDC onde toda oferta realizada


ao consumidor, seja ela escrita ou verbal, vincula o fornecedor. Assim, caso
o fornecedor realize uma oferta com intuito exclusivo de atrair a atenção do
consumidor, não poderá, quando da celebração do contrato, eximir-se da
obrigação com a qual se comprometeu, alegando que esta não consta do
instrumento contratual escrito. Afinal, uma vez prometido, ao consumidor,
produto ou serviço, de qualquer forma, o fornecedor assume a obrigação de
satisfazer a expectativa legítima gerada no sentido de que aquela promessa
estaria inserida no instrumento contratual.

A publicidade enganosa induziu autora a erro e inclusive existem


vários processos contra a mesma empresa.
2.3. DANO MORAL

 
Com devida a vênia, a decisão de primeiro grau, existe sim ato ilícito
praticado pela empresa recorrida, a partir do momento que houve a
solicitação de resolução contratual pela parte autora, conforme
demonstrado nos autos e mesmo assim restou contínua as cobranças
indevidas.
Assim, diante da demonstração inequívoca em que a parte autora
solicitou a resolução do contrato as cobranças deveriam ser cessadas, pois
já não havia o objeto do contrato celebrado.

Importante ressaltar que a autora foi vítima de propaganda


enganosa, conforme já relatado nos autos.

Sobre o documento que não consta o nome da autora, resta claro que
pertence a mesma, pois além do documento anexado nos autos consta
informação que a negativação do nome da autora pela recorrida trouxe
danos para a mesma dado efetivação de um negócio.
                                   

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A aplicação dos benefícios da assistência judiciária gratuita ao


Recorrente;

b) A reforma da sentença para o fim de condenar a Recorrida a


rescindir o contrato sem custos a autora e ao pagamento dos danos
morais e matérias causados;

Nestes termos,
Pede deferimento.

Fortaleza, 12 de julho de 2022.

NARA DE FÁTIMA MARQUES DE LIMA


OAB/CE 32.511

SABRINNA RICARDO BARROS

OAB/CE 25.551

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