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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Ciências Sociais

Departamento de Relações Internacionais

Resenha “Gran Torino”

David Serrate Silva RA00232366


O filme “Gran Torino” se passa em um bairro do subúrbio americano em que

um senhor chamado Walt Kowalski - um aposentado das indústrias FORD e

veterano da guerra da Coréia, onde serviu os EUA em 1951 - vive.

O filme se inicia com este senhor perdendo sua amada esposa, sofrendo com

o trauma de estar sozinho e triste, carregando consigo diversos bloqueios

emocionais de sua vida difícil. Neste momento, nota-se a aproximação do padre,

que prometeu para a esposa dele que o faria se confessar, assim como o faria

frequentar a igreja, dando um apelo religioso ao filme de uma maneira sutil, pois a

todo momento este padre volta a visitá-lo e insiste em convencer Kowalski a fazer o

que sua esposa queria, com o argumento de que aquilo lhe traria paz.

Walt como um bom veterano de guerra, era um senhor conservador,

oldschool, racista, xenefóbico e muito orgulhoso de seu país, contudo devido às

guerras no oriente, os povos protegidos pelo capitalismo americano foram

autorizados a se instalar no país para evitar o avanço comunista, e o bairro dele era

foco das instalações imigrantes.

Em virtude deste preconceito que o senhor carregava, o desprezo pelos

vizinhos era claro, assim como o contrário, pois em algumas cenas a senhora que

mora na casa ao lado o agride verbalmente, se perguntando o porquê dele ainda

morar ali.

Ao longo do filme, dada uma específica situação em que ele “salva” seu

vizinho na tentativa de afastar os chineses de seu jardim, o Sr. Kowalski se aproxima

da família chinesa e ao se conectar com a cultura diferente, se sente muito mais

feliz, comendo boa comida e bebendo boa cerveja.

Com a aproximação do garoto e de sua irmã, Walt começa a tê-los como

filhos-netos, imagem que nunca havia tido dos próprios familiares, como ele pontua

em uma das cenas finais. No desenrolar da trama, o garoto é alvejado pela gang do

bairro como pretendente a entrar nela, Walt impede ensinando-o como é ser um

“homem”, trabalhando e glorificando-se durante a vida.


Uma vez que o rapaz escolhe o caminho do “bem”, ele é novamente

perturbado e marcado pela gang, o que causa extrema revolta em Walt, que ataca

um dos membros como forma de aviso. A retaliação, por sua vez, não é diretamente

no senhor ou no garoto, e sim na irmã dele, que volta toda desfigurada para casa.

No mesmo dia, Walt recebe a última visita do padre e decide ir se confessar, lavando

a alma daquilo que carregava em suas costas.

Após alguns dias de planejamento e autossabotagem por se julgar culpado

por aquilo, ele vai até a casa dos membros da gangue, e é morto por eles assim que

começa a oração de Ave Maria.

O filme, de maneira suave, conecta o telespectador aos personagens, e no

decorrer da trama demonstra o tradicionalismo presente em ambas as famílias, mas

também mostra a compaixão que um humano pode desenvolver pelo outro

independente de raça, cor, origem ou orientação sexual, pois mesmo que Walt

Kowalski seja uma clara representação de um americano preconceituoso, ele foi

capaz de se desenvolver, aprender com uma nova cultura e progredir com sua

relação com a família chinesa, que era respeitosa e carinhosa, ainda que com um

tom agressivo e violento.

Devido a esta conexão desenvolvida no decorrer da trama, se torna muito

difícil a crítica “desconstrutiva” do filme, uma vez que o carinho crescente faz o

telespectador criar uma interpretação honrosa do senhor, que de maneira muito bem

pensada, após sua confissão (com seu coração em paz), paga por seus pecados,

morre de maneira nobre, e “vinga” a família colocando todos os membros da gangue

do bairro na cadeia, através das testemunhas que assistem sua morte.

De maneira geral, o filme carrega uma questão religiosa, pois o homem busca

salvação em sua confissão, assim como política, pois o senhor ensina ao garoto

como ser um homem glorificado e trabalhador. Também fica evidente a maneira

como ele conecta sua perspectiva tradicional americana à da família chinesa, se

redimindo pelo problema que causou a eles, assim como eles fizeram quando o
garoto tentou roubar seu Gran Torino de 1972 (automóvel), colocando-o para

ajudar/trabalhar para o senhor.

● Referência bibliográfica

GRAN Torino. Direção: Clint Eastwood. Produção: Clint Eastwood. Roteiro:

Nick Schenk; Dave Johannson. [S. l.: s. n.], 2008. 1 DVD.

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