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Riscos Físicos Producao
Riscos Físicos Producao
1. Introdução
Aspectos relacionados ao processo produtivo bem como à matéria-prima são considerados
relevantes para alcançar determinado padrão de qualidade avaliado como ideal para um
produto ou serviço. Assim, a maior parte das organizações cuida rigorosamente no controle
destes aspectos. Porém, o mesmo não ocorre em relação às condições de conforto e segurança
dos trabalhadores.
Para o alcance de um bom desempenho, as organizações não devem somente buscar o
aumento da lucratividade, mas também a interação de todas as partes envolvidas no processo
produtivo, incluindo a preocupação com as condições ambientais dos seus locais de trabalho.
O bem-estar do trabalhador dentro de uma organização é essencial para que este realize as
suas atividades com decência e com o mínimo de erros possível. Quando um trabalhador está
exposto a condições ambientais mínimas, ou até mesmo precárias, ele reduz o seu
desempenho e fica exposto a uma série de riscos de acidentes. Desta forma passou-se a ver as
condições do ambiente de trabalho como fator que pode contribuir para exposição a doenças e
a desconfortos aos trabalhadores de uma empresa.
Assim, a organização do ambiente de trabalho e o controle das variáveis que interferem
diretamente no seu equilíbrio são essenciais para manter o ritmo de produção do trabalhador,
e consequentemente, manterem o fluxo de matéria-prima e de materiais em conjunto com a
isenção de erros do produto final.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo propor um modelo que possibilite a avaliação
dos fatores térmicos, lumínicos e acústicos de modo a propor ações que melhorem a condição
ambiental de uma empresa. As questões que compõe a problemática da construção do modelo
são: os fatores lumínicos, acústicos e térmicos oferecem as condições propícias para a criação
de um ambiente favorável ao desenvolvimento do trabalho dos funcionários? Quais fatores
físicos interferem diretamente no desempenho dos funcionários de uma serralheria? Quais
riscos físicos devem ser priorizados nas ações corretivas?
2. Delineamento metodológico
Quanto aos objetivos, este trabalho classifica-se como exploratório, pois segundo Gil (1991) a
pesquisa exploratória proporciona uma visão geral sobre o tema em estudo, levantando
questões e hipóteses para futuros estudos e assume, em geral, as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso.
As bases lógicas à investigação científica foram proporcionadas pelo método indutivo. Esta
pesquisa tem cunho qualitativo, sendo adotado o estudo de caso como procedimento de
investigação, pois segundo Yin (2001) o estudo de caso é “uma investigação empírica que
pesquisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente
quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.
Quanto à natureza esta pesquisa classifica-se com aplicada, pois segundo Silva e Menezes
(2001), gera conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos. Os dados para caracterização e análise do ambiente em estudo foram coletados
em campo seguindo a metodologia de observação sistematizada, pois segundo Silva e
Menezes (2001) este tipo de coleta tem planejamento e realiza-se em condições controladas
para responder propósitos pré-estabelecidos.
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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
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O levantamento dos dados sobre a estrutura física e arquitetônica do local foi realizado por
observação direta dos recursos formadores dos postos de trabalho (quando?? Onde??). As
medições de ruído, iluminação e temperatura seguiram as recomendações das Normas
Regulamentadoras tomadas como referência para a realização deste trabalho. Assim, foi feita
uma mensuração do ambiente bem como dos equipamentos presentes no local de estudo.
O ruído foi medido na fonte causadora, na altura do ouvido do trabalhador, utilizando um
decibilímetro digital. Os resultados foram confrontados com os parâmetros estabelecidos na
NR-15 – Atividades e Operações Insalubres. Os limites de tolerância para temperatura
também foram analisados segundo a NR-15, com medição através do equipamento Índice de
Bulbo Úmido - Termômetro de Globo – IBUTG, sendo considerado para o cálculo do índice
um ambiente interno sem carga solar.
No caso do nível de iluminação, as medições foram realizadas com um luxímetro digital, com
valores tomados no campo de trabalho onde se realizava a tarefa visual. Já a umidade relativa
do ar foi medida através de um psicômetro. As medições ocorreram em único dia em
diferentes horários, contemplando todo o turno de trabalho do local.
3. Suporte teórico
No ambiente de trabalho existem diversas oportunidades de danos à integridade ou à saúde do
trabalhador chamadas de riscos ambientais. Segundo a NR-9 do Ministério do Trabalho e
Emprego, riscos ambientais são agentes físicos, químicos e biológicos. Os agentes físicos são:
ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, bem como o
infra-som e o ultra-som. Neste estudo, os riscos físicos analisados se resumem a umidade,
iluminação, ruído e temperatura. Considerações sobre estes agentes são descritas nos tópicos a
seguir.
3.1 Aspectos sonoros
Segundo Santana (1996), a faixa de intensidade sonora percebida pelo ouvido humano vai de
próximo de zero até 130 decibéis. Um ruído é segundo Iida (1990, p.?) um “estímulo auditivo
que não contém informações úteis para a tarefa em execução”. De acordo com Strank (1971)
ruídos de alta intensidade por afetar a audição, a comunicação, a eficiência ou desempenho do
ser humano em suas atividades produtivas. A Tabela 1 apresenta os limites de tolerância para
ruído contínuo ou intermitente.
Para Iida (2003), dentro de certos limites, parece que não é propriamente o ruído, mas a
intermitência dos mesmos que provocam alterações do desempenho do trabalhador. Também
afirma que em geral, ruídos mais agudos são mentos tolerados. Um projeto acústico pode ser
utilizado para diminuir o incômodo provocado por ruídos em um local. Segundo Santiago
(2005), é realizado com o intuito de controlar ecos ou reflexões nocivas, as suas espécies de
ressonância e seu tempo de reverberação, por meio da redução da capacidade de reflexão das
paredes, com a utilização de materiais absorventes de som.
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trabalho em quatro períodos diferentes. Os valores encontrados nos postos de trabalho variam
de acordo com cada setor e podem ser visualizados na Tabela 3.
Os valores baixos de iluminâncias são dos locais onde não existe incidência solar como no
caso de alguns postos de trabalho da funilaria e da serralheria, que se localizam na parte
posterior do local e valores bastante elevados onde existe a incidência direta dos raios solares.
Os raios solares atingem, durante todo o dia, quase todos os postos de trabalho de trabalho
que se localizam na parte frontal do local. A iluminação artificial utilizada também é um
agravante do índice de iluminância, pois existe uma longa distância vertical entre estas e os
postos de trabalho do local.
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Umidade
Horário Local Temp. Bulbo Seco (°C) Temp. Bulbo úmido (°C) (%)
08:00 Funilaria 16 15 91
08:00 Serralheria 17 16 92
08:00 Pintura 18 16,5 85
11:30 Funilaria 21 18 72,5
11:30 Serralheria 23 18 66
11:30 Pintura 22,5 19 71
14:00 Funilaria 25 18 50
14:00 Serralheria 23,5 18,5 61
14:00 Pintura 23,5 19 66
16:30 Funilaria 22,5 18,5 68
16:30 Serralheria 23 18,5 67
16:30 Pintura 23,5 19,5 69,5
Fonte: Autor
Tabela 4 – Dados sobre umidade
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ficam expostos ao ruído emitidos por estas máquinas em média entre 50 minutos e 1 hora por
dia.
Máquina1 Voltagem (volts) Ruído (dB)2
Furadeira 110 80
Furadeira 220 66
Serra Elétrica 110 100
Lixadeira 110 104
Policorte ( próxima ao Torno) 220 105
Policorte (próxima ao depósito de matéria-prima) 220 112
Policorte ( próxima a entrada) 220 113
Esmeril ( próximo ao depósito de matéria-prima) 110 112
Esmeril de Escova 110 75
Compressor, a 50 cm 220 98
Fonte: Autor
Notas: 1- Tempo típico de exposição por tarefa é por volta de 5 minutos
2- Dados coletados a cada 15 segundos na posição “max hold” à distância de 20 cm do ouvido
do operador da máquina.
Tabela 6 – Nível de ruído emitido pelas máquinas
G) Propostas de soluções
As paredes da fachada principal e as telhas que existem no local devem ser pintadas externa e
internamente com cores claras para aumentar a reflexão lumínica nos ambientes. As
luminárias existentes devem ter a sua altura diminuída, se possível, para 2,5 m, pois a altura
atual a que estão colocadas prejudica a distribuição da luz. As telhas que estão colocadas na
vertical na fachada principal devem ser substituídas por telhas translúcidas.
Uma coifa deve ser colocada na seção de pintura de modo a evitar que substâncias sólidas
provenientes da tinta fiquem em suspensão no ambiente. Para colocá-la, deve-se restringir e
delimitar a área para pintura. Quatro ventiladores eólicos para uma vazão total de 15000m3 na
serralheria e na funilaria e dois ventiladores eólicos para uma vazão total de 2200m3 na
pintura.
Devido às dimensões, à geometria, ao volume e às características acústicas das superfícies dos
materiais de construção desse local de trabalho, faz-se necessário melhorar o seu
condicionamento acústico, para mitigar a reverberação. Uma forma de controlar esse efeito
consistiria na instalação de barreiras acústicas absorventes para auxiliar tanto na absorção
quanto no controle da propagação do ruído. Outra medida para solucionar o problema com
altos níveis de ruídos seria a utilização de biombos em torno das máquinas de forma que estes
possam absorver os ruídos por eles gerados.
Nas visitas ao local constatou-se durante todos os processos realizados grande ociosidade dos
funcionários e muitas ordens de serviço atrasadas. Para minimizar esses problemas, propõe-
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