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- Ra «oe 5° eA Pee we Se sh PO Sos as e Oe RX a Peas OO US en io oe os oF os ss one ee re ‘a modema divisio de poderes,|Montesquieu\ distingue por sua is tipos de governo: “ 10, no aval o ‘ou uma parte do povo tem o poder soberso; 0 Monérquico, no qual um s6 governa, mas de conformidade com leis fixas ¢ determinadas; ¢ 0 Despstico, ‘no qual um s6, sem lei e sem regra, faz tudo sem outro limite que sua vonta- de e seu capricho”. Adiante agrega: “Um homem ao qual ‘seus cinco sentidos dizem sem cessar que ele € tudo e que os demais nfo séo nada € naturalmente ignorante, preguicoso © voluptuoso”. “Assim como é necesséria a virtude numa de- mocracia, a honra numa monarquia, é indispensdvel o temor num governo despético; quanto a virtude ndo ¢ necesséria, € to @ honra seria perigosa.” Eo direito de rebel ‘contra o despotismo, senhores jui- Jihl\ 25 sot reconbecido, desde mals] remota antguidade até o presente, por homens de todos os credos, idéias ¢ doutrinas. ‘Nas monarquias teocréticas da antiguidade, na China, era praticamente um principio constitucional de que quando o rei governasse indecorosa e despoticamente fosse deposto e substi- ‘tuido por um principe virtuoso. “ (Os pensadores da India antiga apoiaram a resisténcia ati- va em face das arbitrariedades da autoridade. Justificaram a revolugéo e muitas vezes levaram a pritica suas teorias. Um de seus guias-espirituais dizia que “uma opiniao sustentada por muitos é mais forte que o proprio rei. A corda torcida por ‘muitas fibras 6 suficiente para arrastar um edo”. i As cidades-Estados da Grécia e da Reptblica Romana, i ‘nao s6 admitiam como faziam apologia da morte violenta dos tiranos. ‘Na Idade Média, John de Salisbury em seu Livro do Ho- mem de Estado diz que, quando um principe nfo governa de acordo com o direito e degenera em tirano, é licita e est4 jus- tificada sua deposicio violenta. Recomenda que contra ti- rano seja usado o punhal, embora nao o veneno. Sao Tomés de Aquino, na Summa theologica, rechagou a ‘j |ydouttina do tiranicidio, mas sustentou, sem embargo, a tese de ~JIWVque os tiranos deviami ser depostos pelo povo. ‘Martinho Lutero proclamou que quando um governo de> } genera em tirano, violando as leis, os sfditos ficavam livres’ Li do dever de obediéncia. Seu discipulo, Filipe Melanchtlon, | sustenta 0 direito de resisténcia quando os governos se con- vertem em despéticos. Calvino, o pensador mais notavel da 98 { \ | reforma do ponto de vista das idéias politicas, postula que 0 | |) povo tem o direito de pegar em armas para opor-se a qualquer | uusurpaco. ‘Até mesmo um jesuita espanhol da &; Mariana, em seu livro De rege et regis inst quando ‘um governante usurpa o poder, ou. mes eleito, rege a vida piblica de maneira tirinica, é licito 0 tira- nicidio por um simples particular, diretamente, ou valendo-se . do subterfégio com 0 menor distirbio possivel. © escritor francés, Francisco Hotman, sustentou que en- {| tre governantes ¢ siiditos exi V\ que 0 povo pode algar-se em rel ‘ governos quando estes violam aq Por essa mesma época, aparece também um folheto que foi muito lido, intitulado Vindiciae contra tyrannos, firmado sob 0 pseudénimo de Stefhanus Junius Brutus, onde se pro- clama abertamente que ¢ legitima a resistencia aos governos {que oprimem 0 povo e que era dever dos juizes encabecar a Tota. Os reformadores.escoceses John Knox e John Poynet | mantiveram este mesmo ponto de vista, € no livro mais im- portante desse movimento, escrito por George Buchman, diz- se que se 0 governo logra o poder sem’ consentimento do | povo ou rege os desnos deste de manera injusa © arbitré | tia, se converte em tirano, pode ser destituido ou, em sitimo "caso, privado da vida. John Althus, jurista alemZo dos principios do século XVII, em seu Tratado de politica, diz que a soberania enquan- to autoridade suprema do Estado nasce do concurso volunté- rio de todos os seus membros; que a autoridade do governo emana do povo e que seu exercicio injusto, extralegal ou tira nico’ exime 0: povo do dever de obediéncia e justifica a resis- téncia e a rebelido. ‘Até agora, senhores juizes, mencionei exemplos da Anti- guidade, da Idade Média, ¢ dos primeiros tempos da Idade itores de-todas’as idéias e crencas. ‘Mas, como vereis, este direito reside na propria origem de nos- sa existéncia politica. Gragas ao direito de rebelido podeis vestir as togas de magistrados cubanos. Oxalé elas fossem a expressio da justica. B sabido que na Inglaterra, no século XVII, foram des- | tronados dois reis, Carlos I e Jaime II, por atos de despots |) ) 99 ||mo. Estes acontecimentos coincidiram como nascimento da filosofia politica liberal, base ideologica de uma nova classe cadeias do tentava o principio do contrato social e do cons governados, que serviu de fundamento a Revolugéo Inglesa de 1688, © as revolugdes americana ¢ francesa de 1775 ¢ Esses grandes acontecimentos revolucionérios deram inicio a0 processo. de 1g das colénias espanholas na ‘América, cujo éltimo Cuba. Nesta filosofia nutriu-se nosso pensamento politico e constitucional que evoluiu desde ‘a primeira Constituicgo de Guéimaro até a de 1940. Esta ‘iltima j4 se acha influenciada pelas correntes.socialistas do mundo atual, que nela consagraram 0 principio da funcio so- cial da propriedade ¢ 0 direito inaliendvel do homem a uma isténcia di plena vigéncia foi impedida pelas gran- direito de insurrei¢do contra a tirania obteve entio sua consagracio final ¢ se converteu em postulado essencial da li- , John Milton escreve que o poder politico ov) /o, que pode nomear e destituir reis e tem o de- ver de afastar os tiranos. m 0 direito e 0 dever de suprimir ou mudar 0 governo. “O “nico remédlo contra a forea sem autordade est em_opor the a forca.” ques Rousseau diz, com grande elogiiéncia, em ‘ontrato social: “ um povo se vé forcado a obe- decer ¢ obedece, faz bem; to logo pode sacudir 0 jugo e 0 sacode, faz melhor, recuperando sua liberdade, pela utilizagio do mesmo direito com que se the tirou”. “O mais forte nio € nunca suficientemente forte para ser sempre 0 amo, se néo |) A forea € um poder fisico; no vejo que moralida ja de- vu rivar de seus efeitos. Ceder & forca é um ato de necessidade, indo de vontade; tudo o mais € um ato de prudéncia. Em que fentido isto poderd ser um dever?” “Remunciar a liberdsde € renunciar & condigéo humana, aos direitos da Humanidade, inclusive a seus deveres. Nao’ h4 recompensa possivel para faquele que a tudo renuncia. Tal rendincia é incompativel com 100 fe opuseram a esse direito dos faquele clérigo de Virginia, Jonathan Boucher, que doutrina condens- {, fo Congreso de Fila 1776, consagrou esse direito num belo ‘Sustentamos como verdades evidentes e seu Criador confere 0s quais estdo a vida, cidade; que para assegurar es- ccujos justos poderes deri- a liberdade ¢ a conquista da tes direitos sfo instituidos gover esses fins, 0 povo tem di- la, ¢ instituir um novo governo que rincfpios ¢ organize seu poderes reito a reformé-la ou se fundamente nos re sa Declaragio Francesa dos Direitos do Homem ‘geragoes este principio: “Quando o governo do povo, a insurreicdo € para este 0 mais sa- grado dos direitos ¢ 0 mais imperioso dos deveres”. “Quan- do uma pessoa se apoderar da soberania deve ser condenada & ‘morte pelos homens livres”. 101

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