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DEZ

Sin acordou com um lampejo de pânico. Os últimos vestígios do pesadelo


assombravam sua visão periférica, mas quando ele olhou de relance para o canto escuro
do quarto, não encontrou nada de anormal lá.
Afundando-se na cama, Sin respirou fundo. Havia um tremor pronunciado em seus
membros e sua respiração ainda estava acelerada. Dores fantasmas ecoavam através de
seu corpo como se ele realmente tivesse vivenciado o que quer que tenha acontecido em
seu sonho. Tentar lembrar totalmente o que havia sonhado não fazia nenhum
sentido. Ele tinha o mesmo pesadelo inúmeras vezes. Recentemente, o sonho começou a
chegar com mais frequência. Mas não importava o quão desgastado ele se sentia depois
de acordar, não importava o quanto ele estivesse consternado, apenas fragmentos do
sonho restavam em sua mente.
Grama verde e pedras manchadas de sangue, a lua pairando em um céu de fumaça e
ônix. Imagens de um corpo sendo arrastado por um terreno acidentado, uma boca
entreaberta e dedos arrastando-se pela sujeira.
"Merda."
Sin abriu os olhos novamente e se sentou. Sua cabeça estava doendo, mas a dor
fantasmagórica em seu torso que a acompanhava gradualmente se desvaneceu. Era
sempre a mesma coisa quando ele acordava—dores estranhas como se ele tivesse
acabado de lutar e um horror arrebatador que fazia seu coração ficar preso em sua
garganta. Mas ele nunca se lembrava de tudo.
Sin passou os dedos pelos cabelos e ficou de pé. Descontente e irritado, ele rolou
seus ombros rígidos com movimentos circulares em uma tentativa de aliviar a
tensão. Ele não entendia o sonho ou por que tinha tal efeito sobre ele. O fato de acordar
suando frio já era ruim o bastante, mas a ideia de que ele tremia e gritava enquanto
dormia era pior. Ainda o incomodava imensamente o fato de que Boyd havia
testemunhado o ocorrido em primeira mão.
Ele foi para o banheiro, tirando as calças cinza e folgadas que ele usava para
dormir. A luz do dia que entrava pelas janelas do apartamento parecia muito clara em
comparação com a escuridão de seu quarto, mesmo que o sol ainda estivesse encoberto
pelas nuvens. A luz fez sua cabeça doer mais ainda, porém ele sentiu alívio simultâneo,
pois ela afastava os sonhos de sua mente. Os sentimentos confusos não haviam se
dispersado completamente até que ele entrou embaixo do bem-vindo jato de água do
chuveiro. A água esfriou sua pele desconfortavelmente aquecida. Sin afastou o cabelo
macio e manteve seu rosto inclinado contra a água fria. Ele se sentiu melhor.
Era estúpido se deleitar com a sensação de um banho normal, mas ele não pôde
evitar.
Em toda a sua vida, Sin nunca teve seu próprio espaço. Embora fosse um
apartamento padrão da Agência e configurado de forma espartana, ainda era um lugar
seu.
Ele ainda estava confinado ao complexo a menos que tivesse supervisão e guardas se
postavam em frente a porta do apartamento o tempo todo, mas era melhor do que viver
em uma cela no 4º. Sin não tinha ideia de como Carhart conseguira convencer Connors
a finalmente deixá-lo ter seus próprios aposentos, mas suspeitou que eles achavam que
essa tática iria levá-lo a cooperar. Se esse fosse o caso, ele não podia negar que tinha
sido um fator motivador.
Bem, isso e o fato de que Boyd acabou se mostrando ser um ser humano
marginalmente aceitável.
Pensar em Boyd o perturbava de uma forma que ele não entendia. Ele havia tido
pensamentos conflitantes sobre o homem mais jovem a partir do momento que o viu
durante a entrevista e agora, meses depois, Sin ainda era incapaz de chegar a uma
conclusão clara sobre seu parceiro. Ele não confiava em Boyd, não realmente, mas, de
alguma forma, Boyd havia se transformado não apenas em um parceiro decente, mas
também em um certo tipo de companheiro.
Uma conversa aleatória não deveria ser tão alarmante, mas alguns dias depois, Sin
percebeu o porquê de um diálogo tê-lo jogado na defensiva. Durante todo o seu tempo
na Agência, Boyd foi a primeira pessoa a falar com ele. Carhart insistentemente tentava
e falhava, mas Sin nunca conseguia olhar para o general sem desconfiar que ele tivesse
um motivo para se aproximar dele. Boyd, no entanto, não parecia ter nenhum. E isso
não fazia sentido. Na verdade, Boyd deveria estar ou tramando contra ele ou tentando
fugir após a missão quase desastrosa que ocorreu em Cunningham Terrace há duas
semanas.
A pior parte desse incidente era que Sin não lembrava de nada até o momento onde
ele já estava esmagando Boyd contra o chão. Era como das outras vezes, os "episódios"
como a Agência os chamava, quando ele apagava completamente. Mesmo que Boyd
tivesse conseguido tirá-lo do transe, Sin não tinha muito otimismo quanto a isso
acontecer uma segunda vez.
Depois de esfregar-se e permitir que os poderosos jatos de água o enxaguassem, Sin
fechou a torneira. Saindo do chuveiro, ele enrolou uma toalha em torno da cintura e
deu-se uma olhada superficial no espelho. As contusões estavam lentamente
desaparecendo de seu torso, mas o ferimento de bala ainda estava doloroso e em carne
viva. Depois dos primeiros dias cuidando da ferida por conta própria, Sin tinha sido
forçado a ir para a ala médica para se certificar de que não havia infeccionado. Mesmo
que ele não gostasse de ter funcionários da Agência cuidando dele, uma infecção não
era algo que ele pudesse resolver sozinho.
Depois de se secar e se vestir para uma manhã de treinamento, Sin deixou o
apartamento. Ele não olhou para seus guardas, Daniels e Kemp, e se aproximou do
corredor. Sin podia sentir os olhos dos homens grudados em suas costas, mas não os deu
atenção.
Como de costume, o complexo estava relativamente silencioso em torno de seu
prédio residencial. Era separado dos outros e consideravelmente menor devido ao fato
de que se destinava a casos especiais. Haviam os guardas habituais postados ao lado das
portas principais que o observavam enquanto ele passava, mas além disso, Sin foi
deixado sozinho na caminhada pelo pátio. Somente quando ele se aproximou da Torre
que multidões de pessoas começaram a aparecer.
A tensão que havia se concentrado em seus ombros ao sair do prédio só piorou
quando ele subiu os degraus da Torre. Ele não tinha ansiedade social, mas tinha
ansiedade de agente idiota. Especialmente desde que ele havia sido trancado em uma
cela de tortura por colocá-los em seu devido lugar. A maioria das pessoas evitava Sin,
mas sempre havia alguém que inevitavelmente o irritava.
Tudo estava indo bem o bastante; ele conseguiu obter a única sala privada
remanescente, afastada do espaço principal de treinamento, para que não tivesse que
lidar com gente estúpida. Ele passou mais de uma hora fazendo vários exercícios e
alongando-se em relativa paz e sossego. Sin perdeu-se na repetição dos exercícios que
estava fazendo. Sua mente clareou e a raiva se dissipou. A sensação só durou até que ele
deixou a sala para pegar uma garrafa de água e notou Harry Truman e Dennis
McNichols na área principal.
Harry fixou os olhos em Sin imediatamente.
A tensão voltou e Sin drenou sua garrafa de água antes de voltar para a sala de
treinamento privada para esperar.
Uma onda de raiva silenciosa varreu Sin, mas ele manteve-a sob controle. Harry era
a única pessoa no complexo que não tinha medo de tocá-lo. Harry sabia melhor do que
ninguém do que Sin era capaz, mas isso não o detinha de forma alguma. De fato, o
guarda fazia de tudo ao seu alcance para fazer com que Sin o atacasse. Ninguém parecia
entendê-lo, nem mesmo o imbecil do Dennis parecia saber qual a motivação de Harry,
mas Sin havia percebido qual era há muito tempo.
Harry o queria no 4º. Suas interações eram antigas, mas após a introdução da Caixa,
Harry havia levado sua perseguição a um nível superior. Enquanto Sin era mantido
drogado, Harry foi capaz de fazer o que quisesse com ele. Sin tinha lembranças bastante
confusas de mãos grandes o apalpando e uma boca quente e molhada pressionando seus
lábios e pescoço para perceber que Truman tinha uma obsessão sexual por ele. Depois
de olhar os arquivo do guarda, Sin não ficou surpreso ao ver que nos anos civis de
Harry ele tinha sido um criminoso sexual fichado com um longo histórico de
perseguições. A Agência admitiu Harry devido ao seu passado militar e tendências
sociopatas, mas até mesmo eles tinham se esquivado de o oferecer uma carreira como
agente de campo, uma vez que perceberam que o homem não podia controlar seus
impulsos sexuais. Em vez disso, eles o colocaram no 4º para incomodar as pessoas que
já estavam recebendo o pior tratamento possível.
"Nós continuamos a nos esbarrar por aí, Vega," Harry falou enquanto entrava na sala
com Dennis logo atrás.
"Imagina só, considerando que nós dois vivemos no complexo."
"Ah, essa é a única razão mesmo?" Harry parou a menos de um palmo de distância
de Sin. Seus olhos percorreram seu corpo suado, concentrando-se na virilha de sua calça
de moletom antes de voltar para o pescoço úmido de Sin e seus lábios franzidos. "Pensei
que talvez você estivesse fazendo isso de propósito.”
Sin sorriu presunçosamente, a repulsa se contorcendo com o ódio que sentia pelo
homem. "Quisera você.”
"Por que você não nos dá um minuto?" Harry disse para Dennis.
Dennis franziu a testa. “Não acho que isso seja uma boa ideia, Har—”
"Eu disse para dar o fora, porra", foi a resposta rosnada. O olhar que Harry lançou ao
amigo estava cheio de veneno. A julgar pela maneira como Dennis partiu rapidamente,
parecia que a personalidade abusiva de Harry também afetava suas amizades.
Sin descruzou os braços e fechou os dedos em punhos. Ele lançou um olhar rápido ao
redor da sala e observou que havia de fato uma pequena câmera instalada no teto. Havia
sido quase disfarçada pela luminária.
"Você continua se fazendo de difícil agora que está livre, não é?" Harry aproximou-
se e forçou Sin a recuar a menos que quisesse que o guarda se pressionasse contra ele.
"Passar a mão em alguém que está em um estado de estupor não conta como
consentimento."
Sin não reagiu quando Harry o empurrou contra a parede. "Eu sei que deve ser difícil
para um pedófilo—”
"Eu não sou a porra de um pedófilo", Harry retrucou, prendendo Sin pela cabeça.
Sin precisou de toda a sua força de vontade para não responder. Ele respirou fundo,
mas seus dedos estavam agora fechados em punhos tensos. "Quatorze anos é a idade de
consentimento em seu mundo de fantasia? Essa era a idade do menino que você atacou
antes da Agência recrutar você, não foi?”
Harry agarrou a frente da camisa de Sin, espremendo o tecido. “Olha só quem fala,
um cara que mata civis e estupra sua psiquiatra.”
Sin não sabia como o rumor sobre ele ter estuprado Lydia tinha sido inventado, mas
ele não ia responder a isso. Era isso que Harry queria—obter este tipo de reação dele.
Harry se inclinou para frente novamente, levantando a mão para deslizar pela lateral
do rosto de Sin. "Agora, quando você vai começar a bancar o bonzinho?" Ele esfregou o
polegar contra a boca de Sin, separando seus lábios. A respiração de Harry ficou presa
em sua garganta. "Eu tenho que admitir, Vega. Sinto falta dessa sua bunda linda. Tenho
saudades de ter você lá no 4º comigo.”
"Você tem?" Sin virou o rosto para o lado, o corpo ficando tão tenso que sua dor de
cabeça retornou.
"Sim, eu tenho." Desta vez Harry esfregou o rosto contra o pescoço de Sin e inalou.
“Vamos, não aja como se tivesse esquecido, Vega. Todo o tempo bom que passamos
juntos...”
"É disso que você chama?"
“Porra, é sim. Mas você sabe que eu gosto mais quando você luta. Pensar naquele
olhar em seu rosto quando você fica com raiva... Mmm, me faz gozar muito mais forte.”
O deslizar áspero e liso da língua de Harry contra seu pescoço empurrou Sin para
fora do estado de calmaria forçada que ele tentou adotar. Ele envolveu o pulso de Harry
com a mão e torceu-o para trás até que o outro homem grunhiu de dor.
“Toque em mim e eu te mato. Nós não estamos mais no 4º.”
Harry flexionou o pulso, olhando para Sin com óbvio desejo. “Me ataque novamente
e você estará, seu puto. Eu vou ativar essa coleira e bater em você com tanta força que
seus olhos estarão rolando das órbitas durante uma semana. Quando você acordar, estará
de volta ao 4—,” Harry se aproximou novamente e Sin ficou tenso. “—drogado,
desamparado e totalmente a minha disposição. E da próxima vez, você será
meu. Todinho."
As palavras causaram uma sequência de imagens à memória de Sin. A sensação de
um corpo pesado esmagando-o, uma ereção batendo em sua coxa—incapaz de se
mover, incapaz de se defender. O poder que Harry mantinha sobre ele agora era tão pior
quanto o que havia mantido antes. A incapacidade de reagir sem deteriorar as suas
consequências fez Sin paralisar no lugar. Ele estava tão desamparado quanto estivera na
Caixa.
Tudo o que Harry disse era verdade e Sin estaria fodido de qualquer maneira.
Seus lábios se crisparam, as narinas se dilataram quando sua respiração ficou mais
rápida.
"Esse é o rosto", Harry sussurrou, lábios grossos levantando-se em um sorriso
imundo. "Desse jeito. É assim que eu quero que você me olhe quando eu finalmente te
foder.”
A imagem de Harry na frente dele começou a piscar. Tudo ao seu redor se
esmaecia. A visão periférica de Sin se tornou inexistente; ele se concentrou apenas na
ameaça diante dele. Harry.
"Toque-me e você vai se arrepender."
A ameaça só excitou Harry, que deu uma risada gutural. Assim que sua mão se
enrolou no braço de Sin, a porta atrás deles se abriu. Ele afastou os olhos de Harry. Os
batimentos cardíacos de Sin se aceleraram e suas mãos começaram a tremer. Ele as
forçou para baixo, mas estava perdendo o tênue controle que ele tinha sobre a violência
que queria causar estragos.
"Estou interrompendo alguma coisa?" A voz descontente de Boyd filtrou-se através
da tensão.
“Não é da porra da sua conta,” Harry rosnou.
"Isso é da minha conta." Boyd se postou atrás do guarda. "Eu sugiro que você tire as
mãos do meu parceiro.”
Dennis correu para dentro da sala. "Desculpe, Harry, eu fui embora por um minuto
—”
"Cala a boca, caralho," Harry rosnou.
Sin puxou o braço, mas Harry agarrou a frente de sua camisa, rasgando o
colarinho. Ele puxou Sin contra ele até que seus rostos estivessem a apenas alguns
centímetros de distância. Boyd agarrou o braço de Harry, mas Dennis correu e
empurrou Boyd contra a parede. Ele levantou o punho para atacar Boyd, assim que Sin
despertou de seu ódio ofuscante e apertou o pescoço de Dennis com a mão.
Luke Gerant entrou na sala antes que qualquer coisa mais pudesse acontecer.
"O que diabos está acontecendo?" Luke exigiu.
Harry se afastou com um ar de zombaria. "Nada. Não enche o saco."
Sin soltou Dennis. Seus dedos já haviam feito marcas vermelhas na garganta do
homem.
“O oficial Truman estava assediando Sin,” Boyd falou, rodeando Dennis.
"Ele estava usando o oficial McNichols para vigiar a porta para que ninguém
entrasse e obviamente planejara piorar a situação. Eu tentei intervir e agora veja o
resultado.”
Sin piscou, olhando para Boyd. A adrenalina ainda estava bombeando em suas veias,
mas o desejo de eviscerar os dois homens estava desaparecendo. "Boyd—”
"Cale a boca e cuide da sua vida", Harry interrompeu, olhando para Boyd "Isso é
entre mim e Vega."
O olhar que Harry estava dirigindo a Boyd causou uma pontada de inquietação que
substituiu a raiva de Sin. Quando Harry se voltava contra alguém, era mais uma
promessa do que uma ameaça, e isso não traria nada de bom para o futuro.
Sacudindo os vestígios remanescentes do episódio que não tinha realmente se
concretizado, Sin esperou que Harry fizesse um movimento. Ele não duvidava que o
homem pudesse atacar Boyd agora—Harry não tinha controle sobre seu temperamento
quando ele não conseguia o que queria, embora ele geralmente não atacasse em frente a
uma platéia.
"Não é entre vocês dois." Boyd não se afastou da promessa de conflito estampada no
rosto de Truman. "Você é claramente um degenerado aproveitando-se da situação. Sin
pode se sentir incapaz de reagir adequadamente, mas eu não. Apresentarei uma queixa
formal contra você se for preciso.”
O desconforto de Sin aumentou. "Vamos embora."
Luke olhou de Dennis a Harry, sem esconder sua antipatia. "Relatar o ocorrido pode
ser que seja uma boa idéia.”
Dennis estava incrédulo. "Você está tomando o lado deles ao invés do nosso?"
Harry zombou, não parecendo surpreso.
“É um incidente que claramente precisa ser colocado em registro. Vocês estavam
sendo filmados o tempo todo. Pode ser que seja melhor se todos tiverem seu lado da
história documentado,” Luke respondeu. “Além disso, outros no centro de treinamento
estavam cientes de que algo estava acontecendo. Um trabalhador da manutenção me
agarrou enquanto eu estava passando para me informar que havia problemas.”
Sin não tinha interesse em arquivar relatórios ou documentar nada. "Estou caindo
fora daqui."
Boyd não se mexeu. “Como posso prestar um relatório oficial? Eu denuncio o que
testemunhei para você ou devo escrever um relatório e enviá-lo?”
Harry fez outro som de zombaria com a parte de trás de sua garganta e saiu de dentro
da sala com Daniel em seus calcanhares.
Ignorando-os, Luke assentiu. “Vá para o terceiro andar—é onde fica o Centro de
Comando da Guarda. Todos os incidentes que ocorrem no complexo são relatados lá
antes de serem distribuídos até a cadeia de comando adequada para os indivíduos
envolvidos. Já que o incidente envolve Truman e McNichols, vou me certificar para que
meu capitão cuide disso.”
"Farei isso. Obrigado."
Luke começou a dizer algo para Sin, mas ele saiu da sala. Sin quase continuou
andando até que estivesse longe da área de treinamento, mas se forçou a parar. Quando
Luke e Boyd deixaram a sala privada, o guarda parou à sua frente.
"Eu aprecio o fato de você não ter machucado Harry."
Sin levantou uma sobrancelha.
“Eu sabia que você poderia tê-lo ferido. E sei que ele teria merecido.”
“Como pode ter tanta certeza? Eu sou um canibal descontrolado, lembra?”
"Não, não é. Você não é tão louco quanto quer que eu pense que seja. Como eu disse,
você poderia tê-lo matado.”
"Sim", Sin concordou. "E da próxima vez, eu provavelmente irei."
Eles olharam um para o outro por um instante e então Luke levantou a mão em
despedida. Ele disse a Boyd: “Me avise se você tiver algum problema em apresentar o
relatório. Você pode encontrar meu número no diretório. Cuide-se."
Quando o guarda foi embora, Sin se dirigiu ao seu parceiro. "Por que você se
envolveu?”
Boyd estava calmo como sempre quando encontrou os olhos de Sin. "Parecia que
você estava prestes a machucá-lo e eu queria intervir antes que você pudesse se meter
em apuros por se defender. Eu também queria que ele soubesse que nem todo mundo
vai continuar ignorando tal assédio flagrante. Ao relatar isso, talvez Truman encare
algumas consequências por conta desse comportamento.”
Várias coisas sobre a resposta de Boyd foram inesperadas, mas no momento, haviam
muitas pessoas focadas em Sin e ele ainda sentia o ardente desejo de bater no rosto de
alguém.
"Vamos sair daqui."
Boyd o seguiu para fora da sala de treinamento. A maioria das pessoas evitou olhar
diretamente para Sin quando ele se aproximou, mas assim que ele virou as para o resto
da sala, pôde sentir o peso dos olhares sobre ele. Alguns murmúrios ecoaram pelo local
e Sin pensou que eles, sem dúvida, acreditavam que ele havia causado algum tipo de
problema. Ele não pôde deixar de imaginar o que as pessoas pensariam se soubessem a
verdade.
Ele e Boyd continuaram andando até que estivessem do lado de fora, bem longe do
alcance de quem seria corajoso o suficiente para escutar a conversa. Sin guiou Boyd ao
redor da lateral do edifício e aproximou-se de um aglomerado de árvores que lhes
fornecia abrigo do fluxo constante de pessoas no caminho.
“Você, desnecessariamente, chamou a atenção de alguém que teria sido mais
inteligente evitar ", disse Sin. "Deveria ter ficado fora disso."
"Não importa. Eu não teria ficado em silêncio, independentemente disso.”
“Você está sendo arrogante ou estúpido. Truman é o líder da matilha de muitos
guardas que dirigem este lugar. E não do tipo que parecem ser iguais a Luke. Seria sábio
não provoca-los só por minha causa.”
A expressão de Boyd estreitou-se. A primeira sugestão acalorada que Sin tinha
ouvido de Boyd podia ser percebida no tom de sua voz. “Então eu deveria permitir que
uma pessoa terrível machuque os outros na minha frente simplesmente porque seria
inconveniente para mim caso eu interfira? Você é meu parceiro e irei te ajudar. Mesmo
que isso não fizesse parte do meu trabalho, eu não teria deixado passar. Além disso, as
pessoas já me odeiam por causa de minha mãe e da minha posição. Isto não muda
nada.”
“Você me defendeu. Isso foi o suficiente. E eu...” Sin ergueu os ombros. "Eu
agradeço. Ninguém nunca me defendeu antes. Mas levar isso adiante não é
necessário. Eu não quero que você se machuque de novo porque estava tentando me
ajudar.”
Boyd estudou Sin, com os olhos dourados concentrados nele. “Isso não me
incomoda. O que de fato me preocupa é que você tem expectativas tão baixas sobre
todos que até mesmo alguém que tome seu lado em um conflito é o suficiente para
você. Harry parece ser muito arrogante para ser parado até que seja desafiado. Eu não
agirei com meias medidas. Se algo acontecer comigo em uma missão, eu quero o
incidente registrado primeiro.”
"Quer para de falar sobre esse negócio de próximos parceiros?" Sin disse,
exasperado. “Eu decidi seguir com essa merda e você ainda está pronto para cair morto
na primeira oportunidade."
“Estou sendo realista. Eu tenho mais chances de morrer do que você. Não tem nada a
ver com você ser um bom parceiro. Estou simplesmente pensando adiante.”
"Você é um idiota."
"Com o que está preocupado? Há algo que eu deveria saber sobre Harry?”
Sin debateu o quão longe ele queria levar o assunto adiante. Teria sido mais
inteligente terminar a conversa antes que ele desse a Boyd ainda mais munição para
colocar em um relatório de queixa. Por alguma razão, ele não encerrou o diálogo.
“Ele é um predador e me vê como uma vítima ideal. O fato de que sou geralmente
odiado pesa em seu favor porque ninguém seria capaz de acreditar em mim se eu
contasse a alguém, mas ele não se importa com o que fiz. Quando se é negado o que ele
quer, ele fica pior e ataca. Também não ajuda o fato de que seus amigos são
responsáveis pela estação de vigilância.”
Mais uma vez, um lampejo de raiva iluminou o rosto de Boyd. Mesmo sendo tão
sútil, era mais emoção do que Sin estava acostumado a ver na expressão de seu
parceiro. "Entendo. Sendo um predador, isso significa que ele atacou ou assediou outras
pessoas no passado? Ou tem sido principalmente só você devido às suas
circunstâncias?”
"Eu sei que ele tinha registro criminal antes de ser recrutado."
"Há quanto tempo ele está aqui?"
“Há pelo menos cinco anos, talvez mais. Ele apareceu pela primeira vez no 4º dois
anos após meu primeiro encarceramento.”
“Todo mundo sabe que ele age dessa forma? O oficial Gerant não pareceu surpreso
com a situação.”
Duas mulheres entraram no pequeno bosque e pararam ao ver Sin e Boyd. Elas
olharam de um homem para o outro e fizeram uma careta. Sin continuou a falar como se
a conversa nunca tivesse sido interrompida.
“Todos os guardas da ala de segurança máxima do 4º sabem o que ele é. Luke só
parece ser mais sensível e moralista do que os outros.”
"Por que você não quer que eu faça um relatório, então?" Boyd cruzou os braços e
recostou-se contra uma árvore, com frustração definindo as linhas de seus
ombros. "Obviamente, ele não planeja parar e todo mundo sabe e finge não ver. A
ignorância e a discriminação por si só são surpreendentes. Isso não te incomoda de
nenhuma forma?”
Sin deu de ombros, cansado do assunto. Ele não estava interessado em ser visto
como uma vítima em alguma circunstância infeliz. Harry Truman só era um incômodo e
um perigo porque Sin não podia se defender sem piorar a situação. Era apenas algo que
ele teria que lidar para evitar que fosse preso à Caixa.
"Estou acostumado com isso. Não faz mais diferença para mim. As pessoas vão fazer
o que elas querem porque pensam que podem. Afinal, mal sou um ser humano. Sou o
monstro assustador do complexo.”
Boyd zombou. “Bem, eu não aceito seu status quo. Ele já não gosta de mim então,
não arquivar o relatório não ajudaria. Eu não vou ficar parado sem fazer nada enquanto
estiver dentro do meu alcance pelo menos colocar em palavras o que todo mundo
convenientemente iria ignorar.”
Não havia sentido em discutir o assunto. Boyd parecia determinado a seguir com seu
plano e Sin não iria continuar argumentando com ele sobre isso. Além disso, Sin não
podia negar que havia algo de intrigante sobre a teimosia de seu parceiro. Era uma
mudança na habitual apatia e desinteresse de Boyd pelo mundo.
“Por que você estava lá, afinal? Eu nunca tinha te visto lá antes.”
"Você me disse que era um bom lugar para treinar."
Na época, Sin só disse isso para se distrair de sua própria curiosidade sobre o porquê
uma pessoa reclusa como Boyd passaria um tempo na casa de Ryan e também, por
causa de seu desejo repentino em ver o sorriso fugaz de Boyd reaparecer.
Quando ele não disse nada, Boyd pareceu tirar suas próprias conclusões.
"É tão estranho assim que eu fui lá?"
"Não. Eu apenas—” Sin interrompeu-se. Como de costume, ele não sabia como
explicar com precisão o que estava tentando dizer. Expressar-se aos outros nunca tinha
sido necessário antes. “Eu não achei que você realmente aparecesse. Pensei que você
fosse um solitário.”
“Ah.” Uma brisa morna empurrou o cabelo de Boyd em seu rosto. Ele colocou as
pálidas mechas atrás da orelha e inclinou o rosto contra o vento. "Há momentos em que
não me importo de estar perto dos outros. Mas desde que você recomendou o lugar, eu
fui.”
Não sabendo o que dizer sobre isso, Sin olhou para sua camisa rasgada em busca de
inspiração e percebeu que o tecido estava pior do que ele pensava. O colarinho inteiro
havia sido destruído e o lado esquerdo da camisa fora rasgada a esmo. Boyd notou o
estado de sua roupa também.
"Se você precisa ir embora para trocar de roupa..."
"Não tenho outra camisa, de qualquer maneira."
"Por que não?"
“Porque as roupas que tenho são as que venho vestindo há mais de uma década. Eu
não saio muito.”
"Você ainda não tem permissão para sair por conta própria?"
Sin balançou a cabeça em negativo, olhando para a área geral dos portões. “Não sem
uma escolta. Não confiam em mim para ir à cidade sozinho, de acordo com o bom
Marechal.”
"Hm." Boyd deslizou as mãos nos bolsos de sua calça preta. "Gostaria de ir agora?”
A cabeça de Sin girou na direção de Boyd. "Com você?"
"Sim."
Mais uma vez, Sin ficou quase chocado e em silêncio. Eventualmente, ele deu um
riso zombeteiro. "Você realmente não tem medo de mim, não é?"
"Não. Eu não tenho."
Havia algo de irônico nisso, considerando que Boyd tinha quase sido morto por Sin
há algumas semanas atrás. Talvez fazia sentido que eles tivessem se dado bem. Ambos
eram aparentemente loucos.
"Você dirige?"
"Normalmente, sim. Meu carro está no estacionamento principal.”
Boyd foi em direção aos portões do complexo e Sin seguiu relutantemente. Ele
lançou um olhar discreto para o homem mais novo enquanto eles caminhavam, tentando
determinar porque Boyd estava sendo tão legal. Sim, eles vinham tendo conversas mais
frequentes ultimamente, mas isso era totalmente diferente. Estar perto de Boyd por
razões não relacionadas a uma reunião de instrução ou uma missão não era algo que Sin
tivesse considerado. Ele não sabia o que fazer. A maioria de suas interações com as
pessoas na Agência se davam de um jeito ou de outro; ou eles o ignoravam ou o
repudiavam. Nem mesmo Carhart havia se oferecido para escoltá-lo para fora do
complexo antes. E sempre havia a possibilidade de que Boyd estivesse jogando algum
tipo de jogo. Ser legal só para manter a parceria funcionando sem que ocorressem
problemas.
Franzindo a testa para Boyd novamente, Sin esperava que esse não fosse o
caso. Ninguém tinha sido amigável com ele antes e seria lamentável se descobrisse que
tudo isso era mentira. A disposição de planejar as missões em conjunto, as exibições de
curiosidade sobre Sin, as perguntas aleatórias e aquele sorriso... Sin estava quase certo
de que ele iria parar de se preocupar em interagir com as pessoas, mesmo da maneira
remota que ele fazia agora, se descobrisse que Boyd conseguira enganá-lo. Apenas essa
noção fez Sin querer voltar para seu apartamento e parar de fingir que ele era capaz de
ser sociável.
O carro de Boyd era preto e sofisticado, mais caro do que Sin esperava que
fosse. Eles entraram no veículo e pararam em frente aos portões enquanto Boyd
mostrava sua identificação e liberava sua saída com os guardas. Foi mais fácil do que
Sin pensava e ele pôde supor que Boyd já estava na lista de pessoas com quem ele era
autorizado a sair. Connors provavelmente nunca esperou que tal coisa viesse a
acontecer, no entanto.
Quando o carro se afastou do complexo, Boyd perguntou: “Alguma preferência por
faixa de preço?”
“Em algum lugar barato. Eu sou mantido em uma mesada. Eu não tenho acesso a
minha conta."
“Isso parece estranho. Por que não?"
"Porque eles controlam todos os aspectos da minha vida", foi a resposta factual. Sin
observou enquanto eles dirigiram através de All Sants, o bairro que em que a Agência
se encontrava. Fora do complexo, a área era cheia de casas grandes e espaços verdes,
especialmente com Silver Lake Park nas proximidades dominando grande parte da
área. Quando chegaram mais ao sul, prédios maiores começaram a surgir em seu campo
de visão.
“Eu conheço alguns lugares acessíveis. Se você não tem objeções, eu planejei trazê-
lo para uma loja de bazar de qualquer maneira.”
“Eu não me importo com o que visto. Qualquer lugar está bom.”
Boyd assentiu e levou-os para o sudoeste, em direção a Vickland. Sin não prestou
muita atenção para onde eles estavam indo, embora ele tenha notado que Boyd estava
seguindo por algumas das ruas secundárias residenciais que eram geralmente menos
usadas. Eles deram a volta para o norte, circularam retornando para o sul e
aproximaram-se da Rua Dauphin no lado oeste de Vickland pouco antes da área
começar a transição para o Distrito Financial. Foi quando Boyd estacionou o carro que
Sin percebeu que a rota mais rápida da Agência teria sido dirigir até a rua Dauphin.
Boyd havia tomado rotas diferentes para evitá-la. A informação se alojou na mente de
Sin combinada com memórias do comportamento de Boyd em sua primeira missão
juntos. Eles também estavam na Rua Dauphin naquele dia.
Sin olhou para o parceiro, mais intrigado do que nunca. Talvez um dia ele descubra o
que aconteceu com Boyd no passado.
"Eu pensei que você odiasse as pessoas tanto quanto eu", disse Sin, observando Boyd
remover as chaves da ignição. "Então, por que você está perfendo tempo comigo?"
"Porque eu quero." Algo na expressão de Sin deve ter feito Boyd perceber que a
resposta que ele tinha fornecido era inadequada, porque depois de uma curta pausa ele
continuou. “Eu não tenho uma resposta muito boa além disso. Exceto que me incomoda
que você não tem ninguém em quem confiar e que a maior parte de sua alienação parece
ser devido aos problemas dos outros mais do que o seu próprio. Eu não tenho o hábito
de agir antes de pensar e reservei um tempo para considerá-lo. Eu ainda tenho que
encontrar uma razão pela qual eu não deveria te ajudar. Então, quando algo ocorre que
me faz querer ajudar, eu faço.”
“Você realmente não parece o tipo caridoso. Você parece ser o tipo cuide-da-sua-
vida, ou do tipo tenta-não-dar-a-minima-ou-se-envolver.”
“Normalmente eu sou. No entanto, parece que com você é diferente.”
Sin saiu do carro. Mais uma vez, ele se perguntou se as palavras que soaram
genuínas eram, na verdade, frases cuidadosamente trabalhadas.
“Há muitas lojas de segunda mão na cidade, mas acho que o Aspen's Closet é a
melhor quanto ao preço e qualidade,” disse Boyd. “Quanto dinheiro você tem?"
“Uns duzentos. Eles não me dão muito.”
"Isso deve ser mais do que suficiente aqui, mas e se você fosse usar tudo isso em
roupas? Você ganha mais esta semana?”
"Não. Não importa. Eu não compro nada de qualquer maneira, exceto porcarias de
máquinas de venda automática."
"Parece um insulto ter seu próprio dinheiro retido".
Haviam algumas pessoas na frente da loja que lançaram olhares duvidosos á camisa
rasgada de Sin. Ele dirigiu uma expressão de escárnio à elas. “É bastante civilizado
comparado a me trancar em uma caixa."
Eles entraram na loja enquanto uma mulher e uma adolescente saiam. O interior era
maior do que Sin esperava, mas o lugar estava cheio de prateleiras de roupas e
pessoas. Era desordenado e amontoado, o que fez Sin querer voltar para o espaço aberto
da calçada. Em vez disso, ele engoliu a pontada de ansiedade e se forçou a agir como
uma pessoa normal. Tão normal quanto ele podia conseguir parecer.
“Sim, mas limitar sua liberdade de maneiras pequenas aumenta o insulto. Por quê
importa se você tem acesso ao dinheiro que ganhou? Não é como se você pudesse
comprar sua liberdade.”
A verdade era que Sin nem tinha pensado muito sobre a sua mesada quando a
Agência havia a implementado. No passado, ele não recebera dinheiro nenhum. Ele
tinha sido informado de que a soma era enviada para sua conta bancária, onde
permaneceria guardada até que ele fosse considerado capaz de lidar com dinheiro
sozinho. Agora Sin perguntou-se se tinha sido uma mentira. Se a Agência nunca o tinha
pago durante todos estes anos. Qualquer que fosse o caso, ele não podia mudar nada
disso agora.
Boyd levou Sin a uma pequena reentrância escondida ao lado da loja. De início, Sin
pensou que a área estava fora dos limites para o público, mas Boyd entrou sem se deter.
Um pequeno corredor se abriu diante deles e os levou a outra sala de exibição. Várias
prateleiras de roupas e de sapatos a enchiam. Boyd ficou de lado, gesticulando para as
prateleiras que continham roupas masculinas.
“Estes são os itens recém-chegados. É melhor verificar aqui antes que os melhores
desapareçam rapidamente no andar principal. Os sapatos são especialmente bons de
examinar aqui primeiro.”
“Vem muito aqui? Você não parece ser do tipo que precisa se preocupar com
dinheiro.”
Um olhar distante cruzou o rosto de Boyd. "Minha mãe é rica, mas, até que consegui
minha posição na Agência, eu não usufruia de seu dinheiro necessariamente. Eu nunca
tive que me preocupar em ter uma casa, mas quanto ao dinheiro para comida ou
suprimentos, variava. Eu me acostumei com gastar o mínimo possível. E meu...” Ele
parou e cruzou os braços, por cima de seu estômago. “Eu conhecia outros que não
tinham muito dinheiro, então viemos aqui para comprar roupas. O casaco e as botas que
uso foram compradas aqui, então eles têm algum itens de qualidade.”
Sin tentou fazer um valente esforço em procurar roupas, mas descobriu que os outros
clientes continuamente o distraiam. Ele se perguntou se algum desses civis iria
reconhecê-lo do incidente que ocorreu todos aqueles anos atrás. Mesmo se Vivienne
tivesse tentado encobrir o caso, ainda era possível que alguém se lembrasse do rosto do
homem que tinha sido apelidado pela polícia como o Psicopata de Vickland. A
possibilidade fez Sin desejar que ele tivesse vestido algo com um capuz para se
esconder. Não teria resolvido o problema completamente, mas ele também não teria se
sentido tão exposto. Sin sabia que se algo acontecesse a Agência iria suavizar e
manipular o fato, mas isso não eliminaria o horror de encontrar alguém que tivesse
realmente estado lá quando ele matou todas aquelas pessoas.
"Olha, eu só preciso de uma nova camiseta."
"Quanto de roupa você tem?"
Sin catalogou mentalmente seus pertences. Não demorou muito tempo. Um punhado
de camisetas, duas calças e um par de botas. Ele não possuía um casaco que fosse
adequado para o frio. Sem mencionar que tudo o que tinha estava surrado e desgastado.
"O suficiente."
“O que constitui 'o suficiente' para você? Eu nunca te vi em nada além do que está
vestindo."
"Eu tenho... alguns itens."
"Alguns", Boyd repetiu, olhando para o Sin de relance. "O que? Um par de calças e
possivelmente duas camisas?
"Eu tenho dois pares de calças, para sua informação."
"Erro meu." O sorriso sutil de Boyd reapareceu. "E exatamente há quanto tempo
você tinha essa roupa?”
Sentindo-se decididamente inexpressivo devido ao resultado da conversa, Sin
afastou-se e vasculhou algumas roupas sem a menor cerimônia. "Desde que eu era
jovem e impressionável.”
“Irei supor que isso significa pelo menos uma década."
Sin falou de modo zombeteiro. "Que diferença faz? Elas estão limpos e cobrindo as
partes essenciais do corpo, não estão?”
O senso de diversão iluminou os olhos de Boyd. "Sim, mas você as usou quase até
desgasta-las. Parece até que você veste a mesma coisa todos os dias por
décadas. Devemos remediar isso hoje. Se sua roupa de verão são estes farrapos, então
não tenho grandes esperanças para o que seja suas roupas de inverno.”
Sin imaginou que ele ainda devia ter algumas semanas do falso verão que eles
recebiam nesse mundo pós-guerra, e não se sentiu muito preocupado.
“Eu provavelmente poderia ter enviado meu servo para fazer tudo isso.”
"Quem?"
Com um encolher de ombros indiferente, Sin fez um esforço mais consciente para
olhar entre as coisas em exposição. “Algum maldito membro da equipe de serviço que
foi designado para lidar comigo. Ele me odeia quase tanto quanto eu detesto vê-lo. Ele
entrega minha comida e suprimentos. Eu acho que é deliberado para que eles possam
me impedir de ter que sair pra obter essas coisas.”
Havia um casaco preto estilo bombardeiro que serviria ao seus propósitos durante o
inverno. O revestimento interno era antigo, mas melhor que nada.
“Com que raridade você compra roupas novas, você realmente quer alguém que te
odeie fazendo essas decisões?”
“Considerando o jeito como as pessoas se assustam quando me vêem, realmente não
importa o que uso ou como me pareço, mas suponho que você tenha razão.” Sin
considerou o casaco e, em seguida, se dirigiu ás outras araras de rouoas. Sobrevivendo
por anos com o mínimo tornou difícil descobrir o que deveria ser uma necessidade.
"Hmm." Boyd puxou uma camiseta térmica preta de mangas compridas para que ele
pudesse vê-la completamente. Ele segurou a barra da camisa, seus cílios escondendo
seus olhos brevemente enquanto ele estudava-a antes de lançar um olhar examinador
para Sin, como se o avaliasse. Sem dizer coisa alguma, ele ofereceu a camisa para Sin.
"Você vai me vestir como você?"
"O que? Não. Está em boas condições. Você não precisa compra-la se não quiser. Eu
apenas pensei que você poderia querer experimentar.”
Sin jogou a camisa por cima do ombro. "Eu estou apenas implicando com você,
docinho. Não precisa ser tão explicativo.”
"Por que você me chama assim?"
O sorriso nos lábios de Sin aumentou e ele estendeu a mão, beliscando uma das
bochechas de Boyd e virando seu rosto de lado a lado. Ele começou a dizer algo que
soasse inteligente, mas a sensação da pele de Boyd em seus dedos o assustou, e o
comentário sarcástico se perdeu em algum lugar de sua mente. Sin baixou a mão. Ele ia
dizer "porque você é tão inocente e bonitinho”, mas isso pareceu pouco aconselhável
quando lhe ocorreu que Boyd, na verdade era atraente.
"Porque você é... jovem."
Boyd se virou, a mão distraidamente esfregando o lugar onde Sin o tinha
tocado. "Alguns dos trainees disseram a mesma coisa."
"Que você é jovem?" Sin tirou a camiseta rasgada e jogou-a de lado.
Boyd assentiu. "Eles haviam ficado surpreendidos. Acho que é porque fui promovido
direto para uma posição de alta classificação sem experiência pertinente. Mesmo assim,
você foi recrutado muito mais jovem do que eu, então eu sou realmente um
precedente?”
Sin puxou a camisa térmica sobre a cabeça e encolheu os ombros para que a peça
coubesse. “É porque você não tem nenhuma experiência em qualquer coisa. Isso faz
parecer que é nepotismo. Na realidade, é só porque a sua querida mãe sabia que dois
rejeitos da sociedade poderiam se dar bem, eu acho.”
"Você pode estar dando muito crédito a ela."
"Provavelmente." Sin olhou para a camisa novamente antes de tirá-la. Haviam dois
outros clientes na área e eles olharam quando ele voltou para
sua camiseta esfarrapada. Sin começou a estalar os dentes para eles como se ele
tivesse
feito para alguém no complexo, mas pensou melhor. "Eu realmente odeio
civis. ”
"A maioria das pessoas usa um camarim", disse Boyd suavemente.
"Eu não sou tímido." Adicionando a camisa térmica para a jaqueta, Sin voltou para o
frente da loja. Enquanto caminhava, ele achou ter ouvido Boyd resmungar:
notado. ”
Eles voltaram para a sala externa e Boyd foi direto para o jeans
seção. O pecado ficou para trás, não querendo ficar imerso na multidão. Lá
havia dezenas de pessoas revirando as pilhas e fazendo uma bagunça do
roupas bem dobradas. Se ele soubesse que a loja estaria tão cheia, Sin
teria se recusado a ir. Não era como se ele desse a mínima para o seu
roupas, de qualquer maneira. Ele só veio porque queria passar um tempo com Boyd.
Foi uma realização estranha; quase tão estranho quanto a percepção de que ele
encontrou
seu parceiro atraente. Sin nunca havia considerado quem era bonito e
que não era antes, mas ele nunca esperou passar o tempo seguindo alguma criança
em torno de Lexington também.
Franzindo a testa, Sin tirou um capuz preto de uma prateleira e colocou-o,
desenhando
capuz sobre a cabeça. Ele tentou se concentrar na tarefa em mãos, mas encontrou-se
crescendo inquieto novamente. Um par de garotas ficava olhando furtivamente para
ele, e era
começando a lhe dar nos nervos.
Boyd reapareceu ao seu lado com várias peças de roupa penduradas sobre o
braço. Ele levantou um par de tênis preto e vermelho. "Você gosta desses?"
"Eu tenho sapatos."
"Um par, certo?"
"Eu preciso de mais?"
"Sim. Se eles se desgastarem, o que você vai usar para substituí-los?
Sin supôs que eles seriam uma melhoria para trabalhar fora. "Bem."
“Eu encontrei algumas calças e uma camiseta. E eu não tenho certeza que você vai
gostar disso
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suéter, mas parece quente ”.
"Parece bom. Podemos sair?
"Incomoda-o estar aqui?"
“Eu não me sinto confortável em torno de ... civis. Em Lexington.
"Bem", Boyd começou. Ele fez uma pausa, olhou em volta e falou novamente. "Eu
não
acho que alguém está prestando atenção a você no momento. Talvez nos poderiamos
fique um pouco mais? Se não é um problema.
Era verdade o suficiente. As únicas pessoas que prestavam atenção nele eram aquelas
garotas
e quando ele fez mais um esforço para ouvir, ele percebeu que eles estavam
comentando sobre Boyd e sua aparência. Aparentemente, ele tinha um corpo incrível
e
Boyd tinha cabelos lindos.
"Tudo bem", ele repetiu. “A propósito, essas garotas gostariam de saber o que
condicionador que você usa. ”
Boyd sacudiu a cabeça, sorrindo de novo. "Eu nunca vou contar."
"Talvez você deva. Você pode até conseguir um encontro com isso.
Com uma zombaria silenciosa, Boyd virou-se para o rack mais próximo. “Eu
dificilmente acho que isso vai
acontecer."
"Tão pouca fé em si mesmo?"
"Não. Eu não estou interessada neles.
Agora as garotas estavam cientes da atenção que estavam recebendo. Para o pecado
irritação, um deles sorriu para ele encorajadoramente. Ele olhou e um dos
eles, uma pequena ruiva, instantaneamente baixaram seu olhar corajoso.
Na meia hora seguinte, Boyd conseguiu coletar um monte de roupas que Sin não
olhe, e o grupo de garotas ficou bem atrás delas na fila. Eles olharam
abertamente e murmuravam um para o outro, imaginando se os dois eram gays.
A pergunta surpreendeu Sin tanto que ele virou para nivelá-los com outro
brilho mortal. A conversa chegou a um fim abrupto.
Boyd não parecia estar prestando atenção, e Sin se perguntou se ele
teria ficado ofendido com o comentário. Pecado pessoas supostas eram rápidas
supor que Boyd de cabelos compridos com seu rosto andrógino e magra era
gay. Par que com os dois fazendo compras juntos enquanto Boyd o incomodava
sobre as coisas que ele precisava para se manter aquecido e a suposição fazia
sentido. De outros
do que isso, Sin não sabia se Boyd era gay e nunca tinha considerado o seu próprio
orientação. As únicas pessoas que já haviam demonstrado interesse nele sexualmente
eram
Lydia e Harry, e isso provavelmente porque ambos eram insanos. Lá
Também tinha sido Thierry, mas isso tinha sido apenas uma tentativa fraca de
manipulação.
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A irritação se transformou em curiosidade ociosa, então Sin inspecionou seu
parceiro. Boyd tinha
boas características e o que provavelmente seria uma construção decente se ele
ganhasse peso.
Era impossível dizer se objetivamente observando que uma pessoa tinha bom
características implicadas atração real, no entanto. Quando o pecado examinou vários
outros
as pessoas na loja, ele não achou nenhum deles particularmente interessante. Talvez
a Agência havia queimado a capacidade de encontrar outros atraentes para ele.
Era quase patético que em vinte e oito anos Sin nunca tivesse dado
muito pensado. Ele apostou que até Boyd tinha uma melhor compreensão disso
tipo de coisa, e ele mal tinha uma expressão. Foi bizarro até considerar
Boyd fazendo sexo com alguém.
O pensamento provocou imagens mentais interessantes na cabeça de Sin, e ele
sorriu maliciosamente.
Boyd foi retirado de seu devaneio. "O que?"
"Nada", disse Sin, recusando-se a explicar.

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