Sin acordou com um lampejo de pânico. Os últimos vestígios do pesadelo
assombravam sua visão periférica, mas quando ele olhou de relance para o canto escuro do quarto, não encontrou nada de anormal lá. Afundando-se na cama, Sin respirou fundo. Havia um tremor pronunciado em seus membros e sua respiração ainda estava acelerada. Dores fantasmas ecoavam através de seu corpo como se ele realmente tivesse vivenciado o que quer que tenha acontecido em seu sonho. Tentar lembrar totalmente o que havia sonhado não fazia nenhum sentido. Ele tinha o mesmo pesadelo inúmeras vezes. Recentemente, o sonho começou a chegar com mais frequência. Mas não importava o quão desgastado ele se sentia depois de acordar, não importava o quanto ele estivesse consternado, apenas fragmentos do sonho restavam em sua mente. Grama verde e pedras manchadas de sangue, a lua pairando em um céu de fumaça e ônix. Imagens de um corpo sendo arrastado por um terreno acidentado, uma boca entreaberta e dedos arrastando-se pela sujeira. "Merda." Sin abriu os olhos novamente e se sentou. Sua cabeça estava doendo, mas a dor fantasmagórica em seu torso que a acompanhava gradualmente se desvaneceu. Era sempre a mesma coisa quando ele acordava—dores estranhas como se ele tivesse acabado de lutar e um horror arrebatador que fazia seu coração ficar preso em sua garganta. Mas ele nunca se lembrava de tudo. Sin passou os dedos pelos cabelos e ficou de pé. Descontente e irritado, ele rolou seus ombros rígidos com movimentos circulares em uma tentativa de aliviar a tensão. Ele não entendia o sonho ou por que tinha tal efeito sobre ele. O fato de acordar suando frio já era ruim o bastante, mas a ideia de que ele tremia e gritava enquanto dormia era pior. Ainda o incomodava imensamente o fato de que Boyd havia testemunhado o ocorrido em primeira mão. Ele foi para o banheiro, tirando as calças cinza e folgadas que ele usava para dormir. A luz do dia que entrava pelas janelas do apartamento parecia muito clara em comparação com a escuridão de seu quarto, mesmo que o sol ainda estivesse encoberto pelas nuvens. A luz fez sua cabeça doer mais ainda, porém ele sentiu alívio simultâneo, pois ela afastava os sonhos de sua mente. Os sentimentos confusos não haviam se dispersado completamente até que ele entrou embaixo do bem-vindo jato de água do chuveiro. A água esfriou sua pele desconfortavelmente aquecida. Sin afastou o cabelo macio e manteve seu rosto inclinado contra a água fria. Ele se sentiu melhor. Era estúpido se deleitar com a sensação de um banho normal, mas ele não pôde evitar. Em toda a sua vida, Sin nunca teve seu próprio espaço. Embora fosse um apartamento padrão da Agência e configurado de forma espartana, ainda era um lugar seu. Ele ainda estava confinado ao complexo a menos que tivesse supervisão e guardas se postavam em frente a porta do apartamento o tempo todo, mas era melhor do que viver em uma cela no 4º. Sin não tinha ideia de como Carhart conseguira convencer Connors a finalmente deixá-lo ter seus próprios aposentos, mas suspeitou que eles achavam que essa tática iria levá-lo a cooperar. Se esse fosse o caso, ele não podia negar que tinha sido um fator motivador. Bem, isso e o fato de que Boyd acabou se mostrando ser um ser humano marginalmente aceitável. Pensar em Boyd o perturbava de uma forma que ele não entendia. Ele havia tido pensamentos conflitantes sobre o homem mais jovem a partir do momento que o viu durante a entrevista e agora, meses depois, Sin ainda era incapaz de chegar a uma conclusão clara sobre seu parceiro. Ele não confiava em Boyd, não realmente, mas, de alguma forma, Boyd havia se transformado não apenas em um parceiro decente, mas também em um certo tipo de companheiro. Uma conversa aleatória não deveria ser tão alarmante, mas alguns dias depois, Sin percebeu o porquê de um diálogo tê-lo jogado na defensiva. Durante todo o seu tempo na Agência, Boyd foi a primeira pessoa a falar com ele. Carhart insistentemente tentava e falhava, mas Sin nunca conseguia olhar para o general sem desconfiar que ele tivesse um motivo para se aproximar dele. Boyd, no entanto, não parecia ter nenhum. E isso não fazia sentido. Na verdade, Boyd deveria estar ou tramando contra ele ou tentando fugir após a missão quase desastrosa que ocorreu em Cunningham Terrace há duas semanas. A pior parte desse incidente era que Sin não lembrava de nada até o momento onde ele já estava esmagando Boyd contra o chão. Era como das outras vezes, os "episódios" como a Agência os chamava, quando ele apagava completamente. Mesmo que Boyd tivesse conseguido tirá-lo do transe, Sin não tinha muito otimismo quanto a isso acontecer uma segunda vez. Depois de esfregar-se e permitir que os poderosos jatos de água o enxaguassem, Sin fechou a torneira. Saindo do chuveiro, ele enrolou uma toalha em torno da cintura e deu-se uma olhada superficial no espelho. As contusões estavam lentamente desaparecendo de seu torso, mas o ferimento de bala ainda estava doloroso e em carne viva. Depois dos primeiros dias cuidando da ferida por conta própria, Sin tinha sido forçado a ir para a ala médica para se certificar de que não havia infeccionado. Mesmo que ele não gostasse de ter funcionários da Agência cuidando dele, uma infecção não era algo que ele pudesse resolver sozinho. Depois de se secar e se vestir para uma manhã de treinamento, Sin deixou o apartamento. Ele não olhou para seus guardas, Daniels e Kemp, e se aproximou do corredor. Sin podia sentir os olhos dos homens grudados em suas costas, mas não os deu atenção. Como de costume, o complexo estava relativamente silencioso em torno de seu prédio residencial. Era separado dos outros e consideravelmente menor devido ao fato de que se destinava a casos especiais. Haviam os guardas habituais postados ao lado das portas principais que o observavam enquanto ele passava, mas além disso, Sin foi deixado sozinho na caminhada pelo pátio. Somente quando ele se aproximou da Torre que multidões de pessoas começaram a aparecer. A tensão que havia se concentrado em seus ombros ao sair do prédio só piorou quando ele subiu os degraus da Torre. Ele não tinha ansiedade social, mas tinha ansiedade de agente idiota. Especialmente desde que ele havia sido trancado em uma cela de tortura por colocá-los em seu devido lugar. A maioria das pessoas evitava Sin, mas sempre havia alguém que inevitavelmente o irritava. Tudo estava indo bem o bastante; ele conseguiu obter a única sala privada remanescente, afastada do espaço principal de treinamento, para que não tivesse que lidar com gente estúpida. Ele passou mais de uma hora fazendo vários exercícios e alongando-se em relativa paz e sossego. Sin perdeu-se na repetição dos exercícios que estava fazendo. Sua mente clareou e a raiva se dissipou. A sensação só durou até que ele deixou a sala para pegar uma garrafa de água e notou Harry Truman e Dennis McNichols na área principal. Harry fixou os olhos em Sin imediatamente. A tensão voltou e Sin drenou sua garrafa de água antes de voltar para a sala de treinamento privada para esperar. Uma onda de raiva silenciosa varreu Sin, mas ele manteve-a sob controle. Harry era a única pessoa no complexo que não tinha medo de tocá-lo. Harry sabia melhor do que ninguém do que Sin era capaz, mas isso não o detinha de forma alguma. De fato, o guarda fazia de tudo ao seu alcance para fazer com que Sin o atacasse. Ninguém parecia entendê-lo, nem mesmo o imbecil do Dennis parecia saber qual a motivação de Harry, mas Sin havia percebido qual era há muito tempo. Harry o queria no 4º. Suas interações eram antigas, mas após a introdução da Caixa, Harry havia levado sua perseguição a um nível superior. Enquanto Sin era mantido drogado, Harry foi capaz de fazer o que quisesse com ele. Sin tinha lembranças bastante confusas de mãos grandes o apalpando e uma boca quente e molhada pressionando seus lábios e pescoço para perceber que Truman tinha uma obsessão sexual por ele. Depois de olhar os arquivo do guarda, Sin não ficou surpreso ao ver que nos anos civis de Harry ele tinha sido um criminoso sexual fichado com um longo histórico de perseguições. A Agência admitiu Harry devido ao seu passado militar e tendências sociopatas, mas até mesmo eles tinham se esquivado de o oferecer uma carreira como agente de campo, uma vez que perceberam que o homem não podia controlar seus impulsos sexuais. Em vez disso, eles o colocaram no 4º para incomodar as pessoas que já estavam recebendo o pior tratamento possível. "Nós continuamos a nos esbarrar por aí, Vega," Harry falou enquanto entrava na sala com Dennis logo atrás. "Imagina só, considerando que nós dois vivemos no complexo." "Ah, essa é a única razão mesmo?" Harry parou a menos de um palmo de distância de Sin. Seus olhos percorreram seu corpo suado, concentrando-se na virilha de sua calça de moletom antes de voltar para o pescoço úmido de Sin e seus lábios franzidos. "Pensei que talvez você estivesse fazendo isso de propósito.” Sin sorriu presunçosamente, a repulsa se contorcendo com o ódio que sentia pelo homem. "Quisera você.” "Por que você não nos dá um minuto?" Harry disse para Dennis. Dennis franziu a testa. “Não acho que isso seja uma boa ideia, Har—” "Eu disse para dar o fora, porra", foi a resposta rosnada. O olhar que Harry lançou ao amigo estava cheio de veneno. A julgar pela maneira como Dennis partiu rapidamente, parecia que a personalidade abusiva de Harry também afetava suas amizades. Sin descruzou os braços e fechou os dedos em punhos. Ele lançou um olhar rápido ao redor da sala e observou que havia de fato uma pequena câmera instalada no teto. Havia sido quase disfarçada pela luminária. "Você continua se fazendo de difícil agora que está livre, não é?" Harry aproximou- se e forçou Sin a recuar a menos que quisesse que o guarda se pressionasse contra ele. "Passar a mão em alguém que está em um estado de estupor não conta como consentimento." Sin não reagiu quando Harry o empurrou contra a parede. "Eu sei que deve ser difícil para um pedófilo—” "Eu não sou a porra de um pedófilo", Harry retrucou, prendendo Sin pela cabeça. Sin precisou de toda a sua força de vontade para não responder. Ele respirou fundo, mas seus dedos estavam agora fechados em punhos tensos. "Quatorze anos é a idade de consentimento em seu mundo de fantasia? Essa era a idade do menino que você atacou antes da Agência recrutar você, não foi?” Harry agarrou a frente da camisa de Sin, espremendo o tecido. “Olha só quem fala, um cara que mata civis e estupra sua psiquiatra.” Sin não sabia como o rumor sobre ele ter estuprado Lydia tinha sido inventado, mas ele não ia responder a isso. Era isso que Harry queria—obter este tipo de reação dele. Harry se inclinou para frente novamente, levantando a mão para deslizar pela lateral do rosto de Sin. "Agora, quando você vai começar a bancar o bonzinho?" Ele esfregou o polegar contra a boca de Sin, separando seus lábios. A respiração de Harry ficou presa em sua garganta. "Eu tenho que admitir, Vega. Sinto falta dessa sua bunda linda. Tenho saudades de ter você lá no 4º comigo.” "Você tem?" Sin virou o rosto para o lado, o corpo ficando tão tenso que sua dor de cabeça retornou. "Sim, eu tenho." Desta vez Harry esfregou o rosto contra o pescoço de Sin e inalou. “Vamos, não aja como se tivesse esquecido, Vega. Todo o tempo bom que passamos juntos...” "É disso que você chama?" “Porra, é sim. Mas você sabe que eu gosto mais quando você luta. Pensar naquele olhar em seu rosto quando você fica com raiva... Mmm, me faz gozar muito mais forte.” O deslizar áspero e liso da língua de Harry contra seu pescoço empurrou Sin para fora do estado de calmaria forçada que ele tentou adotar. Ele envolveu o pulso de Harry com a mão e torceu-o para trás até que o outro homem grunhiu de dor. “Toque em mim e eu te mato. Nós não estamos mais no 4º.” Harry flexionou o pulso, olhando para Sin com óbvio desejo. “Me ataque novamente e você estará, seu puto. Eu vou ativar essa coleira e bater em você com tanta força que seus olhos estarão rolando das órbitas durante uma semana. Quando você acordar, estará de volta ao 4—,” Harry se aproximou novamente e Sin ficou tenso. “—drogado, desamparado e totalmente a minha disposição. E da próxima vez, você será meu. Todinho." As palavras causaram uma sequência de imagens à memória de Sin. A sensação de um corpo pesado esmagando-o, uma ereção batendo em sua coxa—incapaz de se mover, incapaz de se defender. O poder que Harry mantinha sobre ele agora era tão pior quanto o que havia mantido antes. A incapacidade de reagir sem deteriorar as suas consequências fez Sin paralisar no lugar. Ele estava tão desamparado quanto estivera na Caixa. Tudo o que Harry disse era verdade e Sin estaria fodido de qualquer maneira. Seus lábios se crisparam, as narinas se dilataram quando sua respiração ficou mais rápida. "Esse é o rosto", Harry sussurrou, lábios grossos levantando-se em um sorriso imundo. "Desse jeito. É assim que eu quero que você me olhe quando eu finalmente te foder.” A imagem de Harry na frente dele começou a piscar. Tudo ao seu redor se esmaecia. A visão periférica de Sin se tornou inexistente; ele se concentrou apenas na ameaça diante dele. Harry. "Toque-me e você vai se arrepender." A ameaça só excitou Harry, que deu uma risada gutural. Assim que sua mão se enrolou no braço de Sin, a porta atrás deles se abriu. Ele afastou os olhos de Harry. Os batimentos cardíacos de Sin se aceleraram e suas mãos começaram a tremer. Ele as forçou para baixo, mas estava perdendo o tênue controle que ele tinha sobre a violência que queria causar estragos. "Estou interrompendo alguma coisa?" A voz descontente de Boyd filtrou-se através da tensão. “Não é da porra da sua conta,” Harry rosnou. "Isso é da minha conta." Boyd se postou atrás do guarda. "Eu sugiro que você tire as mãos do meu parceiro.” Dennis correu para dentro da sala. "Desculpe, Harry, eu fui embora por um minuto —” "Cala a boca, caralho," Harry rosnou. Sin puxou o braço, mas Harry agarrou a frente de sua camisa, rasgando o colarinho. Ele puxou Sin contra ele até que seus rostos estivessem a apenas alguns centímetros de distância. Boyd agarrou o braço de Harry, mas Dennis correu e empurrou Boyd contra a parede. Ele levantou o punho para atacar Boyd, assim que Sin despertou de seu ódio ofuscante e apertou o pescoço de Dennis com a mão. Luke Gerant entrou na sala antes que qualquer coisa mais pudesse acontecer. "O que diabos está acontecendo?" Luke exigiu. Harry se afastou com um ar de zombaria. "Nada. Não enche o saco." Sin soltou Dennis. Seus dedos já haviam feito marcas vermelhas na garganta do homem. “O oficial Truman estava assediando Sin,” Boyd falou, rodeando Dennis. "Ele estava usando o oficial McNichols para vigiar a porta para que ninguém entrasse e obviamente planejara piorar a situação. Eu tentei intervir e agora veja o resultado.” Sin piscou, olhando para Boyd. A adrenalina ainda estava bombeando em suas veias, mas o desejo de eviscerar os dois homens estava desaparecendo. "Boyd—” "Cale a boca e cuide da sua vida", Harry interrompeu, olhando para Boyd "Isso é entre mim e Vega." O olhar que Harry estava dirigindo a Boyd causou uma pontada de inquietação que substituiu a raiva de Sin. Quando Harry se voltava contra alguém, era mais uma promessa do que uma ameaça, e isso não traria nada de bom para o futuro. Sacudindo os vestígios remanescentes do episódio que não tinha realmente se concretizado, Sin esperou que Harry fizesse um movimento. Ele não duvidava que o homem pudesse atacar Boyd agora—Harry não tinha controle sobre seu temperamento quando ele não conseguia o que queria, embora ele geralmente não atacasse em frente a uma platéia. "Não é entre vocês dois." Boyd não se afastou da promessa de conflito estampada no rosto de Truman. "Você é claramente um degenerado aproveitando-se da situação. Sin pode se sentir incapaz de reagir adequadamente, mas eu não. Apresentarei uma queixa formal contra você se for preciso.” O desconforto de Sin aumentou. "Vamos embora." Luke olhou de Dennis a Harry, sem esconder sua antipatia. "Relatar o ocorrido pode ser que seja uma boa idéia.” Dennis estava incrédulo. "Você está tomando o lado deles ao invés do nosso?" Harry zombou, não parecendo surpreso. “É um incidente que claramente precisa ser colocado em registro. Vocês estavam sendo filmados o tempo todo. Pode ser que seja melhor se todos tiverem seu lado da história documentado,” Luke respondeu. “Além disso, outros no centro de treinamento estavam cientes de que algo estava acontecendo. Um trabalhador da manutenção me agarrou enquanto eu estava passando para me informar que havia problemas.” Sin não tinha interesse em arquivar relatórios ou documentar nada. "Estou caindo fora daqui." Boyd não se mexeu. “Como posso prestar um relatório oficial? Eu denuncio o que testemunhei para você ou devo escrever um relatório e enviá-lo?” Harry fez outro som de zombaria com a parte de trás de sua garganta e saiu de dentro da sala com Daniel em seus calcanhares. Ignorando-os, Luke assentiu. “Vá para o terceiro andar—é onde fica o Centro de Comando da Guarda. Todos os incidentes que ocorrem no complexo são relatados lá antes de serem distribuídos até a cadeia de comando adequada para os indivíduos envolvidos. Já que o incidente envolve Truman e McNichols, vou me certificar para que meu capitão cuide disso.” "Farei isso. Obrigado." Luke começou a dizer algo para Sin, mas ele saiu da sala. Sin quase continuou andando até que estivesse longe da área de treinamento, mas se forçou a parar. Quando Luke e Boyd deixaram a sala privada, o guarda parou à sua frente. "Eu aprecio o fato de você não ter machucado Harry." Sin levantou uma sobrancelha. “Eu sabia que você poderia tê-lo ferido. E sei que ele teria merecido.” “Como pode ter tanta certeza? Eu sou um canibal descontrolado, lembra?” "Não, não é. Você não é tão louco quanto quer que eu pense que seja. Como eu disse, você poderia tê-lo matado.” "Sim", Sin concordou. "E da próxima vez, eu provavelmente irei." Eles olharam um para o outro por um instante e então Luke levantou a mão em despedida. Ele disse a Boyd: “Me avise se você tiver algum problema em apresentar o relatório. Você pode encontrar meu número no diretório. Cuide-se." Quando o guarda foi embora, Sin se dirigiu ao seu parceiro. "Por que você se envolveu?” Boyd estava calmo como sempre quando encontrou os olhos de Sin. "Parecia que você estava prestes a machucá-lo e eu queria intervir antes que você pudesse se meter em apuros por se defender. Eu também queria que ele soubesse que nem todo mundo vai continuar ignorando tal assédio flagrante. Ao relatar isso, talvez Truman encare algumas consequências por conta desse comportamento.” Várias coisas sobre a resposta de Boyd foram inesperadas, mas no momento, haviam muitas pessoas focadas em Sin e ele ainda sentia o ardente desejo de bater no rosto de alguém. "Vamos sair daqui." Boyd o seguiu para fora da sala de treinamento. A maioria das pessoas evitou olhar diretamente para Sin quando ele se aproximou, mas assim que ele virou as para o resto da sala, pôde sentir o peso dos olhares sobre ele. Alguns murmúrios ecoaram pelo local e Sin pensou que eles, sem dúvida, acreditavam que ele havia causado algum tipo de problema. Ele não pôde deixar de imaginar o que as pessoas pensariam se soubessem a verdade. Ele e Boyd continuaram andando até que estivessem do lado de fora, bem longe do alcance de quem seria corajoso o suficiente para escutar a conversa. Sin guiou Boyd ao redor da lateral do edifício e aproximou-se de um aglomerado de árvores que lhes fornecia abrigo do fluxo constante de pessoas no caminho. “Você, desnecessariamente, chamou a atenção de alguém que teria sido mais inteligente evitar ", disse Sin. "Deveria ter ficado fora disso." "Não importa. Eu não teria ficado em silêncio, independentemente disso.” “Você está sendo arrogante ou estúpido. Truman é o líder da matilha de muitos guardas que dirigem este lugar. E não do tipo que parecem ser iguais a Luke. Seria sábio não provoca-los só por minha causa.” A expressão de Boyd estreitou-se. A primeira sugestão acalorada que Sin tinha ouvido de Boyd podia ser percebida no tom de sua voz. “Então eu deveria permitir que uma pessoa terrível machuque os outros na minha frente simplesmente porque seria inconveniente para mim caso eu interfira? Você é meu parceiro e irei te ajudar. Mesmo que isso não fizesse parte do meu trabalho, eu não teria deixado passar. Além disso, as pessoas já me odeiam por causa de minha mãe e da minha posição. Isto não muda nada.” “Você me defendeu. Isso foi o suficiente. E eu...” Sin ergueu os ombros. "Eu agradeço. Ninguém nunca me defendeu antes. Mas levar isso adiante não é necessário. Eu não quero que você se machuque de novo porque estava tentando me ajudar.” Boyd estudou Sin, com os olhos dourados concentrados nele. “Isso não me incomoda. O que de fato me preocupa é que você tem expectativas tão baixas sobre todos que até mesmo alguém que tome seu lado em um conflito é o suficiente para você. Harry parece ser muito arrogante para ser parado até que seja desafiado. Eu não agirei com meias medidas. Se algo acontecer comigo em uma missão, eu quero o incidente registrado primeiro.” "Quer para de falar sobre esse negócio de próximos parceiros?" Sin disse, exasperado. “Eu decidi seguir com essa merda e você ainda está pronto para cair morto na primeira oportunidade." “Estou sendo realista. Eu tenho mais chances de morrer do que você. Não tem nada a ver com você ser um bom parceiro. Estou simplesmente pensando adiante.” "Você é um idiota." "Com o que está preocupado? Há algo que eu deveria saber sobre Harry?” Sin debateu o quão longe ele queria levar o assunto adiante. Teria sido mais inteligente terminar a conversa antes que ele desse a Boyd ainda mais munição para colocar em um relatório de queixa. Por alguma razão, ele não encerrou o diálogo. “Ele é um predador e me vê como uma vítima ideal. O fato de que sou geralmente odiado pesa em seu favor porque ninguém seria capaz de acreditar em mim se eu contasse a alguém, mas ele não se importa com o que fiz. Quando se é negado o que ele quer, ele fica pior e ataca. Também não ajuda o fato de que seus amigos são responsáveis pela estação de vigilância.” Mais uma vez, um lampejo de raiva iluminou o rosto de Boyd. Mesmo sendo tão sútil, era mais emoção do que Sin estava acostumado a ver na expressão de seu parceiro. "Entendo. Sendo um predador, isso significa que ele atacou ou assediou outras pessoas no passado? Ou tem sido principalmente só você devido às suas circunstâncias?” "Eu sei que ele tinha registro criminal antes de ser recrutado." "Há quanto tempo ele está aqui?" “Há pelo menos cinco anos, talvez mais. Ele apareceu pela primeira vez no 4º dois anos após meu primeiro encarceramento.” “Todo mundo sabe que ele age dessa forma? O oficial Gerant não pareceu surpreso com a situação.” Duas mulheres entraram no pequeno bosque e pararam ao ver Sin e Boyd. Elas olharam de um homem para o outro e fizeram uma careta. Sin continuou a falar como se a conversa nunca tivesse sido interrompida. “Todos os guardas da ala de segurança máxima do 4º sabem o que ele é. Luke só parece ser mais sensível e moralista do que os outros.” "Por que você não quer que eu faça um relatório, então?" Boyd cruzou os braços e recostou-se contra uma árvore, com frustração definindo as linhas de seus ombros. "Obviamente, ele não planeja parar e todo mundo sabe e finge não ver. A ignorância e a discriminação por si só são surpreendentes. Isso não te incomoda de nenhuma forma?” Sin deu de ombros, cansado do assunto. Ele não estava interessado em ser visto como uma vítima em alguma circunstância infeliz. Harry Truman só era um incômodo e um perigo porque Sin não podia se defender sem piorar a situação. Era apenas algo que ele teria que lidar para evitar que fosse preso à Caixa. "Estou acostumado com isso. Não faz mais diferença para mim. As pessoas vão fazer o que elas querem porque pensam que podem. Afinal, mal sou um ser humano. Sou o monstro assustador do complexo.” Boyd zombou. “Bem, eu não aceito seu status quo. Ele já não gosta de mim então, não arquivar o relatório não ajudaria. Eu não vou ficar parado sem fazer nada enquanto estiver dentro do meu alcance pelo menos colocar em palavras o que todo mundo convenientemente iria ignorar.” Não havia sentido em discutir o assunto. Boyd parecia determinado a seguir com seu plano e Sin não iria continuar argumentando com ele sobre isso. Além disso, Sin não podia negar que havia algo de intrigante sobre a teimosia de seu parceiro. Era uma mudança na habitual apatia e desinteresse de Boyd pelo mundo. “Por que você estava lá, afinal? Eu nunca tinha te visto lá antes.” "Você me disse que era um bom lugar para treinar." Na época, Sin só disse isso para se distrair de sua própria curiosidade sobre o porquê uma pessoa reclusa como Boyd passaria um tempo na casa de Ryan e também, por causa de seu desejo repentino em ver o sorriso fugaz de Boyd reaparecer. Quando ele não disse nada, Boyd pareceu tirar suas próprias conclusões. "É tão estranho assim que eu fui lá?" "Não. Eu apenas—” Sin interrompeu-se. Como de costume, ele não sabia como explicar com precisão o que estava tentando dizer. Expressar-se aos outros nunca tinha sido necessário antes. “Eu não achei que você realmente aparecesse. Pensei que você fosse um solitário.” “Ah.” Uma brisa morna empurrou o cabelo de Boyd em seu rosto. Ele colocou as pálidas mechas atrás da orelha e inclinou o rosto contra o vento. "Há momentos em que não me importo de estar perto dos outros. Mas desde que você recomendou o lugar, eu fui.” Não sabendo o que dizer sobre isso, Sin olhou para sua camisa rasgada em busca de inspiração e percebeu que o tecido estava pior do que ele pensava. O colarinho inteiro havia sido destruído e o lado esquerdo da camisa fora rasgada a esmo. Boyd notou o estado de sua roupa também. "Se você precisa ir embora para trocar de roupa..." "Não tenho outra camisa, de qualquer maneira." "Por que não?" “Porque as roupas que tenho são as que venho vestindo há mais de uma década. Eu não saio muito.” "Você ainda não tem permissão para sair por conta própria?" Sin balançou a cabeça em negativo, olhando para a área geral dos portões. “Não sem uma escolta. Não confiam em mim para ir à cidade sozinho, de acordo com o bom Marechal.” "Hm." Boyd deslizou as mãos nos bolsos de sua calça preta. "Gostaria de ir agora?” A cabeça de Sin girou na direção de Boyd. "Com você?" "Sim." Mais uma vez, Sin ficou quase chocado e em silêncio. Eventualmente, ele deu um riso zombeteiro. "Você realmente não tem medo de mim, não é?" "Não. Eu não tenho." Havia algo de irônico nisso, considerando que Boyd tinha quase sido morto por Sin há algumas semanas atrás. Talvez fazia sentido que eles tivessem se dado bem. Ambos eram aparentemente loucos. "Você dirige?" "Normalmente, sim. Meu carro está no estacionamento principal.” Boyd foi em direção aos portões do complexo e Sin seguiu relutantemente. Ele lançou um olhar discreto para o homem mais novo enquanto eles caminhavam, tentando determinar porque Boyd estava sendo tão legal. Sim, eles vinham tendo conversas mais frequentes ultimamente, mas isso era totalmente diferente. Estar perto de Boyd por razões não relacionadas a uma reunião de instrução ou uma missão não era algo que Sin tivesse considerado. Ele não sabia o que fazer. A maioria de suas interações com as pessoas na Agência se davam de um jeito ou de outro; ou eles o ignoravam ou o repudiavam. Nem mesmo Carhart havia se oferecido para escoltá-lo para fora do complexo antes. E sempre havia a possibilidade de que Boyd estivesse jogando algum tipo de jogo. Ser legal só para manter a parceria funcionando sem que ocorressem problemas. Franzindo a testa para Boyd novamente, Sin esperava que esse não fosse o caso. Ninguém tinha sido amigável com ele antes e seria lamentável se descobrisse que tudo isso era mentira. A disposição de planejar as missões em conjunto, as exibições de curiosidade sobre Sin, as perguntas aleatórias e aquele sorriso... Sin estava quase certo de que ele iria parar de se preocupar em interagir com as pessoas, mesmo da maneira remota que ele fazia agora, se descobrisse que Boyd conseguira enganá-lo. Apenas essa noção fez Sin querer voltar para seu apartamento e parar de fingir que ele era capaz de ser sociável. O carro de Boyd era preto e sofisticado, mais caro do que Sin esperava que fosse. Eles entraram no veículo e pararam em frente aos portões enquanto Boyd mostrava sua identificação e liberava sua saída com os guardas. Foi mais fácil do que Sin pensava e ele pôde supor que Boyd já estava na lista de pessoas com quem ele era autorizado a sair. Connors provavelmente nunca esperou que tal coisa viesse a acontecer, no entanto. Quando o carro se afastou do complexo, Boyd perguntou: “Alguma preferência por faixa de preço?” “Em algum lugar barato. Eu sou mantido em uma mesada. Eu não tenho acesso a minha conta." “Isso parece estranho. Por que não?" "Porque eles controlam todos os aspectos da minha vida", foi a resposta factual. Sin observou enquanto eles dirigiram através de All Sants, o bairro que em que a Agência se encontrava. Fora do complexo, a área era cheia de casas grandes e espaços verdes, especialmente com Silver Lake Park nas proximidades dominando grande parte da área. Quando chegaram mais ao sul, prédios maiores começaram a surgir em seu campo de visão. “Eu conheço alguns lugares acessíveis. Se você não tem objeções, eu planejei trazê- lo para uma loja de bazar de qualquer maneira.” “Eu não me importo com o que visto. Qualquer lugar está bom.” Boyd assentiu e levou-os para o sudoeste, em direção a Vickland. Sin não prestou muita atenção para onde eles estavam indo, embora ele tenha notado que Boyd estava seguindo por algumas das ruas secundárias residenciais que eram geralmente menos usadas. Eles deram a volta para o norte, circularam retornando para o sul e aproximaram-se da Rua Dauphin no lado oeste de Vickland pouco antes da área começar a transição para o Distrito Financial. Foi quando Boyd estacionou o carro que Sin percebeu que a rota mais rápida da Agência teria sido dirigir até a rua Dauphin. Boyd havia tomado rotas diferentes para evitá-la. A informação se alojou na mente de Sin combinada com memórias do comportamento de Boyd em sua primeira missão juntos. Eles também estavam na Rua Dauphin naquele dia. Sin olhou para o parceiro, mais intrigado do que nunca. Talvez um dia ele descubra o que aconteceu com Boyd no passado. "Eu pensei que você odiasse as pessoas tanto quanto eu", disse Sin, observando Boyd remover as chaves da ignição. "Então, por que você está perfendo tempo comigo?" "Porque eu quero." Algo na expressão de Sin deve ter feito Boyd perceber que a resposta que ele tinha fornecido era inadequada, porque depois de uma curta pausa ele continuou. “Eu não tenho uma resposta muito boa além disso. Exceto que me incomoda que você não tem ninguém em quem confiar e que a maior parte de sua alienação parece ser devido aos problemas dos outros mais do que o seu próprio. Eu não tenho o hábito de agir antes de pensar e reservei um tempo para considerá-lo. Eu ainda tenho que encontrar uma razão pela qual eu não deveria te ajudar. Então, quando algo ocorre que me faz querer ajudar, eu faço.” “Você realmente não parece o tipo caridoso. Você parece ser o tipo cuide-da-sua- vida, ou do tipo tenta-não-dar-a-minima-ou-se-envolver.” “Normalmente eu sou. No entanto, parece que com você é diferente.” Sin saiu do carro. Mais uma vez, ele se perguntou se as palavras que soaram genuínas eram, na verdade, frases cuidadosamente trabalhadas. “Há muitas lojas de segunda mão na cidade, mas acho que o Aspen's Closet é a melhor quanto ao preço e qualidade,” disse Boyd. “Quanto dinheiro você tem?" “Uns duzentos. Eles não me dão muito.” "Isso deve ser mais do que suficiente aqui, mas e se você fosse usar tudo isso em roupas? Você ganha mais esta semana?” "Não. Não importa. Eu não compro nada de qualquer maneira, exceto porcarias de máquinas de venda automática." "Parece um insulto ter seu próprio dinheiro retido". Haviam algumas pessoas na frente da loja que lançaram olhares duvidosos á camisa rasgada de Sin. Ele dirigiu uma expressão de escárnio à elas. “É bastante civilizado comparado a me trancar em uma caixa." Eles entraram na loja enquanto uma mulher e uma adolescente saiam. O interior era maior do que Sin esperava, mas o lugar estava cheio de prateleiras de roupas e pessoas. Era desordenado e amontoado, o que fez Sin querer voltar para o espaço aberto da calçada. Em vez disso, ele engoliu a pontada de ansiedade e se forçou a agir como uma pessoa normal. Tão normal quanto ele podia conseguir parecer. “Sim, mas limitar sua liberdade de maneiras pequenas aumenta o insulto. Por quê importa se você tem acesso ao dinheiro que ganhou? Não é como se você pudesse comprar sua liberdade.” A verdade era que Sin nem tinha pensado muito sobre a sua mesada quando a Agência havia a implementado. No passado, ele não recebera dinheiro nenhum. Ele tinha sido informado de que a soma era enviada para sua conta bancária, onde permaneceria guardada até que ele fosse considerado capaz de lidar com dinheiro sozinho. Agora Sin perguntou-se se tinha sido uma mentira. Se a Agência nunca o tinha pago durante todos estes anos. Qualquer que fosse o caso, ele não podia mudar nada disso agora. Boyd levou Sin a uma pequena reentrância escondida ao lado da loja. De início, Sin pensou que a área estava fora dos limites para o público, mas Boyd entrou sem se deter. Um pequeno corredor se abriu diante deles e os levou a outra sala de exibição. Várias prateleiras de roupas e de sapatos a enchiam. Boyd ficou de lado, gesticulando para as prateleiras que continham roupas masculinas. “Estes são os itens recém-chegados. É melhor verificar aqui antes que os melhores desapareçam rapidamente no andar principal. Os sapatos são especialmente bons de examinar aqui primeiro.” “Vem muito aqui? Você não parece ser do tipo que precisa se preocupar com dinheiro.” Um olhar distante cruzou o rosto de Boyd. "Minha mãe é rica, mas, até que consegui minha posição na Agência, eu não usufruia de seu dinheiro necessariamente. Eu nunca tive que me preocupar em ter uma casa, mas quanto ao dinheiro para comida ou suprimentos, variava. Eu me acostumei com gastar o mínimo possível. E meu...” Ele parou e cruzou os braços, por cima de seu estômago. “Eu conhecia outros que não tinham muito dinheiro, então viemos aqui para comprar roupas. O casaco e as botas que uso foram compradas aqui, então eles têm algum itens de qualidade.” Sin tentou fazer um valente esforço em procurar roupas, mas descobriu que os outros clientes continuamente o distraiam. Ele se perguntou se algum desses civis iria reconhecê-lo do incidente que ocorreu todos aqueles anos atrás. Mesmo se Vivienne tivesse tentado encobrir o caso, ainda era possível que alguém se lembrasse do rosto do homem que tinha sido apelidado pela polícia como o Psicopata de Vickland. A possibilidade fez Sin desejar que ele tivesse vestido algo com um capuz para se esconder. Não teria resolvido o problema completamente, mas ele também não teria se sentido tão exposto. Sin sabia que se algo acontecesse a Agência iria suavizar e manipular o fato, mas isso não eliminaria o horror de encontrar alguém que tivesse realmente estado lá quando ele matou todas aquelas pessoas. "Olha, eu só preciso de uma nova camiseta." "Quanto de roupa você tem?" Sin catalogou mentalmente seus pertences. Não demorou muito tempo. Um punhado de camisetas, duas calças e um par de botas. Ele não possuía um casaco que fosse adequado para o frio. Sem mencionar que tudo o que tinha estava surrado e desgastado. "O suficiente." “O que constitui 'o suficiente' para você? Eu nunca te vi em nada além do que está vestindo." "Eu tenho... alguns itens." "Alguns", Boyd repetiu, olhando para o Sin de relance. "O que? Um par de calças e possivelmente duas camisas? "Eu tenho dois pares de calças, para sua informação." "Erro meu." O sorriso sutil de Boyd reapareceu. "E exatamente há quanto tempo você tinha essa roupa?” Sentindo-se decididamente inexpressivo devido ao resultado da conversa, Sin afastou-se e vasculhou algumas roupas sem a menor cerimônia. "Desde que eu era jovem e impressionável.” “Irei supor que isso significa pelo menos uma década." Sin falou de modo zombeteiro. "Que diferença faz? Elas estão limpos e cobrindo as partes essenciais do corpo, não estão?” O senso de diversão iluminou os olhos de Boyd. "Sim, mas você as usou quase até desgasta-las. Parece até que você veste a mesma coisa todos os dias por décadas. Devemos remediar isso hoje. Se sua roupa de verão são estes farrapos, então não tenho grandes esperanças para o que seja suas roupas de inverno.” Sin imaginou que ele ainda devia ter algumas semanas do falso verão que eles recebiam nesse mundo pós-guerra, e não se sentiu muito preocupado. “Eu provavelmente poderia ter enviado meu servo para fazer tudo isso.” "Quem?" Com um encolher de ombros indiferente, Sin fez um esforço mais consciente para olhar entre as coisas em exposição. “Algum maldito membro da equipe de serviço que foi designado para lidar comigo. Ele me odeia quase tanto quanto eu detesto vê-lo. Ele entrega minha comida e suprimentos. Eu acho que é deliberado para que eles possam me impedir de ter que sair pra obter essas coisas.” Havia um casaco preto estilo bombardeiro que serviria ao seus propósitos durante o inverno. O revestimento interno era antigo, mas melhor que nada. “Com que raridade você compra roupas novas, você realmente quer alguém que te odeie fazendo essas decisões?” “Considerando o jeito como as pessoas se assustam quando me vêem, realmente não importa o que uso ou como me pareço, mas suponho que você tenha razão.” Sin considerou o casaco e, em seguida, se dirigiu ás outras araras de rouoas. Sobrevivendo por anos com o mínimo tornou difícil descobrir o que deveria ser uma necessidade. "Hmm." Boyd puxou uma camiseta térmica preta de mangas compridas para que ele pudesse vê-la completamente. Ele segurou a barra da camisa, seus cílios escondendo seus olhos brevemente enquanto ele estudava-a antes de lançar um olhar examinador para Sin, como se o avaliasse. Sem dizer coisa alguma, ele ofereceu a camisa para Sin. "Você vai me vestir como você?" "O que? Não. Está em boas condições. Você não precisa compra-la se não quiser. Eu apenas pensei que você poderia querer experimentar.” Sin jogou a camisa por cima do ombro. "Eu estou apenas implicando com você, docinho. Não precisa ser tão explicativo.” "Por que você me chama assim?" O sorriso nos lábios de Sin aumentou e ele estendeu a mão, beliscando uma das bochechas de Boyd e virando seu rosto de lado a lado. Ele começou a dizer algo que soasse inteligente, mas a sensação da pele de Boyd em seus dedos o assustou, e o comentário sarcástico se perdeu em algum lugar de sua mente. Sin baixou a mão. Ele ia dizer "porque você é tão inocente e bonitinho”, mas isso pareceu pouco aconselhável quando lhe ocorreu que Boyd, na verdade era atraente. "Porque você é... jovem." Boyd se virou, a mão distraidamente esfregando o lugar onde Sin o tinha tocado. "Alguns dos trainees disseram a mesma coisa." "Que você é jovem?" Sin tirou a camiseta rasgada e jogou-a de lado. Boyd assentiu. "Eles haviam ficado surpreendidos. Acho que é porque fui promovido direto para uma posição de alta classificação sem experiência pertinente. Mesmo assim, você foi recrutado muito mais jovem do que eu, então eu sou realmente um precedente?” Sin puxou a camisa térmica sobre a cabeça e encolheu os ombros para que a peça coubesse. “É porque você não tem nenhuma experiência em qualquer coisa. Isso faz parecer que é nepotismo. Na realidade, é só porque a sua querida mãe sabia que dois rejeitos da sociedade poderiam se dar bem, eu acho.” "Você pode estar dando muito crédito a ela." "Provavelmente." Sin olhou para a camisa novamente antes de tirá-la. Haviam dois outros clientes na área e eles olharam quando ele voltou para sua camiseta esfarrapada. Sin começou a estalar os dentes para eles como se ele tivesse feito para alguém no complexo, mas pensou melhor. "Eu realmente odeio civis. ” "A maioria das pessoas usa um camarim", disse Boyd suavemente. "Eu não sou tímido." Adicionando a camisa térmica para a jaqueta, Sin voltou para o frente da loja. Enquanto caminhava, ele achou ter ouvido Boyd resmungar: notado. ” Eles voltaram para a sala externa e Boyd foi direto para o jeans seção. O pecado ficou para trás, não querendo ficar imerso na multidão. Lá havia dezenas de pessoas revirando as pilhas e fazendo uma bagunça do roupas bem dobradas. Se ele soubesse que a loja estaria tão cheia, Sin teria se recusado a ir. Não era como se ele desse a mínima para o seu roupas, de qualquer maneira. Ele só veio porque queria passar um tempo com Boyd. Foi uma realização estranha; quase tão estranho quanto a percepção de que ele encontrou seu parceiro atraente. Sin nunca havia considerado quem era bonito e que não era antes, mas ele nunca esperou passar o tempo seguindo alguma criança em torno de Lexington também. Franzindo a testa, Sin tirou um capuz preto de uma prateleira e colocou-o, desenhando capuz sobre a cabeça. Ele tentou se concentrar na tarefa em mãos, mas encontrou-se crescendo inquieto novamente. Um par de garotas ficava olhando furtivamente para ele, e era começando a lhe dar nos nervos. Boyd reapareceu ao seu lado com várias peças de roupa penduradas sobre o braço. Ele levantou um par de tênis preto e vermelho. "Você gosta desses?" "Eu tenho sapatos." "Um par, certo?" "Eu preciso de mais?" "Sim. Se eles se desgastarem, o que você vai usar para substituí-los? Sin supôs que eles seriam uma melhoria para trabalhar fora. "Bem." “Eu encontrei algumas calças e uma camiseta. E eu não tenho certeza que você vai gostar disso 134 suéter, mas parece quente ”. "Parece bom. Podemos sair? "Incomoda-o estar aqui?" “Eu não me sinto confortável em torno de ... civis. Em Lexington. "Bem", Boyd começou. Ele fez uma pausa, olhou em volta e falou novamente. "Eu não acho que alguém está prestando atenção a você no momento. Talvez nos poderiamos fique um pouco mais? Se não é um problema. Era verdade o suficiente. As únicas pessoas que prestavam atenção nele eram aquelas garotas e quando ele fez mais um esforço para ouvir, ele percebeu que eles estavam comentando sobre Boyd e sua aparência. Aparentemente, ele tinha um corpo incrível e Boyd tinha cabelos lindos. "Tudo bem", ele repetiu. “A propósito, essas garotas gostariam de saber o que condicionador que você usa. ” Boyd sacudiu a cabeça, sorrindo de novo. "Eu nunca vou contar." "Talvez você deva. Você pode até conseguir um encontro com isso. Com uma zombaria silenciosa, Boyd virou-se para o rack mais próximo. “Eu dificilmente acho que isso vai acontecer." "Tão pouca fé em si mesmo?" "Não. Eu não estou interessada neles. Agora as garotas estavam cientes da atenção que estavam recebendo. Para o pecado irritação, um deles sorriu para ele encorajadoramente. Ele olhou e um dos eles, uma pequena ruiva, instantaneamente baixaram seu olhar corajoso. Na meia hora seguinte, Boyd conseguiu coletar um monte de roupas que Sin não olhe, e o grupo de garotas ficou bem atrás delas na fila. Eles olharam abertamente e murmuravam um para o outro, imaginando se os dois eram gays. A pergunta surpreendeu Sin tanto que ele virou para nivelá-los com outro brilho mortal. A conversa chegou a um fim abrupto. Boyd não parecia estar prestando atenção, e Sin se perguntou se ele teria ficado ofendido com o comentário. Pecado pessoas supostas eram rápidas supor que Boyd de cabelos compridos com seu rosto andrógino e magra era gay. Par que com os dois fazendo compras juntos enquanto Boyd o incomodava sobre as coisas que ele precisava para se manter aquecido e a suposição fazia sentido. De outros do que isso, Sin não sabia se Boyd era gay e nunca tinha considerado o seu próprio orientação. As únicas pessoas que já haviam demonstrado interesse nele sexualmente eram Lydia e Harry, e isso provavelmente porque ambos eram insanos. Lá Também tinha sido Thierry, mas isso tinha sido apenas uma tentativa fraca de manipulação. 135 A irritação se transformou em curiosidade ociosa, então Sin inspecionou seu parceiro. Boyd tinha boas características e o que provavelmente seria uma construção decente se ele ganhasse peso. Era impossível dizer se objetivamente observando que uma pessoa tinha bom características implicadas atração real, no entanto. Quando o pecado examinou vários outros as pessoas na loja, ele não achou nenhum deles particularmente interessante. Talvez a Agência havia queimado a capacidade de encontrar outros atraentes para ele. Era quase patético que em vinte e oito anos Sin nunca tivesse dado muito pensado. Ele apostou que até Boyd tinha uma melhor compreensão disso tipo de coisa, e ele mal tinha uma expressão. Foi bizarro até considerar Boyd fazendo sexo com alguém. O pensamento provocou imagens mentais interessantes na cabeça de Sin, e ele sorriu maliciosamente. Boyd foi retirado de seu devaneio. "O que?" "Nada", disse Sin, recusando-se a explicar.